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História Bells of Notre-Dame - Aaron


Escrita por: ElvishSong

Notas do Autor


Bom, repostando a história com algumas alterações. Espero que gostem!

Capítulo 1 - Aaron


Fanfic / Fanfiction Bells of Notre-Dame - Aaron

                Paris, 1455

 

                O sino tocou quando a Roda dos Enjeitados foi girada. Mais uma criança abandonada aos cuidados da Igreja; eram várias, naqueles dias. Fosse porque os pais eram pobres, e não podiam sustentar outro filho; fosse porque a filha de um nobre se envolvera num relacionamento escandaloso com o criado; fosse porque a esposa adúltera não manteria consigo a prova de seu adultério, fato era que muitos chegavam por aquela portinhola giratória que, ao ser rodada, fazia o sino tocar. Mas naquela noite fria de dezembro, tudo foi diferente...

                Quando o padre mais jovem se aproximou para recolher o recém-nascido, afastou-se com uma exclamação de espanto e horror. Logo, frades, padres e freiras se reuniam numa massa tumultuada incomum, observando a criança que fora deixada ali: com o umbigo ainda fresco, enrolado em panos comuns, aquele seria apenas mais um bebê muito magro, se seu rosto não fosse terrivelmente distorcido! O lado esquerdo era são, mas o lado direito... Parecia não haver carne na bochecha murcha, cuja pele se esticava sobre os ossos como se estes a fossem perfurar a qualquer instante. Uma deformidade na pele da testa fazia parecer que o crânio se exporia, com a fenda que havia onde deveria existir pele sã. O lábio superior era muito inchado, e dificilmente aquele bebê conseguiria sobreviver, pois não parecia provável que pudesse sugar o seio de uma ama.

                Em meio ao burburinho e sussurros de “parece saído direto do Inferno”, “pobrezinho infeliz”, “o que faremos?”, uma voz se fez ouvir:

                - Com licença. – de imediato todos se afastaram para o arcediago Claudius Frollo, um sacerdote de trinta anos cujo semblante era austero e severo. O homem era exemplo de retidão e moralidade, e punia com severidade, para não dizer crueldade, os que agiam de forma imoral. Era temido e respeitado de igual modo, e todas as vozes silenciaram enquanto ele pegava a criança na pequena caixa aberta. Segurou-o nos braços e perguntou:

                - Qual é o problema, aqui? Ao acaso nada têm a fazer ou não sabem que destino dar aos órfãos?

                - Mas, Reverendo... – começou o diácono – parece uma cria do próprio Satanás!

                O som do tapa dado por Frollo no outro sacerdote ecoou por toda a catedral; com voz ferina, ele sibilou:

                - Ousa proferir blasfêmias dentro deste recinto sagrado?! Esta criança é marcada, de fato, mas a vida provém de Deus-Pai, Todo-Poderoso. E se Ele decidiu que este menino deveria ser marcado, algum motivo existe.

                - Mas que destino daremos a ele, Reverendo? – perguntou uma freira – nenhuma família o irá adotar.

                - Está certa, irmã – o sacerdote olhou melhor para o menino, que chorava de fome, ainda sujo de sangue seco – mas Nossa Senhora não rejeita socorro aos que lhe pedem. A Igreja será sua mãe. – Ele pegou o próprio manto e o enrolou no pequenino, para aquecê-lo, antes de coloca-lo nos braços da freira – alimente-o e aqueça-o. Se Deus nos enviou este pequeno, então o receberemos de braços abertos.

                - Quem assumirá responsabilidade por ele? – perguntou outra voz, indistinta na pequena multidão formada.

                - Eu assumirei. – disse o arcediago – e qualquer ato cometido contra o menino será um ato contra mim. Amanhã o batizaremos logo cedo, e serei seu padrinho. Tenham isso em mente, antes de se verem tentados a deixá-lo morrer de fome ou frio. – e assim dizendo, virou as costas para sair – e até onde me consta, todos têm algo a fazer. Quem não retomar seu serviço será, como sabe, castigado.

                A aglomeração se desfez como num passe de mágica. A freira encarregada do menino o levou para as clausuras, onde uma jovem noviça alimentou o deformado bebê embebendo um pano em leite morno e o levando à boca do pequeno que, apesar do lábio inchado, sugava avidamente cada gota.

                Quando o dia raiou, como determinara o encarregado da catedral de Notre-Dame, o menino foi batizado; a ele foi dado o nome de Aaron, mas, em sussurros, os demais tinham lhe atribuído apelido bem menos carinhoso: Quasímodo, cujo significado era “meio-formado”. E assim, por alguma estranha sorte do destino, a morte não levou aquele bebê. Ele viveria: viveria para se tornar um homem, e cumprir qualquer que fosse o destino para ele traçado.

               

Paris, 1482

               

                - Aaron, meu filho, ainda acordado? – perguntou Frollo, ao ver seu afilhado lendo à luz de velas. Já passava, certamente, das três da madrugada, e o mais jovem ainda não fora dormir.

                - Não tenho sono, Mestre. – respondeu ele, virando mais uma página do manuscrito. A luz das chamas bruxuleava na máscara preta que lhe cobria o rosto até a altura da boca, enquanto os olhos dourados, de uma beleza misteriosa e cativante, tinham a expressão de profunda concentração.

                - Ainda pensando sobre aqueles pecadores? – perguntou o atual juiz eclesiástico-mor, referindo-se aos dois hereges cuja confissão fora obtida. Embora criado sob os preceitos da Igreja, Aaron nem sempre parecia concordar com seus métodos.

                - Seus gritos nunca me saem dos ouvidos. – Ele fechou o livro e fitou seu padrinho, sério – por que me quis no corpo do Santo Ofício? Mal deixo a Catedral e, quando o faço, é para vir ao Palácio da Justiça. Meu único propósito é interrogar os prisioneiros e, para isso, existem pessoas mais qualificadas.

                - Não cabe a nós julgar o destino que Deus nos dá, rapaz. – respondeu o ancião, que se tornara um idoso magro e imponente, de cabelos prateados e semblante forte, em nada menos firme de espírito ou decisão do que o jovem que salvara o recém-nascido Aaron.

                - Deus, ou o senhor? – Ele nunca se satisfazia com as respostas de seu mentor, o qual, muitas vezes, irritava-se com a rebeldia do afilhado.

                - E como pretende servir a Deus, de outro modo, se não tomou as ordens finais de sacerdote? Com suas composições?

                - Estudei teologia, filosofia, li os textos clássicos da Grécia e de Roma. Toco órgão, flauta e harpa, conheço a arte da arquitetura, da escultura, do canto e da pintura. Certamente teria mais proveito em qualquer outra atividade. – Claudius revirou os olhos: era a milésima vez que tinham aquela conversa, naquela mesma sala privativa.

                - Francamente, Quasímodo – ele sabia o quanto o apelido irritava seu pupilo – Já tivemos esta conversa dezenas de vezes. Preciso de você, comigo, meu jovem. Sua presença nas confissões é essencial! Assim, sei que os interrogadores não se excederam, e que as confissões foram verdadeiras.

                - Sob tortura, qualquer um confessaria o que fosse.

                - Se você se dispusesse a usar melhor seus talentos de persuasão, não seria necessário torturar, seria? – ironizou Frollo. Aaron sabia incutir o terror nas pessoas. Com um metro e noventa de altura, ombros largos e corpo forte e esguio como um florete, devido ao esforço de tocar os sinos de Notre-Dame durante a adolescência, era por si só uma presença intimidadora. Além disso, sabia usar as palavras de modo a incutir medo, raiva, alegria ou esperança em qualquer um. Possuía olhos amarelos, hipnóticos, que por vezes atemorizavam até mesmo o juiz... Não houvesse ele criado o homem desde bebê, e poderia crer que se tratava de alguma espécie de demônio. Os prisioneiros costumavam tremer simplesmente ao ver a figura do mascarado, antes mesmo de verem seu rosto, o qual Aaron odiava expor.

                - Poupe-me de assistir aos interrogatórios, e arranco as confissões que quiser dos prisioneiros.

                - Sabe que a lei não funciona assim, meu caro. Um interrogatório tem suas etapas, e uma confissão nas celas seria invalidada no julgamento. Mas, se fizesse seu trabalho direito, como assistente de promotoria, os hereges assumiriam muito mais rápido seus pecados. – como sempre, Frollo invertera a situação, e fizera recair sobre os ombros de seu protegido a culpa pela tortura que o mais moço tanto abominava. A ele parecia algo absurdo, uma vontade de provar a culpa mesmo quando esta não existia. Frollo, porém, era da opinião de que um inocente jamais confessaria um crime não cometido, por piores que fossem seus sofrimentos. Uma questão alvo de frequentes discussões filosóficas e teológicas entre ambos. – Além disso, meu caro Quasímodo, seus métodos andam causando comentários. Hipnose pela voz... Alguns creem tratar-se de feitiçaria.

                - O senhor, mais do que ninguém, sabe que eu seria o último dentre os homens a compactuar com tal abominação! – protestou o mascarado, levantando-se de supetão – e sabe, também, que abomino a alcunha que me foi dada.

                - Ah, certo, Aaron – o juiz esfregou as mãos – não prolonguemos esta conversa maçante. Volte a sua leitura, filho, e tranquilize seu espírito: fazer a obra de Deus nem sempre é prazeroso, mas, ainda assim, ela deve ser feita. Penitencie-se, se acha que cometeu algum pecado, e acalme seu coração, pois tudo o que é feito no calabouço é em prol da salvação das almas daquelas pobres criaturas sem Deus. – os lábios finos do idoso se curvaram num sorriso que sempre parecia cruel – as dores que passam na terra são ínfimas, se comparadas ao eterno fogo do Inferno, no qual queimariam se morressem em pecado, sem confessar e se arrepender de seus crimes.

                Aaron revirou os olhos; conversa tão inútil quanto sempre. Frollo era um homem inteligente, mas fanático. Não usava a razão para argumentar, e sim, os princípios da fé, dizendo que questioná-los era um ato blasfemo. O mais jovem, porém, mesmo possuindo grande fé em Deus, possuía pouca no homens, e tinha dúvidas quanto a se tudo o que a Igreja fazia realmente era a vontade de Deus, ou apenas de seus líderes que, por mais santos que se proclamassem, eram apenas homens de carne e osso. Esses pensamentos, contudo, guardava apenas para si, pois apenas proferi-los seria motivo bastante para uma condenação à fogueira. Contudo, pelo menos para algo servira o diálogo: estava com sono.

                Levantando-se, ele fechou o livro e apagou as velas, indo para seu quarto no Palácio da Justiça. Era um espaço não muito grande, mas certamente maior do que as celas de dormir da maioria do sacerdotes; a cama era grande e confortável, com dossel branco e lençóis da mesma cor. Sobre o leito, um crucifixo pequeno, enquanto havia, do lado direito do recinto, um altar aos pés da grande cruz de madeira. Com uma única janela estreita, era um ambiente bastante claustrofóbico, para Aaron, mas ele jamais se queixaria das graças que havia recebido. Era muito mais do que alguém com seu rosto poderia esperar.

Em silêncio, ele se ajoelhou e fez suas orações aos pés da cruz, antes de se deitar. Apenas esperava não ter pesadelos, pois muitas vezes os rostos e as vozes de suas vítimas voltavam para aterrorizá-lo, na escuridão de seus sonhos.

 

*

 

                Aaron retirou seu capuz ao entrar na Catedral; a suave luminosidade colorida proporcionada pelos vitrais sempre o acalmava, e a imponência dos altos pilares de pedra, com seus capitéis trabalhados e arcos elevados trazia uma sensação de elevação e purificação. Ali, ele encontrava a paz e tranquilidade que seu trabalho na Inquisição lhe negava. Fosse na nave central, no deambulatório, na sacristia, ou mais acima, no campanário, onde fizera sua morada tão amada no enorme vão sob os sinos...

Quando se afastava do horrível Palácio da Justiça, ia direto a seu campanário, onde por anos fora o sineiro. Conhecia aquela catedral como a palma da própria mão e, do alto das torres, oculto do mundo, ele vira a cidade e suas pessoas, sonhando em, um dia, ser apenas normal. Ali haviam sonhado um garotinho, um adolescente, um homem... Sonhado com a luz, com a liberdade, com a felicidade... Com uma vida normal. Com um rosto normal. Pois se os outros não o feriam, era apenas porque não podiam, devido à proteção de Claudius. Mas ele jamais seria amado; apenas temido. Nunca amado, sempre escarnecido, como ainda era por “colegas de serviço”, quando estes pensavam que não estava ouvindo...

                Subiu até o topo de uma das torres, de onde podia ver o rio, e a cidade que se estendia além: ali, sentia como se quase pudesse voar, abraçar os céus, o Sol e o vento! Ali, sentia-se em seu santuário. Com um sorriso, acariciou uma das gárgulas de pedra e perguntou:

                - Como está, Victor? – quando menino, sem amigos para brincar, por ser enxotado e apedrejado pelas outras crianças, transformara as gárgulas em suas amigas, e nomeara cada uma, assim como os sinos. Hoje, ria-se disso, mas tomara-se verdadeiramente de carinho por aqueles objetos, que pareciam compreendê-lo melhor do que seu próprio padrinho. Mas não fora para olhar o Sol que ele viera até a Catedral, afinal...

De coração pesado, desceu as escadas em espiral e foi até o confessionário, ajoelhando-se ao lado do cubículo:

                - Perdoe-me, padre, pois eu pequei. – disse, em voz baixa. De dentro do confessionário veio a voz do arcediago Lucius:

                - Quais foram os pecados que cometeu, meu filho?

                - Questionei os atos de meu padrinho e superior. Em minha mente, questiono as regras que nos são impostas, e penso se vêm de Deus, ou apenas dos homens. Às vezes, sinto que não possuo a fé que deveria...

                - Não há um verdadeiro crente que não tenha passado por uma crise de fé, Aaron. – a voz do homem, um senhor de cerca de cinquenta anos, era serena e compassiva – Está perdoado por seus pecados. Vá e ore por orientação e iluminação.

                Levantando-se, o homem de máscara preta, vestes negras e cabelos castanho-escuros seguiu em direção à estátua de Nossa Senhora, pela qual nutria especial devoção e, de mãos postas, rezou em seus pensamentos.

                Foi tirado de sua contemplação por algo diferente do que se ouvia naquela catedral: um canto feminino, despretensioso e, ainda assim, cheio de uma beleza pura e simples.

- Ave Maria (Ave Maria)
Pardonne-moi (perdoe-me)
Si devant toi (Se diante de ti)

Je me tiens debout (Mantenho-me erguida) – Aaron se voltou, e o que viu foi uma jovem moça, cabeça coberta por um pano branco, simples, de roupas gastas, mas bonitas, cuja pele não era clara como a dos franceses, mas morena como a de um mouro. Os cabelos eram uma massa ondulada de fios negros como a noite, e os olhos pareciam dois faróis esverdeados, profundos, límpidos e penetrantes, no momento inundados de adoração e reverência. Tão linda, com uma face tão pura e angelical que, por um segundo, o homem questionou a si mesmo se estaria vendo um anjo! Ela, porém, estava alheia ao fato de ser observada, e talvez sequer percebesse que fazia sua prece na forma de uma canção, e não em silêncio:

Ave Maria
Moi qui ne sais pas me mettre à genoux (Eu, que não sei me ajoelhar)

Ave Maria

Protège-moi (proteja-me)
De la misère, du mal et des fous (da miséria, do mal e dos loucos)
Qui règnent sur la terre (que reinam sobre a terra)

                Aaron, conhecido por muitos como A Sombra, devido a sua capacidade de passar por despercebido, como se fosse invisível, chegou mais perto para observar a moça, fascinado pela pureza de seu semblante e pela singeleza da prece:

                - Ave Maria

Des étrangers il en vient de partout (os estrangeiros vêm de todos os lugares)

Ave Maria

Écoute-moi (escuta-me)

Fais tomber les barrières entre nous (derrube as barreiras entre nós)

Qui sommes tous des frères (que somos todos irmãos)

                Ouvindo o leve sotaque dela, vendo a roupas que a moça usava, observando sua postura e suas ações, o homem compreendeu: tratava-se de uma cigana. Mas como podia uma pagã, uma daquelas a quem seu mestre lhe ensinara a desprezar e temer como bruxas, ser tão bela, tão suave e doce? Ela parecia uma brisa fresca de primavera, de olhos fechados naquela meditação profunda.

                - Ave Maria

Veille sur mes jours et sur mes nuits (Vela por meus dias e noites)

Ave Maria

Protège-moi (Proteja-me)

Veille sur mon amour et ma vie (Vela por meu amor e minha vida)

Ave Maria... – Ao término de sua canção, ela abriu os olhos, aquelas esmeraldas puras, e acendeu uma vela aos pés da imagem da santa. Com um sorriso, ajeitou melhor o véu sobre o rosto e, quando virou-se para sair, deparou-se com o homem moreno, alto e intimidador. Já o vira algumas vezes, mas somente acompanhado do Juiz Frollo: era seu homem de confiança, ao que parecia... E só por isso ela já o temia! Pois sendo mulher, solteira, cigana... Simplesmente TUDO seria um motivo para leva-la aos calabouços da Inquisição!

- Por favor, Monsieur, eu... Eu... – ela gaguejou, sem encontrar palavras e, quando Aaron se aproximou, afastou-se depressa – por favor, eu estava apenas orando! Não fiz nada de errado! – Não desembainharia sua faca dentro da igreja, e menos ainda contra um membro da Inquisição, o que seria sentença certa de morte.

- Eu sei. – disse o mascarado – não tema, não vou lhe fazer mal. Apenas ouvi suas preces, e havia grande beleza em seu cantar.

Tímida, ela corou e baixou o olhar: aquele era A Sombra! Um dos homens mais perigosos de seu tempo! E ainda assim, ele a elogiava e parecia quase... Manso? Ah, não, não, não! Ela era uma cigana, e ele, um Inquisidor! Era o suficiente para saber que devia teme-lo! Apavorada, obrigou-se a soar firme quando disse:

- Tenho de ir. – Por um momento ele fez menção de segurar-lhe o braço e pedir que ficasse, mas não o fez. E assim, a bela e jovem cigana desapareceu porta afora, para sua vida errante, deixando Aaron apenas com duas lembranças: uma voz de anjo, e dois olhos de sereia que pareciam tê-lo ferido mais do que uma facada.


Notas Finais


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