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História Best Fake Smiles - O Cara Certo Para Você


Escrita por: duduaguilera

Capítulo 13 - O Cara Certo Para Você


Fanfic / Fanfiction Best Fake Smiles - O Cara Certo Para Você

 

 

 

Passei toda a noite sob uma avalanche de pensamentos, perdido em meio ao caos que se encontra meu coração. Pensei bastante sobre qual deveria ser meu próximo passo, e cheguei à conclusão de que não podia mais viver nesse conto de fadas com Gregg. Estar com ele é simplesmente maravilhoso, porém não estou apaixonado por ele. Eu adoraria, mas não estou. Sinto que preciso terminar, seja lá o que estiver rolando entre nós.

Sento à mesa para tomar o café com minha mãe e ela logo começa sua entrevista matinal:

– Como andam as coisas com Gregg, querido?

– Ah... – hesito um pouco inseguro. – Está tudo indo bem.

– Bem como? Já estão namorando? – sempre direta e sem papas na língua.

– Não. Não estamos – digo bastante desanimado.

– Vocês dois estão bem devagar, hein.

Eu rio desse comentário e prossigo em um tom mais sério:

– Como foi que a senhora teve a certeza de que o papai era o cara certo para você?

– O que? – ela diz com um olhar cético. – Não existe isso de cara certo.

– Nossa, que romântica! – ironizo revirando os olhos e ela ri.

– Eu realmente não acho que exista isso de cara certo. Eu acredito em incertezas. Em sentimento. Aquele sentimento que revira todo o estômago. Foi por isso que me casei com seu pai – ela diz com um sorriso saudoso. – Ele não era o cara mais lindo ou mais inteligente que eu já havia conhecido. Nem era o cara que meus pais aprovavam. Mas eu apaixonei por ele, pelo conjunto da obra, e incluindo suas imperfeições. Pode ter certeza que ele não era o cara certo, e sim o cara que eu queria para mim.

– Isso é lindo – digo suspirando.

– Você está em dúvida sobre o que sente pelo Gregg, não é?

– Sim – murmuro e em seguida abro um sorriso. – Na verdade acho que não estou mais.

Aquela conversa caiu como uma luva para minha complicada indecisão. E agora mais do que nunca eu sabia o que deveria fazer.

Após o café, quando estou quase saindo para pegar o ônibus, ouço um carro buzinar e olho pela janela. Maia acena de dentro do carro com um sorriso na cara. Pelo visto a relação deles havia ganhado mais um upgrade, vendo que Colton agora buscava sua namorada para levar ao colégio. Mas o que mais me deixava feliz era saber que eles dois me incluíam nessa equação.

– Entra aí, amigo – diz Maia assim que saio de casa.

Entro no carro me sentando no banco traseiro.

– E aí, irmão. Tudo bom? – me cumprimenta Colton.

– Tudo ótimo. Valeu pela carona, cara. – digo sorrindo.

– Podemos chamar isso de vantagem de ter um namorado – diz Maia com um olhar soberbo e eu começo a rir.

– Então é isso mesmo, Maia? – Colton encena uma falsa indignação. – Você só está se aproveitando de mim?

Nesse momento, mesmo sendo apenas uma brincadeira, considero que esse foi mais um fora de Colton, já que seria justamente o tipo de coisa que a mãe dele diria a Maia num tom mais sério. Por um segundo penso que ela ficaria sem graça ou ofendida com esse comentário, mas não é o que ocorre.

– Claro, meu amor! – ela comenta com o mesmo tom anterior. – Minhas blogueiras favoritas dizem que namoro é um investimento, querido.

E todos caímos na risada.

A relação entre eles está cada vez melhor e confesso que a segurança que os dois exalam me deixa um pouco com inveja. Analisando pelo o que minha a mãe havia dito, acho que os dois seguiram o mesmo caminho que ela. Não estavam com a pessoa certa e sim seguindo os próprios impulsos, guiados por sentimentos sinceros.

O rádio do carro está tocando "Who Needs You" da banda The Orwells. Seguimos todo o caminho conversando, em meio à sorrisos apaixonados que Colton e Maia trocavam. Nesses momentos, eu queria me afundar na almofada do banco, e sumir.

Ao chegar ao colégio, deixo o casal e sigo em direção a lanchonete de Gregg, para ter aquela conversa delicada. Não encontro ele, avistando apenas uma moça de cabelo cor de caramelo atrás do balcão, que me dirige a palavra:

– Bom dia! Em que posso ajudá-lo?

– Ah... – coloco uma das mãos na nuca. – Eu só estava procurando pelo Gregg.

– Ah, sim. Ele me mandou mensagem de que não poderia vir hoje, aí eu vim para cobrir ele. Sou a Luciana – ela se apresenta me estendendo a mão.

– Ele disse o porquê de não vir hoje? – pergunto.

– Não. Ele só me pediu para cobri-lo mesmo – ela diz.

– Obrigado – dou um sorriso e saio.

Eu pego o celular e envio uma mensagem perguntando sobre sua ausência. Ainda faltam alguns minutos para o início da aula, então vou me isolar na arquibancada do ginásio. Ao chegar vejo Cam deitado em uma das fileiras, com os braços cruzados e olhos fechados. Parte de mim tenta me convencer de que não seria uma boa ideia chegar nele, mas a parte em que anseia fervorosamente por isso vence.

Ele está com fone de ouvido, que por sinal está tocando bem alto, e por isso não percebe que estou ao seu lado. Então ouso puxar um dos lados do fone, e ele abre os olhos,

– Oi, Cam – falo em um tom tímido.

Ele logo se põe a sentar no banco e diz sorrindo:

– E aí, Shawn. Tudo bem contigo?

– Tudo ótimo! – digo me sentando ao seu lado. – E com você?

– Estou bem – ele boceja e continua – Com um pouco de sono.

– Percebi – digo com um tom superior. – Não dormiu a noite?

– Eu cheguei tarde de uma festa ontem, e devo ter dormido no máximo por três horas.

– Uma festa em plena segunda-feira? – questiono.

– Todo dia é dia de balada, meu caro – diz ele sorrindo.

Esse não é o tipo de frase que o meu antigo melhor amigo diria, mas o que posso dizer? Ele não é o mesmo de antes. Isso me deixa um pouco chateado.

– Porque não está com seu namorado? – ele pergunta me cutucando com o cotovelo.

Por um momento quase esqueço de que havia dito a Cam que eu e Gregg estávamos namorando.

– Ah... ele não veio hoje – digo sorrindo.

– Vocês formam um casal bonito, juntos – ele comenta.

– Obrigado.

– Porque não saímos juntos, hoje? Eu, você, Gregg, Maia e Colton?

– Um encontro em grupo, de novo? O último não deu muito certo, se lembra? – digo rindo.

– Podemos ir em um karaokê. O que acha?

– Bom... eu não sei – digo hesitando.

Eu adoraria sair entre amigos, mas eu estava pronto para terminar o meu lance com Gregg. Com toda certeza esse encontro em grupo não deveria acontecer. Porém Cam tem um péssimo poder de persuasão sobre mim, e ao me olhar com aqueles olhos de quem implora por um sim, acabo cedendo.

– Okay. Que horas?

– Às 21h, pode ser?

– Para mim está okay. Vou confirmar com Gregg.

Voltamos para nossas respectivas salas, e ao nos despedirmos no corredor, eu dou um aceno e ele acena de volta, andando de costas, com um sorriso lindo que me faz estremecer por inteiro.

Passo o resto da aula pensando nele. Finalmente permito assumir a mim mesmo o que sinto por Cam, e a verdade é que ainda sou apaixonado por ele, com a mesma intensidade de quando o beijei no acampamento. Me perco em meus delírios e sou interrompido pela professora de biologia.

– Ah... oi? – digo perdido.

– Eu perguntei quais são as fases da mitose?

– Ah... Prófase, metáfase, anáfase e... telófase.

Sorte a minha ser apaixonado por biologia.

 

***

 

No intervalo me sento junto de Colton, Maia e Cameron, que por sua vez segue anunciando o evento planejado para a noite.

– Eu topo. Faz um bom tempo que eu não vou em um karaokê – diz Colton já animado.

Maia percebe que Gregg e Cam, no mesmo ambiente me deixaria desconfortável, e me encara como quem conversa por trocas de olhares. Respondo a sua preocupação dando apenas um sorriso que significa "eu vou ficar bem com essa situação, amiga."

– Alguém disse Karaokê? – diz Natasha se sentando ao meu lado. – Gente, eu adoro karaokê. Estou dentro.

Droga. Natasha com certeza dificultaria tudo com seus comentários inconvenientes.

Meu celular toca, anunciando uma chamada de Gregg. Me levanto da mesa para um canto mais silencioso e atendo.

– Oi – digo.

– Oi, Shawn – ele diz – Me desculpa não ter lhe respondido mais cedo. Não pude ir hoje, porque precisa me dedicar um pouco mais aos estudos.

– Mais do que você já se dedica? – digo sorrindo.

– É que recebi uma ligação ontem, e a prova do vestibular foi adiantada para amanhã, cedo – diz ele num tom que evidencia seu nervosismo.

– Relaxa. Você vai mandar bem nessa prova.

– Obrigado, amor.

Amor? Ele me chamou de amor. Fico sem reação na hora, e o silêncio toma espaço na linha.

– Ah... não sei se você vai curtir essa ideia – digo mudando de assunto. – Os meus amigos combinaram de ir ao karaokê, hoje à noite. Eu queria que você fosse comigo, mas se não puder eu entendo, sério.

– Que horas vai ser?

– Às 21h.

– Ah... eu vou sim.

– Tem certeza que isso não vai te atrapalhar com a prova amanhã?

– Eu fico pelo menos duas horas, depois volto para casa. Vai dar tempo de dormir tranquilamente – ele diz animado. – Eu vou adorar sair com você e seus amigos.

Me sinto corar nesse momento.

– Okay, então marcado. Acho melhor você voltar para os seus estudos, Gregg.

– Eu vou lá. Até depois, amor.

– Até.

Desligo o telefone, e vou direto para o banheiro. Amor. Meu Deus! Nunca pensei que essa palavra poderia me deixar tão apavorado como estou agora. Será que Gregg já nos considera namorados, sem ao menos oficializarmos isso? Não é de hoje que essa intensidade dele me assusta, e agora entendo o motivo. Eu não estou na mesma voltagem que ele. Ele é um 220V enquanto eu sou apenas um 110V. Não posso continuar com isso.

Lavo meu rosto e me olho no espelho.

– Você consegue! – afirmo ao meu reflexo. – Você vai dar um jeito nisso, cara. Você tem que se resolver com ele. Força, cara!

De repente sai um cara de uma das cabines do banheiro e vai para a pia, ao meu lado.

– Relaxa. Você consegue, cara! – ele diz após secar a mão, colocando uma delas sobre meu ombro, e se retira.

Acho que pensei muito alto.

 

***

 

– Não sabia que ainda existiam karaokês – diz minha mãe escorada na porta enquanto termino de me vestir.

– Pois é. A senhora não está tão velha como parece, não é mesmo? – comento brincando com ela.

– Engraçadinho – ela me encara com os olhos semicerrado. – Eu e seu pai costumávamos ir a um karaokê, antigamente. Inclusive foi onde seu pai se declarou para mim.

Eu não sabia dessa parte da história dos dois. Desvio o olhar do espelho e olho para minha mãe que está com um doce sorriso no rosto.

– E como foi? – pergunto interessado no assunto. Qualquer história adicional em relação ao meu pai é de meu interesse.

– Bom... ele me convidou para ir ao karaokê e ao chegar sentamos em uma das mesas. Tomamos alguns drinks e na primeira oportunidade pegamos o microfone em mãos e começamos o show. Eu cantava que nem uma tralha, sério. Já seu pai tinha uma voz magnifica, como a sua – eu sorrio ao ouvir isso. – Mais tarde, naquela noite, ele resolveu cantar "Cant Take My Eyes of You" da Glória Gaynor, e ao terminar se declarou ali, para todo mundo ouvir.

– Você está brincando? – digo claramente encantado. – Isso explica porque você ama e chora tanto com "10 Coisas que Eu Odeio em Você."

– Sim! Eu amo esse filme – ela suspira tão lindamente.

Chego até ela e dou um abraço acalorado e digo ainda em seus braços:

– Te amo, mãe – e dou um beijo em seu rosto.

E sorrimos um para o outro.

Pouco tempo depois, ouço Gregg chegando de moto e saio pela sacada. Ele está usando uma blusa preta, calça jeans e um boné virado para trás. Ao me ver na sacada, acena dando um sorriso, e eu faço sinal com  a mão, pedindo para ele esperar.

Desço as escadas e dou um beijo de despedida na minha mãe que já está na varanda.

– Trago ele antes das 11h, Sra. Mendes – assegura Gregg à minha mãe.

– Okay. Se divirtam, garotos – ela diz sorrindo com os braços cruzados.

Subo na moto de Gregg e seguimos até o karaokê.

Ao chegarmos, encontro Natasha na entrada do local, chegando quase que ao mesmo tempo.

– Amigo! – grita ela, me abraçando logo em seguida. – Você está um pão.

– Ninguém mais usa esse termo, Nat – digo rindo.

– Eu uso – ela dá de ombros, e prossegue com uma voz saliente. – Oi Gregg!

– Oi Natasha – ele diz e a beija no rosto.

– Nossa que perfume maravilhoso o seu. UAU! – ela encara ele como se estivesse paquerando-o, ali na minha frente, o que claro, não me surpreenderia.

– Obrigado – ele agradece sem graça.

– Okay. Vamos entrar? – interrompo o momento.

Eu e Gregg entramos de mão dadas e seguimos, junto de Natasha, até uma mesa onde nos encontramos com Cam, Maia e Colton. Cam está com um casaco universitário, e ao me ver dá um sorriso que me desmonta por dentro.

– Oi, galera – digo ao chegar à mesa.

Todos se cumprimentam de maneira uniforme, e nos sentamos.

– Pedimos algumas bebidas e uma porção de batata – diz Maia. – Querem pedir mais alguma coisa.

– Acho que não – completa Gregg. – Quer alguma coisa, amor?

Socorro! Ele me chamou de amor na frente de todo mundo. Meu Deus!

– Ah... não – digo nervoso.

– Então, Gregg – Colton diz, e ao ouvir sua menção fico ainda mais nervoso. – Quais são seus planos para o futuro?

– Meu Deus – Interrompe Natasha rindo. – Você é quem? O pai de Shawn?

– Foi só uma pergunta – Colton a encara com o olhar semicerrado. – Precisamos conhecer com quem nosso menino está saindo.

– Cala a boca, amor – cutuca Maia. – Assim você vai deixar o Gregg sem graça.

– Ah... não. Está tudo bem – diz Gregg sorrindo. – Bom, eu pretendo fazer medicina, em uma faculdade no Brasil. Tenho alguns familiares lá. Mas para isso preciso passar no vestibular, primeiro.

– E vai deixar o nosso garoto aqui, sozinho? – diz Colton.

Gregg já havia me falado que estava prestando vestibular para cursar medicina em outro país, porém até agora não tínhamos parado para conversar de como faríamos nosso lance dar certo, se por acaso realmente seguíssemos adiante. Também não quis entrar no mérito antes, devido a minha infeliz insegurança.

– Na verdade... – Ele hesita e segura na minha mão, e nesse momento por algum motivo olho para Cameron, que por sua vez transparece serenidade. – Se eu conseguir passar em medicina, no Brasil, eu gostaria que Shawn fosse morar comigo.

Os olhos de Gregg brilham ansiando por uma resposta positiva. Fico paralisado ao receber esse inesperado convite, e quanto mais perdura o silêncio na mesa, maior é o constrangimento que gera, então forço um sorriso e arrisco:

– Ah... sério? Você quer me levar para o Brasil?

– Claro que sim, Shawn – ele afirma com um sorriso doce.

– Eu ia adorar – o que claramente não era a resposta mais honesta que eu poderia dar, muito pelo contrário.

A galera permanece na mesa observando a situação. Eu esperava que ao menos Maia dissesse algo do tipo "Você não pode levar meu amigo para longe de mim, querido", porém ela suspira, compactuando com a proposta.

– Para ser sincero, eu não curti a ideia – Cam toma a palavra, algo que eu realmente não esperava.

– Porque não, Cameron? – pergunta Natasha, que não perde uma oportunidade.

– Eu gosto de você, Gregg – Cam diz olhando para ele. – Mas o Shawn é meu melhor amigo. Você não pode tirá-lo de mim assim. Me desculpa.

Nesse momento meu coração acelera. Não sei ao certo explicar o que se passa dentro de mim, mas a sensação é maravilhosa.

– Podemos chegar num acordo – Gregg diz sorridente e seguro de si. – Eu posso trazer o Shawn uma vez por mês para cá. Sem problemas.

– Duas vezes por mês – corrige Cam.

– Okay. Fechado – e os dois riem.

A conversa pode até ter acabado numa boa, mas algo me diz que Cam falava sério sobre não me querer longe. Posso até estar me precipitando, e isso seja uma perfeita ilusão da minha cabeça, mas sinto que algo sincero saiu no meio das palavras por ele dita.

Ficamos ali conversando e bebendo alguns drinks, até que Natasha resolveu animar a galera, e foi a responsável por inaugurar a rodada de cantoria com "Marry The Night" da Lady Gaga. A voz dela não é ruim, porém sua técnica vocal aplicada ao canto é terrível. Ela é excelente no quesito grito. Maia e Colton cantaram um dueto gravado por Jason Mraz e Colbie Caillat, "Lucky".Eu amo essa música, mesmo na voz inexperientes deles.

"...Eles não sabem quanto tempo leva esperar por um amor como este. Toda vez que dizemos adeus, gostaria que tivéssemos mais um beijo. Eu esperarei por você, eu juro que vou."

Ao ouvir essa parte da letra meu peito arde. Olho para Cameron, que permanece apreciando o show de nossos amigos. Como eu adoraria que tivéssemos só mais um beijo. Por fim, caio na realidade e me volto para Gregg, que também está distraído assistindo, diferente de Natasha que observa meus olhares e me dá um sorriso de quem entende toda a situação.

O dueto acaba e Maia e Colton voltam à mesa.

– É a vez do casal fazer um dueto agora – diz Colton se dirigindo a mim.

– Eu passo – diz Gregg. – Música não é para mim, sério. Eu não canto nada.

– Vamos lá! – digo tentando convence-lo.

– Não amor. Vai lá você – ele diz sorrindo.

Ele se inclina até mim e me dá um beijo lento e então Cam intervêm:

– Podemos cantar nossa música juntos, o que acha Shawn?

– Ah... – olho para Gregg que parece concordar, curioso. – Okay.

– Espera... qual é a música de vocês dois? – pergunta Natasha.

– Você vai ver! – diz Cam e em seguida me puxa pelo braço até o palco.

Nossa música era "Count On Me" cantada pelo Bruno Mars. Assim que ouvimos essa música pela primeira vez, em 2010, decidimos que essa seria o tema da nossa amizade. Eu me lembro que alguns meses antes do fatídico beijo, ele conseguiu ingressos para o show que aconteceria em nossa cidade. E para nossa sorte tocou essa música. Naquele momento tudo que eu queria era dizer a ele o que sentia, mas não tinha coragem. De repente, enquanto ainda tocava nossa música ele chegou até mim e me deu um abraço. Simplesmente o abraço mais caloroso que já recebi em toda minha vida.

A música começa e quem dá início a cantoria é Cam. Ele até que canta bem, mas acredito que o timbre dele se sairia melhor no rap. Dividimos a parte que cada qual cantaria, ali mesmo, na hora. E no refrão unimos nossas vozes.

"Você pode contar comigo como: 1, 2, 3, e eu estarei lá. E sei que quando eu precisar, posso contar com você como: 4, 3, 2, e você estará lá. Porque é isso que os amigos devem fazer."

Durante nossa cantoria, nós dois nos entreolhamos diversas vezes, e era magnífico. Era como se todos os momentos que vivenciamos juntos passassem diante de meus olhos. Eu me sentia revigorado e mais completo do que nunca. E como naquele show, minha vontade ainda é a mesma. Dizer o que ainda sinto por ele, porém esse não é o momento. Olho para Gregg, e pela primeira vez na noite não vejo um sorriso em seu rosto, o que me assusta. Terminamos a música e antes que eu pense duas vezes, Cam me puxa para perto dele e me dá um abraço. E retornamos a mesa.

Continuamos com conversas sobre vários assuntos desconexos, e reparo que Gregg já não está mais à vontade como antes. Não consigo imaginar o que está passando pela cabeça dele, mas me deixa desconfortável.

– Está tudo bem? – sussurro perto de seu ouvido.

– Está sim – Gregg responde um pouco sério. – Acho que é melhor irmos logo. Já está tarde.

– Claro – concordo. – Você tem que acordar cedo amanhã. É melhor irmos mesmo.

Nos despedimos do pessoal e Natasha tenta insistir para que fiquemos mais, o que não funciona. Caminhamos até sua moto trocando o mínimo de palavras possíveis. Subo logo atrás dele, e partimos.

Quando chegamos em frente de minha casa, ele desce comigo para me levar até a entrada. Dou um beijo nele e ele se despede de uma maneira bastante seca. Quando ele se vira para ir em direção à moto, resolvo chamar sua atenção.

– Espera, Gregg – desço a escadaria até ele, no meio do jardim. – Está tudo bem... entre a gente?

– Sim – ele responde com as mãos no bolso da calça. – Porque não estaria?

– Eu não sei... você parece estranho. Chateado, talvez?

Ele dá de ombros e ficamos ali nos olhando por alguns segundos.

– Okay – ele tira as mãos dos bolsos. – Acho melhor nós dois terminarmos.

– O que? – digo surpreso – Porque? Eu não entendo.

– É bem simples, Shawn. Você ainda ama ele.

– Ele? – começo a ficar angustiado, e ao mesmo tempo confuso.

Gregg suspira e chega um passo mais perto de mim e continua com uma cara de decepção:

– Cameron. Você ainda ama ele. No sábado passei pela cafeteria Dulce Cielo e vi vocês dois, juntos, pela janela – me sinto ainda mais nervoso. – Eu via paixão nos seus olhos e era tão intenso. No outro dia, quando encontrei você na padaria, percebi que você estava receoso de menciona-lo na conversa. Comecei a desconfiar de que havia algo entre vocês dois e foi por isso que perguntei o que rolou entre vocês. Para minha surpresa você não me contou sobre a parte do beijo. Do beijo que deu nele.

– C-como você sabe do beijo? – estou quase tendo um ataque de nervos.

– Ontem eu estava conversando com Cam, antes de você chegar no colégio – sabia que ter visto os dois juntos não era um bom sinal. – Na verdade, ele que veio falar comigo e aí acabei revelando que sabia sobre a história de vocês dois. Nos adentramos no assunto e ele acabou falando sobre o tal beijo, e que se afastou de você porque não soube reagir a toda aquela situação. Depois disso, já estava claro para mim que a história entre vocês não havia acabado por completo. Ainda assim, tentei ter esperança em nós. Mas quando arrisquei te chamar de amor, mais de uma vez, você não reagiu como eu esperava. Isso porque você não está apaixonado por mim.

Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, e juro por Deus, nunca me senti tão mal na minha vida. A dor da culpa de decepcionar alguém que te ama pode ser maior ainda do que de ser decepcionado. Ele chega mais perto e limpa meu rosto com uma das mãos.

– Eu sinto muito, Gregg – digo já cedendo oportunidade às lágrimas. – De verdade, eu sinto mesmo. Eu achei que não sentia nada por ele, mas a verdade é que me escondi desse sentimento por tanto tempo, e agora percebo que ele ainda está lá, sabe? Eu não queria te magoar. Você é uma das melhores coisas que já me aconteceu.

– Está tudo bem – ele tenta me confortar.

– É sério. Eu queria do fundo do peito poder retribuir o teu carinho, mas eu não posso, me desculpa.

– Hey, relaxa – ele diz olhando nos fundos de meus olhos, com as duas mãos em meu pescoço. – Eu te conheço. Sei que você não faria nada para me machucar. Eu confio em você. Não posso dizer que não estou mal, sabe? Eu estou, porque eu sou louco por você. Não mandamos nos sentimentos, e é por isso que eu te entendo.

Nesse momento sinto ainda mais vontade de chorar, e então ele apenas me abraça. Mas dessa vez não é como os abraços de antes, nem tampouco como o abraço de Cameron, naquele show. Agora o abraço tem um ar de despedida, e ao mesmo tempo um sabor de um novo começo.

– Olha – ele diz ao se soltar do abraço, quando estou mais controlado. – Você pode me ligar para o que precisar, está bem? Eu sempre vou estar disponível para você.

– Okay – digo abrindo um sorriso tímido.

– Bom... eu tenho que ir. Amanhã cedo tenho prova.

– Sim. Boa sorte amanhã, com a prova.

– Obrigado – ele abre um sorriso gracioso e me dá um beijo na testa.

– Tchau – digo quando ele sobe na moto

– Tchau – e sai em direção à sua casa

Esse cara é surreal. Não esperava que ele fosse tão paciente e receptivo em relação a essa conversa. O cara certo para ele, com toda certeza, será o sujeito mais sortudo do mundo. Só espero que tudo isso, que rolou hoje, não prejudique seu rendimento no vestibular.

 

 



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