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História Best Fake Smiles - Garotos que Beijam Garotos


Escrita por: duduaguilera

Capítulo 3 - Garotos que Beijam Garotos


Fanfic / Fanfiction Best Fake Smiles - Garotos que Beijam Garotos

Minha mãe passa as tardes fora de casa. Ela trabalha como doméstica todos os dias, exceto aos domingos. A casa estava um silêncio magnífico, do jeito que eu gosto, até Maia chegar e me metralhar com os detalhes do seu primeiro encontro não-oficial com Colton.

– Foi fantástico, branquelo – diz ela toda empolgada, no balcão da cozinha enquanto eu lavo a louça – Eu ainda estava no banheiro quando recebi uma mensagem dele dizendo para encontra-lo na arquibancada. Imagina o meu nervosismo? Bom... encontrei com ele e ficamos só conversando. Ele foi atencioso e gentil, até o momento que ele me beijou. Assim, do nada. Apesar de eu achar o beijo maravilhoso, me afastei. Não queria parecer fácil – mas ela é. – Ele levou numa boa e me convidou para tomar sorvete no Paradise. Então saímos e fomos no carro dele...

Ela continua falando, mas eu estou um pouco distante agora. Não queria parecer tão rude com Cameron. Eu não o odeio. Mesmo depois de tudo que rolou entre nós, não consigo simplesmente odiá-lo. Ele foi o meu melhor amigo. É claro que as amizades acabam. Algumas de maneira boa e outras nem tanto. Mas as lembranças sempre ficam.

– Hey, Shawn! – e acordo de meus devaneios.

– O que?

– Eu perguntei O que você acha?

– Posso ser honesto? – em outros termos: posso dizer algo que talvez não te agrade nada?

– Fala!

– Acho que vocês estão indo rápidos demais. Avançaram no mínimo duas semanas de relacionamento em um só dia.

– Que exagero, branquelo – ela semicerra os olhos e balança a cabeça.

– É sério. O que você realmente sabe sobre esse cara?

– Ele é de leão. Combina com meu signo – eu rio.

– Eu estou falando sério amiga. Você é muito intensa. Não quero que você quebre a cara com esse garoto, entende?

– Awn, que lindo! – ela levanta da cadeira e vai ao outro lado do balcão pra me abraçar de lado. – Relaxa, okay? O Colton é gente boa. Você vai adorar ele. Quem sabe ele não tem algum amigo para te apresentar? – diz fazendo uma cara de quem está armando uma cilada.

Nesse momento meu estomago vai à loucura. Único amigo do Colton que conheço é Cameron. Isso me deixa nervoso. Maia sabe o que rolou apenas pelo o que ouviu nos corredores do colégio, mas não sabe que o sujeito em questão é Cameron. Quanto chegávamos nesse assunto eu geralmente desconversava. Aquela velha história do encobrir e não sentir. Ela também nunca fez questão de ouvir a história completa. Provavelmente ela acha que eu não me importo mais com essa situação, já que agora ela é minha melhor amiga, e Cameron é passado.

Penso em contar para ela agora. Preciso desabafar, mas se ela soubesse toda a verdade, e que Colton é amigo de Cameron, com certeza não iria deixar passar em branco. Ela adora comprar uma briga e o zelo que ela tem por mim é como de uma mãe.

– Pronto. Chega de falar de mim. Como foi a aula?

– Bom. Tivemos uma atividade que definiu duplas para um trabalho de química. E graças a sua ausência por motivos amorosos, tive que fazer dupla com um outro garoto da sala que estava sobrando.

– Fala sério? – fala bufando e revirando os olhos. – Seu par pelo menos é gatinho?

– Não vamos falar sobre isso – Corto ela e prossigo. – Aí na hora da saída perdi o ônibus, e o Gregg me deu carona até em casa.

– Hum...

– Hum o que? – a encaro.

– Não sabia que vocês eram tão amiguinhos assim?

– Ele é legal – solto um sorriso e ela faz aquela carinha perversa. – Você não era afim dele? Nunca me disse porque desistiu.

– Ele já tem namorada.

– Sério?

– Sim. Eu fui em uma festa com ele se lembra? Aquela que você mandou mensagem desmarcando só para não ficar segurando vela – aceno com a cabeça afirmando que sim. – Digamos que eu passei a festa toda dando em cima dele. Mas ele não fazia nada. Aí eu o beijei, e ele recuou. Disse que já tinha alguém na vida dele. Sim. Ele me deixou na famosa área da amizade – e revirou os olhos.

– Ah sim.

–Mas pelo seu interesse, acho que alguém está apaixonadinho, estou certa?

– Claro que não – nego veemente. – Só estava perguntando mesmo. Ele parece um cara bacana. Só isso!

Acho que não soou muito convincente, mas não estou afim do Gregg. Bom... não sei. Eu não tive boas experiências amorosas até hoje. Sempre guardei para mim quando me apaixonava por algum garoto, e a maioria desses garotos não beijavam garotos.

 

***

 

Termino o jantar e subo ao meu quarto. Ainda são 22h e não estou nenhum pouco com sono. Abro o notebook e coloco para tocar uma das minhas playlists. Enquanto isso pego um de meus livros de ficção e começo a ler.

Começa a tocar James Bay e, meu Deus, como eu amo a voz desse cara. Minha paixão por música floresceu desde muito cedo. Eu adorava ouvir bandas no estilo indie rock. Quando tinha 9 anos ganhei meu primeiro violão da minha mãe, e aprendi a tocar sozinho, vendo vídeos e imitando alguns instrumentalistas. Meu sonho sempre foi cantar, mas o único que já ouviu minha voz foi Cameron. Ele me incentivava dizendo que quando eu virasse uma estrela ele ia assistir todos os meus shows de camarote.

O primeiro show que assisti foi de uma banda desconhecida, em Los Angeles. Foi o pai de Cameron que nos levou, e nos deixou ali, no meio de uma galera, e foi fazer outras coisas do trabalho dele na cidade.

Duas crianças soltas no meio de um show. Minha mãe só me deixara ir porque o pai de Cameron jurou que ia ficar de olho. Então o cantor principal subiu ao palco e as músicas começaram.

– E aí? O que você acha deles? – Perguntou gritando, colado ao meu ouvido.

– São legais – gritei de volta.

Ele retribuiu com um sorriso enorme e voltou a olhar para o palco.

Eu estava feliz e podia sentir a felicidade pulsando conforme a batida da música. Fechei os olhos e pude senti-la. Era maravilhoso a sensação de ser parte da melodia. Continuei curtindo a música, e quando abri os olhos vi Cameron me encarando com um grande sorriso. Ele também estava feliz e isso me fazia flutuar. Sorri olhando para ele.

Volto a atenção no refrão da música Craving de James Bay.

"E eu estou desejando. Eu desejo. Desejando algo que eu possa sentir. Para onde eu vou? O que é que eu preciso? Adrenalina ou medo? Eu estou sozinho? Eu estou perto, pelo menos? Porque eu desejo, ainda almejo, algo que eu possa sentir."

Cameron volta a ser o foco dos meus pensamentos. Como eu pude me deixar apaixonar pelo meu melhor amigo?

 

***

 

Eu descobri que era gay quando entrei na puberdade. Meu corpo mudou e com isso vieram os desejos mais carnais. Nessa época, tinha acabado de entrar no time de futebol, graças à insistência de Cam. Os outros meninos do time odiaram quando o treinador me escalou para jogar. Mas Cameron ficou radiante. Ele sabia que eu não era o melhor jogador, mas me tratava como se fosse o centro das atenções.

Jake, um cara gigante, começou a me marcar. Toda a chance que ele tinha de me derrubar no treino assim o fazia. Eu o odiava.

– Vem cá. Levanta! – Cameron me estende a mão, me puxa e só me solta quando volto a me equilibrar de pé. – Esse cara é um babaca, não abaixa a cabeça para ele não, okay?

– Okay – me recompus e voltei ao treino.

No vestiário era quando as coisas se complicavam para mim. Os meninos tirando a camiseta e as vezes até o calção, ali, bem na minha frente. Eu suava frio. Menos com Cam. Ele era o cara com quem eu cresci, e já tinha visto ele sem roupa outras vezes quando ele se trocava no meu quarto, ou no quarto dele. E eu me sentia seguro em relação a isso. Tão seguro que queria dizer a ele sobre o que eu era. Ser transparente.

Eu já tinha em mente como iria contar a ele. Tinha até o dia marcado. Justo nesse dia cheguei na escola e descobri que não haveria a primeira aula, que seria substituída por uma palestra sobre Diversidade sexual para o colégio todo. Não sabia dizer se isso seria uma mão na roda ou um grande inconveniente. Sentei do lado dele. A palestra seguiu e eu podia ouvir os cochichos do time de futebol, fazendo sátiras a cada comentário do palestrante. Sabe o que mais me doía nessa situação? Ver Cameron rir dessas piadas estupidas. Mas eu decidi que isso não ia afetar na minha decisão.

No refeitório eu sentava com o resto do time. Não gostava deles, e nenhum deles me curtiam, mas Cam estava ali, então sabia que era meu lugar. Os comentários homofóbicos se perduraram durante todo o intervalo. Eu me sentia um hipócrita por ainda continuar naquela mesa. Então me levantei e me dirigi a biblioteca. Acho que fui muito abrupto porque Cameron reparou que algo estava errado.

Eu já estava na biblioteca, procurando algum livro literário aleatório, quando Cam brotou do meu lado.

– Oi – sorriso no estilo Cameron, doce e tranquilizador.

– E aí, Cam – digo voltando a olhar para os livros.

– Está tudo bem, cara?

– Estou. Só procurando um livro aqui.

– Que desculpa mais imbecil. Você está estranho o dia inteiro. É algo com sua mãe?

– Não. Já disse que estou bem, Cam – Finalizei olhando nos olhos dele e sorrindo.

Ele dá de ombros e mudamos de assunto.

Mais tarde ele vai para minha casa, para fazermos um trabalho de escola.

– Isso é um saco – disse Cam.

– Se fosse para ser divertido não se chamaria trabalho – ri, tentando não demonstrar que estou nervoso – E aquela palestra de hoje, hein? Nos salvou da primeira aula de matemática.

– Ah... prefiro a aula de matemática do que aquele assunto chato – diz revirando os olhos. Eu o encarei e ele continuou. – Nada contra dois caras se pegando, só não acho normal sabe?

– Sei lá. Não tenho uma opinião formada sobre isso – digo.

– Eu tenho um tio que é gay e mora com um cara. Já fui algumas vezes na casa dele. Mas não curto. Quando a Emily nasceu eu passei a noite na casa deles – Emily é a irmã de Cameron. – Quando levantei de manhã fui descer as escadas e vi os dois se beijando. Cara, é nojento! – Ele disse a última palavra dando uma risada de deboche.

Nesse momento me senti péssimo. Essa palavra, nojento, ecoava na minha mente. Me sentia um lixo. Ele começou então, a falar sobre uma garota que ele estava afim. Parecia tão injusto ele poder falar dos sentimentos dele e eu não. Ainda assim eu podia sobreviver a isso. Ele era o cara mais importante da minha vida. Não queria deixar que minha sexualidade destruísse tudo o que tínhamos. Por isso resolvi me trancar no armário. Foi o meu plano. Ninguém nunca precisaria saber.

 



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