História Beside You - Ainda há esperança

 Katherine POV

Juan veio me buscar em casa e chegou seis minutos e vinte e sete segundos antes do horário combinado. E eu ainda não sabia por que havia contado até os segundos.

Entrei no carro e fiquei sem jeito ao perceber que Juan me olhava sorrindo.

—O que foi?—Disse com medo de não ter o agradado pela forma que me vesti.

—Você está tão linda nesse vestido. —Ele disse ainda sorrindo, o que me causou um certo nervosismo.

—Ah, é... Muito obrigada. Mas essa foi a primeira roupa que encontrei em meu guarda-roupa. —Disse virando o rosto com um sorriso fraco em meus lábios.

Mal sabia ele que revirei meu armário e experimentei umas quinze peças de roupa até encontrar este vestido preto. Mas eu não podia demonstrar que estava fazendo de tudo para que ele gostasse de mim.

Conversamos bastante durante o trajeto, e Juan começou a falar do Manchester United.

—Você ama muito esse time, não é!?—Ele perguntou me olhando meio de lado.

—Sim. Acho até que amo mais do que eu deveria.

Enfim chegamos ao restaurante, fizemos nossos pedidos e começamos a conversar.

—Mas então, o que a senhorita faz? Trabalha?—Ele perguntou curioso.

—Não, eu só estudo. Faço faculdade de direito.

—Parece legal. Você deve gostar bastante....

—É... bem... Na verdade não! Só estou fazendo essa faculdade por causa dos meus pais. É o sonho deles ter uma filha advogada.

—Mas então por que você não conversa com eles e explica que quer fazer outro curso?

—Não é tão fácil assim. E eu não quero fazer nenhum outro curso! O meu sonho sempre foi ser modelo, e não me imagino fazendo qualquer outra coisa.

—Então vá em busca do seu sonho, Kate.—Ele disse como se eu já não tivesse tentado um milhão de vezes.

—É o seguinte, Juan. Eu comecei a fazer testes em agências de modelos aos treze anos de idade, e desde então, só recebi “não” de todas essas agências. Essa rejeição me fez ter certeza de que eu não era boa o suficiente e que haviam meninas muito melhores do que eu. Melhores em tudo!—Abaixei a cabeça ao lembrar de como eu me sentia inferior às outras moças, mas continuei falando.—Então, depois de tantas frustrações, decidi deixar de lado esse sonho impossível e fazer a faculdade de direito, a pedido dos meus pais.

—Olha, Kate, eu acho que você não deveria desistir. Não vale a pena passar o resto da vida sendo infeliz, simplesmente por ter desistido de algo que você queria tanto.

—Tá, mas o que eu posso fazer? Já tentei muito, Juan.

—Talvez você deva tentar mais uma vez.

—O que você quer dizer com isso?

—Eu tenho um amigo que trabalha na Ford Models. Você deve conhecer essa agência....

—Claro que sim! É uma das maiores agências do mundo.

—Pois bem. Esse meu amigo é muito influente por lá... Se você quiser, posso falar com ele e marcar um teste pra você. O que acha?

—Olha, Juan, eu fico extremamente grata por você estar tentando me ajudar, mas eu já fiz tantos testes e nunca passei em nenhum. Não quero colocar expectativa nessa história e me decepcionar mais uma vez, sabe!? Já sofri muito por isso.

—Já fez algum teste na Ford?

—Não. Se eu não consegui ser admitida nos testes de uma pequena agência da minha cidade, imagina na Ford Models... Eu nunca teria chances.

—Isso você nunca vai saber se não tentar. Por favor, me promete que vai dar mais uma chance a si mesma?—Ele disse com um olhar tão fofo que eu não pude dizer não.

—Tá, eu acho que posso tentar.—Suspirei.—Mas se eu não conseguir você vai esquecer esse assunto, ok?

—Combinado. Se você não for aprovada, eu não toco mais nesse assunto.

 Já estava ficando tarde, e eu resolvi ir embora. Juan me deixou em frente ao portão de casa e partiu.

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Juan POV

Cheguei em casa, tomei um banho e fui deitar. Não conseguia parar de pensar em Katherine. Ela era tão especial, misteriosa... Tão diferente das outras mulheres. A companhia dela me fazia esquecer dos meus problemas, me sentia em paz ao lado dela. Mas ela também era muito insegura, se sentia incapaz de realizar seus sonhos e ter uma vida feliz.

Eu confiava nela, e não sabia por que, mas tinha certeza de que ela iria se sair muito bem naquele teste, e eu faria de tudo para que ela percebesse seu valor e se tornasse mais segura de si mesma.

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Katherine POV

Cheguei mais cedo da faculdade, meu professor de Direito Penal Econômico foi bonzinho e, por um milagre, nos liberou mais cedo. Estava indo almoçar quando ouvi meu celular tocar, era ele. Meu coração disparou e eu não sabia se atendia ou não. Estava nervosa porque ele me fazia ficar assim.

—Alô.—Disse com a voz baixa.

—Oi, Kate! Tenho boas notícias.

—Ah, é!?—Disse com o tom de voz um pouco mais alto dessa vez.

—Sim!.—Exclamou ele.

—Tá, e você vai me contar logo ou eu vou ter que adivinhar?—Disse em tom de brincadeira, mas estava pirando de curiosidade.

—Calma curiosa!—Ele riu. —Eu conversei com aquele meu amigo da Ford Models. Ele já marcou um teste pra você.

—Ai, meu Deus! Não estou acreditando. Isso é uma brincadeira, não é!?

—Não, eu estou falando sério. Terça-feira que vem, às 11h30, tá bom pra você?

—Mas é claro que tá bom, na verdade tá ótimo, tá sensacional, não poderia estar melhor!—Disse praticamente gritando ao telefone, esboçando um sorriso maior que meu rosto.

—Então vou confirmar com ele. Boa sorte, Kate. Eu confio em você, sei que vai conseguir.

—Obrigada, Juan, obrigada por me ajudar tanto. Você mal me conhece e já fez muito por mim. Eu nunca poderei te agradecer à altura.

—Eu não fiz quase nada, não precisa agradecer. Eu faria muito mais pra te ver sorrir, é sério. Se você estiver bem, eu fico bem.

Ok, esse homem estava querendo me complicar... A cada palavra que ele dizia, crescia uma vontade indomável em mim de abraçá-lo, de ser dele pra sempre.

—Então tá. A gente se fala depois. Obrigada mais uma vez. —Disse quebrando o clima daquela conversa o mais rápido que pude, antes que eu começasse a me declarar ali mesmo, por telefone.

—Até mais, Kate. Se cuida. Beijo.

—Beijo, Juan.

Encerrei a ligação e me joguei no sofá. Eu estava realmente empolgada, como se eu ainda tivesse uma chance de tornar meu maior sonho uma realidade. Eu não poderia desperdiçar minha última oportunidade de ser feliz.

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Embarquei no final da noite de segunda-feira. A viagem de Manchester para Nova Iorque durou oito horas, e eu não preguei os olhos nem por um minuto de tanta ansiedade.

Cheguei em Nova Iorque por volta das 06h00 e fui organizar tudo o que precisava para o teste. Aquele dia tinha que ser perfeito, nada poderia dar errado. Mas eu estava bem cansada, a viagem foi bem desgastante, então resolvi tirar um cochilo para renovar as energias.

Acordei às 09h30 e fui me arrumar. Escolhi minha melhor roupa, peguei tudo o que precisava e fui. Queria chegar cedo para causar uma boa impressão.

Entrei na sede da Ford Models por volta de 10h30 e fiquei esperando a hora marcada. O tempo parecia não passar, eu estava uma pilha de nervos, não conseguia ficar quieta. Na sala de espera haviam moças muito bonitas, o que me deixou um pouco intimidada. De repente senti vontade de sair daquele lugar o quanto antes, o medo de ser rejeitada mais uma vez estava tomando conta de mim. Mas eu não podia desistir agora. Independente do resultado, eu sairia de lá com a certeza de que fiz tudo o que estava ao meu alcance.

Pontualmente às 11h30, fui chamada. Entrei naquela sala e dei o meu melhor. Agi da forma mais natural possível e mostrei toda a minha determinação. Eu queria muito aquilo.

A entrevista durou cerca de quarenta minutos e, ao final, recebi a melhor notícia da minha vida: eu havia sido aprovada no teste da Ford Models.