História Believe in yourself - Primeiros dias em NYC

Logo que desligo o telefone envio uma breve mensagem para mamãe e Nate. Deixo o celular na sala e vou para o quarto desfazer as malas, pelo proximo ano, minha vida vai ser aqui, então não tem porque deixar as coisas dentro da mala. Nao tem como voltar atras agora. Enquanto arrumo as coisas penso no que devo fazer durante o resto do més, estamos no dia 5 e começo o estagio de fotografia na primeira segunda do més que vem, então tenho todo esse tempo para turistar por ai, conhecer um pouco de New York, comprar equipamentos novos e claro, preparar toda a papelada chata. Demoro mais do que o necessário para arrumar as coisas, vou para a cozinha procurar algo para comer e logo vejo um bilhete na geladeira “ Sorry, só tem pizza no congelador, vamos no mercado amanha. Enjoy”. Pego a pizza no congelador e coloco no forno, pego meu celular em cima do balcão e me jogo no sofá. Verifico emails, respondo mensagens, atualizo Facebook entre outras coisas. Como eu vou para o meu quarto descansar. 
Acordo no dia seguinte as 6am, coloco minha roupa de corrida e saio para andar no central park. Coloco o fone de ouvido e vou caminhando tranquilamente, adimirando a paisagem que é quase totalmente nova pra mim. Vejo pessoas saindo com seus ternos e suas roupas de grife, apressadas para não chegar atrasadas no trabalho. É outono, observo as folhas caidas no chão do Central Park, algumas ainda se agarram aos galhos das arvores, recusando a se render ao tempo, pessoas passeiam com seus cachorros, outras correm sem camisa e com seus fones de ouvidos, desligadas do mundo aqui fora. Respiro fundo e sinto o cheiro das folhas secas, o ar esta levemente frio mas não congelante. Não estavam mentindo quando diziam que tudo é melhor em New York. Depois de mais uma hora andando recebo uma mensagem do Luke 
“Cheguei e você já não esta em casa. Aposto que não conseguiu resistir aos encantos dessa cidade. Kkkk Me liga se precisar de algo.”
“ já estou voltando” – respondo a mensagem e volto correndo para casa. 
- Hey. Cheguei – digo batendo a porta atras de mim. Luke esta jogado no sofá assistindo algo na TV. 
- E ai moça, senta aqui. – ele diz se sentando no sofá. – Foi correr no Central Park ne? 
- O que me entregou? A roupa de correr ou a roupa de correr cheia de suor? – pergunto sorrindo e me sentando no sofá ao lado dele. 
Luke e eu nos conhecemos pela internet 4 anos atras, ele trabalhava como fotografo em NYC e a conexão foi praticamente imediata. Ele sempre foi um bom amigo, sempre conversavamos sobre quando nos veriamos pessoalmente e quando a oportunidade apareceu... 
- Então, sei que tu acabou de chegar, mas o que esta achando? – ele pergunta, posso ver a animação nos olhos dele. 
- Ah, NY é incrível. A atmosfera daqui é totalmente diferente. Mal posso esperar para começar o estagio. 
- Aposto que não. – ele diz sorrindo, os olhos dele brilham de empolgação -  Melhor ir tomar banho. Precisamos ir ao mercado. 
Chegamos os Pioneer Supermarket que me lembra muito e um supermercado normal no Brasil. É começo de outubro e as decorações para o  Halloween já estão nas prateleiras. Luke tenta me convencer a comprar uma fantasia de bruxa, mas acho que ainda não estou pronta para envergonhar a mim mesma dessa forma. Demoramos cerca de 4 horas para pegar tudo porque a cada corredor que passavamos havia algo que segundo Luke, “ eu tinha que provar!”, e como muitas coisas pareciam que eram algo mas no final não eram, achei mais seguro perguntar o que era oque. No final pegamos um pouco de tudo, produtos de limpeza, verduras, bebidas, snaks, arroz e feijão (ufa). Enfim, um pouco de tudo. 
Estou guardando o sorverte no congelador quando escuto Luke fazer a pergunta de um milhão de dolares. 
- Então, você e o Nate... – ele fez uma pausa, obviamente escolhendo as próximas palavras. – Rola alguma coisa? 
 Me viro para olha-lo, ele esta com uma toalha enrolada na cintura e seca os cabelos loiros com outros. O cheiro de loção pós barbar enche o ar e é impossível não reparar no corpo definido dele. Mas o que mais me chama  atenção é o modo como ele desvia o olhar quando o encaro. 
- Rola amizade dos irmãos, é isso que rola. – digo sorrindo, tirando molhos e temperos das sacolas do supermercado e guardando em seus devidos lugares dentro dos armarios. 
- Serio? – ele parece surpreso – Eu achei que vocês fossem namorados ou coisa do tipo. - Ele vai para o quarto e volta vestido uma calça de moletom preta. – Não rola nem uma amizade colorida? – ele pergunta para me provocar
- Não – digo arremessando um pacote de batatas fritas nele.  Ele ri.  – Então, o que você quer almoçar? 
- Ah, pode ser o que tu for almoçar. Não estou com fome na verdade. – ele diz enquanto guarda o pacote de batatas fritas e pega uma garrafa de aguá na geladeira. 
- File e frango e salada? – pergunto. 
- Pode ser – ele da de ombros – Estarei no meu quarto se precisar de alguma ajuda – ele joga a garrafa para o alto e a pega logo em seguida e se dirige ao seu quarto. 
Pego meu celular e coloco a playlist do Ron Pope para tocar e vou preparar o almoço. Enquanto corto tomate, cebola e ralo a cenoura, penso em Nate e me sinto um pouco... triste, não, triste não, saudade, é isso que é, saudade. Desde quando nos conhecemos, Nate e eu somos inseparáveis, soa ate clichê dizer isso mas é a pura verdade, quando eu não estava na casa dele, ele estava na minha e apesar de ser um sonho virando realidade estar nem NYC , sinto falta dele, sinto falta das piadas sem graça, do sorriso bobo,da ideias idiotas...  Ah para com isso, faz apenas dois dias que estou aqui. Respiro fundo e volto a realidade, termino de fazer o almoço, me sento no sofá e ligo a TV.
- Caraca, o cheiro desse frango ta muito bom – escuto Luke dizer enquanto caminha ate a cozinha, eu sorrio
- Especialidade da casa – digo 
- Vamos ver se esta bom mesmo – ele se apoia na bancada, da uma garfada no frango e faz cara feia. Eu dou risada. Ele se junta a mim no sofá – Estou brinca, esta muito bom, melhor do que a minha comida. Já pode casar já – ele diz e gentilmente me empurra com o braço. 
- Um dia quem sabe. 
Meu celular apita. Mensagem de Nate
“ Ei pequena. Como andam as coisas? Tenho uma surpresa pra você...”