História Berceuse Op. 57 - Frédéric Chopin'

Myungsoo era seu nome.

Não era um nome e nem um garoto extraordinário. Era só mais um nome, mais um garoto.

Tinha olhos rasos e grandes demais, às vezes pareciam dizer muito, às vezes pareciam dizer nada. Myungsoo não tinha a risada mais rouca e nem o sorriso mais bonito. Myungsoo não tinha o gosto musical incrível e muito menos um bom senso de humor. Myungsoo não era divertido. Myungsoo era mais como um poema: chato e maçante por vezes, mas também profundo e indecifrável e acolhedor e frio e, era isso, Myungsoo era um poema para Sungyeol.

E talvez fosse a forma como encolhia o corpo dentro das roupas muitos números maiores, os ombros erguidos como de um fracassado, ou então como ele parecia anos luz mais inteligente e amadurecido naquela soma idiota de número pares. Oito mais oito. Mais maduro que Sungyeol, Sungyeol aquele menino estúpido.

E era abril, abril quando este mesmo Sungyeol, o estúpido, foi sincero consigo mesmo. Amava Myungsoo. Amava seu rosto e nome ordinário. Amava suas roupas que escondiam as mãos, o pescoço, o corpo, a alma. Amava como ele encolhia os ombros parecendo assustado com tudo quando na verdade quem assustava o tudo era ele. Amava seus dedos brancos e machucados. Amava observa-lo quando ele sabia que era observado mas fingia que não, na biblioteca, na estúpida biblioteca. Amava seus livros de folhas amareladas e como ele era tolo o suficiente para achar que Sungyeol não perceberia ele espiando-o por detrás deles. Amava seus amigos chatos e sua risada sem o mínimo de graça... 

E seu humor e suas músicas e seu sorriso e seus olhos mesquinhos e sua superioridade e sua maturidade e Myungsoo.

E assim como em uma música se retirada as palavras que rimam todo o sentido junto vai embora, Myungsoo se foi e era julho. Sob um céu de covardia e cor de um amor que nunca floresceria. Mas a quem culpar?

Seu nome era Myungsoo e mesmo nunca o conhecendo Sungyeol o amou, de verdade, todas as coisas nele. E amou a sensação de querer estar perto de alguém mais do que de si mesmo e ele quis isso, como também quis não querer.

Myungsoo era seu nome e ele foi embora, de cidade, bairro, casa, país, quem sabe...

Do mesmo jeito que pessoas não-extraordinárias não costumam fazer. 

Sungyeol amou até seu nome ordinário. Mas Sungyeol fez bem sozinho, sem conhecer Myungsoo como amantes ou amigos geralmente conhecem.

Adeus, Myungsoo.