- VOCÊ TRANSOU COM A STACEY? - Por mais que ele dissesse que sim, eu não acreditaria, eu acho... Eu não sei... Algo me diz que ele quer me ver irritada.
- Umas cinco vezes. - Ele responde sério e arregalo os olhos. - Na verdade, não. . - Ele nega. Sinto um alívio tremendo. Um problema a menos. - Você é sempre tão ciumenta?
- Não é questão de ciúmes, poxa... Eu só quero que você seja sincero comigo.
- Eu estou sendo. Eu não transei com aquela loira linda.
- Não precisa ser tão sincero... - Falo sobre o elogio que ele fez a ela. - Vocês ficaram?
- Por que isso te afeta tanto?
- Você sabe porquê.
- Então por que você continua me fazendo essas perguntas?
- Porque eu prefiro saber do que ser enganada.
- Você é muito chata. - Ele se aproxima. - Mas fica fria. Só estamos nós dois nessa. - Ele toca minha mão com o polegar e acaricia. Eu entendi como "Não peguei não".
- Por que você faz isso?
- Isso o quê? - Ele me solta e gesticula confuso.
- Você me tira a paciência e do nada diz que só estamos nós dois nessa... Eu sei que eu sou chata, mas você não me entende. - Tiro o celular do bolso e não havia nada. Nem mesmo uma notificação do Instagram.
- Eu fiz isso?
- Além de tudo você é cínico. - Cruzo os braços. Ele sorri pelo canto esquerdo da boca. Logo fita meu corpo da cabeça aos pés e coloco minha mão direita em sua nuca. Acaricio-o. - Nosso casamento estava marcado para o dia 20 de outubro .. - Falo desanimada. Lembrei disso do nada. Não que seja ruim, mas é um pouco decepcionante. Ainda estamos em junho, mas, sei lá, é triste pensar que nada me deixará animada para o fim do ano.
- Já?
- É... Mas eu já desmarquei tudo. - Falo séria. - Enfim... Eu não quero que você fique com outras mulheres enquanto estiver comigo, a não se que você queria se afastar, queira que eu vá embora, sei lá. - Falo um pouco perdida nas palavras e ele desvia o olhar.
- Eu não vou me afastar de você logo agora que eu estou gostando... Relaxa. Eu não, não vou pegar ninguém. - Ele pisca para mim. - Antes eu preciso aprender a me virar nessa empresa. Eu ainda não sei por onde começar. Não sei de nada.
- É... Eu vou te ajudar... Ainda precisamos ver se os preparativos para a festa de sexta-feira estão em ordem. Eu ainda tenho médico marcado para amanhã...
- Médico do que?
- Consulta de rotina... Eu andei passando mal desde o mês passado e ainda não sei o motivo.
- Huh... - Ele assente. - Agora você... pode me ajudar? - Era como se ele estivesse rompendo seu orgulho para me pedir ajuda.
- Posso. - Assinto e ele pega seu macbook.
- Eu não faço ideia de como devo mexer nisso. O que eu fazia?
- Você fazia de tudo... Principalmente, controlava os encontrados pelos estagiários diariamente, entrava em contado com as empresas da Califórnia e de Ontário, você ia duas vezes por semana na delegacia para saber se estava tudo em ordem. Você tinha uma palestra com o Nolan toda quinta-feira de manhã com todos os estagiários para ensiná-los técnicas de como capturar os bandidos sem muita violência, você arquiva os encontrados, assim como eu também faço. Você tem controle de tudo. Você é o dono dessa empresa.
- Caramba... No começo, quando eu comecei a trabalhar com o meu pai, eu só o ajudava a encontrar os ladrões. - Que pai??
- O Jack não é seu pai, Justin... A Shawnteal já deve ter conversado sobre isso com você.
- Ela... ela comentou comigo que... eu não... eu não gosto de falar sobre isso. Eu prefiro pensar que ele é o meu pai.
- Mas ele não é seu pai.
- Podemos voltar ao assunto da empresa? - Ele cruza os braços intolerante. - E como eu faço isso?
- Você precisa acessar o site para conseguir ver quais pessoas da lista de procurados foram encontrados. - Fico quase de joelhos no chão, com o braço esuqerdo apoiado nele e vejo seu macbook. - O site de login é esse, que está salvo nos seus favoritos. - aponto para a tela. - Você entra com seu login e sua senha.
- Eu não sei meu login e minha senha. - Ele fala gracioso. - Eu nem sei mexer nesse negócio. - Ele gesticula ao esticar os braços.
- Para de reclamar... Eu sei a sua senha.
- Por que você sabe?
- Porque eu sei. - Dei os ombros. Coloquei seu usuário e senha. Logo a mesma entrou. - Eu vou deixar anotado aqui pra você.
- Tá.
- Então... Aqui - aponto - são os procurados. A cada dia os policiais atualizam via e-mail o número de procurados. Eles mandam para mim e para a Jade.
- É aquela sua amiga que sempre está por perto?
- Sim. - Afirmo com a cabeça. - Ela recebe alguns e-mails e me manda já atualizando o estado de cada pessoa. Quantos anos, o que aprontou, por que está sendo procurado e tal. Eu arquivo tudo no sistema diariamente e altero as ordens das pessoas conforme o necessário. - Ele ia afirmando com a cabeça enquanto eu falava. - Você está prestando atenção no que eu digo?
- Sim, Mellanie... E o que eu faço?
- Você vê os procurados e vai arquivando aqueles que foram encontrados. Geralmente, quem lista os encontrados é o Nolan, porque ele tem o controle principal, já que você faz muita coisa. Mas como ele está viajando, acredito que o Dimitri esteja no lugar dele.
- Quem? - Ele pergunta.
- Dimitri. Ele trabalha aqui há um ano e meio... É de confiança. É seu amigo.
- Eu não faço ideia de quem seja esse cara.
- Ele tem 28 anos... É um amor.
- Eu não precisava saber disso. - Ele me olha e dou os ombros.
- Bom... Basicamente é isso. Se você quiser, pode ficar na minha sala para que eu te ajude até você se acostumar.
- E por que você não fica na minha sala?
- Porque eu tenho coisas a fazer na minha.
- Eu vou dar uma volta... Quero saber quantas pessoas estão nessa empresa.
- Olha, ao todo, somos mais de 20 funcionários.
- Como voc~e sabe de tudo isso?
- Porque eu tenho feito um pouco de tudo ultimamente...
- São quantos estagiários?
- 8 estagiários. Tem duas copeiras, uma delas cozinha e a outra faz o café para todos, serve nas salas e limpa a área de cozinha. - Eu, você, a Jade, a Maria, o Dimitri, o Bryan, o Nolan, o Steve, a Camilly e a Brandi. - conto nos dedos. - Somos vinte pessoas fixas aqui. A Camilly é quem cuida da faxina da empresa. A Brandi fica no primeiro andar como secretária para atender a todos que ligam atrás de nós. O Dimitri fica no segundo andar com o Steve e eles têm outra função. Os estagiários ficam no terceiro andar... Nós estamos aqui e o seu é o último com o Nolan e o Bryan. Eu fico aqui com a Jade e a Maria.
- Nossa, é tudo tão confuso. Como você decorou tudo isso? - Ele franze o cenho. - É muita coisa para um dia só. Eu prefiro não guardar nada. - Ele ri. - Eu vou refletir sobre isso... Agora deixe eu me virar com tudo isso.
- Ok. Qualquer coisa você liga no meu ramal. É o 266.
- Beleza, Mellanie. - Ele pisca para mim. - Você está sendo prestativa.
- Agora eu vou resolver umas coisas com a Brandi lá embaixo e vou passar na cozinha... Qualquer coisa, já sabe.
- Tá ok. - Ele sorri. - Você está mais calma?
- Não. - Falo brava e ele ri.
- Qual é... Eu só estou pegando você.
- Para de falar assim. - Repreendo-o. - Que merda. - Levanto-me e saio batendo os pés. Vou até o elevador. Desço no primeiro andar e falo com a Brandi. Estava tudo mais tranquilo hoje, ainda bem. Perguntei sobre a festa e ela me entregou os convites que estavam dando sopa. Devem ser os dos estagiários.
- Você pode entregar para eles? - Ela pede. - Ou, se preferir, eu entrego mais tarde...
- Não, eu, eu mesma entrego. Vou passar pelo andar deles.
- Certo... Está precisando de mais alguma coisa?
- Por enquanto não. Obrigada. - Vou até o elevador e subo no último andar. Era onde ficava a cozinha e os quatro cômodos que só nós ficamos. Tem uma sala de tevê, onde acontecem as reuniões da empresa toda, uma copa com uma mesa para oito pessoas, um banheiro e um quarto com três camas de solteiro. Às vezes, muito raramente, algumas pessoas precisam passar a noite aqui. Não pessoas da empresa, mas sim alguns que vem para Moscou à visita. Meu pai já passou a noite aqui, o Ryan... É pra emergências mesmo.
Conversei com a Maria e entreguei um convite a ela. Ela me disse que o almoço ficará pronto por volta do meio-dia. É bom que, ela está quase todos os dias da semana aqui para nos fazer almoço. Eu não tenho como sair todos os dias para ir em casa. Almoço aqui e corro para levá-los no colégio. Faço questão. Preciso participar da rotina deles. Cada convite permite um acompanhante, é claro. Nenhuma mulher merece ir sozinha, se tiver companhia. Eu vou convidar a Anna para ir conosco e deixar a Lisa cuidando das crianças. Eu vou pedir para que a Lauren fique junto, apenas por questões de confiança há mais tempo.
Tenho minha consulta com a ginecologista marcada para esta tarde e o médico geral apenas na outra semana... É claro que, hoje mesmo, ela vai poder me dizer se eu estou grávida ou não. Eu sei disso. Mas eu queria que ela dissesse que é apenas uma paranoia da minha cabeça.
Deu cinco minutos de loucura e liguei no consultório ao voltar para o meu escritório.
- Boa tarde, é, eu gostaria de saber se a minha consulta com o doutor Yuri está marcada para a próxima segunda-feira, dia 23.
- Qual seu nome, por favor?
- Mellanie Schneider.
- Só um momento... Sim, está confirmada para às 10h30 da manhã.
- Tem como me encaixar ainda para esta semana? Eu estou sentindo muitas dores e preciso fazer um exame urgente.
- Essa semana? É um pouco difícil... A agenda do doutor está lotada. Só temos um horário hoje mesmo, mas é daqui uma hora. Você está disponível?
- Sim, estou! Eu vou aí agora mesmo...
- Tudo bem. Eu vou reagendar sua consulta e você já pode vir para cá.
- Obrigada. Muito obrigada!
- Por nada.
Desliguei contente e guardei o celular no bolso. É claro que eu não estou sentindo nada hoje, mas é sempre bom exagerar para antecipar uma consulta. Eu só preciso que ele me diga: sim, você está grávida. Não, você não está grávida.
- Mel. - Ouço a Jade me chamar. Ela também estava na copa. - Justin ligou no meu ramal e quer falar com você.
- O seu está aí?
- Sim... - Ela mostra o celular.
- Passe para o meu. Já estou descendo para o meu andar.
- Ok. - Vou até o elevador e desço um andar. Passo pelo corredor e ouço meu ramal tocar. Atendo-o ao entrar na sala.
- Sim.
- Eu confundi os números e liguei no 265.
- Percebi... - Falo ao fechar a porta e sento-me na minha cadeira. - Está tudo certo aí?
- Mais ou menos... Eu continuo um pouco perdido. Você pode vir aqui?
- Sim.
Desligo e coloco o telefone no lugar. Saio do meu login e fecho a tela do meu macbook. Pego minha bolsa, já que vou direto para o médico e desligo meu ar condicionado. Saio do meu escritório e vou até o elevador. Subo, novamente, para o último andar e vou até a sala do Justin. Ele estava mexendo no macbook e falando no celular com alguém.
Assim que me vê, diz que precisa desligar e desliza o celular no bolso.
- Oi, Justin. - Falo ao olhar para ele, que desvia o olhar do macbook e me encara.
- Eu resetei algumas coisas, mas não sei como desresetar.
- Desresetar? Eu acho que essa palavra nem existe. - Dou risada.
- Eu não sei o que eu fiz aqui.
- Justin! Você apagou o nome de todos os procurados. - Falo brava e começo a fuçar o sistema. Sento-me em seu colo com pressa e começo a procurar por todos os cantos: nada de desfazer o que ele aprontou. - Eu não acredito que você fez isso!!!!
- Foi sem querer... Eu estava tentando atualizar esses procurados e, sem querer, resetei.
- Que merda. E agora? Você bagunçou todo o sistema! - Encaro-o, ainda em seu colo, que dá os ombros e faz cara de cínico.
- Eu não sei mexer nessa merda.
- Era só você ter me chamado antes...
- Eu chamei, mas você não atendeu.
- Era só você ir até o meu escritório, caramba. Você bagunçou tudo. O Dimitri vai te matar.
- Você disse que eu sou o dono da empresa, não disse?
- Sim, mas não é por isso que você pode fazer besteira e ser encobertado. Eu vou ter que falar para o Dimitri me ajudar a resolver isso, já que o Bryan e o Nolan não estão aqui.
- Eu posso tentar consertar... Eu só preciso aprender a me virar nesse sistema.
- Quer saber... Eu resolvo isso na volta. Eu consegui um encaixe em outro médico para agora. - Levanto-me e ele olha meu corpo. Arrasta sua cadeira com os pés para mais perto da mesa e assente.
- Tá ok... E o que eu faço enquanto isso?
- Tente consertar a burrada que você fez! - Falo brava. - Eu vou passar buscar nossos filhos no colégio e você pode almoçar por aqui mesmo...
- Ok. - Ele sorri para mim e saio no corredor.
Corro até o médico e confirmo minha consulta na recepção. Cheguei em cima da hora. Preciso estar em casa ao meio-dia e meio para levar meus filhos no colégio e ainda tenho que almoçar.
- Só aguardar na sala de espera que o doutor Yuri irá te chamar em alguns minutos.
- Ok, obrigada. - Sento-me na poltrona e começo a mexer no celular. Converso rapidamente com a Alice e digo que estou no médico para falar sobre a gravidez. O doutor Yuri que cuidou de mim durante a gravidez dos gêmeos... Quero dizer, ele e outra médica. Eu era um pouco confusa naquela época e não confiava apenas em um médico.
- Mellanie Schneider. - Levanto-me e ergo o braço esquerdo. - Vamos? - Deslizo o celular no bolso de trás e entro no consultório após um aperto de mão com o doutor.
- Bom dia, doutor! - Falo sorridente e sento-me em sua frente.
- Então... O que está acontecendo? Eu fui informado de que você fez um encaixe para hoje, sendo que sua consulta seria apenas no dia 23, certo?
- Sim... Bem, eu... Eu ando me sentindo muito mal há umas três ou quatro semanas. - Ele assente e começa a anotar algo. - Tenho tido muita tontura, enjoo, indisposição...
- Você teve febre?
- Não, mas... sabe... eu estou preocupada.
- Mellanie! Eu te conheço há anos e está na cara... Você está diferente. - Nego com a cabeça.
- Eu não sei se comentei com você, até porque não vinha aqui há alguns meses, mas o Justin sofreu um grave acidente de carro e sofreu um traumatismo craniano. Ele ficou com amnésia parcial e só se lembra do que aconteceu até o meio de 2013. Então ele não se lembra de mim e nem das crianças. Isso acontecem no mês de março. Eu sei que eu posso estar grávida, na verdade, eu acho que estou, mas eu não queria. - Ele concorda e estende as mãos.
- Acalme-se, Mellanie... Eu não sabia. Esse é um assunto extremamente complicado. Ele está em um acompanhamento médico?
- Ele foi na psicóloga por mais de três semanas e teve algumas consultas. Enfim... Eu estou com medo de estar grávida. Não é algo que eu queria para agora. - Falo já nervosa. Eu precisava me abrir com alguém sobre isso há semanas... Pelo menos o Yuri pode me ajudar, eu espero.
- Eu entendo que você esteja aflita com a situação... mas você fez algum teste de farmácia para estar certa?
- Eu fiz... Deu positivo. Eu senti muito, muito enjoo e mal estar no início do mês. Foi difícil lidar porque eu não queria aceitar que poderia estar grávida, de novo. Você acha que eu estou?
- Eu não posso te dizer se acho ou não... Mas posso fazer um ultrassom de rotina com você, o que acha? Você está em jejum?
- Sim... Estou há, é, quase quatro horas.
- Então faremos um o exame Beta HCG agora mesmo. Amanhã sairá o resultado e você retornará aqui, ok?
- Tá ok... Mas o senhor acha que eu estou grávida?
- Devido aos sintomas persistentes, eu acredito que sim. Sua fisionomia está um pouco diferente. - Faço careta. - Vamos para a sala de exame. Eu vou pedir para que a enfermeira faça o mesmo e você virá assinar um documento aqui, certo? Amanhã, por volta das 13h, você pode retirar o resultado e vir até mim.
- Ai meu Deus... E se eu estiver mesmo grávida?
- Você já passou por isso antes. Não fique nervosa antes de saber o que está acontecendo. Caso você não esteja, faremos um exame geral para saber se há algo de errado no seu organismo.
- Certo. Muito obrigada. - Abraço-o e vou até a sala de exames. Fico na sala de espera e o doutor conversava com duas enfermeiras. Uma delas veio até mim e pediu para que eu me sentasse na cadeira da sala de tirar sangue. Há meses eu não fazia quaisquer exames, mesmo que fosse de sangue.
Faço o exame em questão de dois minutos e ela coloca um curativo na minha veia da mão direita, já que foi mais fácil ali mesmo.
- Eu fiz o exame e volto amanhã para buscar o resultado.
- Certo... Fique tranquila. - Ele me entrega o papel e assino. - Até amanhã, Mellanie!
- Obrigada, Doutor. Até amanhã! - Aceno e saio do consultório. Passo pela recepção e vejo no relógio da parede: 12h20. Já estou quase atrasada. Marco meu retorno para amanhã mesmo, por volta da 13h e vou embora às pressas. Será que eu estou mesmo grávida? Será que pode ser apenas um problema hormonal? Ligo para a Anna.
- Eu estou passando em casa para levá-los ao colégio.
- Ok. Eles estão terminando de almoçar com a Lisa.
- Ela está sendo legal com eles?
- Sim! É uma fofa.
- Ai, que bom! Acabei de fazer o exame... o Beta HCG.
- Ihhh.... O resultado sairá amanhã?
- Sim. À tarde. Eu estou no trânsito, então, em 15 minutos estou aí.
- Ok.
Desligo e deixo o celular no banco ao lado. Ligo o rádio para descontrair e começo a bater no volante conforme a batida de uma canção desconhecida. O trânsito estava intenso. O frio também. Cheguei em casa por volta de 12h40 e estacionei na garagem. Desci apenas com o celular e travei o carro. Entro pela sala e estava uma correria. Lisa corria de um lado para outro com as mochila dos dois, enquanto a Anna terminava de passar pano na lareira e a Lauren estava sentada no chão da porta de vidro brincando com os cachorros.
- OLÁ. - Grito empolgada. - Cheguei e estou morrendo de pressa. Vally, Bran, vamos? - Grito à procura deles, que descem as escadas de mãos dadas. Eles não são tão grudados, por incrível que pareça, mas se são bem na parte da manhã.
- VAMOS! - Brandon diz empolgado. Ele adora ir ao colégio. Adora estar com os amiguinhos. - É hoje que eu tenho futebol?
- Sim, querido... Tomara que o tempo fique assim e não chova.
- É. - Ele vem até mim.
- Eu quero um beijo dos dois. - Fico de joelhos e eles me abraçam ao mesmo tempo. Beijam-me na bochecha e os aperto com força. - Estamos um pouco atrasados... É melhor irmos logo.
- Vamos para o colégio. - Vallery cantarola. - Cadê o papai?
- Ele está na empresa, querida. Bom... Deem um beijo na Lisa, na Lauren e na Anna enquanto eu levo as mochilas até o carro. - Abro a porta e eles correm até a Anna, que pega o Brandon no colo primeiro.
Deixo as mochilas no banco de trás e ajeito as cadeirinhas. Jogo o celular no banco do passageiro novamente e havia uma mensagem do Justin e outra da Jade.
Volto para dentro de casa e eles estavam falando com a Lisa e a Lauren, próximos dos cachorros.
- Mel, você almoçou?
- Não... Eu vou comer algo assim que voltar para a empresa. Estu ajudando o Justin a resolver umas coisas.
- Ele está se dando bem?
- Mais ou menos. - Dou os ombros. - Vocês querem carona para algum lugar?
- Não, obrigada. - Lisa responde. - Eu vou pegar um táxi daqui meia hora.
- Eu ainda tenho muito a fazer. - Lauren diz indo até a cozinha.
- Eu não preciso nem dizer. - Anna sorri. - Boa aula, queridos.
- Obrigado, Anna. - Brandon responde.
- Vally, agradeça. - Falo para ela e pego na mão dos dois.
- Obrigada, Anna. - Saímos de casa e os coloco nas cadeirinhas do banco de trás.
- Vocês estão animados pra irem ao colégio? - Olho-os pelo espelho retrovisor e acelero. Preciso chegar no colégio deles até 13h10, pelo menos. Confesso, eu estava preocupada com o resultado do exame. É claro que uma mulher sente quando está grávida, e eu sinto que estou. Eu sei que estou. Eu preciso aceitar isso para mim mesma antes mesmo de pegar o resultado. Chego no colégio às 13h10 e os deixo com os inspetores.
Assim que volto para o trânsito de Moscou, me lembro que tenho consulta com a ginecologista em menos de uma hora. Como eu vou almoçar, ver se o Justin não aprontou ainda mais com o sistema da empresa e ir ao médico?
Recebo uma ligação dele.
- Mellanie... Você vai demorar para voltar?
- Eu ainda não sei.... Acho que não.
- A... Não sei o nome dela... A mulher da cozinha quer saber se você vai almoçar aqui.
- Diga que sim. Logo menos eu estarei aí. Você precisa de ajuda?
- Não... Eu acho... Mas eu queria falar com você.
- Sobre?
- Nada demais. Apareça por aqui logo.
- Ok, Justin, ok.
Desligo e volto a me concentrar no trânsito. O que será que ele quer falar comigo? Meu celular apita.
"Eu não fiquei com a loirinha russa" - Justin. Essa isso que eu precisava ler.
SPOILER
- É sério... Eu quero saber a sua opinião.
- Eu sou contra. É óbvio. Ainda sou muito novo para ser pai.
- Você já me disse isso antes e já conversamos sobre.
- Mas então por que você está voltando no assunto? - Eu queria contar a ele. Queria mesmo. Mas não poderia. Seria pior para mim.
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