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História Bem Vinda ao seu melhor pesadelo - A maldição dos anjos


Escrita por: RyusthLunyia

Notas do Autor


Olá! Desculpem a demora, eu estava no Eldarya me desesperando por não ter conseguido a imagem do evento ainda :'D kkkkkkkkkkkkkkkk (cada 'k' é uma lágrima)
Bom, para compensar a demora o capítulo está maior que o de costume.
Boa leitura! ^^

Capítulo 25 - A maldição dos anjos


 

 

      Uma semana havia se passado desde que eu encontrara Valkyon e Nevra em meu mundo. Nesse tempo todas as manhãs eu acordava com dois homens me agarrando, e passava minhas noites ouvindo discussões entre o elfo e o vampiro. Era exaustivo aguentar toda aquela confusão em casa, mas eu ficava feliz por ter um pouco de agitação na minha rotina.

   - Você está com uma cara de cansaço... – Mikaela comentava cutucando minha bochecha, logo a cara confusa se transforma em uma cara maliciosa. – Você tem passado as noites em claro hein...?

   - É, ouvindo discussões de dois idiotas.

   - Você está com dois homens em casa? – indignada ela retrucava.

   - Três. – eu a corrigia.

   - Por que você não para de ser pão dura e passa a dividir os homens que chovem na sua horta? – mais uma vez ela me lançava ditados ou palavras estranhos, eu como sempre ria.

   - Porque não está chovendo homem na minha horta. – eu cutucava a testa dela. – Eles são amigos.

   - Aham... Sei... “Amigos”. – ela fazia sinal de aspas com os dedos, ao ver seu semblante de malícia eu encaro o céu por alguns segundos.

   Após sairmos da faculdade eu me despeço de Mikaela e sigo direto para casa. Estava cansada, a semana mal havia começado, tinha tantos trabalhos pra fazer e o fim do ano se aproximava, tantas coisas pra pensar e tão pouco tempo.

   Chego em casa me perdendo em tantos pensamentos que nem vejo o quão rápido havia percorrido o trajeto. Tiro as chaves do bolso da blusa e as posiciono na fechadura, quando ia girar as chaves ouço um estrondo vindo de dentro da casa.

   O som se assemelhava a um jarro de vidro sendo arremessado. Por um momento a ideia de minha casa ter sido invadida vem a minha mente. Giro as chaves devagar, e entro com cautela. Assim que coloco minha cabeça dentro de casa percebo que Valkyon e Nevra estavam sentados na sala, seus rostos transmitiam preocupação, cacos de vidro estavam presos na parede e espalhados pelo chão ao lado do sofá.

   - O que aconteceu aqui? – eu perguntava com a voz falha, tinha medo da resposta.

   Nevra passa por mim sem dizer uma só palavra, suas roupas não pareciam que iam suportar o frio da neve que caia.

   - Acho melhor você conversar com eles. – Valkyon suspirava nervoso, sua paciência era incrível.

   Eu assinto temerosa, não tinha a menor ideia do que diabos acontecera na minha ausência, mas daria um jeito de concertar tudo. Subo as escadas em silêncio, abro a porta de meu quarto e vejo que Ezarel estava sentado na beirada da cama.

   O elfo apoiava a cabeça nas mãos, os cotovelos na perna, eu não conseguia ver seu rosto, e não precisava, o clima do ambiente me dizia que era péssimo.

   - Ezarel? – o chamo quase num sussurro. Ele me olha assustado, estava tão concentrado em seus pensamentos que nem me ouvira chegar.

   - O que você quer? – mesmo a pergunta parecendo um pouco rude o tom de voz usado era calmo e compreensivo, era contraditório com sua expressão.

   - Saber o que aconteceu.

   - Não é nada demais.

   - Então porque está assim se não é nada demais? – eu retrucava elevando minha voz. Ele respira fundo e solta um longo suspiro.

   - Valkyon acha que temos que voltar, eu concordei com ele em certas coisas, mas disse que não voltaria sem você.

   - O que tem de tão ruim nisso?

   - Nevra me confrontou sobre... – ele hesitava, a cada segundo que ele enrolava pra falar meu coração apertava. – Certos cheiros que estão em você...

   Eu cheirava minha blusa, debaixo dos braços e nas mangas, apenas para confirmar se havia mesmo algum cheiro forte. A única coisa que consigo sentir era o cheiro do perfume que eu costumava usar.

   - Não seja idiota, você não vai conseguir sentir o mesmo cheiro que ele sentiu.

   - Okay, ele te confrontou, e?

   - Ele ficou putinho da vida dizendo que eu abusei de uma humana e que tínhamos que voltar imediatamente.

   - Abusou?! – repetindo aquela palavra eu ficava estagnada no mesmo pensamento, que se resumia na própria palavra.

   - Ele quer me levar de volta pra Eldarya para me deixar longe de você, ele está com ciuminho e não aceita o fato –

   - Abusou?! – eu repetia a mesma coisa em tom mais alto.

   - É... Você está acompanhando?

   - Estou, continua. – eu dizia tentando tirar minha cabeça da palavra.

   - A brilhante ideia dele é que ele fica aqui por mais um tempo para tentar descobrir o que houve com você, enquanto eu e Valkyon voltamos e reportamos para Miiko tudo o que aconteceu.

   - Quais são as desculpas dele para ele ficar? – cansada de ficar em pé eu me sentava ao lado de Ezarel.

   - Ele diz que por se parecer um pouco mais com um humano ele consegue se disfarçar melhor e te proteger melhor com isso. – ele solta um rosnado e farfalha os fios azulados. Mesmo eu sendo tão lerda como de costume eu havia entendido as intenções de Nevra. – Aquele vampirinho de merda descobriu que transamos e agora ele quer me tirar da jogada me mandando de volta pra Eldarya.

   - Você fala como se estivessem numa aposta... – eu cruzava os braços e direcionava meu olhar para o chão. Realmente parecia que eu era o prêmio de alguma coisa entre eles, isso me revirava o estômago.

   - Não seja idiota. – ele pegava meu queixo com delicadeza e virava meu rosto para ele, assim ele deposita um beijo em meus lábios. –Ele só está com ciuminho.

   - Falando assim até parece que certo alguém não tem ciúmes... – enfatizava o “alguém” como indireta para o elfo, ele sorri de modo travesso e murmura algo que não entendo.

   - Ele esta achando que porque te beijou primeiro ainda tem chances de ter você... – ele soltava num deboche, eu rio e reviro os olhos.

   Eu tinha que criar uma saída pra situação, se tudo aquilo continuasse os dois poderiam acabar se matando. Eu pensava em várias possibilidades, nenhuma me parecia a mais sensata, algumas não eram viáveis e outras nenhum deles aceitaria.

   Uma solução me vem a mente, se fosse isso mesmo... Seria a coisa mais difícil que eu teria que fazer...

   - Eu vou falar com Nevra... – eu abaixava minha cabeça e ia rumo a porta.

   - O que?!

   - Vocês vão voltar para Eldarya. – soava como uma ordem, tinha que manter a postura, caso contrário eles nunca me ouviriam.

   - Eu já disse que não vou sem-

   - Vai sim! – ele tentava me agarrar pelo braço, mas eu o puxava de volta. Cerrava os punhos, não era fácil dizer aquilo, seria ainda mais difícil me despedir e conviver com o fato de que provavelmente nunca mais o veria de novo. – Vocês voltam para Eldarya assim que possível.

   Sem esperar uma contra resposta eu saio do quarto e vou a procura de Nevra, a cidade não era grande, porém eu tinha que procurar um vampiro, no frio, sem ter a mínima ideia de onde ele poderia estar. Começo a andar e solto um suspiro entristecido. Procuraria por Nevra perto de minha casa a principio, caso não o encontrasse eu... Sequer podia imaginar o que faria.

   Para minha sorte ele estava na ponte que passava pelo rio no parque próximo a minha casa. Me aproximo devagar, tento não fazer barulhos para não o assustar, quando abro minha boca para dizer algo ele se adianta e diz primeiro.

   - É verdade...?

   - Eu não sei... – uma pequena pausa, fico ao seu lado e me apoio no corrimão do mesmo jeito que ele. – A que se refere?

   - Você e o Ezarel... Vocês realmente... – ele não conseguia pronunciar qualquer coisa relacionada a sexo no momento, sua expressão era de nojo para o que tínhamos feito.

   - É sim. – eu evitava o encarar, ficava olhando nossos reflexos no rio congelado. Tudo o que se passava na minha cabeça era que Nevra sentia asco de mim, de Ezarel, e isso provavelmente nunca mais mudaria.

   Ele soltava um suspiro, apoiava sua testa nas mãos cruzadas e fechava o olho. Abaixo ainda mais meu olhar vendo sua expressão refletida, eu queria apenas sair dali, deixá-lo só, em minha concepção era o mais certo a se fazer.

   - Sinto muito... Você...– eu não conseguia dizer nada além de “sinto muito”, não sabia o que dizer pra acalmá-lo. – Vou deixar você sozinho.

   Eu me retirava dali, pisando com dificuldade por causa da neve que cobria meus pés. Paro de andar quando sou surpreendida pelo vampiro segurando meu braço. Ele apertava meu casaco e mantinha a cabeça baixa.

   - Desculpe... Eu só não... – ele parava tentando encontrar as palavras certas. – Só não queria imaginar que estraguei tudo...

   - Ainda somos amigos, não? – eu perguntava um pouco receosa da resposta que poderia receber.

   - Claro... Mas eu queria algo mais.

   Me deixo corar com sua “declaração”. Ponho minhas mão sobre a sua e assim ficamos por um tempo.

   - Nevra eu- sou cortada.

   - Sinto muito, deixei o ciúme tomar conta. – eu podia ver suas bochechas vermelhas. Imaginava que aquela vermelhidão também se devia ao frio. Ele solta um suspiro cansado para logo continuar. – Eu prometo que vou me controlar.

   Sem precisar mais do que isso eu aceno de cima pra baixo com a cabeça.

   - Temos que voltar ou você vai resfriar. – ele beijava minha testa e andava na frente. Eu vi seu olho levemente inchado e vermelho.

   - Nevra. – assim que escuta seu nome para de andar e se vira para olhar pra mim. – Você vai voltar para Eldarya.

   - O que?

   - Você, Ezarel e Valkyon vão voltar e o mais rápido possível. – eu fazia de tudo para manter a calma. – Eel não pode ficar sem três dos quatro líderes, Miiko precisa de vocês.

   - Mas e se a bruxa de prata vier atrás de você?

   - Ela não vai vir. – eu tinha certeza de que não viria, ela procuraria vítimas mais fáceis do que eu.

   - Como pode ter tanta certeza?

   - Ela fez a mesma coisa com Rosemary, está fazendo isso comigo, me isolando, é o plano dela, isolar as vítimas para que nunca voltemos a atrapalhá-la.

   Ele fica pasmo, estalo os dedos na frente de seu rosto, porém ele continuava em seu transe.

   - V-Você a conhece?

   - Sim.

   - Onde ela está?

   - Na clinica psiquiátrica de Saint Louis, eu fui visitá-la há algum tempo.

   - Quero vê-la antes de partir, ela pode nos dizer algo que nos ajude a te levar de volta a Eldarya... Pode me levar lá?

   - Claro...

 

 

(...)

 

 

   Caminhávamos rumo a clínica que Rosemary estava. Ezarel não tinha ficado nem um pouco contente de me ver chegar em casa com Nevra, ignoro isso, não podia ficar fazendo tudo de modo perfeito.

   - Quem gostaria de visitar senhorita?

   - Rosemary Strudle.

   - É algum parente?

   - Não.

   Após as mesmas perguntas da outra vez o portão se abre e seguimos para dentro do prédio. Logo somos guiados até o quarto que Rosemary residia.

   - Oh, é a garota da outra vez. – ela sorria para mim.

   - Oi Rose. – eu a cumprimentava. – Dessa vez eu vim acompanhada... – os rapazes entravam no quarto.

   Por que todos os três decidiram vir? Bom...

 

   - Você e Nevra, sozinhos, num lugar que fica sabe-se lá onde, enquanto eu fico aqui? – Ezarel ironizava. – Só por cima do meu cadáver.

   - Eu posso providenciar isso. – o vampiro ameaçava.

   - Nós não vamos pra um motel, vamos para um centro psiquiátrico.

   - Só se for pra te internar, você deve estar completamente louca se acha que vou te deixar sozinha com ele! – ele continuava protestando da forma mais escandalosa possível.

   - Como eu já disse posso providenciar sua exigência! – Nevra rosnava como um cão enfurecido, Ezarel não se deixava intimidar.

   - Nevra! – chamo sua atenção para as atitudes que voltavam a sair do controle.

   - Desculpe.

   - Vocês são dois idiotas... – eu balbuciava sem paciência pra toda a cena.

   - Roullyne, acho melhor levar os dois. – Valkyon sugeria.

   - Eles não param de brigar, podemos ser expulsos de lá.

   - Então eu vou junto para manter esse dois quietos. – ele dava um soco na cabeça de cada um.

 

   E é por isso...

   - Rosemary... – Nevra chamava receoso.

   - Nevra?! – ela arregalava os olhos. – É mesmo você?

   - Sou eu Rose. – Nevra se agachava para ficar a altura da mulher, ela colocava suas mãos no rosto do vampiro que cobria com as suas as mãos enrugadas dela.

   - Você cresceu tanto... – lágrimas surgiam nos cantos de seus olhos lilás. – O que aconteceu com seu olho?

   - Eu o dei em troca de um Black Gallytrot.

   - Então você finalmente domou um. – a alegria enchia o rosto dela, eu me contagiava com seu ânimo. – Você está tão grande... E como está Karenn?

   - Ela está bem, mas... Rose... Precisamos de ajuda.

   - Em que? – o vampiro mirava seu olhar para mim.

   - Precisamos voltar para Eldarya, e Roullyne quer ir conosco, mas o portal não funciona com ela.

   - Roullyne? – ela indagava como se lembrasse de algo.

   - Da última vez que vim aqui você disse que eu havia sido selada pela bruxa de prata, assim como você. – eu me sentava na poltrona a sua frente. – Como posso desfazer esse selo?

   - Eu não sei. Nunca fui capaz de desfazer esse selo, muito menos encontrar alguém que fosse.

   - Você conhece alguma maneira que possa ser viável? – Valkyon perguntava.

   - Quem são vocês? – ela se dirigia ao faeliano e o elfo. – Aastan?

   - Sou o filho dele, Ezarel. – ele respondia com desgosto na voz.

   - Valkyon. – ele se limitava a dizer seu nome.

   - Vocês devem ser os novos líderes das guardas...

   - Rose, concentração. – eu estalava os dedos chamando sua atenção ao que realmente importava.

   - Sinto muito, mas eu não conheço nenhuma outra maneira de voltar... – ela parecia esconder algo, talvez a única maneira que ela conhecesse fosse perigosa demais, ou não pudesse mais ser usada.

   - Por favor, Rosemary, tente se lembrar de alguma coisa. – eu ia em direção a ela ficando ajoelhada e pegando sua mão.

 

   Sou transportada para uma rua bem familiar, vejo crianças brincando no quintal, ouço barulho de brinquedos e risos.

   Eu reconhecia aquele lugar, era o orfanato onde eu cresci, conhecia muitos dos rostos que via correndo. As crianças desaparecem, o céu fica escuro e uma mulher se aproxima do orfanato segurando um cesto enorme, dentro dele parecia ter duas crianças pequenas.

   Com cuidado ela colocava o cesto em frente a porta, e acariciava as duas crianças que estavam lá. A mulher tinha cabelos rosa ondulados bem compridos, uma marca que rodeava seus olhos e se juntava na testa e roupas novas.

   Ela faz um sinal com as mãos e um brilho aparece na testa das duas, e depois desaparece, a marca parecia uma lua entre duas asas.

   - Sinto muito, minhas anjinhas... – ela chorava ao deixar as duas garotas ali. – Adeus.

   Quando ela se vira por um instante ela para de andar e olha fixamente para frente, parecia que ela me fitava, logo ela volta a andar e chorar.

 

   Eu me afasto bruscamente recolhendo minha mão, deixo minha respiração descompassar e minha garganta soltar um grunhido. Eu estava com os olhos arregalados.

   - Roullyne, você está bem? – Ezarel me perguntava preocupado, até mesmo Valkyon me olhava estranho.

   - O que aconteceu com elas?

   - Com quem? – Nevra perguntava.

   - O que você viu?! – a velha parecia começar a se zangar.

   - O que era aquela marca na testa delas?! – eu ainda respirava rápido e sem ritmo.

   - Você viu? Como pôde ver a marca sendo que você é apenas uma... – ela arregala seus olhos.

   - O que aconteceu com as garotas? – eu perguntava entre dentes.

   - A mais nova sugou toda a vida da mais velha, a matando lentamente e da forma mais dolorosa possível.

   - O que...

   - A mais velha tinha sangue humano, enquanto que a mais nova tinha sangue de anjo. – uma pausa, aquilo fazia a tensão aumentar. – Anjos não são criaturas da paz como os humanos pensam, são criaturas que carregam a marca da morte desde que nascem, tem um poder destrutivo maior que o de uma bruxa.

   - Mas...

   - Todos os anjos nascem em pares, apenas um sobrevive! Um suga a força do outro até atingir certa idade, anjos fazem isso para sobreviver.

   - Não...

   - Anjos matam para sobreviver, mesmo depois de velhos. Eles sugam as energias das pessoas ao seu redor para se tornarem fortes. – ela fazia outra pausa, raciocinava algo, já que seus olhos estavam inquietos. – Você é um anjo... Por isso a bruxa de prata estava atrás de você, e agora você quer vingança contra ela.

   - N-Não, não é isso... E-Eu apenas...

   - Você não pode voltar estando selada! Você não tem poder para fazer nada contra ela.

   - Eu não quero vingança, eu apenas- sou interrompida novamente.

   - Aceite seu destino, você nunca mais voltará a Eldarya! Nunca!

   A velha começava a dizer coisas sem sentido, insultos e delírios como se fossem previsões de um futuro para mim. Os enfermeiros logo entraram no quarto já percebendo a confusão que se formava, com tanta coisa na cabeça eu corro para o lado de fora com lágrimas de puro ódio se formando nos olhos.

   - Roullyne! – Ezarel corria atrás de mim, assim que me alcança ele me puxa pelo pulso.

   - E-Eu...

   Ele me trazia para seu peito e afagava meu cabelo, estava estampado que ele não sabia o que dizer e por isso se limitava a me abraçar. Ali eu chorava, no conforto de seus braços eu me permitia descarregar toda minha raiva.

   - Eu quero voltar com vocês Ezarel, mas não para matar alguém. – embargada e entre soluços eu soltava as palavras, ele me abraçava ainda mais forte.

   - Rosemary é um anjo famoso em Eldarya, mas está claro que sua era já se passou.

   - Não ligo para o que ela diz. – eu me separava dele. – Eu quero dizer... Eu quero saber mais sobre mim, e...

   - Se quer isso tem que parar de acreditar em tudo o que as pessoas te dizem. – ele sorria tentando acalmar a situação.

   - Eu estou tão confusa com tudo isso. – eu pisava duro no chão e gesticulava de várias maneiras com os braços. – Primeiro eu descubro que sou um anjo, depois que anjos sugam a vida das pessoas que estão perto até certa idade, agora eu tenho que me separar de você e provavelmente nunca mais te ver... E eu não consigo achar nenhuma maneira de concertar as coisas...

   - Você não tem que concertar nada. – sua cara era de tédio, provavelmente não entendia minha aflição.

   - E-Eu... – eu rosnava furiosa com toda a bagunça que estava minha cabeça. – Anjos malditos, eu não quero ser como eles! Eu não quero acabar como a Rosemary!

   Ele me puxa pra si novamente e me beija.

   - Então prove que não é como eles! Faça o que você sempre fez de melhor, desobedeça as leis da natureza. – ele sorria travesso, me lembrava do sorriso de quando ele costumava me atormentar.

   Os outros dois líderes nos encontravam do lado de fora do prédio, assim que nos juntamos voltamos para casa. O resto do dia eles planejavam quando iriam voltar, eu durante todo o tempo ajeitava meus pensamentos e tomava as decisões que me pareciam mais certas.

   - Hoje. – eu inquiria a eles.

   - E você sabe como?

   - Do mesmo jeito que eu fui para Eldarya pela primeira vez.

   Após me referir ao círculo de cogumelos eu os levo até o lugar, me despeço de cada um com um abraço e eles somem como um brilho na minha frente, tudo era breve para que não houvesse arrependimentos. Talvez aquele fosse mesmo um adeus...

   Eu tentava não pensar muito naquilo, mas era difícil. Havia me acostumado a conviver com eles, fosse aqui ou em Eldarya, e eles me faziam falta, até mesmo Mikaela percebera isso nas duas semanas que se seguiram.

   - Você vai pegar o livro na biblioteca hoje? – ela me perguntava.

   - Não, eu vou visitá-la hoje.

   - É hoje?! – ela ficava boquiaberta. – Ah, e-eu sinto muito, eu me esqueci completamente.

   - Tudo bem, eu não me importo.

    - Diga um “oi” pra ela por mim. – ela saia da sala sorrindo.

   Sigo com passos lentos até o local alvo. A neve cobria meus pés hoje, e o vento frio fazia a ponta do meu nariz doer. Apesar de tudo eu adorava o frio, era uma estação confortável, o vento da neve carregava muitas das canções da natureza, e o seu som era maravilhoso.

   - Olá mamãe! – eu sorria amarelo olhando a lápide coberta de flocos brancos. – Mikaela disse “oi”.

   Eu sentava debaixo da árvore que tinha ali, mesmo estando frio eu tentava ignorar a sensação. Tomo fôlego e começo a cantar a música que minha mãe amava, “Song of the sea”.

   - “Rush now my story/ Close your eyes and sleep. – eu fechava os olhos me acostumando ao frio que me envolvia. – Stars are shining bright”.

   A música me fazia sentir como se estivesse deitada em uma nuvem, sentindo os raios de sol me esquentarem, e essa sensação era quase palpável. Eu não abria os olhos em nenhum instante enquanto cantava, queria me deixar se invadida pelo calor e paz.

   - “We’ll sing the song of the sea”. – eu cantava a última frase da música e abro os olhos, me assusto ao perceber que era observada.

   - Roullyne?! – ele me encarava com os olhos arregalados.

   - Leiftan?!!

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
Agora lá vou eu voltar a desesperar pela imagem ;u;
Vejo vocês em breve! ^^ <3


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