Cena 01 – Fazenda Ribeiro – Tarde.
Bete estava de luto e procurou-se acalmar olhando para a paisagem da fazenda através da janela do quarto. O céu estava com um tom rosado e o sol se afastando cada vez próximo as montanhas.
- Eu penso que uma das piores coisas da vida é perder uma pessoa que você tanto ama. É tão horrível a sensação de saber que a gente nunca mais vai vê-lo novamente! Aquele sorriso e um carisma incontestável. Ele era um homem maravilhoso! – Disse Bete fechando a janela.
Luísa bateu na porta e em sua expressão havia uma calma inabalada.
- Está precisando de alguma coisa? – Perguntou ela.
- Não, Luísa! Estava aqui se lembrando do José, eu ainda não acredito que ele nos deixou! – Disse Bete.
- É assim mesmo, minha querida! O destino de todos nós! – Disse Luísa se aproximando.
- Eu só queria mais um pouco de tempo, ele nem vai conhecer a nossa filha! – Disse Bete chorando.
- Está tudo nos planos de Deus! – Disse Luísa abraçando Bete.
Cena 02 – Casa de Cláudia – Tarde.
Guilherme e Cláudia estão aos beijos, os dois estão nus sob a cama e cobertos por um lençol. Ela sorri ao olhar apaixonadamente para o rapaz.
- Às vezes eu paro e fico pensando se isso é mesmo verdade. Eu tenho você de volta! – Disse Cláudia.
- É verdade que você nunca parou de pensar em mim? Eu fui embora daqui a tanto tempo! – Questionou Guilherme.
Cláudia pega a mão do amado e encosta-se a seu peito.
- Está sentindo? Esse coração sempre bateu por você! – Disse Cláudia.
- Eu gosto de você Cláudia e estou feliz por estar aqui do seu lado. Eu garanto que não deixarei mal algum acontecer com você! – Disse Guilherme.
Alguém bate constantemente na porta e Cláudia ouve.
- Chegou alguém! – Disse ela.
- Não, espera que vai embora! – Pediu Guilherme.
Os dois se beijam e ela continua sorrindo devido a felicidade que está sentindo.
Cena 03 – Fazendo Ribeiro – Varanda – Tarde.
A porta recebe um feixe de luz e Bete acredita ver a imagem de José Fernando. Ela corre para a varanda e não encontra ninguém. Começa a tocar “Everything I Do de Bryam Adamns” e lágrimas escorrem de seus olhos. A ventania atinge as árvores fortemente e alguns pássaros sobrevoam a fazenda. O sol ainda brilha do lado de fora e Bete continua parada diante a escadaria da fazenda.
Cena 04 – Fazenda Ribeiro – Cozinha – Tarde.
Luísa chega à cozinha e encontra sua companheira Maria Francisca encostada na parede.
- Quer desabafar comigo? – Perguntou Luísa.
- Eu não sei se vou conseguir viver nesta fazenda depois de tudo que aconteceu aqui, eu o amava demais! – Disse Maria Francisca.
- Francisca, isso não é hora agora, a Bete está sofrendo! – Disse Luísa temendo o pior.
- Eu não posso negar os meus sentimentos, preciso colocar para fora o que estou sentindo, parece que há um vazio em mim! – Disse Francisca.
- Eu não quero participar disso, Francisca! Eu gosto muito de você, mas eu não quero ser conivente com nada! – Disse Luísa.
- Foi apenas uma noite, a dona Lorena tinha ido ao médico, longe de Novo Horizonte e estava bêbada com o José! – Contou Francisca.
- Por favor, não precisa dizer mais nada, já me contou essa história tantas vezes e agora temos que nos preparar para o funeral! – Disse Luísa.
- Eu sempre amei o José! – Disse Maria Francisca.
Bete passava perto da cozinha e ouviu o final da conversa.
- Eu tentarei ligar mais uma vez para a Cláudia! – Disse Luísa saindo. Bete se escondeu da empregada e estava surpresa com o que acabara de ouvir.
Cena 05 – Casa do Prefeito – Noite.
Lucrécia parece nervosa e anda de um lado para o outro segurando o telefone em uma das mãos.
- Onde será que a Cláudia se meteu numa hora dessas? – Questionava a primeira-dama.
Jorge acabara de entrar e estava acompanhado de Thiago e Isabel.
- Conseguiu falar com sua prima? – Perguntou Jorge.
- Está caindo na caixa postal, eu vou de novo à casa dela, o pai da Cláudia morreu e ela tem que saber! – Disse Lucrécia pegando a bolsa e saindo.
Isabel olhou para o noivo e para o pai e saiu deixando os dois sozinhos.
- Thiago, eu preciso falar com você! – Disse Jorge.
- Se for sobre aquele assunto, eu não quero me envolver! – Disse Thiago se sobressaindo.
Cena 06 – Casa de Cláudia – Noite.
Cláudia está de roupão e abre a porta para Lucrécia.
- Prima, eu tenho uma novidade, eu nunca transei tão bem na minha vida como hoje! – Disse Cláudia vibrando.
- Você bebeu? – Perguntou Lucrécia seriamente.
- O que foi que aconteceu? Você me visitando e com esse jeito tão sério. – Questionou Cláudia tomando mais um copo de uísque.
- Eu te liguei várias vezes! – Disse Lucrécia. – Ele está aí? – Perguntou ao olhar para o corredor que dava para o quarto.
- O Gui costuma sumir em um piscar de olhos, mas ele volta! – Disse Cláudia.
- O assunto é sério, o tio José está morto! – Disse Lucrécia.
- O que foi que você disse? – Perguntou Cláudia soltando o copo no chão.
- A Luísa me ligou, ela tentou muitas vezes falar com você, mas o celular e o telefone não funcionavam. Cláudia, o teu pai está morto! – Disse Lucrécia.
Cláudia parou e começou a sorrir.
- Não estou acreditando, então, eu estou rica? – Questionou ela.
- Como pode ser tão fria? O Seu pai está morto! – Disse Lucrécia.
- Não vem com essa para cima de mim, eu te conheço muito bem! O Papai e eu não nos dávamos bem e você sabe disso muito bem! – Comentou Cláudia.
- E agora o que vai fazer? – Perguntou Lucrécia.
- Ué, tenho que abrir meu closet e procurar o melhor vestido para a cerimônia. Melhor ainda será no dia da posse de tudo que me pertence, o que me é de direito! – Disse Cláudia.
Cena 07 – Fazenda Ribeiro – Dia.
O funeral de José Fernando está pronto e o caixão se encontra na sala do casarão. Bete sai do quarto e espia por pouco tempo o corpo do falecido marido.
- Finalmente consegui falar com a Cláudia! – Disse Luísa para Bete.
- E será que ela se importa? Ela nem deu as caras! – Disse Bete.
- Ela disse que estava sem condições e tomou remédio para dormir para ter coragem de vir antes de o pai ser velado! – Respondeu Luísa.
- Eu não me importo com a Cláudia, só não vou a deixar fazer o showzinho dela! – Disse Bete.
- Você sabe que estou do seu lado! – Disse Luísa. – Tem muita coisa que não aprovo na Cláudia Odete!
- Imagino, afinal, trabalho para ela há tanto tempo! – Disse Bete.
Cena 08 – Estrada – Dia.
Guilherme está dirigindo o carro e Cláudia está retocando a maquiagem no banco do carona.
- Você me espera no carro, eu não gosto de funerais! – Disse Cláudia.
- Cláudia, é o velório do seu pai! – Disse Guilherme.
- Às vezes penso que ele já foi tarde demais, vivia controlando meus passos, meu dinheiro e agora será tudo meu! – Disse Cláudia.
- Tudo seu? – Questionou Guilherme interessado.
- Eu só vou ter um pequeno trabalho, expulsar aquela prostituta que ele colocou para dentro de casa e diz esperar um filho dele! – Disse Cláudia.
- Bem, dinheiro nunca é demais! – Respondeu Guilherme.
- Quem sabe você não pode me ajudar, mas ainda não é a hora certa, você fica no quarto, mas não some! – Disse Cláudia beijando Guilherme.
- Eu ficarei aqui te esperando! – Respondeu Guilherme.
Cena 09 – Fazenda Ribeiro – Sala – Dia.
Lucrécia e Jorge se aproximam de Bete para prestar solidariedade.
- Meus sinceros sentimentos! Imagino que esteja passando por um momento muito difícil! – Disse Lucrécia.
- Eu vou ficar bem, mas obrigada! – Disse Bete.
- Quero que saiba que se precisar, pode contar comigo e com a Lucrécia! – Disse Jorge.
- Obrigada, mas não preciso de nada! – Disse Bete dando as costas e indo em direção à cozinha.
Cena 10 – Fazenda Ribeiro – Cozinha – Dia.
Maria Francisca não consegue suportar e cai em lágrimas diante do balcão. Bete entra e a vê sofrendo por causa do José.
- Gostava tanto assim do José? – Perguntou Bete.
- Dona Bete! – Disse Francisca. – É claro que eu gostava, o José Fernando foi um ótimo patrão e homem como ele não existe mais!
- Maria Francisca, eu ouvi a conversa entre você e a Luísa. Eu sei que sentia algo por ele! – Disse Bete.
- O que a senhora está dizendo? Eu e o José éramos apenas próximos, ele sempre me confidenciou algumas coisas, ele confiava em mim! – Disse Francisca.
- Entendo Francisca! Mas não precisa mentir para mim, você o amava tanto que chegou a me detestar, essa é a verdade, não é? – Questionou Bete a Maria Francisca.
Cláudia entrou no mesmo momento.
- O que foi essa piranha disse? Responde Francisca! – Exigiu Cláudia.
Continua...
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