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História Behind The Secrets - third season - Shut me down


Escrita por: featollg

Capítulo 39 - Shut me down


- Eu não me lembrei de tudo na hora. Foi só no dia depois da festa. Eu estava me sentindo um pouco estranho. Já havia um sentimento por você. Mas eu não sabia definir o que era. Por isso eu fiquei tão bravo com o que fez. - Tapei os ouvidos. Eu não queria ouvi-lo dizer nada. Eu só queria sumir. Nada era pior do que ter sido enganada por meses. - Mellanie... Eu estou te contando como tudo aconteceu. - Ele acaricia meu rosto e o empurro.

- NÃO TOCA EM MIM.

- Você não quer saber como tudo aconteceu?

- Eu quero que você suma da minha frente. De todas as coisas que você já me fez, essa foi a pior delas. VOCÊ VIU DIARIAMENTE O QUANTO EU ESTAVA SOFRENDO, O QUANTO EU ME ESFORCEI. VOCÊ VIU O QUANTO TUDO ISSO ME FEZ MAL.

- VOCÊ ESCONDEU DE MIM QUE ESTAVA GRÁVIDA. - Ele fala quase chorando. Idiota. Eu sentia ódio. Estava a ponto de chorar de raiva. Tudo o que mais queria, era que ele se lembrasse de mim, aconteceu da pior maneira possível.

- É ÓBVIO QUE EU ESCONDI. VOCÊ DISSE QUE SERIA PÉSSIMO SE EU ENGRAVIDASSE.

- EU TAMBÉM QUERIA. - Ele grita. Começo a chorar e fico de pé. - Eu quis te fazer uma surpresa. - Ele chora. Eu sentia um ódio do tamanho do universo. Ficamos frente à frente e eu segurava o choro mais uma vez. Eu precisava extravasar essa raiva. Viro um tapa com força em seu maxilar esquerdo com a mão direita e eu já estava chorando novamente. Ele também. Agora, ainda mais.

- Eu odeio você. Eu te odeio Justin. - Começo a bater nele, em seu peitoral, que me segura pelos pulsos.

- Mellanie... - Ele continua me segurando e logo passa a mão no rosto, onde eu dei um tapa forte. - Para com isso... Eu sei que você está com raiva, mas eu te trouxe aqui pra conversar. - Ele fala com calma, com a voz baixa e choramingando. Coloca a mão no maxilar e move o mesmo por conta da dor. Suspira.

- Me solta. - Reclamo. - Some da minha frente.

- O que eu fiz foi para te mostrar o quanto eu te amo. era uma surpresa...

- NENHUM HOMEM FARIA UMA MULHER QUE "AMA" - faço aspas com as mãos - DE IDIOTA COMO VOCÊ FEZ COMIGO.  CARALHO, JUSTIN BIEBER. ESSA FOI A GOTA D'ÁGUA. - Volto a chorar e tento falar, mas não consigo. Ele já estava chorando em minha frente, com a mão no rosto. Tentei me recompor e passei as mãos debaixo dos olhos. -  Essa foi a pior coisa que você já me fez. Desde mentir a sua idade, até engravidar outra mulher ou até mesmo me trair. Essa foi a pior de todas. - Eu não sabia o que dizer a ele além de estar muito irritada. Como ele pode? - Eu odeio tanto você. - Desabei a chorar de vez. Sento-me no chão derrotada. Eu não conseguia acreditar que ele foi capaz de me fazer de idiota por tanto tempo. Logo ele, o Justin que sempre fez de tudo por nós dois.

- Mellanie... Eu entendo que você esteja muito nervosa e me odiando... - Ele estava chorando. - Mas é uma história longa. Eu quero te contar com calma. - Ele tenta tocar meu rosto e bato em seu mão. Ele não entende mesmo.

- Não toca em mim. - Escondo o rosto com as mãos e soluço de tanto chorar. - Vai embora que eu vou ficar aqui.

- Está louca? Não. - Ele responde. - Eu só quero que você saiba que eu fiz tudo isso pensando em você. Mellanie, pelo amor de Deus.

- Você é um filha da puta. Se você ainda não sabe - ah, eu iria falar. Iria mesmo. - o aborto que eu sofri era fruto do que eu tive com o Leonardo. - Falei olhando-o nos olhos, que transbordou ainda mais em lágrimas no mesmo instante. Era como se ele tivesse segurado o choro por meses. Ele chorava demais. Só perdia para mim, ou não... A coisa estava séria. Ele fica de joelhos no chão.

- Isso é mentira. Você está mentindo para me deixar pior. - Ele chorava demais, olhando-me nos olhos. Um olhar tão triste. Idiota.

- Não é mentira. - Era mentira. Ele fica em silêncio por minutos. Tive tempo para me recompor e parar de chorar. Ele ainda chorava muito. Estava com o rosto escondido na escuridão. Por que ele fez uma coisa dessas comigo? O que o levou a pensar que eu aceitaria como uma bela surpresa, depois de três meses?

- Você não engravidou daquele cara. Eu sei que não. - Ele insiste com a voz falhada. - Quer saber... Vamos para casa conversar. É melhor.

- Eu não quero conversar com você. Eu não quero mais olhar pra você. - Nossa briga da viagem de formatura e da traição, de anos, estava se repetindo. As mesmas palavras. - Eu não quero.

- Ok. Eu sei que você não quer. Mas você ainda não sabe o que se passou. Eu não me lembrei de tudo de uma hora para outra. Demorou.

- Cala a boca. Seu idiota. Caramba, você é pior do que antes. Eu nunca na minha vida imaginei que você pudesse fazer isso comigo. Não mesmo. - Afasto-me e ele vem atrás de mim. Me pega pelo pulso direito.

- Mel. - Ele diz chorando. - Tudo tem uma explicação. Eu não sabia que você estava grávida.

- Como se a gravidez fosse um pretexto para você dar continuidade a essa mentira.

- Não. Não era isso. - Ele nega com a cabeça e toca meu rosto com as mãos.

- NÃO TOCA EM MIM. - Grito. Tiro a aliança do dedo e saio correndo em direção ao píer. Jogo no lago sem pensar duas vezes.

- MELLANIE! VOCÊ ESTÁ LOUCA? POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? - Ele gruda meu corpo no seu e estava bravo. - POR QUE ISSO? - Ainda chorava e eu sentia a amargura em sua voz.

- Eu. Não. Quero. Mais. Saber. De. Você. - Falo palavra por palavra. Ele ainda chorava. Eu estava morrendo por dentro. Saí às pressas e corri até a calçada. Ele tentou me alcançar. Eu queria ir embora andando. Queria sair de perto dele. Queria parar para pensar. Queria refletir. Queria chorar. Eu só não queria aceitar que fui enganada tanto tempo por um homem que eu dei a minha vida para ajudar nos últimos meses.

- AMOR, EU TE AMO. - Depois de meses, longos meses, eu ouvi o que eu mais queria, no pior momento da minha vida. Eu estava péssima. Parei de andar no mesmo instante e sentei-me na sarjeta. Cobri o rosto com os braços e comecei a chorar feito louca. Eu não sabia mais como esconder o que eu estava sentindo. Eu queria voltar no tempo. Eu queria saber como lidar com a situação. - AMOR. - Sua voz falhada me fazia chorar ainda mais. Eu sentia ódio. Sentia raiva. Por que ele me enganou por tanto tempo? Será que até a Anna já sabia de tudo? Sinto ele se aproximar e sua respiração ofegante. - Eu te amo demais. Foi difícil pra mim também.

- Vai embora. Você está com a chave do carro. Vai embora daqui. VAI EMBORA.

- Eu não vou te deixar sozinha nessa escuridão. Estamos muito longe de casa.

- Que casa? Eu não fico mais um minuto naquela casa. Eu vou para o meu apartamento.

- Mellanie, não... Pelo amor de Deus... Nós temos tanto a conversar. Eu tenho muito a te dizer.

- Você teve QUASE CINCO MESES para me dizer. Quase cinco meses. - Conto nos dedos.

- Eu me lembrei há quase três meses... Não foi fácil. Tenta me entender.

- Tentar te entender? Tentar te entender? Como você acha que eu estou me sentindo? Eu passei por cima de todo o meu orgulho pra te fazer feliz aos poucos, eu fiz de tudo por você, eu fui boazinha o tempo todo para você me dizer que também foi difícil pra você? Vai tomar no seu cu. Eu não quero mais saber de você. Eu não quero mais saber de você olhar pra mim. Eu não quero ouvir você falar comigo. Eu estou com vontade de te socar muito. - Falo ainda chorando, olhando-o nos olhos. Ele estava quase de joelhos. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar e vagos. Completamente vagos.

- Então me soca. - Ele abre os braços. Idiota. - Você já me deu tapa no rosto mesmo. Empurro seu peitoral e ele não se move. - Vai, Mellanie. - tento socá-lo no peito, mas não uso a força. Algo me impede. Talvez, o que me resta de consciência?

- Vai embora.

- Eu não vou embora sem você. - Ele diz tentando ser fofo. Minha raiva aumenta.

- Vai embora daqui. - Falo pela última vez. Ele não se mexe. Tiro o celular do bolso e ligo para casa.

 

- Alô?

- Mel? Você está chorando?

- Anna... Separe as mamadeiras e uma bolsa dos dois. Eu vou passar ai para pega-los.

"Mel, não!" - ele diz chorando.

- Mellanie... O que você está aprontando?

- Eu vou para o apartamento.

- TÁ ok... Eu vou dar um banho neles.

- Obrigada.

 

- Mellanie... Por favor... Não faz isso. Vamos conversar. - Ele tenta acariciar meu rosto, mas nego. Tiro sua mão.

- Não tem conversa. Não tem. Você acabou comigo. - Falo olhando para ele. Justin fita meus lábios e se aproxima. Ele realmente acha que um beijo pode apagar o que ele fez comigo? Não pode. Nunca. Jamais.

- Eu te amo demais. Você não tem ideia.

- É a ultima vez que eu vou te dizer isso. Vai embora. - Falo e ele se levanta. Joga a chave no meu colo e sai andando. Sem dizer uma palavra, anda pela calçada todo lento, com as mãos no bolso. Voltei a chorar. Eu me sentia perdida. Baguncei meu cabelo com as mãos e continuei chorando. Olhei à diante e já o havia perdido de vista. Para onde ele foi? Eu estava preocupada, claro que estava. Mesmo que ele não merecesse, eu estava péssima pela situação. Fui até o carro e entrei no lugar do motorista. Limpei os olhos e liguei o carro. Dei ré e saí do estacionamento. Ainda sinto um pouco de dor para dirigir. Fiz o mesmo caminho que o Justin e, mesmo assim, não o encontrei. Por onde ele anda? Comecei a procurar pelas ruas e não o encontrava. Eu não sabia se deveria parar para achá-lo. Por mais que eu esteja com ódio, ele não pode voltar para casa caminhando. É muito longe. Já está tarde. Rodei o mesmo quarteirão três vezes e nada. Até que, depois de tanto gastar gasolina, o vi sentado na sarjeta, quase na avenida principal. Uns 3km do pier.

Ele estava com o rosto coberto. Parei com o carro em frente e buzinei. Ele logo olhou. Não falei nada. Não fiz qualquer expressão. Apenas buzinei de novo. Ele levantou e passou as mãos no rosto. Abriu a porta do carro e entrou no banco de trás. Ele tirou as cadeirinhas e deitou feito criança.

Acelerei e saímos de lá. Eu o olhava, de relance, pelo retrovisor. Ele ainda chorava. Tentava chorar em silêncio. Eu me segurei para não chorar com ele, confesso. Eu estava péssima. Eu me sentia péssima. Ouvi ele tossir baixo e olhei-o pelo espelho. Ainda chorava, muito, demais. Por que ele está chorando tanto? Seria tudo isso culpa acumulada?

Chegamos em casa dentro de 20 minutos. Ele foi chorando o caminho inteiro. Inteiro.

Desci do carro e ele logo desceu atrás de mim. Não trocamos uma palavra. Entrei em casa batendo os pés e Justin sentou no sofá. Escondeu o rosto com a almofada e Anna se aproximou.

- O que houve entre vocês?

- Com certeza você já estava do lado dele. - Respondo ao subir as escadas e vou até o quarto dos meus filhos. Os dois estavam deitados.

- Vamos para o apartamento, queridos?

- Por quê? - Vallery questiona.

- A Lisa vai ficar com vocês lá amanhã. - Falo ao procurar a bolsa deles e logo encontro uma branca, tamanho médio. Deve ter alguns brinquedos e o necessário. As roupas já estão no apartamento. Sempre deixo algumas trocas lá.

- Eu não quero ir.

- Mas nós precisamos ir, filha... Venham.

Peguei um vestido florido meu e uma troca de uniforme da empresa. Logo um par de chinelos e meu carregador do celular. Coloquei tudo na minha bolsa de ombro.

Eles já estavam de pijama. Peguei a Vallery no colo e o Brandon desceu as escadas ao meu lado, todo sonolento com seu travesseiro nos ombros.

- Boa noite, Anna.

- Mel... - Ele diz com os olhos vermelhos de tanto chorar e vejo a Anna o abraçando. É claro que ela o apoiaria. Só eu fui enganada. Só eu fui trouxa. - Espera. - Ignorei-o.

- Deem boa noite para a Anna e o papai... - Falo para os dois e coloco a Vallery no chão. Enquanto eles vão até o Justin, coloco a bolsa no banco do passageiro e arrumo as cadeirinhas. Volto para buscá-los e a Vallery estava no colo do Justin.

- Eu quero ficar com o papai. Ele tá chorando.

- Hoje não dá. Vamos logo. - Falo determinada e Justin dá um beijo no rosto dela. - Vallery. Agora. - Ela ficava com medo de quanto eu estava muito brava. Hoje era um desses dias. Brandon veio atrás de mim e carreguei-o no colo. Levei-o até o carro e o coloquei na cadeirinha com cinto de segurança. Voltei para buscar a Vallery e fiz o mesmo.

- MEL. - Justin vem atrás de mim. - Não vai... Vamos conversar. Temos tanto a resolver. Eu ainda tenho que te contar como tudo aconteceu. - Desvio o olhar. - Me ouça. É sério. - Liguei o carro e ele segurou meu braço esquerdo. - Eu amo você.

- Você não me ama. - Falo olhando-o nos olhos e saio de lá às pressas. - Nós vamos dormir no apartamento. EBA. - Tento demonstrar empolgação. - Eu sei que vocês estão morrendo de sono, mas precisamos vir... Aliás, eu tenho que avisar a Lisa.

- Ela vai lá amanhã?

- Vai sim. - Respondo o Brandon.

Chegamos e estacionei na minha vaga. Eu tenho duas e alugo uma. Desci com a mochila deles e a minha bolsa. Pego o travesseiro do Brandon e os acompanho até o elevador. Tiro minha chave da bolsa e abro a porta do apartamento. Há semanas eu não vinha aqui.

Deixei tudo em cima da mesa e Brandon foi direto para o sofá. Ele adora ficar deitado ali.

- Eu vou dormir aqui. - Ele fala baixo e fecha os olhos.

- Vamos para o quarto, Bran... - Os levo até o quarto que seria meu. Eu os coloco deitados na cama e os faço dormir em questão de 30 minutos. Eles assistem um desenho e tomam leite. Anna, como sempre preparada, me mandou um leite com os copinhos deles.

Fui até a geladeira e tinha água, um suco lacrado de laranja e geleia de morango. Só isso. Literalmente.

Tomei um copo d'água e logo um calmante. Eu estava nervosa demais. Nunca me senti com tanto ódio. Nem mesmo com todas as outras coisas que ele já me fez. Essa foi a gota d'água, com certeza foi.

Mandei uma mensagem para a Lisa, pedindo para que ela venha até aqui amanhã cedo e traga pão, frios, morango, banana e panqueca semi-pronta. Pelo menos isso tem que ter aqui.

Tomei um banho e deitei-me na cama do quarto ao lado. Outra cama de casal. Eu estava inquieta. Nada que fizesse sentido se passava pela minha cabeça... Por que ele fez isso comigo? Qual o propósito de me tratar feito idiota por meses? O que ele ganhou com isso? Essa foi a pior coisa que ele poderia ter me feito. Logo quando tento pegar no sono... É, a campainha.

A campainha tocou. A essa hora? Só se for a Anna, ou o Justin ou alguém da portaria... Ninguém sabe que voltamos para cá. Ignorei e a mesma tocou de novo. Assim os dois podem acordar.

Levanto-me e vou até a porta com a minha camisola bege. Abro a mesma e era ele, Justin. Estava com os olhos completamente inchados, uma touca cinza, calça moletom da mesma cor e uma camisa de frio, puxada até os cotovelos, na cor branca. Ele realmente estava com os olhos caídos. Muito mais do que os meus.

- Não fecha a porta, por favor. - Tentei fechar na cara dele, que segurou com o pé. - Eu não consegui dormir... Eu quero te contar como tudo aconteceu.

- E você acha que eu consegui? Olha. Vai embora do meu apartamento. - Eu tinha gosto em dizer que o apartamento era meu estava prestes a voltar a chorar. - Eu não quero falar com você.

- Mel... Eu sei que você está com raiva, mas eu fiz isso pensando em nós. Eu queria te surpreender.

- Você me fez de idiota por meses. - Discutíamos em volume baixo. - Agora vai embora. - Sussurro.

- Eu não vou conseguir dormir sabendo que você está assim... Eu me preocupo demais com você.

- Você é cínico. Caramba. Eu detesto você. 

- PORRA. PARA COM ISSO. PARA DE FALAR MERDA. - Ele sussurrava bravo, irritado. - Você vai me ouvir sim. - Ele entra e fecha a porta. - Você não sabe o quanto eu te amo. Você precisa entender isso.

- EU NÃO QUERO ENTENDER. - Ele cola sua boca na minha. Foi quase um beijo. - Se você tentar me beijar, você vai tomar um tapa. - Falo séria.

- Pelo menos eu posso tentar... - Ele tenta me beijar e dou um tapa em seu rosto. Ele move o maxilar como quem sentiu dor. Foi o segundo só hoje.

- Doeu.

- Sai daqui. - Aponto para a porta. - Eu preciso descansar, você também: vai.

- Meu amor... Você está sendo arrogante. - Ele acaricia meu rosto e seguro o choro. Eu estava triste demais. - Eu amo você. - Ele toca seus lábios nos meus, mas não me beija. Ele toca sem querer, percebo. - Você é a pessoa mais importante da minha vida.

- Sabe que, há 12 horas, isso era o que eu mais queria ouvir de você. Agora, essas palavras não tem valor nenhum. O que você fez comigo é imperdoável. Completamente. Você me fez de trouxa. Você me deixou triste por meses, eu sofri um aborto, eu fiz de tudo para você me amar de volta. - Ele pega na minha cintura e tenta me abraçar. Eu não queria. Não correspondo e ele me abraça forte.

- Eu vou embora. Mas merecemos um abraço antes. - ele me aperta com força. Era um abraço maravilhoso, que acalma a alma. - Vai.

- Não. Sai. - Empurro-o, que me aperta forte e não correspondo. Não mesmo. Apenas solto os braços e eles dão a volta no pescoço do Justin sem que eu os controle. - Some daqui. Você só pode estar zoando comigo.

- Eu amo você. - Ele sussurra em meu ouvido e fico arrepiada. Ele logo me solta.

- Vai embora daqui. - Eu realmente estava determinada. Não sei como, mas eu estava. Ele foi embora. Era como se toda a nossa história da traição estivesse sendo reprisada, mas por um motivo diferente. Claro, ele me traiu, mas não no sentido de antes. Quero dizer, eu não sei. Eu só sei que ele traiu a minha confiança completamente. Isso é imperdoável. Eu não suporto mentiras. Desde o primeiro dia em que ele me conheceu ficou sabendo disso. Tranquei a porta e fui para o meu quarto. Eu só queria dormir e acordar com o Justin com amnésia novamente. Nunca pensei que diria isso, mas eu preferia. Ele me fazia sentir a importância que tem na minha vida. Era diferente. Eu estava começando a aprender. De um jeito difícil, mas estava. Como eu nunca percebi que ele já se lembrava de tudo? Como ele conseguiu ser tão cínico? Como ele fez isso? Quem tanto sabia? Deitei-me na cama e comecei a refletir... Foi por isso que ele me tratou bem desde que voltou do Canadá. Ele já me amava de novo. Ele sabia quem eu era e valorizava minha importância em sua vida. Claro que ele foi chato por muito tempo, difícil de lidar, mas acredito que ele tenha feito tudo de propósito. Eu ainda não acredito que ele fez isso. Não mesmo.

 

...

Acordei por volta das 7h da manhã com uma mensagem da Lisa. Eu esqueci de colocar o celular no silencioso.

"Oi, Mel. Tá ok! Já estou indo para o mercado e logo chego ai" - Lisa.

 

Não respondi. Apenas fechei os olhos e tentei voltar a dormir. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: o que eu estou fazendo aqui? Sozinha com os meus filhos. Crio forças para levantar e eu precisava me arrumar para ir ao trabalho. Tomo um copo d'água e tento organizar um pouco do apartamento. Abro as janelas. Passo uma hora deitada no sofá da sala assistindo tevê. Eu estava péssima. Eu queria sumir.

Lisa chegou no apartamento por volta das 8h e preparei o café da manhã. Comemos juntas e eu logo acordei meus filhos. Lisa ficou responsável pelo apartamento e eu peguei meu celular para ir embora.

- Qualquer coisa você me dá um toque?

- Sim. Eu vou ficar no quarto deles.

- Ok. - Assim que abro a porta: sim, dou de cara com o Justin. Não é possível!!!!!

- Nós vamos conversar aqui e agora. - Ele entra e fecha a porta. - No quarto. - É o quê?

- Eu não quero conversar com você. Eu estou de saída.

- Mas eu quero.

- Foda-se.

- Você não tem interesse nem mesmo em saber por que eu fiz tudo isso? - Eu tinha, mas não muito. Não conseguia entender como uma pessoa pode mentir de tal maneira para alguém que ama e ter uma boa explicação. Eu preferia ficar sem explicação. Ele tenta me puxar até o quarto e, com muito custo, vou. Ele fecha a porta.

- Não. Eu só tenho uma pergunta. Só uma. - Gesticulo para ele enquanto procuro minha carteira - Por que você decidiu me contar?

- Era para ser uma surpresa... Eu iria te contar daqui três semanas, mas você perdeu o bebê e eu nem sabia que você estava grávida. Eu fiquei louco. Eu não aguentaria te tratar como se eu não me importasse. Eu sofri pra caralho.

- Se você realmente se importasse, você não teria mentido esse tempo todo para mim.

- Você também mentiu. Você não me dizia que estava grávida.

- É claro que não. Eu não tinha porque te dizer uma coisa que você não queria ouvir.

- E você queria me ouvir dizer que me lembrava?

- É óbvio. - Falo irritada. - Era o que eu mais queria ouvir desde março. Era só isso que eu queria que acontecesse. Você sabe muito bem. Você acha que foi certo o que você fez? - Guardo o celular no bolso. - Você acha?

- Mas eu não fiz isso pensado no certo ou errado. Eu fiz isso pensando no quanto você ficaria feliz quando soubesse.

- Eu ficaria feliz se você tivesse me dito logo quando se lembrou de tudo. Se é que você chegou a ter mesmo amnésia. Não duvido que você tenha mentido esse tempo todo para mim. - Agora tudo fazia sentido. - Você fingiu tudo isso só para pegar muitas mulheres e me fazer de idiota.

- Mellanie, Você está louca? Eu nunca faria isso. - Ele parece mais surpreso do que nunca. - De onde você tirou isso? É uma completa loucura.

- Você fez de tudo para me testar, queria que eu desistisse de você, queria que eu fosse embora de vez. Parabéns, agora você conseguiu. Não temos mais nada.

- EU FIZ TUDO ISSO PORQUE EU IRIA PREPARAR NOSSO CASAMENTO EM SURPRESA. ERA PARA SER SURPRESA. CARAMBA. - Casamento? Oi? - CARALHO. NÃO ERA PARA VOCÊ SABER. - eu entrei em choque. É claro que ele percebeu. Desviei o olhar e sentei-me na cama. Casamento? Ele ainda pensava nisso? Essa era a surpresa? - Eu te faria uma surpresa incrível, mas com esse problema da gravidez, eu fiquei com medo do que poderia acontecer, eu estava preocupado. - Ele está se fazendo de coitado.

- Você está se fazendo de coitado. Para com isso. - Eu não quis falar sobre o casamento. Eu não sabia o que dizer. Eu continuava em choque. Casamento? Eu e ele?

- Você ouviu o que eu disse? Era para ser uma surpresa para o nosso casamento. - Ele fala olhando-me nos olhos e cerro-os. Ele parecia decepcionado consigo mesmo por ter me dito sobre o casamento.

- Não tem mais casamento. Não tem mais nada. Você não entendeu ainda? De todas as vezes que terminamos e brigamos, essa é a mais séria de todas, porque já somos adultos o suficiente para saber lidar com determinadas situações. O que você fez foi péssimo. Foi algo que eu nunca esperei de você.

- VOCÊ É LOUCA OU O QUE? - Ele grita. - EU AMO VOCÊ MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA PESSOA NESSE MUNDO. Eu sempre vou te amar demais, sempre. Não é só porque eu fiz isso que eu te amo menos ou não te ame. ERA PARA O NOSSO CASAMENTO.

- Você fala como se fosse algo que o tempo apagasse. Caramba, como você consegue agir dessa forma?

- Uma hora ou outra e você teria que saber. Eu só contei na hora errada.

- Você é trouxa. - Aponto para ele. - Não é assim que tem que lidar com a situação.

- Por que você adora me xingar quando estamos discutindo? Você tem o prazer de me chamar de idiota, de trouxa, de cínico.

- E você não está sendo tudo isso? Trouxa, cínico e idiota?

- É claro que não - Ele replica de imediato. - Eu omiti uma situação por uma boa causa. Você não entende?

- Não. É óbvio que eu não entendo. Nada no mundo me faria entender.

- Eu estou aqui, na sua frente, com a memória completamente recuperada dizendo que te amo. Eu te amo. Isso não é o suficiente para você acreditar em mim? - Eu estava fraca diante do que ele falou. Fecho os olhos sem resposta. - Eu te amo pra caralho, Mel. - Ele fala baixo e continuo com os olhos fechados. Como eu diria a ele que isso tudo não é o suficiente? É o suficiente para que eu chore. Não é nem um terço do ódio que eu sinto por ele ter mentido.

- Não é. - Respondo ao abrir os olhos e ele acaricia meu rosto.

- Nós não conseguimos ficar distantes um do outro. Você sabe muito bem disso. Até quando eu não me lembrava de você estávamos próximos. Eu não vivo sem você e você não vive sem mim. - Todos esses meses foram a prova perfeita de que não vivemos um longe do outro.

- Eu vou aprender.

 

SPOILER

- Você está me culpando pelo aborto?

- Você se considera culpado pela situação? É isso?

- Não. Quero dizer, sim. - Ele fica confuso. - Você sabe que não foi fácil para mim.

- SABE O QUE EU DEVERIA TER FEITO? Aproveitado todos esses últimos três meses para ficar com outros caras, me divertir. Eu que fui a idiota. Eu ainda tenho 21 anos e poderia muito bem me divertir nessa cidade maravilhosa de homens branquelos com sotaque encantador. - Ele gruda meus pulsos com as mãos e para diante de mim. 
 


Notas Finais


TO POSTANDO BEEEEM ADIANTADA UHU.
Então quer dizer que precisa acontecer algo MT sério na fic pra vocês saírem comentando?? hahahaha Que absurdo!!! Bom saber... Eu quis deixar o capítulo meio dividido sobre ele ter se lembrado, porque eu queria saber a opinião de vocês antes de verem a explicação dele.
Quero críticas e comentários sobre tudo ok. Fico feliz que vocês estejam adorando essa temporada.
Beijosss


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