História Best Way - Prólogo

j“Bem-vindo ao mundo real, é uma droga e você vai amar”

— Friends

É interessante como os piores dias da sua ficam na sua memória, eu consigo lembrar desse dia como se fosse hoje. A princípio parecia um dia normal, era final das férias de verão e logo iria começar o segundo colegial . Eu e minhas amigas estávamos aproveitando muito, íamos sempre as festas da piscina, eu ainda estava sendo uma adolescente normal.

Assim que cheguei em casa percebi um clima estranho entre meus pais, pensei que fosse só um briga comum de casal e logo eles fariam as pazes. Ao longo de um mês as brigas só foram aumentando, logo meu pensamento mudou percebi que não era, uma briga normal de casal e eles não fariam as pazes, eles logo se separariam na pior das hipóteses. Eu não queria que eles se separassem mas eu não poderia fazer nada, eu só fingia que nada acontecia e ia escutar música no quarto.

Meus pais haviam brigado a noite inteira, não consegui dormir mas mesmo assim fui para a escola. E daí nesse dia eu descobri que a pior das hipóteses não seria eles se separem, assim que abri a porta vi o hall da casa, cheio de vasos quebrados e a casa estava bagunçada. Meu pai estava bebendo na sala, no meio da bagunça, assim que cheguei perto dele, ele disse.

— Ela foi embora, sua mãe foi embora. — eu senti realmente que ele estava triste com tudo isso.

Eu não estava entendendo porque ela iria embora assim, sem se despedir de mim ou me levar com ela. Eu perguntei ele por que tudo isso, por que ela foi embora. Ele logo me explicou tudo, a empresa dele havia falido e nós teríamos que vender todos nossos bens. Mamãe havia ido embora por que não queria ser pobre e não queria abrir mão de nenhum bem que tínhamos. Minha vida em um mês tinha virado ao avesso, mesmo eu fazendo de tudo para esconder isso na escola mas logo a minha situação veio átona e todos aqueles que eu chamei de amigos me deram as costas. Nesse momento eu percebi que teria que amadurecer e fazer o máximo para não me machucar com tudo isso. Dois meses depois da Marion ir embora tivemos de vender todos os bens e pagar as dívidas da empresa do papai, sobrando pouco dinheiro para conseguirmos alugar uma nova casa. Marion é o nome da minha mãe mas sinto como se não devesse chama-la assim, uma mãe nunca abandona seus filhos, nem na pior das condições. Conseguimos alugar uma nova casa, no subúrbio, uma casa bem pequena agora seria meu novo “lar”. No meio de toda essa mudança, eu perdi meu estilo, eu não me via mais no espelho como eu mesma. Eu era loira tingida e usava umas roupas caras, bem garota mimada, eu não me reconhecia mais nesse estilo e as mudanças assim como na vida começaram a parecer no meu corpo, coloquei piercing no nariz, mudei minhas roupas e pintei o cabelo de ruivo.

Três meses depois de nos mudarmos a nova casa, papai conheceu, Elizabeth, uma mulher dez anos mais nova que ele e que também veio morar conosco. Elizabeth é o inferno em pessoa, nós brigamos todos os dias desde de que ela se mudou para cá. Antes ela se fazia de vítima e fazia meu pai brigar comigo, quando foi ela que causou toda a situação. Meu pai não havia conseguido outro emprego e as contas estavam ficando atrasadas, Elizabeth pagava quase todas, com meu pai sem emprego, ela sempre falava que eu só trazia despesas e deveria arrumar um trabalho. Eu até queria mais isso iria prejudicar meu desempenho na escola, eu estava estudando muito para conseguir no final do colegial ir para a faculdade, como meu pai não teria dinheiro para pagar uma faculdade, agora eu tinha que manter notas boas e pedir bolsas para as faculdades.

Nunca pensei que minha vida pudesse mudar tanto em menos de seis meses. Eu achava realmente que as coisas não poderiam mudar mais ainda, porém o destino está sempre nos mostrando que tudo é possível.

~*~

É fim de tarde, estou chegando da escola. Assim que entro em casa encontro tudo escuro, é sinal que meu pai e Elizabeth não estavam, ela só chega do trabalho daqui a duas horas e pai não sei para onde ele poderia ter saído, na verdade eu até imaginava onde ele poderia estar, ele poderia ter ido procurar emprego. Toda vez que pensava nisso meu coração doía era horrível o modo como nossa vida mudou. Entrei no quarto e tirei a roupa de escola e coloquei algo mais confortável, era minha tarefa fazer o jantar, como sempre. Elizabeth sempre quando chegava do trabalho dizia que estava muito cansada para fazer o jantar, então essa tarefa agora cabia a mim, ela me julgava ser uma vagabunda por não trabalhar e ajudar com as contas. Eu não partilhava meu pensamento com eles, que eu deveria me concentrar em tirar notas boas para conseguir entrar na faculdade.

Consegui terminar o jantar e papai chegou logo em seguida.

— Papai o jantar já está pronto. — falei para ele assim que entrei na sala.  — Para onde o você foi?

— Fui na agencia de emprego. — Ele respondeu triste, ele não havia conseguido.

Papai só me respondeu isso e ligou a televisão para ver algum jogo, saí da sala e fui direto para o meu quarto. Me sentei na casa e olhei para o chão. Eu me perguntava onde Marion estaria se ela não pensava em mim ou papai, realmente essa mulher não poderia ser chamada de mãe. Logo, deixo esse pensamento de lado. Pego meu computador e entro no Tumblr, eu tenho um microblog, eu amo escrever, eu só descobri essa paixão depois das mudanças da minha vida. Eu me sentia livre para descrever tudo que eu estava sentindo, é um verdadeiro refúgio para mim.

Ouço o carro da megera chegar e logo me preparo para aquele momento de inferno diário, porém ela chega calma e não como o Diabo. Eu até estranho seu comportamento, mas vai que Deus tenha tocado no coração dela, se é que ela tem um. Vou para a cozinha e ponho a mesa, Elizabeth logo viria jantar. Alguns minutos depois estávamos todos sentados à mesa como uma família tradicional americana. Eu continuava achando o comportamento de Elizabeth muito estranho, ela estava soltando uns sorrisinhos em minha direção, eu não estava gostando nada disso e tinha um mal pressentimento. O jantar estava quase no fim e ela olhava para papai com os olhos serrados e papai parecia aéreo a ela.

— Vamos Ethan, fale logo a ela ou eu falo! — Elizabeth exclamou.

Papai suspirou e eu gelei.

— Eu falo. — ele olhou para mim. — Alexia, como você sabe estamos enfrentando dificuldades nas contas e ... está ficando difícil manter três pessoas em casa e com todas as despesas ... eu ... eu ... e eu pedi ajuda ao meu irmão e pedi para que ele acolhesse você em sua casa. —

Eu estava sendo mandada embora de casa. Elizabeth olhava para mim como se dissesse: Adeus, pirralha. Isso tudo era obra dela.