História Behind The Secrets - third season - Ok, Jay

- Eu bebi de tudo. - Falou ao ligar o chuveiro e terminou de se despir. Penteei o cabelo com o pente em frente ao espelho do banheiro enquanto ele falava. - Tudo mesmo. - Não respondi. Se tinha algo que eu não queria falar agora, era sobre ele ter fumado. 

Voltei para o quarto e liguei a televisão. Abaixei o volume e deixei nossa porta aberta. Amanhã será um longo dia. Mandei uma mensagem para a Anna.

"Estamos indo dormir agora. Pode chegar aqui com os dois um pouco antes do meio-dia" - Mellanie.

Eu não imaginei que esse aniversário duraria mais de 12 horas. Tudo bem que o pessoal chegou por volta da uma da tarde, mas a maioria foi embora por volta das 3h30 da manhã. Foi louco. Houveram reclamações da vizinhança, mas poucas, já que nossa casa é afastada o suficiente das outras. Qual é, nosso condomínio possui menos do que 100 casas. É algo bem refinado e não fazemos bagunça com frequência.

- Eu vou socar aquele filha da puta do Greg. – Falou atordoado e não respondi. Ele só precisava dormir. - Você acredita que ele veio aqui? Ele veio aqui. Filha da puta. Eu odeio aquele cara. Odeio. - Deixei-o expressar o que estava sentindo. Ele não faz muito isso.

Já são 04:51. Está perto de amanhecer e a casa está uma bagunça. Consegui apenas deixar os presentes no escritório dele enquanto Justin se despedia dos outros e tranquei as portas.

Pedi para que a Lauren chegasse por volta das 11h00, só para preparar nosso almoço e arrumar a cozinha. Já a Anna, coitada, terei que ajudá-la a tarde toda. 

Programei meu despertador para tocar 11h40 e deixei-o ao lado da cama, carregando na tomada. Coloquei o celular do Justin para carregar na tomada ao lado do criado-mudo dele e comecei a fuçar. Justin levantou-se e foi até o banheiro. Haviam muitas mensagens de amigos da empresa, algumas mulheres, também da empresa. e ele logo apareceu na porta, secando o cabelo com a toalha. Olhei-o, que estava com o olhar vago e quase dormia em pé. 

- Quer tomar algum remédio? Deite-se. - Bati na cama e ele veio cambaleando. Colocou as mãos na cabeça como se estivesse com dor. Sentou-se na cama e fechou os olhos. Fui até o closet dele e peguei uma cueca preta. Deixei-a na cama e Justin não respondeu. Saí do quarto e desci rapidamente as escadas. Fui na cozinha e abri a gaveta de remédios. Peguei um Engov e um analgésico para dor de cabeça. Peguei um copo com água gelada e subi as escadas no escuro, andando devagar. Entrei no nosso quarto e ele ainda não tinha vestido a cueca. Estava apenas com os olhos fechados, tentando dormir sentado. - Jay... Tome esses remédios.

- Pra quê?

- Tome. - Insisti e dei o comprimido na boca dele, que engoliu de uma vez com dois goles d'água e pegou o Engov , tomando-o. - Agora vista a cueca e durma. Você bebeu demais. - Ele assentiu lento e pegou a cueca. Vestiu a mesma e tomou mais um gole de água. Deitou-se na cama e fechou os olhos ao suspirar.

Apaguei a luz do quarto e encostei a porta do banheiro. Fui ao meu lado da cama e sentei-me, tirei os chinelos. Justin já estava com os olhos fechados, virado de frente para mim. Pegou em minha mão e acariciou-a. - Obrigado. - Falou em um sussurro e não respondi. Apenas comecei a fazer cafuné nele, que adormeceu de imediato. Fazia muito tempo que ele não bebia tanto quanto hoje. Não sei como não vomitou. Fiquei mais alguns minutos acordada, mexendo no cabelo dele e sentir seu cheiro tão próximo era sempre muito bom. Continuei acariciando-o no cabelo e ele escondeu a outra mão debaixo do lençol. Desliguei a tevê e deitei-me completamente. Dormi.

...

Acordo com meu despertador tocando em volume moderado. Desligo-o e olho no celular: 11h40.

Suspiro e coço os olhos. Justin continuava dormindo e sequer ameaçou acordar com o volume. Levantei-me e fui fazer minhas higienes. Liguei a câmera dois e avistei a Lauren, a casa estava um silêncio só. É tão estranho acordar tão tarde... Desde que os dois nasceram eu perdi esse costume. 

Passei uma água no rosto e penteei o cabelo. Peguei o controle e liguei a televisão. Voltei a olhar para a câmera dois. Avistei a Lauren na cozinha, preparando o nosso almoço. Não iria descer lá agora, só quando meus filhos chegarem. Isso que sobrou bastante comida de ontem. Não sei exatamente quanto, mas sobrou. Lembro que a Jade me ajudou com algumas coisas antes de levar o namorado para casa.

"Já acordei, Anna. Eles estão bem?" - Mellanie.

"Acordaram há duas horas e já brincaram, fomos no parque do condomínio e tomaram café da manhã comigo" - Anna.

"Ok. Pode vir daqui a pouco então. Eu vou acordar o Justin e arrumar o quarto deles" - Mellanie.

"Ok, Mel" - Anna.

Coloquei o celular novamente no meu criado-mudo e Justin ainda dormia. Eu continuava exausta. Não iria acordá-lo agora. Ele precisa dormir muito para acordar descansado e de bom humor. 

Separei uma regata branca em um shorts rosa, já que está um sol forte e peguei minha sapatilha rosa. Deixei tudo na bancada do meu closet e peguei um conjunto de lingerie branco.

Não estava com coragem para entrar no banho agora e começar a arrumar a casa. Voltei para a cama e fiquei olhando para o Justin. Dei um beijo no rosto dele, que estava virado para a outra ponta da cama e não se moveu. Fiquei uns 10 minutos quieta, olhando para a janela e refletindo sobre como foi a noite passada, o quanto Justin e seus amigos beberam e o fato dele ter fumado. Não que eu esteja brava, não estou. Só não aceito a ideia dele tornar isso um hábito. Não queria. Desde que nos conhecemos ele não fumava nada. Não quero que volte aos poucos. Ele ainda precisa ver os presentes que ganhou. Parece um adolescente.

Fui ao banheiro e tomei uma ducha com água morna. Deixei a porta encostada e logo desliguei o chuveiro. Justin abriu a porta rapidamente e parecia querer usar o banheiro. 

- Eu preciso muito mijar. - Sequei o rosto com a toalha e assenti como se eu não o estivesse impedindo.

- Então vai. - Falei como se fosse óbvio e ele levantou a tampa do vaso. Deveria estar com a bexiga estourando de tanto que bebeu ontem. 

Enrolei a toalha no busto e abri mais a porta, enquanto ele ainda usava o banheiro. Fui até o meu closet e parei em frente ao espelho. Prendi o cabelo com uma piranha e joguei a toalha na bancada do meu closet. 

"Lauren, o almoço está pronto? Estou morto de fome", ouvi a voz rouca do Justin vindo do quarto.

"Sim, senhor Bieber. Você e a Mellanie já podem descer", ela respondeu segundos depois e coloquei minha calcinha. 

Justin entrou no meu closet e parou atrás de mim. Passou os dedos no cabelo e abraçou-me por trás.

- Bom dia, meu amor. - Beijou meu pescoço e mordeu-o de leve, subindo as mãos em meus seios e apertou-os. - Obrigado por tudo o que você fez ontem. Foi o melhor aniversário que eu já tive. - Ele falava com a voz de sono e seu hálito de menta. 

- Bom dia, Justin. - Respondi tirando as mãos dele dos meus seios e peguei meu sutiã. - Fico feliz que tenha gostado. - Sorri para ele. - Você bebeu demais ontem.

- Eu sei... Eu bebi muito. Não sei como não estou com uma ressaca do caramba. - parou em minha frente e coloque o sutiã. 

- Eu te dei alguns remédios antes de dormir, você não se lembra? - Ele negou com a cabeça de imediato. 

- Não sei nem como cheguei no quarto. Que horas fomos dormir?

- Às 5h00. - Falei olhando para ele, que assentiu processando a informação. 

- Eu só lembro que discuti com você porque acho que o Gregório apareceu aqui... Acho que acabei sendo grosseiro com você.

- Foi um pouco. 

- Eu não me lembro de tudo. 

- Podemos conversar sobre isso depois? 

- O que mais eu fiz? - Falou como se eu estivesse brava com ele. 

- Depois conversamos sobre ontem.... A Vally e o Brandon estão chegando com a Anna e eu estou morrendo de fome.

- Ok... Eu vou tomar um banho e já desço. - Deu-me um selinho e vesti meu shorts, logo a regata. Passei meu desodorante e logo um hidratante corporal, com um cheiro bem suave. Passei um gloss incolor e peguei meus óculos de sol. 

Sai do closet pronta e peguei meu celular. Passei no quarto dos dois e abri as janelas. Arrumei os brinquedos que estavam caídos pelo chão e coloquei a roupa suja no cesto que a Lauren buscaria daqui a pouco. 

Sai do quarto deles e desci as escadas cambaleando, morta de preguiça. Quero que os dois cheguem logo. Foi difícil passar uma noite sabendo que eles não estavam dormindo aqui, no quarto quase ao lado do meu. 

- Bom dia, Lauren. - Falei sorridente e tomei um copo d'água. 

- Bom dia... Como foi a festa?

- Foi ótima, mas a bagunça é desmotivadora. 

- Percebi... Eu só não comecei a arrumar porque estava terminando o almoço. 

- Sem problemas. A Anna já está para chegar com os dois e eu ajudarei vocês.

- Ok. - Respondeu. - A lasanha está pronta e ainda tem Kulebjaka de ontem. O Justin já está descendo?

- Acho que sim... Obrigada. Vou esperá-lo para o almoço. Se quiser, pode almoçar agora.

- Eu vou comer mais tarde, não estou com muita fome agora...

- Ok. - Respondi e ela começou a colocar a mesa. Fui até a sala e liguei a televisão. Deixei em um canal de desenhos e ouvi o meu carro estacionar na garagem. Esperei que eles dissessem algo e o Brandon abriu a porta todo animado.

- Mamãe. - Chamou-me e corri até os dois. Parecia que eu não os via há um mês. Que sentimento ruim.  - BOM DIA. - Falou todo enrolado.

- Oi, meus amores. Que saudades de vocês. – Abri os braços e corri abraçá-los. Brandon grudou no meu colo e a Vallery estava parada em minha frente.

- Olha o que a Anna comprou pra mim. – Mostrou-me um relógio rosa em seu pulso esquerdo.

- Uau!!! É lindo. – Falei empolgada. – Como foi passar uma noite fora de casa? Vocês dormiram bem? Sentiram saudades da mamãe?

- Eu dormi. – Brandon começou a falar sem parar e não consegui entender tudo o que disse, mas fui concordando. - E eu brinquei.

- Eles dormiram super bem...

- Ai que bom! Obrigada, Anna. – Respondo e Justin desce as escadas já os fazendo rir de longe.

- Olha só quem está aqui... Eu nem vi quando vocês saíram com a Anna ontem! - Falou fazendo-se de triste e pegou a Vallery no colo. - Vamos todos almoçar juntos?

- Eu não tô com fome. - Brandon falou já indo para o quintal e corri atrás dele.

- Ei, mocinho. Espere. - Peguei-o pelo braço. - Você tomou leite há horas... Está na hora de almoçar.

- Mas eu não quero agora.

- Mel, deixa. Depois eu faço companhia para ele almoçar.

- Mas se a Vallery vai comer agora, por que ele não quer?

- Por acaso ele é grudado com a Vallery? - Cruzou os braços e dei os ombros. - Você e essa mania de pensar que eles são idênticos só porque são gêmeos.

- Quem tem essa mania é você. Eu só queira que almoçássemos todos juntos.

- Ok, querida. Então venha. - Puxou-me pela mão e deixei o Brandon correr pela casa. Ele sempre tem mais fome do que a Vallery, mas tudo bem.

Fomos até a mesa e Justin colocou a Vallery sentada.

- Já lavou as mãos, filha?

- Aham. - Respondeu empolgada e a Anna sentou-se ao lado dela. Justin ficou na ponta da mesa, entre eu e a Vallery.

Estava com um pouco de sono... Vallery já dormia deitada no sofá e o Brandon brincava com seus carrinhos, aviões e outros mini automóveis pela casa.

- Podemos conversar agora?

- Eu não queria muito. - Respondo sonolenta.

- Venha logo. - Puxou-me pelo braço e fiquei de pé. - Foi porque eu briguei com o Greg? Foi por algo que eu te disse? - Não respondi até que entrássemos na biblioteca. Deixamos a porta aberta.

- Por que você está procurando um motivo pelo qual eu estaria brava com você? - Cruzei os braços.

- Você disse que estava.

- Não disse não.

- Mas deu a entender. - Não repliquei. Esperei que ele dissesse algo. Estava quase lá. - Foi porque eu fumei charuto?

- Eu não gosto de charuto. - Falei séria. - Eu não quero que você volte a fumar. 

- Eu só fumei um... Dois... - Contou nos dedos. - Foram dois.

- Eu não acho isso legal e você sabe.

- Eu sei. Mas eu só estava me divertindo. Eu... Eu também fumei um quando sai com os caras na sexta, sabe... Sexta. - Enfatizou a última palavra e bufei. Ele deveria ter me dito isso antes. 

- Por que você não me disse isso antes?

- Eu não lembrava. Foi meio aleatório. Eu não fumei mais. Você sabe que eu não sou fumante.

- Mas já foi e muito. Eu não quero você fumando maconha e essas coisas por aí.

- Você fala como se fosse o fim do mundo. Eu fumei charuto, não maconha.

- Está perto disso.

- Que exagero, Mel. É só um charuto de vez em quando. Eu não fumo maconha nem cigarro nem nada. Não mesmo.

- Ok. Estamos conversados. - Falei dando um basta e ele gesticulou insatisfeito. 

- Não, não estamos. Eu não quero que você fique brava por isso.

- Eu não estou brava. Só acho que você deveria ter me contado antes. 

- Eu não lembrei... Não foi nada demais.

- Tem mais alguma coisa que você quer me dizer sobre isso?

- Eu não fumo. - Revirei os olhos. - É sério.

- Ok, Justin.

- Uma vez eu te disse que só voltaria a fumar se um dia você me abandonasse... 

- Sem drama. Eu não gosto de você manter isso como uma condição. 

- Por quê? Você acha viável? - Já estava perdendo a paciência. Não é possível que ele pretende discutir comigo um assunto tão fútil.

- Não. Não acho. - Retruquei. - Você tem que entender que isso não é legal. Não é só porque seus amigos fumam que você tem que fumar.

- Eu não fumo, cacete. Eu não fumo. Você sabe muito bem disso. Eles também não fumam. Só alguns.

- Ok, Justin.

- Se você continuar reclamando disso, irá me obrigar a te dar um motivo.

- Um motivo para ficar solteiro da noite para o dia. - Sorri o mais cínica possível e ele me puxou pela cintura, deixou meu corpo rente ao seu.

- Como você é engraçada. - É óbvio que eu dei uma exagerada. Ele precisa acordar e perceber que isso não é legal. Tudo bem que eu não acho que seja algo tão errado assim fumar de vez de quando, sendo só charuto ou até mesmo maconha. Desde que ele saiba que será de vez em quando. Espero que o Justin perceba que está sendo fútil sobre esse assunto. - Mel.

- Huh.

- Para com isso. Ontem nós tivemos um dia tão bom. 

- Então você se lembra?

- Você está tentando se irritar à toa. - Segurou meu rosto com as mãos tentou me beijar. Cedi. Óbvio. Nos beijamos durante bons minutos e minha irritação foi reduzida. - Não se irrite. Eu te amo.

- Eu também amo você... - Respondi séria e lambi os lábios. Ele deu-me um selinho. - Chega desse assunto.

- Chega. - Respondeu. - Se você estiver incomodada com mais alguma coisa, você me fala. 

- Ok. - respondo sem pretensão de continuar e ele passa o braço esquerdo pelo meus ombros. 

- Não vamos continuar discutindo por bobeira.

- Você quer o inevitável?

- Ah, Mel. - Resmungou. - Chega.

- Ok, chega. - Ri pelo nariz.

- É um saco você se irritar por uma bobeira como essas. - Comentou e saiu da biblioteca ao soltar-me. Saí atrás dele. - Não é nada demais.

- Você acabou de dizer que esse assunto estava encerrado.

- E está.

- Então pare de me irritar falando merda.

- Eu não falei nada demais.

- Ei, vocês não tem mais nada para fazer além de ficarem discutindo numa tarde de domingo? - Anna cruzou os braços no primero degrau da escada olhei para ela de imediato. Justin escondeu as mãos no bolso. 

- Eu vou te ajudar com a limpeza! - Falei descendo as escadas. - o Brandon ainda está brincando?

- Sim... Mas está para vir uma chuva... Acho bom ele ficar aqui dentro.

- Nossa. - Cheguei até ela e fomos andando até a área da churrasqueira. - O Justin ficará com eles aqui dentro então.

- O que eu preciso fazer? 

- Dar banho neles, fazer dois lanches e deixá-los assistindo um filme com você, desenhando. O que eles quiserem. Mas um de cada vez. A Vallery só vai acordar daqui uma hora, eu acho.

- Ok. - Concordou e perdi-o de vista. Saí na parte esquerda do quintal e estava uma ventania só. Ouvi os cachorros latirem e terminei de fechar algumas das cadeiras de descanso. Fui levando-as de duas em duas até a área coberta, ao lado da academia e Anna estava limpando a área da churrasqueira. Lauren começou e levar todo o lixo para fora e ouvi a voz do Justin conversando com o Brandon.

- Vocês estão precisando de ajuda? - ouvi a voz do Justin e respondi um "não" em tom moderado.

.  .  .

- Estou um pouco cansado... Eles demoraram a dormir. - Falou ao deitar com a cabeça em minhas pernas e suspirou. - Você não cansa fácil... 

- Eu já estou acostumada. Aliás, vou fazer um pouco de academia. 

- Agora? - olhou-me e assenti. Ele segurou minha mão esquerda com a sua direita e deu um beijo na mesma. - Agora não. Vamos amanhã cedo... - Tocou minha perna e fechou os olhos. - Estou super cansado. 

- Mas amanhã cedo eu vou com você de novo. - Falei mexendo em seu cabelo e ele mordeu meu dedo. 

- Não... Você tem que ficar aqui comigo, Mellanie. - Olhou-me e assenti. - Não ficamos juntos o dia todo...

- Ok, Jay. - Concordei e avistei o Brandon andando pelo corredor, quase no último degrau. - Brandon. - Repreendi-o, que parou na hora e coçou os olhos. Deixei o Justin no sofá e levantei-me de imediato.

- Eu quero fazer xixi. - Assenti e subi as escadas correndo.

- Era só você me chamar., filho. Não quero que venha até a escada de noite. É perigoso cair. - Falei enquanto o guiava até o banheiro e encostei a porta. - Tá? É muito perigoso. 

- Eu não vi você. - Falou todo fofo e assenti.

- Tudo bem, mas não faça mais isso... Já pensou se não tivesse ninguém lá? - Fiz com que ele desse descarga e lavei suas mãos. Sequei-as e dei um beijo em seu rosto. - Agora você já pode voltar a dormir.

- Tá muito escuro. - Reclamou indo para a sua cama e observei a Vallery, dormia foda coberta e abraçada com a boneca. 

- Eu vou ligar a teve para você... - Coloquei-o deitado e liguei a mesma, reduzi o volume e deixei num desenho de super heróis que ele adora. - Pronto. - Acariciei seu cabelo e sentei-me na ponta da cama. Ele segurou minha mão e fechou os olhos. - Como é que fala?

- Obrigado, mamãe. - Disse todo fofo e cobri-o. Esperei alguns minutos e ele adormeceu novamente. Dei um beijo na Vallery e arrastei a poltrona deles um pouco mais para a direita. Subi na mesma e ajeitei a câmera que dava para o meio do quarto. Entortei-a para a direita, assim teria uma visão completa dos dois dormindo, da entrada ao banheiro e até mesmo da cama ao lado. 

Desliguei a televisão e saí pisando fraco no chão. Passei pelo corredor e a sala estava vazia. Apenas a teve ligada. Cadê ele?

- Jay? - Chamei-o em um fio de voz. Não houve resposta. Entrei no nosso quarto e lá estava ele, sentado na cadeira mexendo em seu macbook, que estava na escrivaninha. – Você me proíbe de fazer academia porque quer atenção, mas me deixa de lado num minuto que eu saio de perto? Acho bom você descer para desligar a tevê.

- Eu só estou checando se está tudo bem no sistema... O Bryan me falou que três caras foram encontrados só nessa noite. Fiquei meio pilhado.

- Isso é ótimo.

- É... Eu quero voltar a procurá-los.

- Muito perigoso.

- Que perigoso o quê?! Eu já estou acostumado.

- Mas eles quase sempre estão armados.

- Eu também. – Falou como se fosse óbvio.

- Justin... não inventa.

- Isso é frescura da sua parte.

- Não é frescura, eu fico preocupada.

- Não precisa ficar. Eu vou voltar a correr atrás dos caras a partir de amanhã, assim aproveito para treinar os estagiários.

- Você não pega em uma arma há meses.

- Como se eu realmente tivesse esquecido como atirar.

- Justin... Eu não acho uma boa ideia.

- Olha, quando você inventou de começar a trabalhar e fazer um monte de coisas, eu também não achava uma boa ideia, mas veja só onde estamos.

- Não misture as coisas. Esse trabalho é perigoso pra caramba.

- Perigoso sou eu. – Apontou para si mesmo e girou a cadeira 180º. Revirei os olhos e ele me encarou por alguns segundos. – Eu sou dono da JKC, eu sei me cuidar muito bem, Mellanie Rose.

- E se você levar um tiro sem querer? Deus que me livre, eu morro. – Falei toda preocupada e tentei apagar essa possibilidade dos meus pensamentos. Tudo bem que não é tão fácil assim alguém da empresa ser baleado, mas é arriscado e todos sabem disso.

- Mellanie, não viaja. Eu trabalho com isso há mais de cinco anos e sei me cuidar.

- Mas as pessoas que você procura nunca são as mesmas, você não sabe como elas irão reagir. E se forem super perigosas?

- Quantas vezes eu vou ter que te dizer que as pessoas com quem trabalhamos são procurados de até 26 anos? Não vou correr atrás de velhos que estão roubando bancos. Esse é o trabalho da polícia. Eu só os ajudo de uma maneira menos violenta e mais precisa.

- Como se um cara de 25 anos não fosse bom e ligeiro o suficiente para fazer o serviço dez vezes pior.

- Ahh. – resmungou. – Eu não vou deixar de voltar a procurar os bandidos porque você não quer, amor. Eu sei o que eu estou fazendo. – Fiquei irritada com a resposta, óbvio. - Você sabe que eu sei me cuidar.

- Eu quero ver quem vai te socorrer se algo terrível acontecer por conta dessa ideia idiota de querer voltar a pegar bandidos pelas ruas, sendo que o seu cargo não tem nada a ver com isso.

- Tá, tá – Virou-se novamente para o macbook e fui até meu closet. Já estava sem sono. Troquei os brincos, coloquei um par menor e fui até o quarto dos dois. Vallery dormia toda encolhida na cama, diferente do Brandon, que estava largado.

Deitei-me na cama de frente para a deles e comecei a me lembrar dos dias em que passava noites em claro bem aqui, esperando com que eles parassem de chorar, trocando fraldas. Como o tempo passa rápido... Agora preciso focar nos preparativos do casamento com o Justin. Esqueci de ligar para a minha mãe hoje!!! Fui correndo até meu quarto e Justin continuava no computador. Peguei meu celular e chamei-a no Facetime.

- Estou esperando você descer para desligar a tevê. - Falo voltando para o corredor. Voltei para o quarto deles e ela atendeu, estava sentada no sofá com o Paul.

- Mãe? Tudo bem? Que saudades. – falei baixo.

- OI QUERIDA.

- Shhh, eles estão dormindo.

- Desculpe... Como você está? Que saudades!! Finalmente lembrou que tem uma mãe.

- Nem fale... Estou ótima e vocês? Oi, Paul. – Acenei.

- E aí, querida.

- Estamos bem... Mas então, como foi a festa do Justin ontem?

- Foi muito boa. Ele bebeu demais, os dois se divertiram e pudemos encontrar alguns amigos.

- É... O Jack também estava aí, né?

- Sim... Como sabe?

- Ele me ligou ontem para conversar sobre você e o Justin.

- O que ele falou?

- Ele disse que conversou com o Justin e vocês estão com planos para o casamento o mais rápido possível. É verdade?

- Então... É sobre isso que eu quero falar. – Falei baixo e deitei-me na cama. – Nós marcamos a data do casamento para o dia 20 de outubro deste ano. – Ela arregalou os olhos de imediato e até o Paul parecia surpreso. – Eu sei, eu sei que está em cima da hora, mas nós queremos muito...

- Mellanie, e você não me contou nada?

- Eu estou contando agora. Quase ninguém sabe.

- ATÉ O JACK SABIA.

- Para de gritar! Ele ficou sabendo porque o Justin contou enquanto estava bêbado. Quase ninguém sabe.

- Eu não acredito nisso... Você tem certeza de que está na hora de se casar?

- Sim. – Respondi sem dúvidas. – Eu amo o Justin e ele me ama. Nós estamos felizes.

- Parabéns aos noivos. – Paul se intrometeu e sorri. – Já estava na hora.

- Para de dar corda. – Minha mãe rebateu e ri. – Filha... Cadê o Justin?

- Está no quarto... Você quer falar com ele?

- Vá até lá, por favor. Quero falar com vocês.

- Ok. Espera. – Levantei-me e saí do quarto deles. Encostei a porta e voltei para o meu. Justin continuava no computador e liguei a luz.

- Minha mãe está no FaceTime e quer falar conosco. – Falei séria e ele virou a cadeira na hora. Dei o celular na mão dele e fiquei de pé atrás da cadeira, com os braços apoiados na mesma, quase tocando meu rosto no seu.

- Oi, Anne!! Quanto tempo.

- Oi, Justin, pois é.

- E aí, cara.

- Oi, Paul.

- Então... A Mel acabou de me dizer que vocês estão com a data do casamento marcada... O que foi decidido, na verdade?

- Isso é com a sua filha. Eu não entendo muito dos preparativos. Só sei que a data está marcada naquela igreja que fomos uma vez todos juntos, sabe? Ela fica perto do centro. Também já estamos decidindo nossa lua de mel e a Mel irá na gráfica ainda esta semana para preparar os convites.

- É. – completei. – É isso.

- Vocês estão com um casamento marcado para daqui cinco meses e não tem NADA feito?

- Mãe, relaxa. Essas coisas serão resolvidas logo.

- Mellanie, você não tem noção não? Eu e o Paul planejamos nosso casamento com um ano e meio de antecedência.

- Vai dar tudo certo... A propósito, quando vocês virão pra cá? Quero que me ajude a escolher o vestido, passe mais um tempo com os dois. – Falei ao sentar-me no carpete e peguei o controle do ar condicionado. Justin voltou a mexer no mackbook.

- Eu ainda não sei... Tirarei férias do trabalho apenas em dezembro e uma semana de julho.

- Eu converso com o chefe dela. – Justin disse distante. – Ele vai te liberar para nos visitar por pelo menos uma semana ainda em março e no casamento. – Ela riu.

- Boa sorte... O Paul está mais tranquilo agora porque eu só estou atendendo de manhã e ele à tarde. Às vezes faço plantões, mas estou mais tranquila...

- Ai que bom, então dá pra vir. Faremos assim, vocês podem vir no meio deste mês ou no próximo? Eu quero que você me ajude com os preparativos.

- Mellanie, eu não sei se você sabe, mas não é tão simples quanto parece voar para outro continente por apenas cinco dias.

- Mãe, para com isso. Nós vamos resolver as coisas do hospital... Eu preciso da sua ajuda.

- Ok. Eu vou ver o que posso fazer. Para onde vocês irão na lua de mel?

- É SURPRESA. – Justin falou alto. – Ela não sabe.

- É. – Concordei. – Mas era isso que eu precisava falar...

- Ok. Loucura.

- E vocês? O que me contam?

- Nada demais... Estamos bem, só sinto sua falta diariamente. Eu sei que há anos você já não mora mais comigo, mas eu queria você aqui.

- Um dia eu volto para te visitar em São Francisco, mãe... Também sinto sua falta.

- Um dia...

- Agora eu vou dormir. Está muito tarde aqui.

- Ok, filha. Boa noite para vocês. Deem um beijo na Vallery e no Brandon por mim.

- Boa noite, Anne. – Justin respondeu.

- Eu quero que você volte a me mandar fotos deles diariamente.

- Pode deixar. Beijos.

Desliguei e deixei o celular na cama.

- Eu não sabia que já estávamos contando sobre o casamento para a família.

- Minha mãe tinha que saber.

- É, eu vou contar formalmente aos meus avós e ao Jeremy.

- Você não deveria ter comentado com o meu pai. - Falei olhando para ele.

- Mas eu não falei nada para ele.

- Falou sim.

- Não falei.

- Você estava bêbado. Falou.

- Como você pode ter tanta certeza? - Duvidou com os braços cruzados.

- Porque a minha mãe veio me dizer que estava sabendo dos nossos planos de casamento, já que o Jack comentou com ela que você falou sobre isso com ele ontem.

- Droga. – Reclamou e deitou a tela do macbook, olhando-me ainda com os braços cruzados. – Eu não faço ideia do que eu disse.

- Ele já não é muito de acordo com o fato de pensarmos em casamento, quem dirá casar.

- Mel, foda-se. Tudo bem que ele é seu pai e já foi o meu... Se nós queremos nos casar, nós vamos.

SPOILER

- Vocês precisam lembrar que não estão com 30 anos, mas sim menos de 25. Isso parece não ter uma grande diferença, mas é que vocês ainda não conhecem um o outro o suficiente. Pode parecer bobeira o que eu estou falando, mas não é. Vocês se conhecem o suficiente para amar um ao outro, mas não até a eternidade. Vocês aprendem um com o outro a cada dia e ainda não aprenderam o suficiente. – Ok. Confesso que não esperava por isso. Tentei não armazenar o que ele disse, mas era impossível. Eu sabia que essas palavras tomariam um peso maior na minha consciência daqui algumas horas.

- Como você pode estar tão certo disso? - Falei duvidosa e ele tirou o celular do bolso. Sentou-se na poltrona e fechou os olhos.

- Porque vocês não iriam querer se casar logo agora se soubessem o suficiente um do outro.