História Believe In The Shield (HIATUS - Em revisão) - Hospital - Parte 2

Becky POV

 

Já estava estranhando o sumiço de Lize e de todas as pessoas naquele apartamento. Desde que me mudei para cá, não houve um dia sequer que a porta deste apartamento fosse aberto pelo menos umas vinte vezes durante o dia e, até agora nem Lize, Roman, Dean ou Alice haviam dado as caras. 

Já havia tentado ligar várias vezes para Alice e Lize, mas o celular das duas estavam desligados ou fora da área de cobertura. Aquilo era motivo para me preocupar?

– Você está bem? – Dylan se sentou ao meu lado na cama e abraçou minha cintura. Ele havia acabado de sair do banho e estava apenas com uma toalha enrolada na cintura.

– Estou preocupada com o sumiço do pessoal. – me virei para ele, mas não resisti em olhar para seu peitoral másculo. – Você devia andar mais sem camisa quando estiver aqui, não acha? – perguntei maliciosamente.

– É só você pedir, que eu faço. – falou sorrindo. Logo puxou meu rosto de encontro ao seu, unindo nossos lábios num beijo calmo e cheio de desejo. Ele me deitou na cama, enquanto colocava seu corpo em cima do meu. Levei minhas mãos até sua toalha, mas antes que pudesse puxá-la, meu celular começou a tocar. 

– Droga! – reclamei. 

– Atende. – falou se separando de mim.

– Eu não quero! Fica aqui. – pedi fazendo bico e ele riu. 

– Pode ser importante. Aliás, você está me distraindo. Eu tenho que ir trabalhar. – comecei a rir, enquanto ele se levantava e vestia uma camiseta.

– Tudo bem. – me levantei e, assim que peguei meu celular, ele parou de tocar. Vi que era o Bryan e antes que eu pudesse retornar, uma mensagem do mesmo chegou, convocando uma reunião coletiva com os participantes do Survivor Series. – Parece que eu também tenho que trabalhar. – falei pegando uma blusa jeans e vestindo por cima da regata cinza.

– Falei que era importante. – pegou os sapatos do chão e veio até mim. – Vou pegar minhas coisas no meu apartamento e já vou. – me beijou levemente nos lábios. – Até amanhã.

– Até. – assim que ele saiu, vesti uma legging preta e botas marrom de cano alto, sem saltos. Peguei uma bolsa e coloquei minha carteira, fones de ouvido e as chaves do carro. Saí do meu quarto e do apartamento, trancando-o por fora e adentrei o elevador. Mandei uma mensagem para Lize para que ela me ligasse quando pudesse. Mas provavelmente ela estaria lá na reunião, certo? Afinal ela deve participar do combate no Survivor Series. Ela é uma das melhores do Raw.

Ao chegar no estacionamento, entrei em meu carro e segui em direção à sede da WWE.

 

Roman POV

 

Ainda estávamos no hospital, quando meu celular começou a vibrar e eu desbloqueei a tela para ler a mensagem; era o Mick convocando uma reunião com todos os lutadores participantes do Survivor Series. Quando levantei a cabeça, vi que o Rollins também estava mexendo no celular, provavelmente pelo mesmo motivo que eu.

– Ah, péssima hora, Foley. Não saio daqui nem fodendo. – ele falou, confirmando minhas dúvidas.

– O que houve? – Lize questionou confusa e eu respondi.

– Reunião com todos os participantes do Survivor Series. Você não recebeu?

– Meu celular descarregou há um bom tempo. Mas eu também não vou. – ela abaixou a cabeça, fitando o chão.

– Eu vou ficar aqui com você. – coloquei minha mão sobre seu braço.

– Na verdade, você deveria ir. – ela falou após um longo suspiro. – Alguém tem que explicar nossa ausência e eu não estou com a menor vontade de falar sobre minha irmã com a Stephanie. 

– Tem certeza? – perguntei meio receoso.

– Tenho.

– Certo. – me levantei. – Eu vou à esta reunião e explico a ausência de vocês hoje. – falei para que Seth ouvisse também, e o mesmo só assentiu. Quando comecei a me retirar, ouvi passos atrás de mim. Me virei e vi que era Lize. Fiquei confuso, mas ela só me fez um sinal para não perguntar nada e me puxou pelo casaco até o fim do corredor.

– Preciso que me faça outro favor, além de explicar a minha ausência hoje. – ela falou.

– O que foi?

– Preciso que avise que eu estou fora. Por um tempo. – a olhei confuso.

– Como assim?

– Olha, minha irmã já passou por isso antes. Eu sei como é. É bem mais que uma cirurgia; ela vai fazer tratamentos que a deixará debilitada por um tempo. Ela precisará de alguém que cuide dela cem por cento. E eu não posso fazer isso viajando toda hora. – ela explicou.

– Isso eu entendo, mas por que está falando isso afastado do seu irmão? Não devia contar isso a ele e ao Dean? – toquei seu ombro, tentando passar conforto.

– Só estou evitando uma discussão. Minha decisão já está tomada. – falou certa do que queria e eu fiquei a encarando por um tempo antes de assentir. 

– Vai dar tudo certo. Te amo. – falei em tom de conforto e a beijei nos lábios, antes de abraçá-la fortemente. – Qualquer coisa, peça ao Dean para me ligar, okay?

– Pode deixar. Eu vou ver se o carregador do Seth está na mala dele. – ela falou. – Obrigada. – Após isso, ela saiu e eu continuei andando. Encontrei Dean no meio de um dos corredores, encarando a rua pela janela. Ele me contou que também recebeu a mensagem e eu avisei que ele podia ficar lá, que eu avisaria o que estava acontecendo à direção da WWE.

Deixei o hospital pouco depois e não demorei muito para chegar à sede da WWE. A primeira coisa que fiz, foi informar ao Shane e ao Bryan sobre a ausência de Dean e pude sentir o olhar preocupado de Becky para mim. Antes de sair, avisei através de gestos que conversaria com ela depois da reunião e ela assentiu.

Assim que cheguei na sala de reuniões do RAW, todos viraram sua atenção para mim. Estavam todos os lutadores e lutadoras envolvidos na 5-on-5 Traditional Survivor Series Elimination Match do Team Raw; Charlotte, Sasha, Bayley e Nia – as duas últimas iriam debutar no próximo Raw –, e Braun, Owens e Jericho. Esse último me encarou por um tempo e logo começou a anotar algo na sua ‘listinha’. Provavelmente estava escrevendo que eu era um Stupid Idiot por chegar atrasado à reunião.

– Está atrasado. – Stephanie falou de onde estava sentada.

– Eu sei disso. Podemos trocar uma palavra em particular? – perguntei sério e ela revirou os olhos antes de se levantar. Abri a porta e a deixei passar primeiro, antes de sair.

– O que quer?

– Seth e Lize não vão poder comparecer hoje. 

– Mas é muita falta de profissionalismo! Eles não podem simplesmente faltar assim! – ela ralhou. – Eu espero que eles tenham um bom motivo, porque senão…

– Talvez se você me escutasse, você saberia o motivo. – a interrompi e ela suspirou, demonstrando impaciência, mas fez sinal para que eu prosseguisse. Não entrei em tantos detalhes, mas contei que a irmã de ambos estava internada por causa de um câncer no cérebro e era algo grave.

– Oh, eu não… – ela começou meio desconcertada. – Não imaginava que fosse algo tão sério. Me desculpe pelo modo que falei antes. – nunca achei que veria Stephanie McMahon me pedindo desculpas, mas ela realmente pareceu arrependida. Podia ver a empatia em seu olhar. – Eles podem ficar longe o tempo que precisarem.

– Eu não sei quanto ao Seth ou ao Dean, mas Lize me disse que quer ficar fora por um tempo. Ela quer ficar perto da irmã para cuidar dela durante o tratamento.

– Claro, eu vou falar com o meu pai, mas ela vai ter que vir aqui para conversar conosco e acertamos tudo direito. –  ela suspirou e me olhou. – Se quiser ir embora agora, tudo bem. Posso convocar uma reunião só com você e Seth depois…

– Na verdade, já que estou aqui, prefiro ficar. Preciso ocupar minha mente com outras coisas. – respondi.

– Certo. – ela se virou e voltamos para a sala, onde me sentei ao lado de minha prima que me olhou preocupada.

– Você está legal? – perguntou aos sussurros e eu só assenti minimamente. Mesmo não acreditando em mim, Nia assentiu e se virou para Stephanie, que conversava aos sussurros com Foley. Provavelmente lhe contando o que havíamos conversado antes, pois percebi quando ele me lançou um olhar disfarçado. Logo a McMahon se aprumou na cadeira e tomou a palavra.

– Bem, antes de começarmos a reunião, devo informá-los que Lize Rollins, não fará mais parte do Time Feminino do Raw no Survivor Series. – algumas pessoas começaram a sussurrar entre si e Sasha chegou a questionar o porquê. – São motivos pessoais. Ela irá se ausentar por um tempo. Foley e eu iremos escolher alguém para ficar em seu lugar. – todos assentiram, mesmo me lançando olhares curiosos de relance. Abaixei meu olhar para minhas mãos apoiadas sobre a mesa, tratando de ignorar tudo aquilo, enquanto Stephanie começava a tratar do real motivo da reunião.

Mal prestei atenção no que todos falavam e agradeci mentalmente quando finalmente acabou. Fui o primeiro a levantar e sair dali o mais rápido possível, ignorando os olhares sobre minhas costas. Caminhei rapidamente com passos largos pelos corredores, ávido para sair logo dali, porém fui interrompido ao ouvir Bayley me chamando. Parei no lugar e a esperei me alcançar, o que não demorou muito, já que ela veio correndo.

– Hey, como está a Alice? –  falou assim que me alcançou e eu a olhei, confuso. – Seth me contou do tumor. Eu ia direto para o hospital para encontrar com ele, mas aí teve essa reunião…

– Espera. Que história é essa de Alice e tumor? – olhei para trás e vi Becky nos encarando, assustada. Ela não sabia sobre o câncer de Alice e agora seria eu que teria que lhe contar. 

Que ótimo.

 

Autora POV

 

Lize estava praticamente dormindo em cima do ombro do irmão mais velho, quando, finalmente, o médico que atendera Alice, apareceu, fazendo Seth se levantar rapidamente do sofá e a morena despertar de sobressalto. 

– Doutor, e a nossa irmã? – Seth foi o primeiro a perguntar, enquanto Lize se levantava, ainda atordoada, e Jeff olhava, atencioso.

– Não precisam se preocupar, ela está bem no momento. – ele começou. – O desmaio foi devido ao choque, mas ela já está mais calma. O difícil será após a cirurgia, pois ela precisará de certos cuidados. Consegui marcar para esta quarta-feira. Só vou precisar que um de vocês me passe alguns dados necessários.

– Podemos vê-la agora? – a morena perguntou ansiosa.

– Podem mais do que isso. Devido a ela estar bem agora, apenas um pouco fraca, vou dar-lhe alta para que passe esses dois dias em casa. – os três sorriram, aliviados. – Mas preciso que estejam atentos e não a deixem sozinha. Dores de cabeça leves, enjoo, tontura, desequilíbrio e vômito, são sintomas que ela provavelmente terá, mas fiquem atentos a sangue no vômito ou caso ela venha a sentir fortes dores de cabeça. Nesses casos, a tragam para cá imediatamente.

– Vamos ficar de olho na baixinha. – Seth falou sorrindo e o médico assentiu.

– Ótimo. Ela já se trocou e está pronta para ir. Venham comigo. – foi andando na frente, com Seth e Lize o seguindo.

– Vou avisar ao Dean. – Jeff informou se levantando e seguindo para o corredor, onde o Lunatic Fringe havia seguido minutos atrás.

Seth e Lize adentraram o quarto em que Alice estava e ambos correram para abraça-lá, assim que a avistaram sentada na cama, balançando os pés que não alcançavam o chão. Os dois a envolveram num abraço triplo e ficaram ali por um bom tempo, até ouvirem a voz abafada da mais nova.

– Gente, se eu ainda não morri, vocês vão me matar sem ar bem agora, sabiam? – falou, fingindo sufocar, e os outros dois a soltaram, rindo. – Bem melhor. – ela riu.

– Como é que você consegue ainda brincar com uma coisa dessas? – Lize perguntou.

– É rir pra não chorar. – ela falou em tom de brincadeira, mas ela sabia que seus irmãos entendiam que havia verdade em suas palavras.

– Vai ficar tudo bem, baixinha. Você ainda vai irritar a gente por muitos anos. –  Seth falou, passando o braço direito por seus ombros e a trazendo para mais perto, em um tom reconfortante e brincalhão.

– Muito bem, preciso que assine sua alta. – o médico falou se aproximando e entregou uma prancheta para Alice. Ela assinou, e logo o devolveu a prancheta. – Vejo você em três dias. Até lá, se cuide. – falou em tom de aviso.

– Obrigada. – ela assentiu com um sorriso de canto e logo deixou o quarto, com os irmãos ao seu lado. Assim que chegaram à sala de espera, Dean veio ao seu encontro e a abraçou tão forte quanto seus irmãos.

– Fiquei preocupado com você, amor. – o Lunatic Fringe falou, enquanto separava um pouco seus corpos, para lhe dar um longo beijo nos lábios. – Você está bem agora? Te deram alta?

– Sim, a cirurgia vai ser daqui a três dias e o médico me liberou para ficar em casa. Eu estou bem agora. – falou calma e no mesmo momento, o loiro pareceu mais aliviado. Ele se afastou um pouco da morena, dando espaço para que Jeff se aproximasse.

– Você realmente matou todos nós de preocupação, baixinha.

– Eu sei disso, foi mal. – ele abriu os braços e ela foi ao seu encontro, o abraçando fortemente. – Bem, acho que já chega de tantas emoções por hoje. – falou com um sorriso amarelo, ao se separar do amigo. – Podemos ir embora agora? Sabendo que vou voltar para cá daqui a três dias e nem sei quanto tempo vou ficar, já está me dando fobia deste hospital. Quero aproveitar esses dias e já até tenho planos, mas hoje, eu preciso descansar.

– Você tem razão. – LIze concordou. – Vai para casa com o Dean, e Seth, Jeff, Becky, Roman e eu vamos lá mais tarde para te ver. Pode ser, Dean? – a morena perguntou e o loiro somente assentiu, sem ao menos reclamar da presença de Seth em sua casa, fazendo Lize suspirar, aliviada.

– Tudo bem. – Alice concordou e se despediu de todos, com um abraço. – Até mais tarde. – falou antes de seguir em frente com o marido.

 

Alice POV

 

Assim que entrei no carro de Dean, encostei minha cabeça na porta ao meu lado e suspirei. Sem ao menos olhar para o lado, pude saber que o loiro me encarava. Logo virei meu rosto em sua direção, dando de cara com seus olhos azuis claros, me fitando curioso.

– O que foi? – perguntei quebrando o silêncio que estava ali dentro do carro.

– Quero saber se está se sentindo bem. Seja sincera. – pediu me fitando intensamente, preparado para fisgar qualquer vacilo meu. Me arrumei no banco do carona, virando todo o meu corpo na sua direção.

– Estou cansada. Aquele medicamento me deixou bastante sonolenta. – sorri de canto, enquanto brincava com as pontas das mangas de minha blusa. – E você? – perguntei. – Seja sincero. – completei quando vi que ele já se preparava para ficar na defensiva.

– Seu irmão veio falar comigo hoje. – o encarei surpresa.

– Sério? E não se mataram? – falei em um tom impressionado.

– Por incrível que pareça, não. – ele fez uma careta. – Ele veio me agradecer por ter cuidado de você. 

– Ele foi te agradecer? – perguntei retoricamente, visto que ele já havia confirmado isso, mas mesmo assim ele assentiu. Mas tive que reforçar, afinal, aquilo era inacreditável. Meu irmão, Seth Rollins, havia dito a palavra ‘obrigado’ e ainda por cima, para o Dean. Definitivamente era o fim dos tempos! – Será que era ele mesmo? – continuei boquiaberta com a situação, mas Dean continuava bem sério.

– Pela primeira vez em muito tempo, pude entender o Rollins. Já faziam horas que ninguém dava notícias suas e, assim como eu, ele estava com medo. – com minha mão esquerda, alcancei sua direita e apertei.

– Eu estou bem agora e vou ficar depois da cirurgia também. – falei com confiança, mostrando a ele que eu acreditava naquilo também e que eu ia me manter firme até o final.

– Eu sei disso. Concordo com outra coisa que ele disse também; que você é forte. – ele deu um sorriso, que eu não resisti em ficar longe e me inclinei para beijar aqueles lábios finos que eu amava.

– Tenha certeza que eu não vou desistir. Eu fiquei com medo, é verdade. Essa notícia foi um baque para mim e o pânico tomou conta naquela hora, mas saiba que eu vou me manter firme. – falei olhando fixamente para seus olhos azuis e ele sorriu em resposta.

– Eu não duvido disso. Agora vamos, você precisa descansar. – falou e beijou minha testa, antes de ligar o carro. Coloquei o cinto de segurança e voltei a me encostar preguiçosamente no banco do carona. – Quais são esses seus planos para esses três dias? – me olhou de canto, assim que saiu do estacionamento do hospital.

– Você vai saber. – sorri.

 

Seth POV

 

Assim que saímos do hospital, Alice seguiu no carro com Dean, Jeff foi sozinho em seu carro e eu levei minha irmã, já que ela veio com Roman e estava sem carro. Ela pediu meu celular emprestado, já que o dela ainda estava descarregado, e ligou para o Reigns, avisando que estava indo para o seu apartamento. Assim que me devolveu o aparelho, calou-se durante todo o percurso, só dirigindo-se a mim, quando parei em frente ao prédio em que morava.

– Obrigada pela carona. Até mais tarde. – me agradeceu e me abraçou fortemente, e prontamente, eu retribuí.

– Até mais. – falei e ela saiu do carro, fechando a porta. Eu sabia que Lize estava bastante preocupada com Alice e eu queria dizer alguma coisa que fosse ajudá-la a ficar melhor, mas a verdade é que eu não fazia ideia do que dizer, visto que eu mesmo estava da mesma maneira que ela. 

Enquanto ela entrava no prédio, suspirei cansado. Não dormia há horas e duvidava que fosse conseguir dormir agora, mesmo sabendo que minha irmã estava bem, pois ainda me sentia preocupado em relação à essa cirurgia. Não havia mentido quando disse ao Ambrose que Alice era forte e que tinha certeza que ia dar tudo certo e ela iria se recuperar, mas ainda sim, aquele sentimento de temor não saia de mim.

Tentando evitar que minha mente ficasse vagando por mais tempo com esses problemas, liguei o som do carro, enquanto dirigia para minha casa. Tentei ficar alheio a tudo, exceto à letra da música e à estrada, e isso fez com que eu relaxasse um pouco, mas isso não durou muito, pois assim que parei o carro em frente de casa e desliguei a música, tudo voltou de uma vez. 

Respirei fundo pela milésima vez  e saí do carro, seguindo direto para dentro de casa, sem me dar ao trabalho de retirar minhas coisas do porta-malas.

Segui direto para o banheiro e tomei um banho quente. Quando saí, vesti apenas uma cueca e uma bermuda escura e me joguei na cama, para tentar dormir.

Vários minutos se passaram sem eu ao menos ter conseguido tirar um cochilo, e somente não me levantei por puro cansaço e preguiça. Infelizmente, alguém tocou a campainha e eu me obriguei a levantar, para atender.

Quando abri a porta, dei de cara com Bayley, que aparentava estar bastante ansiosa e preocupada. Ela deu um passo para frente, mas logo parou, meio hesitante, e só aí eu percebi que não havia vestido uma camiseta antes de vir atender a porta.

– Sua irmã… ela está bem? – perguntou corando levemente e eu abri a porta para ela entrar, e, enquanto a mesma o fazia, abaixei minha cabeça para esconder com os cabelos o meu sorriso divertido pelo seu embaçamento por me ver sem camisa, apesar de não ser a primeira vez que ela me vira assim, já que ela esteve por perto após algumas lutas minhas.

Peguei uma jaqueta escura com o logo da WWE, que estava no cabideiro ao lado da porta, vesti e fechei o zíper para não deixá-la tão desconfortável e me sentei ao seu lado no sofá. Vi que ela pareceu mais aliviada ao me ver vestido e eu estranhei um pouco. O que diabos havia dado nela?

– Ela está melhor e em casa. Mas o tumor acabou crescendo e ela vai precisar passar por uma cirurgia para removê-lo. – falei sério, após despertar de meus pensamentos, sentindo a preocupação me tomar novamente. 

– Bem, mas... Isso de remover o tumor não é bom? – ela perguntou, confusa. 

– É... Mas é complicado. O tumor fica em uma parte muito perigosa para a remoção e, da última vez, não retiraram porque Alice estava muito debilitada quando passou pela cirurgia. Agora ela vai tirar isso de uma vez. 

– Mas veja pelo lado bom; ela vai poder voltar a viver normalmente quando isso acabar. Sem depender de remédios. – Ela falou tentando me animar e eu apenas sorri de lado, sabendo que não era assim tão simples. 

– Quem dera fosse assim. A cirurgia é complicada, Bay. Há o risco de sequelas e até de morte. E depois disso, se tudo der certo, ainda têm os tratamentos. – expliquei, com a voz cansada. 

– Vai dar tudo certo. Você precisa acreditar nisso, porque sua irmã precisa de você para apoiá-la. E se você precisar de alguém, saiba que eu sempre estarei aqui para te apoiar. – ela pôs a mão sobre meu ombro. 

– Obrigado. – falei sincero e ela assentiu com um pequeno sorriso. – Sabe, não só por isso. Agradeço por todo esse tempo que ficou me dando uma força. Acho que você acabou criando outro Seth Rollins. Um melhor. – ela riu. 

– Eu não criei outro Seth Rollins. Esse você de agora, só estava escondido aí dentro de você. – ela apontou para o meu peitoral. – Escondido atrás daquele seu ego enorme. 

– Eu era egoísta? – fiz cara de ofendido e ela assentiu.

– Era. Um pouquinho assim, ó. – ela juntou as mãos para mostrar a "quantidade" do meu ego, mas logo ia aumentando até seus braços estarem completamente abertos. – Talvez um pouco mais do que 'um pouquinho'. 

– Que difamação contra a minha pessoa! Mas eu nunca fui egoísta com você. – falei me aproximando um pouco dela. 

– Isso é verdade. Não tenho nem o que reclamar. – ela falou rindo e meu olhar acabou direcionado para os seus lábios. De repente um desejo de possuí-la tomou conta de mim e me segurei para não agarrá-la ali mesmo. – Eu... Tenho que ir. – eu devia estar com uma tremenda cara de idiota, já que ela praticamente se levantou correndo. Instintivamente, e sem ao menos ter consciência de meus atos, segurei-a pelo braço e a puxei para mim, finalmente tomando aqueles lábios rosados para mim. 

Comecei a beijá-la intensamente e ela começou a corresponder com a mesma reciprocidade. Meus dedos adentraram seus cabelos e ela bagunçava os meus num desejo mútuo de aprofundar mais ainda aquele beijo. De repente, senti o calor crescendo entre nós e não resisti em colocar minhas mãos em suas costas nuas, por dentro da regata azul que ela usava. Bayley não perdeu tempo em abrir a minha jaqueta e jogar longe. 

Infelizmente o ar nos fez necessário e tivemos que romper aquele beijo. Bayley me encarou surpresa por alguns segundos, tentando entender o que acontecera e eu não abri minha boca para dizer nada, afinal eu não sabia o que explicar. Eu apenas havia cedido aos meus desejos. 

– Eu tenho que ir. – ela repetiu, mas dessa vez correu direto para a porta, sem ao menos me olhar. 

Me sentei no sofá, ainda tentando recuperar o fôlego que aquela mulher havia tirado de mim em um único beijo. Sorri por um momento, mas logo deixei de fazê-lo ao me lembrar que ela podia ter odiado aquilo. Mas ela havia correspondido, não? 

Se tivesse gostado, ela não sairia correndo daquele jeito. Me xinguei mentalmente, por, talvez, ter acabado com a amizade que tinha com Bayley. Mas, também, de onde veio essa ideia, Rollins? Beijá-la assim? Do nada?

Resolvi voltar para o meu quarto, trocar de roupa para ir até a casa do Ambrose ver minha irmã. Depois eu daria um jeito de pedir desculpas à ela e, enquanto isso, me preocupava apenas em convencer a mim mesmo de que o que acontecera agora, fora apenas um mal entendido.