- Eu tive duas semanas super incríveis na Califórnia enquanto você me ligava feito louca. Eu não fiz nada para te provocar. Eu fiquei contente que você se sentiu triste com isso, eu confesso, mas eu fiz porque eu queria. Eu preciso disso.
- O que você quer dizer?
- Você quer voltar? Ok, mas não é assim que funciona. - Ele estava bravo, aparentemente. Ele quer ou não voltar comigo? Isso soa tão confuso na minha cabeça. - Não terá mais surpresas, nem essas declarações todas, nem nada parecido. Você precisa aprender muito.
- O que isso tudo tem a ver?
- Você realmente quer voltar comigo para que eu fique te surpreendendo sempre e, da noite para o dia, você decida ir embora? Eu não quero.
- Você sabe muito bem que não foi assim.
- Basicamente, foi. - Ele retruca. - Se você quer cancelar a ideia do divórcio, nós precisamos reajustar tudo. Eu estou falando muito sério. Principalmente sobre nossa convivência.
- Mas você está disposto? Porque... Sério. - Eu me aproximo dele e toco seu cabelo ralinho, logo sua nuca. - Eu quero MUITO você de volta. Não importa se... você estava com aquela mulher há uns dias, agora você está aqui. - Por mais doloroso que tenha sido dizer isso a ele. Pisco lentamente tentando digerir o que eu mesma disse. É, eu consegui falar tudo a ele.
- É incrível como você acha que só o fato de me querer de volta pode realmente... - ele para no meio da frase. - Quer saber. Esquece. Você não entende. - Eu o solto, que fecha os olhos por um instante e parece não se importar com a minha presença tão... próxima.
- Eu não sei mais o que te dizer, porque eu posso ter sido chata, posso ter agido errado, eu sei que foi tudo de uma hora para outra... mas já faz quatro meses. Eu tive muito tempo para pensar, assim como você. E se você não quiser voltar comigo eu... eu... - desvio o olhar e ele permanece atento. Suspiro fundo. - Eu só estou feliz em te ver bem. Você é um homem incrível, um pai super atencioso. Eu sei que já passamos por muitos problemas... eu também sei que preciso melhorar bastante, mesmo não gostando de pensar por esse lado, eu preciso, assim como você. - Ele assente. - Eu só te amo e sinto sua falta. Você é o homem da minha vida e eu fui uma idiota. - Justin parece um tanto surpreso, quase sorri, mas hesita.
- Você precisa melhorar. - Ele responde ainda tão sério.
- Você quer voltar a ser meu marido, pra valer? Eu quero saber de você. - Toco seu joelho por impulso, na parte rasgada, e logo recuo. Justin suspira fundo. - Apesar que você não aceitou meu pedido naquele dia... na casa da minha mãe.
- Quando você estava nua no meu colo. - Ele fala ao fechar os olhos e então se diverte. - Aquilo foi golpe baixo. Eu quero. E você? - Olho-o aliviada e nem consigo acreditar que depois de tanta irritação, tantas discussões, tanta grosseria, ele quer. Abro um enorme sorriso e coloco a mão na minha barriga, já pensando no bebê.
- Eu quero muito. - MUITO. - Eu me sinto tão triste por ter feito você passar por essas coisas.
- E o que vai mudar? Porque eu estou morando em outro país, você mal tem tempo. Como eu já te disse, não é tão simples.
- Eu não sei... Eu queria poder resolver isso agora. Podemos começar do zero?
- Se for COMPLETAMENTE, sim. - Ele diz. - Eu não quero você chorando pelo passado, Mellanie. Não mesmo. Eu quero que você entenda isso. Tudo de ruim que aconteceu antes do nosso casamento morre no passado. É claro que realmente é inevitável você não pensar pelo menos uma vez na vida, mas você entendeu. Se tem algo que te irrita desde que nos casamos, como os fatos que já discutimos, isso é algo que podemos relevar com o tempo, mas o lance da Grace, da amnésia e derivados... abandona.
- Eu sei, Justin. Eu já pensei sobre isso, mas é que eu realmente te amo muito. Eu não quero ficar sem você. Eu não quero te fazer mal. Esses assuntos acabaram inúteis na minha cabeça desde quando conversamos pra valer na Califórnia. Eu estava tão certa que você voltaria comigo lá.
- Você me deixou mal, mas nunca me fez mal. Por que você não me parou quando eu estava indo embora? - Ele pergunta enquanto me olha fixo nos olhos e fico sem resposta. Ele é tão hipnotizante.
- Eu pensei que estava fazendo a coisa certa. Eu queria ser firme com você. Eu fui ridícula. - Digo num tom de decepção. - Você disse que não voltaria comigo, estava fazendo um tratamento forte e eu fiquei tão perdida, porque eu causei tudo aquilo e não queira piorar ou te fazer sentir ainda mais... triste comigo.
- E por que agora você acha que é o certo a fazer agora?
- Você quer me encher de perguntas até eu ficar sem resposta? - Ele sorri e assente.
- Se nós vamos voltar, tem que ser do zero.
- Sim. O que você sugere?
- Você tem que melhorar três coisas: chatices desnecessárias, - ele enumera - falar sem pensar e, principalmente, desconfiança. - Assinto rapidamente. - São coisas que me deixam muito bravo. Mesmo. Você arruma motivos do além para brigar comigo, Mellanie.
- Você precisa ser menos possessivo e menos ciumento. Também... menos grosseiro. - Por enquanto, é só. Eu o amo. - O que você quer dizer com começar do zero?
- Vamos embora dessa cidade. - Ele dá os ombros. Eu rio. Nossa primeira descontração desde que ele chegou aqui. Eu me sinto tão mais leve. Toco sua mão e acaricio a mesma.
- Você está louco? Justin, nós temos dois filhos que estudam o dia todo, eu faço faculdade aqui à noite e tenho um trabalho ótimo o dia todo. Estamos muito estabilizados.
- Eu cansei da energia dessa casa. - Ele fala. - Eu quero começar do zero com você, se for de verdade.
- Mas é! Você quer simplesmente largar tudo aqui? Não somos apenas um casal, nós temos dois filhos.
- Eu vou pensar a respeito do que te disse e, quando estiver com a decisão formada, te faço a proposta para mudarmos, pode ser? - Assinto. O silêncio de um segundo parece durar uma hora até que um de nós diga algo. Eu me sinto bem. Ele está aqui. Toco sua mão e aperto a mesma. Ele está quente.
- Então, como fica... nós voltamos? Podemos resolver sobre o restante amanhã? - Ele assente e eu acaricio seu rosto, seu maxilar e toco seu cabelo com a mão direita. - Eu estou tão feliz que você está aqui, Justin. É sério. Eu prometo que posso melhorar com você. Eu fiquei tão nervosa com a maneira como você estava lidando desde a semana retrasada. - Pensei em comentar sobre a minha gravidez, mas não seria o momento. 22 dias é pouco demais para contar a alguém. Arriscado, eu diria. Minha médica disse que eu deveria aguardar pelo menos 8 semanas... ou um pouco menos, já que Justin precisa saber o quanto antes.
- Eu sei disso, exagerei na grosseria. Podemos resolver melhor as melhorias amanhã, Mellanie. Hoje foram só os tópicos. - Ele diz ainda sério e eu continuo acariciando seu rosto. - Eu vou tomar um banho, dormir e amanhã resolvemos isso.
- Você vai trabalhar?
- Daqui de casa. Não quero que saibam que eu estou aqui.
- Tudo bem. Eu posso vir no horário do almoço e então terminamos de nos resolver. - Ele assente e eu o solto. Justin levanta e vai ao banheiro. Foi... estranho. Tivemos uma conversa madura, apesar de toda discussão logo quando ele chegou. Sequer nos aproximamos após a conclusão de que estamos juntos novamente. Se fosse na época do nosso namoro, a primeira coisa que teria acontecido seria sexo.
- Ah. Tem mais uma coisa. - Ele diz ao sair do banheiro com a toalha na cintura. - É o seguinte. Eu vou te falar UMA vez. - Assinto. - SE algum dia você fizer algo comigo relacionado a tudo isso pelo que já passamos, se você me provocar a respeito ou me der motivos, esquece. Eu sou compreensivo, não idiota. Você entendeu? - Por que ele está me dizendo isso agora? Eu pensei que não estivesse irritado. Arqueio a sobrancelha analisando-o, que me parece ainda bravo... como ele consegue ser tão bipolar?
- Por que você está me dizendo isso?
- Você entendeu? - Ele reforça a pergunta e aperta a toalha no corpo.
- Justin! O que você quer dizer com isso? - Ele suspira fundo. Eu só quero entender o que ele quer com isso.
- Mellanie. Rose. Schneider. Bieber. Você entendeu? Eu não quero JAMAIS pensar em nada disso, porque eu sempre fui bonzinho com você. Agora a história é outra.
- Eu não entendo o que está acontecendo com você. É óbvio que nunca vai acontecer nada disso.
- Bom saber. - Ele solta os ombros e volta para o banheiro. Eu vou atrás.
- Por que você me disse essas coisas? Eu pensei que já tínhamos conversado. - Justin coloca a toalha no box e entra já nu para o banho.
- Só para concluir essa conversa, Mellanie. - Ele entra debaixo d'água e analiso novamente seu corpo inteiro. Como é bom saber que ele não transou com aquela... Johnson. Ele está aqui. Comigo. Em casa. Saio do banheiro e mando uma mensagem para minha mãe:
"Eu e Justin meio que voltamos agora... Ele está aqui. Sem mais perguntas. Beijos". - Mellanie.
Encaminhei também a mensagem para Jade e Adrielle. Pedi para que ela não comentasse nada no trabalho. Fui até o quarto dos meus filhos e eles dormiam num silêncio total. Dou um beijo em cada um e volto para o meu. Justin estava ajeitando uma cueca preta no corpo e coloca a mão dentro da mesma, vira de costas para mim como quem não quer nada e esfrega o cabelo.
- Que horas são? - Ele pergunta ao levar a toalha até o banheiro.
- 22h45. - Falo ao clicar em minha tela do celular e ele vem até a cama. - Você vai deitar comigo?
- Eu não sei, você quer que eu deite com você? - Assinto e ele abre a mochila que estava na cadeira. Foi aí que eu vi... Ele trouxe poucas coisas. Justin pega uma escova de dente, volta para o banheiro e aparece na porta enquanto escova e me olha.
- Você jantou?
- Comi um lanche antes de vir para cá. - Ele fala com a boca cheia e volta para o banheiro. Eu fico olhando para ele distante. Como eu estou feliz em tê-lo de volta, literalmente. Justin apaga a luz do banheiro e logo a do quarto. Ele pega seu celular que estava na cômoda e vem até mim, senta em seu lado da cama e estica as pernas como quem está cansado. - Descanse e amanhã concluímos as pendências. - Ele fala ao tocar meu cabelo com os dedos macios e dá um beijo no mesmo. Eu logo ajusto meu despertador e deito na cama. Puxo o edredom até meu pescoço e Justin liga a televisão. Deste modo, consigo vê-lo parcialmente.
- Justin. - Ele me olha de imediato e bloqueia o celular. - Deita aqui um pouco comigo, depois você mexe no celular. - Ele assente e deita de frente para mim. Justin puxa o edredom também até o meio do corpo e eu viro para regular o aquecedor: deixo em 18º. Viro novamente de frente para ele e acaricio seu rosto com a mão esquerda, já que estava com a direita acomodada embaixo do travesseiro. Acaricio seu cabelo e sinto vontade de chorar por um instante Por quê? Ele finalmente está de volta, eu finalmente me sinto bem. Eu o amo tanto. Fecho os olhos por alguns segundos e eu o abraço pensando no que me disse há pouco. Justin me aperta bem forte, de modo que deito em cima dele, completamente. Continuamos abraçados com toda força e então dou vários beijos em sua bochecha conforme seus braços ficam leves. Deito minha cabeça em seu peitoral. Meu corpo relaxa, minha mente esvazia, meu coração acelera como se fosse nosso primeiro abraço. Justin beija minha bochecha uma vez e coloca meu cabelo todo para o lado direito do ombro. Tento me reerguer, mas ele sorri largo e perco a força. Assim ficamos pelos próximos minutos. O único barulho era de nossas respirações já um tanto curtas, porém aliviantes. Dou um selinho nele, que envolve a mão em meu pescoço e toco seu nariz no meu.
- Não será tão fácil quanto você pensa. - Ele sussurra e eu assinto. - Sério. - Dou um beijo em sua bochecha e acaricio seu cabelo. Dou mais um selinho nele e então um beijo de língua tão esperado desde o momento em que chegou. Ele corresponde, porém demorou um pouco. Suas mãos descansam por minha cintura, enquanto eu o seguro no rosto. Deito ao seu lado novamente conforme nos ainda beijamos e sinto que ele sorri. Puxo seu lábio com os dentes e Justin pausa o beijo aos poucos.
- Estou tão feliz. - Digo num sussurro e dou mais um selinho nele, que me devolve um sorriso lindo. Eu sorrio junto. Arranho sua nuca com as unhas e ele me aperta na cintura. - Amanhã nós vamos resolver tudo.... - Falo um tanto empolgada, mas com a mente tranquila, nada de consciência pesada. - Você está bem com tudo isso?
- Sim. - Ele fala conforme sua mão passeia por meu corpo.
- Você ainda me ama? Porque eu te amo, muito.
- Sim. - Eu o abraço com força. Meu sangue ferve com a confirmação. Contorno sua boca com meu polegar e não conseguia parar de sorrir. Justin deslizava a mão pelo meu corpo como quem estava confortável.Sem querer, volto a pensar na gravidez. Estou tensa, porém contente em tê-lo aqui. Eu o amo tanto.
- Você não faz ideia de como eu me sen...
- Sim. Eu sei. Você passou noites na casa de outro cara enquanto eu estava com Vallery e brandon. Sim. Eu já te amava.
- Me desculpa, Justin. - Acaricio seus braços. - Eu não sei o que te dizer.
- Só não chore, por favor. Ver você chorar é realmente difícil.
- Por quê? - ergo o pescoço de modo que ficamos com os olhos direcionados um no outro.
- É muito difícil. - Ele fala me olhando. - Mesmo. Eu me sinto ruim te vendo chorar e dá um desespero.
- Eu não estou chorando agora. - Acaricio seu peitoral e encosto a cabeça nele. - Vocês não transaram mesmo?
- Não.
- Desde que nos separamos... Você transou com alguém?
- Só você.
- Eu também. - Ele beija meu cabelo. - eu fui imatura demais. - Ele acaricia meus braços e dou um beijo em sua tatuagem de coroa. - Você é um cara incrível. - Justin apenas sorri.
- Você ainda está nervosa, Mellanie. Por quê? - porque eu estou grávida, caramba. Nego com a cabeça afastando o pensamento. Ele não tem que saber agora. Não mesmo. - Hein?
- Eu não estou nervosa.
- Você está sim. Nós estamos aqui, as crianças estão dormindo. O que houve? - Nego novamente com a cabeça.
- Eu não sei. - Eu estou grávida!!!!! E com medo. Descanso um pouco deitada nele, que dá um beijo em meu cabelo. - Você me ama mesmo?
- Sim. Você sempre soube disso.
- Eu achei que nesses últimas dias...
- Eu estava me esforçando a toa para mostrar a mim mesmo que eu poderia me sentir bem, com outra pessoa.
- Eu achei que era provocação.
- Nunca foi. - Ele rapidamente responde. - Nunca. Tanto é que eu realmente não quero você pensando nisso. - Assinto. - Foi legal, mas não me fez sentir nada. - amém! Que assim seja. - Eu só não quero te ver nervosa. Você está diferente. Precisa descansar... já falamos demais sobre o mesmo assunto numa noite só. - gravida. Eu estou grávida. Estranha. Seguro sua mão e relaxo completamente. A única coisa que me vem à cabeça é a gravidez. Ele não pode saber agora. Não mesmo. Pelo menos mais três semanas. Não quero preocupá-lo mais do que eu mesma já estou. Dou vários selinhos rápidos nele, que morde meu lábio e coloca todo o meu cabelo para trás. - Amanhã será um longo dia. - Ele diz e eu logo afirmo com a cabeça.
- Você está feliz por estar aqui comigo? Ou você ainda está meio assim pela situação? - eu queria a sinceridade dele. - Sinto como se não quisesse ter voltado comigo tão brevemente.
- Eu estou feliz por estar aqui com você... senti falta das crianças.
- Eu acho que você só decidiu voltar comigo agora para dormirmos bem e então amanhã terá outra versão. - Ele me responde com um sorriso de canto.
- Oh...- Justin sussurra e aperta minha cintura. - Eu nunca quis me separar de você. Não teria motivos para aceitar de fachada. - Sorrio e vejo que ele fecha os olhos primeiro. - Boa noite.
- Boa noite, Jay. - Dou um beijo em seu pescoço e me encaixo nele, logo durmo sentindo seu cheiro. Depois de tanto tempo.
...
Acordo com meu despertador e ele continua dormindo. Nem acredito que está de volta, pelo menos por agora... Aviso Lauren que não precisará ficar com os dois à noite e mando uma mensagem para Anna tranquilizando-a sobre o horário.
"Preciso ir a uma consulta... Ele chegou agora? Eu vou aí lá pelas 9h" - Anna.
"Ontem à noite. Tudo bem" - Mellanie.
Tomo um banho quente e vou até o quarto das crianças. Deixo os uniformes separados na cômoda e dou um beijo na cabeça de cada um. Volto para o meu quarto e dou um beijo no rosto de Justin.
- Anna chega às 9h.
- Você já vai?
- Uhum. Vou passar no Starbucks... Já está meio em cima da hora. - Ele assente e mal consegue abrir os olhos. - Eu volto na hora do almoço.
- Ok. Bom trabalho. - Ele fala sonolento. Dou um beijo leve em sua bochecha e saio do cômodo já pronta. Posso dizer que tive uma manhã não muito tranquila, porém nada acabaria com a tamanha felicidade que sinto por tê-lo de volta. Jade veio me perguntar o que estava acontecendo e eu apenas disse que estamos nos acertando, já que ele finalmente deve ter percebido o quanto eu o quero de volta e o quanto eu me arrependo por todas essas bobeiras.
Volto para casa no horário do almoço e Justin estava na mesa com os dois, ajudando-os a comer. Dou um beijo em cada um deles e sento para almoçar. Anna passou pela sala com roupas no colo e acenou distante.
- Eu vou levá-los, tudo bem?
- Uhum... Eu tenho mais 50 minutos até sair de casa. - Vallery tenta prestar atenção em nossa conversa.
- O papai vai levar? - Ela pergunta curiosa.
- Sim, filha. - Afirmo e ela comemora.
- Oba!!!
- Você ainda tem 1h30 de almoço? - Servi meu prato e fiquei um pouco com eles, que terminaram antes de mim.
- 1h20.
- Ok. - Terminamos o almoço e eles escovam os dentes. - É melhor você ir junto, aí já vamos conversando.
- Pode ser. - Escovo meus dentes e pego só o celular. Saímos de casa às pressas com as crianças, por conta do horário curto, e fomos cantando músicas o caminho todo. Eles estavam felizes pela presença de Justin, ainda mais a manhã toda. Assim que eu desci do carro para deixá-los no colégio, Justin desligou o rádioe me esperou voltar enquanto mexia no celular.
- É o seguinte. - Ele fala ao me olhar. - Primeiro: nós voltamos, mas eu quero começar do zero.
- O que significa começar do zero para você? - olho para ele, que para no semáforo vermelho e não tiro os olhos de sua mão esquerda no volante, o braço solto.
- Outra cidade, outras amizades, outro tipo de vida. - Ele fala tranquilo, eu assusto um pouco. - Porém o mesmo trabalho, óbvio. Nada que nos faça conviver com pessoas que nos atrapalharam muito.
- Sério isso?
- Sim. Olha, eu preciso muito de novas amizades, você está com a vida muito corrida. Nós podemos trocar nossa rotina. Você pode trabalhar no período da tarde e acertamos o seu salário. - Sempre foi bom, eu diria, então não seria problema. Sou uma boa economista. Só preciso pagar as contas de casa, minha faculdade e o colégio deles - que Justin paga sozinho. A verdade é que nosso dinheiro é todo em conjunto.
- O que mais? - Que ideia louca é essa?
- Você não está me levando a sério. - Ele debocha de si mesmo e ri. - Eu já pesquisei a transferência da sua faculdade.
- Olha, você está cada vez mais obcecado por ficar mudando de país. Nós temos Anna e Lauren aqui. Como fazer?
- Isso nós resolvemos com o decorrer da semana. Você precisa relaxar mais comigo, ficar menos louca por conta do passado...
- Você precisa ter menos ciúmes.
- Isso eu estou tentando.
- Você precisa rasgar aquela carta que escreveu. - Falo sem pensar.
- Não vamos comentar sobre a carta.
- Vamos sim! Você vai rasgar aquele negócio.
- Ok, Mellanie, ok. - Ele concorda e toca minha coxa esquerda. - Você quer que eu já te leve para a JKC e terminamos de conversar no estacionamento?
- Estou sem minha bolsa.
- Oh, então vamos voltar. - Ele diz e corre um pouco com a Ferrari. - Para onde você quer ir?
- Você é louco. - Falo ainda impressionada. - Eu tenho opções?
- Ilhas Maldivas e Dublin.
- Ilhas Maldivas? O quê? - Justin só pode estar brincando comigo.
- Eu sou louco para conhecer aquele lugar. - ele viaja mais do que criança quando o assunto é mudança.
- Eu também!!! - Fico empolgada. - Mas lá seria um lugar mais lada comemorar, passear... Você não acha?
- Sim. Isso nos deixamos mais para frente. Então nos resta Dublin.
- Por que você quer ir lá?
- Eu liguei para o Bryan hoje cedo e falei que queria expandir ainda mais a empresa. Ele riu. Na verdade é porque nós já temos 4 sedes. Eu disse a ele que seria legal se montássemos uma central que armazena tudo, assim aqui não ficaria sobrecarregado. Um local que ninguém conhece, mas deve ter uns 10 funcionários no máximo. Como se fossemos para Miami. Lá poderia ser a central. - Miami? Mas não era Dublin?
- Certo.
- E então seria necessário termos um sócio, uma mulher do financeiro, um hacker, dois engenheiros da computação, uma faxineira e dois funcionários ligado à polícia. Eu pensei no Dimitri, porque ele cuida de toda parte da computação.
- Você quer voltar ao sigilo?
- Não exatamente, mas nós entramos numa proporção muito grande em pouco tempo. Você é essencial no financeiro e todo mundo sabe disso, então precisamos de um lugar menos tumultuado para você mexer com os arquivos, papelada, os depósitos e quem sabe deixar alguém nessa sede daqui.
- Uhum, isso é verdade. Às vezes as pessoas entram no meu escritório e eu estou mexendo com muito dinheiro. Isso não é bom.
- Não. E também precisamos de uma pessoa que entre em contato com as demais filiais e consiga nos passar as informações.
- Então você quer alugar um espaço pequeno para tudo isso?
- Sim. Nós precisamos de câmeras pra controlar tudo... Tem que ter mais organização.
- E o que o Bryan achou disso tudo?
- Ele riu no começo, mas curtiu bastante a ideia. Eu também falei com Nolan. Ele topou na hora. Como nossas primeiras filiais estão na América, seria válido irmos para lá. Foi por isso que eu pensei em Miami.
- Mas até um minuto atrás você falou que era Dublin.
- Sim, mas agora eu pensei em Miami. O que você acha? Eu gosto da América.
- Miami seria legal... Eu adoro morar aqui, mas às vezes o frio incomoda tanto.
- Eu sempre gostei muito daqui, mas acho que lá será melhor para nós e as crianças. Tanto que é se precisarmos urgente de algum familiar, é menos longe do que onde estamos agora.
- O problema é a adaptação. Quanto tempo até colocar essa ideia em prática?
- Se você topar e realmente pudermos começar do zero, em 15 dias eu resolvo tudo. Caso contrário, eu volto para São Francisco.
- Caso contrário? - Ele dá os ombros. - Eu topo, mas é complicado, Jay. Não podemos ficar mudando sempre... Eles têm quase cinco anos e não gostam de perder contato com os amigos. Nós somos uma família e adaptação por parte de duas crianças é muito mais difícil do que nós dois. Eles são russos.
- Eu sei, Mellanie, mas dessa vez será definitivo. Eu marquei uma reunião com Bryan e Nolan por vídeo-conferencia hoje às 15h. Vamos resolver tudo isso que te falei e, no sábado, eu vou embora para resolver todas essas coisas. Enquanto isso, nos estabilizamos por aqui.
- Tudo bem... Você vai me mantendo informada. Eu não vou comentar nada com ninguém.
- E o que você fez com o apartamento que estava morando?
- Entreguei. Era alugado.
- Então você sabia que iríamos voltar.
- Eu não teria vindo dos Estados Unidos para a Rússia só para conversar com você, ver meus filhos e ir embora, tudo no meio da semana. - Rio. Isso é verdade. - Mais uma coisa... - Entramos no condomínio. - Eu não quero saber de você ficar falando besteira sem pensar.
- Você também sempre fez isso.
- Eu sei, sempre fiz MUITO, mas nós temos que mudar, você não acha?
- Sim. Isso significa mais tolerância.
- É. - Ele assente e para em frente de casa. - Pegue sua bolsa. Eu espero aqui. - Assinto e entro em casa correndo. Passo por Anna toda apressada e pego minha bolsa. Retoco meu batom, desta vez passo um mate rosado, e então volto para o carro. - Tenho que voltar em 29 minutos.
- Chegamos na JKC em 20. - Ele fala ao sair correndo com o carro.
- Mais alguma coisa?
- Eu espero que esse episódio que rolou entre nós nunca mais aconteça. - Ele fala sério, bravo. Acredito que o sermão de minha mãe irá martelar eternamente em minha cabeça.
- Não vai acontecer. - Nego com a cabeça e dou um abraço forte nele. Beijo seu rosto e meu batom já estava seco. - Mas isso depende do seu comportamento.
- Você quer entrar no assinto de desconfiança? É isso? Porque se você me culpar por algo agora... ah, Mellanie.
- Ei. Calma. Não, Justin... Foi só um comentário. - Ele assente e mal me olha. Dou outro beijo em sua bochecha e assim que paramos no sinal vermelho ele me deu um selinho. - Então só para finalizar... Hoje é quinta-feira. Você vai embora no sábado caso esse plano dê certo?
- Sim. Eu vou para Miami procurar um lugar para alugar e fico por lá no decorrer da semana. Vou precisar que Dimitri vá comigo.
- Seria legal. - Acaricio sua nuca conforme conversamos. - Espero que tudo ocorra bem. Você tem umas ideias muito diferentes, mas posso aceitar essa de Miami. Gostaria muito que fossemos para lá. - Já estou na expectativa. - Gostaria muito que as crianças pegassem mais o nosso idioma mesmo.
- Já estou vendo sobre a sua faculdade, o colégio, pode ficar tranquila com relação a essas coisas.
- Eu não quero ir embora sem a Anna.
- Não temos nada definido, ok? Não se esqueça. - Assinto e ligo o rádio. Estava tocando uma música eletrônica - que Justin adorou. Assim que chegamos na JKC, ele parou na rua de trás. - Está entregue. Bom trabalho.
- Obrigada. Você vira me buscar às 16h30?
- Não sei... Que horas você sai?
- Essa hora mesmo, é que hoje eu tenho o último dia de provas na faculdade e entro mais cedo.
- Estarei aqui então. - Ele pisca para mim e dou um selinho nele.
- Não temos mais aliança.
- Isso é verdade. - Ele parece ter se esquecido por um momento. - Devem estar perdidas em casa.
- Mesmo assim... Enfim. Aproveite seu tempo livre para levar os três no petshop. Eles precisam de um banho. - Justin apenas concorda com a cabeça e dou mais um selinho nele, logo nos abraçamos e mordo seu pescoço bem de leve, dando-lhe um beijo ali. Dois beijos desde que ele chegou. É um bom começo.
- Ei. - Eu me afasto e desço do carro. Pego minha bolsa e mando um beijo distante para ele. - Espera... Eu posso te deixar na frente. Só parei aqui para ficarmos um pouco à sós.
- Eu dou a volta.
- Entra aqui, vai. Eu levo você. - Ele fala todo pidonho. - Vem, babe. - Babe! Há quanto tempo não ouço isso?
- Ok. - Entro no carro e Justin apoia com a mão direita entre minhas coxas. Ele aperta com força. - O que você vai fazer agora?
- Ver imóveis em Miami, como é o custo de vida por lá, como podemos fazer com essa casa... Essas coisas.
- Você é um homem de negócios. Gosto disso. - Ele para em frente à entrada e pisco para ele.
- Não ganho nem uma gorjeta? - Ele faz bico e dou um rápido beijo em seus lábios. Nem acredito que reatamos. - Tchau. - Entro na empresa radiante e vou direto para o relógio de ponto. Passo o resto da tarde adiantando os pagamentos e as mesmas coisas de sempre. Amanhã deposito na conta de todos os funcionários - com a ajuda da Isabelle, que cuida da sede de São Francisco na parte financeira. Quando passa das 16h20 eu já finalizo e aí começo a pensar no que deu a reunião dos três. Se Justin não me ligou até agora deve ser porque ninguém concordou. Eu me despeço de todos e saio já pensando nas matérias de hoje. Tenho as últimas três provas, mas começa às 18h30, então termino às 20h. Isso é ótimo. Saio da empresa e Justin estava com sua moto estacionada, porém andando de um lado para o outro enquanto falava ao celular.
- Certo. Pode ser segunda-feira às 9h? Isso. Por favor, muito obrigado. - Ele desliga e me dá um selinho.
- Vamos para casa?
- Sim. - Ele diz. - Tenho uma novidade.
- Sobre a reunião?
- Sim! - Ele afirma tentando esconder sua empolgação.
- Então fala!!! Deu certo?
- Em casa eu falo... Agora temos que ir. - Ele ri ao ver que me irritou.
- Justin, eu não vou embora antes de você me falar.
- Eu conto durante a volta.
- Não vou te ouvir direito.
- Você vai sim. - Ele diz ao subir na moto e anda pela rua para pegar no tranco. Logo volta e me dá o capacete. Deixo minha bolsa na frente e o abraço bem forte na barriga, desço as mãos quase em sua virilha e ele resmunga. - Eles acharam a ideia ótima, mas contanto que eu tenha alguém me ajudando. Eu escolhi o Dimitri. Ele vai comigo para Miami no sábado e vamos resolver tudo até a próxima sexta-feira. - Eu o aperto bem mais forte.
- NÃO ACREDITO!!! - Fico MUITO feliz. Ele me deixou na expectativa e deu certo. Meus filhos precisam crescer com o nosso idioma. Russo é realmente difícil. - Que loucura, Justin... Como nós vamos fazer?
- Amanhã à noite conversamos com Anna e Lauren. Você tem alguma proposta? - Ele falava meio alto por conta do barulho da moto.
- Eu posso pensar... E as crianças?
- Eu vou ver sobre o colégio para eles e a sua faculdade na segunda-feira. A transferência será feita no final de maio, ou antes.
- Então você vai se mudar antes disso?
SPOILER
O que fazem aqui? Fomos os últimos a deixar o restaurante.
- O que vocês fazem aqui? - Digo conforme prendo meu cabelo num coque.
- Você esqueceu seus óculos de sol na mesa, Mel.
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