História Behind The Secrets - Fourth Season - Those plans

- Mas Anna, nós te amamos muito! Eu e Justin gostamos demais de você, Vallery e Brandon te consideram como uma segunda mãe... Você é a nossa família. - Ela sorri e acaricia minha mão. Termino meu suco já tensa com o rumo dessa conversa. 

- Eu sei, querida. Nunca serei grata o suficiente pelo quanto vocês me tratam bem. Mas eu tenho filhos aqui, uma família... Não são dessa cidade, mas são daqui. Eu sou daqui. Fico triste que vocês tenham que ir embora.

- Eu quero muito que você vá conosco... É sério. Anna, você iria amar. - Falo já um tanto desesperada por perceber que ela não dará o braço a torcer e, bem, eu entendo seus motivos. - Por favor, pense nisso. Você é como uma mãe para todos nós. - Ela sorri e eu a abraço bem forte. - Justin volta no sábado e eu vou para a Califórnia por conta do nascimento de Daisy, mas estarei de volta lá pelo dia 17... Eu realmente espero que você mude de ideia.

- Seus pais já sabem dessa mudança? - Nego com a cabeça. - E a sua faculdade?

- Justin já fez nossa matrícula. Eu quero muito que você e Lauren possam ir conosco... Babi, Billy e Bob.

- Mellanie, eu aprecio o quanto vocês me consideram, mas é inviável para nós... Principalmente para os cachorros. - Assinto sabendo que era verdade. - Mas não fique assim. - Eu estava chorando de preocupação. - Ainda teremos vários dias para pensar, nos resolver...

- Eu só queria que vocês pudessem ir conosco. É sério. Nós não vamos vender essa casa nunca. - Ela assente e continuamos abraçadas. - Me desculpa... Eu e Justin pensamos em como será para os dois crescerem num ambiente com o nosso idioma, às vezes é tão mais fácil.

- Mas é mesmo... Porém vocês precisam lembrar que eles são russos, não são americanos, como vocês. - Eu sei. Eu sei. - Quer saber, eu agradeço você ter me contado com antecedência... Você precisa descansar. Posteriormente voltamos a falar sobre isso. - Eu levanto decepcionada com essa conversa e dou um beijo no rosto dela. 

- Obrigada. Promete pensar em tudo isso? Com muito carinho? - Ela assente toda fofa.

- Sim, Mellanie. Fique tranquila. - Coloco o copo na pia e lavo o restante da louça. Tomo um banho quente e fico no quarto de meus filhos. Sinto vontade de dormir aqui nessa noite e passo horas pensando em como será do outro lado do mundo, em Miami, com duas crianças de quatro anos que são nativas russas. 

...

Acordo mais cedo que o normal na sexta-feira e vejo que ainda estava no quarto dos dois. É tão bom dormir próxima deles... Estava com um enjoo tremendo, não consegui comer nada de manhã, mas sim apenas vomitar dois copos de água que tomei. Desde que eu e Justin reatamos não tive sintomas tão fortes da gravidez. Só porque nessa semana estava tudo indo tão bem. Caramba. 

- Anna... Eu acordei tão enjoada.

- Você já tomou café da manhã? - Ela pergunta conforme anota algo numa agenda.

- Não consegui... Estou com muita dor de cabeça. - Ela desvia o olhar e abre a caixa de remédios. - Tem algum para enjoo? - Eu não deveria dizer a ela, mas não contei da gravidez mesmo.

- Tem esse... Mas é melhor você esperar um pouco, às vezes passa rápido. - Assinto. - Tem chances de ser algo... mais sério? - Ela está falando de gravidez. Bem, sim... é, na verdade. 

- Sim. Droga. - Fico ainda mais nervosa e meu estômago embrulha vazio. Só mais algumas semanas e então eles saberão.  - Com certeza eu não estou grávida.

- Eu nem mesmo citei gravidez. - Ela ri. - Acalme-se. Deve ser de nervosismo... tensão... um mal-estar comum. - Assinto e guardo o comprimido no bolso. Fico um tempo deitada no sofá, ainda pensando em toda a nossa mudança, em Justin, nas crianças, Anna e Lauren, os cachorros, minha mãe, essa gravidez que chegou quando eu menos esperava...

Vou ao trabalho ainda de estômago vazio e acabo comendo alguns biscoitos integrais e... parece que meu estômago aceita. Durante toda a manhã resolvo minhas pendências e vejo que Justin não aparece, nem sinal de vida... Lá deve estar de noite. No horário do almoço, dou uma ligada para Justin. Ele não atende. Deve estar dormindo. Passa alguns segundos e então ele retorna.

- Amor. - Diz baixinho, a voz cansada. 

- Te acordei?

- Estava quase dormindo.

- Eu acordei passando muito mal... - falo ainda meio desanimada. Não posso simplesmente contar da gestação por telefone. Quero saber a reação dele. 

- Você está melhor? O que sente? - Ele parecia preocupado. - Mel.

- Eu acordei muito enjoada, passei mal pra caramba... mas agora eu, eu estou melhorando.

- E o que você comeu? Tomou algum remédio?

- Tomei agora pouco... Comi alguns biscoitos tem alguns minutos. Não deve ser nada demais...

- Você não acha melhor ir ao médico? Fazer um teste? Não sei. O que mais você sente? Vai ver aquele teste que você fez antes estava errado. - E ESTAVA. 

- Agora eu só estou com muita dor de cabeça... Como foi seu dia?

- Mesmo? - Murmuro. - Tem chances de ser gravidez? Você não quer fazer um teste... sei lá. 

- Eu não... não quero pensar sobre isso. Como foi seu dia?

- Cansativo, mas resolvi muita coisa. Comprei nosso terreno e fiz a planta da casa.

- Você fez?

- Sim... você sabe que eu amo tudo que envolve arquitetura. Desenhei toda a nossa casa conforme você me falou ontem. As obras começam amanhã, no caso hoje, pra você.

- Isso é ótimo. - Digo empolgada. - Falei com Anna ontem... ela está bastante chateada.

- Sério? Mas você disse que ela irá conosco?

- Ela não vai, Justin... Conversamos sobre isso ontem mesmo.

- Mas ela tem que vir! Anna é a única mãe que eu tenho. - Ele estava preocupado do outro lado da linha. 

- Podemos voltar nesse assunto quando você estiver de volta? Eu só te liguei para comentar sobre isso.

- É... sim. Como estão nossos pequenos?

- Bem, sentem sua falta. 

- Você deveria fazer um teste, meu amor. Mesmo.

- Tudo bem, Jay... Não é nada disso. 

- Você me deixou preocupado.

- Fique tranquilo... Durma. Boa noite, amor.

- Sinto sua falta.

- Eu também. - Digo já sentindo sua voz calma do outro lado da linha, como quem estava quase dormindo. - Eu amo você.

- Eu amo você também.

 

Desligo. Não sinto nada relacionado a não ser pelo enjoo. Aquele pensamento me corrói durante toda a tarde. Ainda não é a hora de abrir o bico, Mellanie. Contenha-se. Justin foi dormir e me deixou confusa. Preciso distrair a cabeça. Foi aí então que decidi chamar Jade para conversar sobre a nossa mudança.

- Eu não acredito que você vai embora!!! - Ela estava brava, eu acho. Não sei definir. - Mellanie, vocês moram nesse país já tem quase cinco anos.

- Eu sei... Já fez cinco anos. Foi uma decisão que veio de Justin e eu acabei concordando. Nossa vida é na América. Tivemos tantos problemas aqui.

- Vocês tem uma vida aqui! Você não pode simplesmente ir embora... e os seus filhos? Anna? Seus cachorros? - Ela estava preocupada. Ok. Eu também estou. - Eu estou chateada.

- Jade. Calma. - Ela bufa irritada. - Eu pensei muito sobre tudo isso e realmente não foi uma decisão fácil, mas eu prefiro que meus filhos cresçam nos Estados Unidos... Minha família é de lá, a de Justin é canadense. Sabe... aqui é muito longe de tudo. E se acontece algo comigo e com ele? Não temos ninguém da família aqui.

- Vocês tem eu, Phill, Anna, Lauren, Bryan, a família dele... caramba. Nós também somos a sua família.

- Sim, vocês são. Você entende o que eu quero dizer? É uma mudança radical, mas não vamos sumir. Continuaremos trabalhando juntas, só que eu estarei em Miami e você aqui. - Não tinha ficado tão chateada a respeito da viagem até então. Jade me fez pensar a respeito e agora me sinto péssima em deixá-la aqui. É a minha melhor amiga. Fico com vontade de chorar. - Eu não vou abandonar nossa amizade, jamais. É porque realmente precisamos deixar esse país. Minha vida e de Justin não tem que ser aqui.

- Eu sei disso, Mel. Só estou chateada... Eu não imaginei que seria tão em breve. - Assinto e nos abraçamos bem forte. - Ele já resolveu tudo por lá?

- Ele alugou um sobrado e está transformando num escritório de trabalho com Dimitri... Eu estou empolgada para conhecer tudo por lá. Nossa casa ficará num bairro muito conhecido e Justin está tão feliz.

- E você? Você está feliz com essa mudança? - Assinto rapidamente. - Porque é muito louco... Vocês quase se divorciaram e agora, uma semana depois, estão indo morar em Miami! - Ela ri, pela primeira vez durante essa conversa. - É demais para mim. Como lidaremos com isso? 

- Eu e Justin iremos voltar pelo menos algumas vezes no ano.... Ele precisa acompanhar essa sede, fazer reuniões com Bryan, eu tenho que ver Anna e trazer as crianças.

- Ela não aceitou ir com vocês?

- Ela disse que não tem como ir... Porque, realmente. A vida dela é aqui.

- Isso é tão complicado. - Jade lamenta. - Eu fico feliz por vocês, de verdade, mas triste ao mesmo tempo.

- Ow. Eu sei como você se sente... Não é a primeira vez que estou indo embora para valer. Eu detesto muito tudo isso, mas penso nos meus filhos. Eles são minha prioridade máxima. Sempre. - Ela concorda. - Eu não faço ideia do dia em que iremos embora, mas será em maio mesmo. 

- Bom... Gostaria que você me mantivesse informada.

- Pode deixar, amiga. - Nos abraçamos novamente. - Agora vamos trabalhar porque ninguém ganha dinheiro lamentando. - Ela ri e deixa meu escritório. Sentirei muito a falta dela. Parece que sempre que eu consigo pelo menos dois amigos... é como se eu tivesse que deixá-los. É uma sensação tão ruim. Eu me sinto nômade. 

Ligo novamente minhas telas e vejo uma mensagem de um dos estagiários contando que foram encontrados seis jovens aprontando pela cidade logo nessa manhã. Uau. Geralmente eles são procurados pela madrugada... Justin não os persegue tem um bom tempo, o que me acalma. Eu sempre ficava tão preocupada quando ele tinha que sair à noite em busca de bandidos perdidos pela cidade e não é nada agradável para pensar. 

Justin P.O.V -  09 de maio de 2019

Mellanie não tem ideia da surpresa que a aguarda quando finalmente pudermos nos mudar... Uma vez que sua faculdade começará no dia 24, pretendo chegar na cidade já no dia 18 de maio. Fiz também a planta de como quero a JKC e deixei Dimitri no comando... Minha casa e de Mellanie já está ficando incrivelmente bonita, mesmo só com as paredes erguidas. Ela irá gostar demais, eu tenho certeza. Peço que ela escolha as cores para a sala de estar, nosso quarto e o das crianças, e então ela parece mais empolgada do que nunca. Estou gastando uma grana para finalizar toda essa obra o quanto antes... Acredito que em 10 dias já esteja tudo quase resolvido. Dimitri voltará no sábado comigo e estou contente que o sobrado já esteja pronto. Mal vejo a hora de colocar tudo isso para funcionar. Fiz contato com um policial amigo de Jack... sim, meu sogro-ex-pai, que está me ajudando com todos os eletrônicos para a casa e assim poderemos contratar os funcionários.

- Eu realmente quero que você fique aqui, cara.

- Isso é loucura. - Ele ri. - Mas eu gostaria.

- Isso não é um convite, Dimitri. É uma ordem. - Digo sério e então ele ri. - Cara, olhe esse lugar. - Ando ao redor do segundo andar e faz eco. - É incrível! Você não tem nada que o prenda em Moscou... De onde é sua família?

- Eles são do Canadá.

- Então, cara!!! Nós somos canadenses... - eu não sabia que ele também era canadense, mas sim apenas americano. - VAI, DIMITRI!!!!

- EU FICO. - Ele grita e fazemos um toque comemorativo.

- Até que enfim, seu viado. - Falo empolgado. - Precisamos de pessoas muito boas... Eu quero esse lugar pronto até o dia 16.

- Eu acho que até lá fica... Aqui já está praticamente tudo feito... As pinturas terminaram ontem. Só precisamos ver a questão de água, luz, as contas em si.

- Sim. Eu vou deixar essa parte com a minha querida esposa, Mellanie.

- Oh, o amor é lindo. - Ele revira os olhos e me faz rir. Isso me faz lembrar que ela ficou de conversar com Anna. Espero que esteja tudo bem. Ela precisa vir conosco. É a única mãe que eu tenho... desde pequeno. 

Saímos da casa e então Dimitri quis curtir um pouco a cidade, já que tem trabalhado desde o minuto em que chegamos aqui. Enquanto isso, eu fui conhecer Wynwood, nosso novo bairro e... nossa, é interessante demais. Eu gosto de tudo que envolve arte. Esse é definitivamente o meu lugar. Acabei fazendo a matrícula de nossos filhos ao lado da casa, ainda em Allapattah. O colégio chama-se Georgia Jones-Ayers Middle School e eu, particularmente, gostei bastante. Mandei algumas fotos para Mellanie ontem e as aulas deles começam dia 15 por aqui... Tudo bem organizado. Fica em frente ao Charles Hadley Park. Essa cidade é magnífica. Mal vejo a hora de trazê-los de mudança e tudo.

Entrei em contato com nossa contadora, Senhora Skines, que ficou responsável por vender nossa moto e a Range Rover de Mellanie. Ela ainda não sabe disso, mas obviamente não terá como manter aquele carro. Precisamos nos desapegar... com exceção da minha Ferrari e nossa enorme casa - que é de família. Nunca pretendo vendê-la. Passo para a contadora que gostaria de vender também o apartamento que temos em Moscou, mas está no nome de Mellanie. Acredito que ela não tenha problemas com isso. Talvez possamos alugá-lo. Eu só sei que realmente estou a cada momento mais empolgado com toda essa mudança, nova vida. E ainda tem mais... O aeroporto de Miami fica a 10 minutos de carro da casa onde iremos trabalhar. 

Aproveitei o início da noite para marcar uma reunião na delegacia e apresentar a JKC aos policiais daqui. Devo dizer que nos demos muito bem e estou contente com o resultado. Comprei algumas mesas para colocar no segundo andar da casa e adquiri uma televisão de 48 polegadas para a sala de reunião. Duas, na verdade. Uma ficará no cômodo central para maior controle da cidade... devo dizer, dos bandidos. Saí da loja contente com a compra efetuada e a entrega será realizada amanhã à tarde, diretamente na casa. 

Comprei também uma geladeira de porte médio e um fogão embutido, com a ajuda de minha contadora, por telefone, que me mandou os melhores modelos. Pedi a ela que verificasse a possibilidade de visitar Miami ao menos uma vez no mês para auxiliar Mellanie no que for necessário, já que ela mora em Moscou. 

Após horas pesquisando a respeito e pensando no que mais podemos vender ou organizar, volto para o hotel e fico assistindo tevê até cair no sono... que foi quando Mellanie me ligou para contar que tinha passado mal durante a tarde. Obviamente, a primeira coisa que me veio à cabeça foi uma gravidez. Eu gostaria tanto, mas ela já me disse que não pode ser. Além de me deixar preocupado, ela me diz que não pode ser gravidez e ainda explica que Anna não virá morar conosco. Isso não pode ficar assim. Ela PRECISA vir com a gente. Eu a amo como se fosse minha mãe. De certo, ela é. Anna está comigo desde os meus... não sei, oito anos? Acabo dormindo enquanto penso em tudo isso.

Minha quinta-feira começou boa, um tanto corrida, na verdade... Passei toda a manhã ajudando os auxiliares que contratei na instalação das tevês, as mesas, a mesa central que ficaria na cabine de controle, portanto, é redonda. Ajudei também com as cadeiras, contratei duas pessoas para fazerem uma limpeza durante a tarde e então Dimitri foi atrás de currículos e indicações para que pudesse fazer entrevista. Tive a tarde toda para acompanhar as paredes sendo rebocadas de nossa nova casa e então fui em busca de um novo veículo. Eu realmente preciso que minha a Sra. Skines esteja por aqui. Gosto de comprar tudo que vejo pela frente e sou um pouco pior do que Mellanie quando o assunto é carro ou até mesmo relógios... Qual é? Eu aluguei um Toyota Camry 2016 preto, mas preciso de um carro para quando nos mudarmos. É tudo tão louco e... estranho ter que resolver sem a presença de minha esposa e meus filhos. Consegui acompanhar toda a obra e aproveitei para contar essa novidade ao meu pai. Ele ficou contente em saber que estaremos de volta nos Estados Unidos. É louco quando eu paro para pensar que levo apenas 3 horas de Miami até a casa de meu pai, mas Mellanie levaria 5 horas e meia daqui até a Califórnia. Recebi uma ligação de Mellanie durante o dia e sinto falta dela.

- Jay.

- Oi, Mel.

- Você está bem?

- Sim. Vocês?

- Tudo ótimo... Estou te ligando para saber quando volta, como estão as coisas.

- Eu saio daqui na sexta-feira à tarde... Devo chegar no sábado pela manhã. Irei com o jato.

- Dimitri virá com você?

- Huh, ele irá em voo circular. Falei que preciso desviar a rota.

- Não seja egoísta.

- Pensei que você ficará com ciúmes. - Ela ri do outro lado da linha e me divirto.

- Af. O pessoal da faculdade quer me fazer uma despedida hoje à noite, num bar.

- Você já está na sexta-feira?

- Sim! Esse fuso horário é louco. 

- É. Tudo bem... Mande um beijo para as crianças e diga que estou com saudades. 

- Pode deixar, amor. Até logo.

- Até.

Desligo e estranho que ela não me pergunta como realmente estão as reformas por aqui... Talvez ainda não tenha noção da imensidão que estou construindo para nós. Espero que possamos já estar na cidade lá pelo dia 18 ou 19. Devo sair daqui realmente na tarde de sexta-feira... Espero chegar em casa, no máximo, sábado logo pela manhã. Terei só 24 horas com Mellanie até que ela vá para a Califórnia. Pelo menos terei alguns dias à sós com meus filhos. Eles fazem uma falta tremenda. Ligo para Ryan e conto a novidade. Obviamente, ele fica empolgado e até pensa em vir trabalhar comigo. Como se realmente fosse deixar Ashley sozinha em outro estado. Passo a noite passeando pela cidade sozinho enquanto penso em toda essa mudança, algumas coisas que ainda preciso resolver, como será a adaptação de Vallery e Brandon e o quanto foi bom voltar com a Mellanie depois de quatro meses. Caramba. Ela me fez uma falta tremenda. Nunca pensei que seria capaz de entrar em depressão por conta de um divórcio - que realmente não aconteceu. Isso é loucura. 

                        Mellanie P.O.V

Acordei na sexta-feira e, felizmente, eu já me sinto bem... Minha irmã está para nascer e eu preciso estar na Califórnia. Entrei na sexta semana de gestação e minha barriga está aparecendo, sim, mas quase nada. Estou usando roupas um pouco mais largas na faculdade. Tive um dia esgotante e um tanto na expectativa, já que Justin voltará amanhã e eu voarei para São Francisco já no domingo. Liguei no telefone de casa e consegui conversar um pouco com minha mãe.

- Como você está? Ansiosa? Com medo?

- Feliz e apreensiva.

- Ai, mãe... Está marcado para segunda! Pense, já está aí. Mal vejo a hora de carregá-la.

- Eu também, filha. Eu não tenho essa sensação de pré-nascimento há 23 anos.

- Não precisa dizer que estou ficando velha.

- Você não está. Eu estou.

- Mãe!!

- Você chega quando?

- Devo desembarcar na segunda-feira à tarde... Assim irei direto para o hospital.

- Huh, bom saber. Tudo bem. E como está com Justin?

- Ele volta amanhã de Miami... foi resolver coisas pessoais.

- Miami?

- É.

- Legal! - Aperto meu subconsciente para que não abra a boca involuntariamente e conte a ela de nossa mudança. Minha mãe não pode saber agora, não mesmo. Ninguém da minha família. - Eu preciso desligar... Seu padrasto está me ligando.

- Tudo bem. Beijo.

                                     Justin P.O.V

Dimitri já foi embora logo de manhã. Eu aproveitei que irei com meu jato, então posso ficar nessa cidade até o meio-dia. Passei novamente pela casa e o segundo andar estava incrível, assim como o térreo. Quase tudo pronto... Contratei dois seguranças e uma faxineira, já. Com a ajuda de Dimitri. A mulher parece simpática e virá aqui três vezes por semana para que nada fique cheirando guardado ou até mesmo fique cheio de pó. Os dois seguranças irão vigiar a casa, acredito que irão revesar. Um pouco antes de sair de lá, consegui finalizar a instalação de três câmeras. Na garagem, na entrada e na sala central. Acredito que já seja o suficiente por um prazo de 15 dias. Antes de ir para o aeroporto, entreguei o hotel e fui com a mochila nas costas até nossa nova casa, em Wynwood. Passei pela construção e parei em frente para admirar o quanto ficará incrível.

- Bieber, bom dia. - Diz um dos pedreiros responsáveis. - Você volta para a Rússia hoje?

- Daqui uma hora estou voando, na verdade. - Digo ao analisar toda a estrutura e cumprimento os demais. - O que temos aqui?

- Já erguemos as paredes e agora estamos projetando o segundo andar... Quer adicionar algo na planta?

- Estou contente com o que vejo. - Realmente estou. Essa casa ficará incrível. - Conseguem terminar em 10 dias?

- Você realmente está apressado. - Dou os ombros me divertindo. 

- Eu pretendo me mudar com minha esposa e filhos em 15 dias. Acha que dá?

- 15 dias, sim. 10, não. - Tudo bem. Posso vir com eles um ou dois dias antes e ficaremos num hotel até que tudo esteja pronto... Eles poderão conhecer a cidade. - Até quarta-feira toda a estrutura estará finalizada. Entraremos com o telhado e então a instalação de todos os fios. Você pretende comprar os móveis quando tudo estiver pronto ou já organizar?

- Eu vou pedir auxílio de uma decoradora profissional aqui por perto. Você tem indicações? - Josh é um arquiteto incrível. Tira um cartão do bolso e me entrega.

- Tenho uma amiga, Jessica Rubeni. É ótima com toda essa decoração.

- Ótimo. Pedirei que minha esposa entre em contato. Eu quero toda a casa pronta, com relação à pintura e afiações, até o dia 20. Vocês conseguem?

- Huh, conseguimos sim, Senhor Bieber. - Tomara. Realmente mal vejo a hora de vir para cá de vez. 

- Por agora, é tudo. Por favor, instalem as câmeras o quanto antes. Obrigado. Vejo vocês em breve. - Aceno para todos e mando uma mensagem de voz para minha contadora, pedindo que realize o depósito para todos os que estão trabalhando nessa casa. Não sei muito bem sobre os valores, mas ela está acertando as coisas. Mellanie já está cheia demais com problemas no trabalho, toda a nossa mudança, o nascimento da irmã e cuidando dos nossos filhos. Entreguei o carro na concessionaria e fiz uma caminhada de 20 minutos até o aeroporto de Miami. Para a minha tranquilidade, Benné já estava à minha espera. Pedi que trouxesse um lanche, já que não terei tempo o suficiente para um almoço digno. Ligo para Mellanie assim que entro no jato, tiro os sapatos e deixo a mochila na cama.

- Mel.

- Jay! Você volta hoje?

- Acabei de entrar no jato. Devo chegar... huh... não sei. Sábado cedo.

- Tudo bem. Estamos te esperando.

- Tudo bem com vocês três? Sua mãe? Anna?

- Sim. Tudo certo.

- Ok.

- Boa viagem. Beijo.

- Beijo.

Desligo e coloco meu celular para carregar. Benné me avisa que o voo está autorizado e então deito na cama já pensando em tudo o que consegui resolver nessa semana. Eu realmente espero surpreendê-los em alguns dias. Mal vejo a hora de começar essa nova etapa na minha vida. 

Ligo meu videogame ao perceber que já estávamos voando e então tento esquecer quantas horas ainda faltam para chegar em Moscou. Esse fuso horário é sempre tão confuso. Mesmo que eu durma o voo inteiro, chegarei cansado... e com sono. 

                                                Mellanie P.O.V - 11 de maio de 2019

Assim que comuniquei a todos da faculdade a respeito da nossa transferência repentina, eles ficaram bastante chateados e decidiram marcar uma despedida para mim hoje mesmo, no bar ao lado da faculdade. Combinei com Anna para ficar com as crianças em casa e eles ainda não fazem ideia de nada. Lauren já está sabendo de tudo e, assim como Anna, disse que é inviável deixar o país para morar conosco em Miami. É uma pena. Eu realmente não sei como prosseguir diante de tudo isso. Aceitei a diversão, mas não posso tomar sequer um gole de álcool. Estou grávida. 

Quando estava a caminho do colégio, recebi uma ligação de Justin dizendo que está voltando. Até que enfim! Mal vejo a hora de poder conversar pessoalmente com ele sobre tudo o que foi resolvido nessa semana. Logo no domingo de manhã eu já terei que voar para a Califórnia, por conta do nascimento de minha irmã. Após buscá-los no colégio, fomos ao Subway comer um lanche e eles pareciam cansados. Tiveram um dia e tanto.

- O papai estará de volta amanhã. - Falo assim que aperto os cintos de Brandon.

- Sério? Que horas?

- Huh, isso eu não sei, Bran. - Passo os cintos por Vallery. - Mas acredito que logo pela manhã.

- Que legal! Eu tô com saudades do papai. - Ele fala empolgado.

- Por que ele viaja tanto? - Vallery diz curiosa.

- É por conta do trabalho... sempre o trabalho.

- Mas e você, mamãe?

- Eu só viajo às vezes, oras. Não aguento ficar longe de vocês dois! - Eu os cutuco nos pés, que riem e logo saímos de lá. Devo matar a última aula de hoje, assim como meus amigos, para irmos diretamente ao bar. Chego na faculdade por volta das 19h00 e então saímos para o bar às 22h. Fomos eu, Drew, Cark, Justin, Caissy, Melissa, Andressa e Tiffany. Bem... Não sou tão amiga deles assim, mas é como Justin sempre diz: precisamos de novas amizades. Jade está bastante chateada com toda essa mudança. Cada um de nós pediu uma dose de tequila para começar e então eu nunca me diverti tanto... Talvez até além da conta. A verdade é que combinei com Caissy que não iria beber e dei minhas doses a ela. Tomei só um pouco de energético e, sem querer, um gole de wodka do copo ao lado. Droga. Pesou minha consciência na hora. Terminei meu energético e pedi desculpas ao meu bebê. Que droga. 

- Você vai sentir nossa falta, Mellanie. - Drew diz todo amigável e assinto. - Não é fácil encontrar pessoas como nós por aí.

- Eu tenho certeza de que vocês ficarão bem.

- Quando vocês pretendem ir embora? - Caissy pergunta enquanto mexe no celular. Essa é uma pergunta que nem eu mesma sei responder. Logo? Sim.

- O quanto antes. - Dou os ombros. - Mas eu não vou esquecer vocês. - Tiramos uma foto todos juntos e postei nas minhas redes sociais em agradecimento.

- Seu marido não está bravo por você vir aqui? - Cark pergunta. Que ridículo.

- Ele é meu marido, não meu dono. - Falo como se fosse óbvio. - É claro que não. Que pergunta.

- Ei, calma. Foi mal... 

- Vocês vão ver... Casamento não é um bicho de sete cabeças. Talvez, quatro, mas sete, não. - Todos dão risada.

- Vocês voltaram tem algumas semanas, não? - Tiffany pergunta toda curiosa. Por que todas as perguntas são voltadas a mim? Eu mal falo com ela. Só está aqui porque namora Cark. 

A propósito, Justin já deve estar chegando aqui... Espero que pela manhã já esteja de volta. Não tenho notícias há mais de oito horas e isso me deixa um pouco preocupada. 

Estou bêbada de sono, isso sim. Eu só sei que cheguei em casa dormindo em pé quando já passava de 1h da manhã. Entrei exausta e mal parava em pé. Assim que fui para o quarto e coloquei meu celular para carregar, a campainha tocou. A essa hora? Abro a porta toda sonolenta e era Drew... com Cark? O que fazem aqui? Fomos os últimos a deixar o restaurante.

- O que vocês fazem aqui? - Digo conforme prendo meu cabelo num coque. 

- Você esqueceu seus óculos de sol na mesa, Mel. - Drew me entrega e assinto em concordância.

- Oh, obrigada. Não tinha percebido.

- Tudo bem. Boa noite. - Ele acena e dou-lhe um beijo no rosto. Aceno para Cark no volante e fecho a porta. Tranco toda a casa ainda cambaleando e passo pelo quarto das crianças. Não demoro muito a dormir. A verdade é que eu nem sei que horas deitei nessa cama. Minha cabeça está um pouco bagunçada. Talvez muito. Fico feliz por estar grávida e não beber nada.

                           Justin P.O.V - 12 maio de 2019

Acordei com o aviso de Benné de que tínhamos chego e o pouso estava autorizado. Até que enfim... Olho pela janela conforme estamos descendo e vejo que está amanhecendo. Aqui deve ser muito cedo... pelo menos estou de volta. Assim que o avião parou completamente, os dois pilotos saíram da cabine e eu os agradeci com um cumprimento. Desço pela escada com a mochila nas costas e coloco meus óculos de Sol. 

- Muito obrigado! - Falo novamente e sigo até minha moto, que estava no estacionamento. Ligo meu celular e vejo que são 6h25. Ainda posso parar perto de casa e tomar um café da manhã no Starbucks, talves? Ninguém em casa estará acordado a essa hora.

Vou com a moto até o Starbucks mais próximos e tomo um frapuccino, como dois brownies e então recebo algumas notificações que deveriam ter sido entregues durante a madrugada. Olho minhas redes sociais e Mellanie postou uma foto com todos os amigos no bar, durante sua despedida. 

Pago a conta e então finalmente vou para casa. Preciso ver meus filhos e minha esposa - pra ontem. Abro a porta principal com a minha chave e estava um silêncio só. Vou até a área dos cachorros, que a acordaram com a minha barulheira e consegui evitar que eles latissem. Passo uma água no rosto e então subo as escadas pisando fraco no chão. Passo pelo quarto das crianças e dou-lhes um beijo no rosto cada. 

Vou até o nosso quarto e abro a porta com cautela, não quero acordá-la assim, tão cedo.

                                Mellanie P.O.V

- Você não fez isso comigo... - Ouço uma voz distante... Ele fala transtornado e minha cabeça lateja. Justin? Abro os olhos e ele estava boquiaberto. O quê? Eu não. Eu não fiz. Olho para o lado e Drew estava desacordado - na minha cama, comigo.

 

SPOILER

- Aproveite que eu ficarei fora por uns dias. Parece que duas semanas sozinho após termos reatado não foi o suficiente para você.