História Besteira - O.S

- Sabe aquela época que você passou calado quando ainda estávamos nos conhecendo? - O menino assentiu sem entender - Deu saudade.
Nunca vi um asiático com olhos tão redondos, mas ele já estava me irritando. Quem aguenta escutar Taehyung falar de bolinhas de sabão? Tudo bem que em qualquer outro dia eu escutaria e ainda daria opinião,mas eu dormi mal ontem. Custa entender que estou cansado?
Tae simplesmente saiu do quarto me deixando sozinho. Acho que peguei um pouco pesado, ele é bem sensível. Mas depois eu resolvo, não estou com paciência e hoje é o único dia que podemos ficar no dormitório descansando, não vou desperdiçar meu sono.
Tentei dormir a todo custo,mas sempre que estava quase lá via Taehyung com os olhos marejados. Fiquei nesse ponto de inércia por um tempo até sentir a culpa crescer e fui atrás do mais velho. O que custa não é?
Desci com calma as escadas,mesmo ainda sonolento consegui chegar na sala. Sabe aquela raiva que sobe do nada? Aconteceu. Lá estava aquele acastanhado idiota agarrado no Jimin rindo não sei do que. Enquanto eu me sentia culpado o infeliz estava rindo e se agarrando em outro.
Forcei a garganta para chamar atenção, o que funcionou. Recebi um "oi" do loiro,mas Tae não me direcionou a palavra voltando a falar com o baixinho.
Se me irritei? Muito. Se fiz algo produtivo? Não. Me joguei no outro sofá fazendo com que ele arrastasse,mas não chamou a atenção de quem eu queria.
- Não quebre a mobília! - Jin gritou da cozinha.
Passei a observar o "casal", claro que me remoendo por dentro. Sempre que tentava fazer parte da conversa Jimin me respondia de forma rápida e Tae não falava nada para mim. Machucou? Sim. Fiz algo? Não.
Eu merecia, sei disso. Estou aguentando a demonstração de afeto entre os dois pois são melhores amigos, Jimin sempre vai proteger Tae. Acho que o loiro sabe o que aconteceu, mas tudo bem. A gota d'agua foi a ligação. O Hoseok podia agarrar meu pequeno, o Jimin podia beijar as bochechas dele e ele poderia até abraçar o Yoongi por trás,mas aguentar "amiguinhos" ligando no dia de folga para ir "alí"? Fora de cogitação!
- Beak? - A voz o MEU Tae Soou tão fofa que se eu não soubesse para quem era me derreteria. A raiva começou aí. - Claro! Vou só trocar de roupa. - Eu queria levantar e tacar a droga daquele celular na parede. Parece que Jimin percebeu meu desconforto já que Sorriu , filho de uma boa mãe.
Tae subiu correndo, o que apertou meu coração. Ele queria ir e não era comigo.
- Você fez merda. - Não foi uma pergunta.
- Jiminie... - Quase implorei. Preciso de ajuda, é torturante não falar com ele, não tocar aquela pele maravilhosa e o pior de tudo é saber que eu não vou ouvir seu riso lindo causado por mim ou que suas bochechas não vão corar por algo que eu disse. Quero aquele sorriso quadrado direcionado só para mim.
- Vai lá! Mas se eu souber que machucou meu bebê de novo,mesmo você sendo o bebê dois, eu te mato.
Ri um pouco, por que ele realmente nos tratava assim. Me tratava mais como um bichinho de estimação, mas releva.
Corri para o quarto também, o acastanhado estava só com uma toalha na cintura. Vida, você não facilita nem um pedido de desculpas.
- Tae.. - Chamei,mas ele só se virou sem falar nada. Eu tinha pedido isso,mas não era o que eu realmente queria. Só descontei nele, o que me arrependo profundamente. - Me desculpa.
Ele sorriu sarcástico e voltou a se vestir, o que é uma tortura. Colocar a blusa tão devagar deveria ser um crime...
- Fala comigo, por favor!
Ele ficou de frente para mim, olhando nos meus olhos e pegou a cueca para colocar. Retirou a toalha tão lentamente que eu fui obrigado a acompanhar. Juro que estou me segurando! Respirei fundo e com toda a sanidade que eu consegui me virei de costas.
- Tae, não faz isso. - Minha voz saiu arrastada, mas não deixou de parecer uma ordem. Alguns instantes depois o vejo passar por mim com o celular na mão. Reparei que já estava vestido, o que é bom. Não posso fazer besteira agora.
- Tô pronto. Vai me buscar? - Ele falou para o aparelho, foi aí que a ficha caiu. Ele vai sair com outro cara! Peguei aquela bosta da mão dele.
- Não precisa vir. - Falei seco e desliguei. O par de olhos na minha frente expressavam incredulidade e decepção, mas não me abati. O joguei contra a parede o deixando sem saída. - Você não vai a lugar nenhum sem mim.
- Você come merda? Tá pensando que eu sou o que? Um brinquedo que quando enjoa joga fora,mas se outra pessoa o quer ela não pode ter?
- Não! Eu te amo, cacete! Já falei isso várias vezes. Me desculpa, tá legal? Eu fiz uma burrada, estava irritando e não tinha que descontar em você. Eu sei, mas não é legal ver seu namorado marcando de sair com outro cara!
- Eu te amo, sei disso. Mas se é para continuar assim eu não quero mais, não é a primeira vez que você "desconta" - fez aspas com as mãos , ou tentou, já que eu estou o prensando contra a parede. - em mim. E saindo com outro cara? Jeon! Faça-me o favor! Sabe, melhor que ninguém, que nunca te trairia.
- Não fala que não quer mais, por favor. Eu sei que de uns dias pra cá só dou mancada, mas é difícil ter um namorado tão... Perfeito? - Entortei os lábios - Parece que a cada segundo alguém quer te tirar de mim, acabo ficando irritado e descontando em você. Ontem eu mal dormi pensando naquele cara que ficou te encarando no aeroporto.
- Kookie, um relacionamento se baseia em confiança. Se você não confia em mim não tem como continuar, por mais que tenha amor envolvido.
- Eu confio em você! Muito. Só não sei controlar o ciúme, mas eu prometo que nunca mais vou fazer uma merda dessa.
- Eu sei que vai. - Ele sorriu - Mas eu sempre vou te perdoar, não é?
Posicionei minhas mãos, uma na nuca e a outra na cintura, e o puxei. Senti tanta falta daqueles lábios, do cabelo, do cheiro, da sua respiração próxima a minha. Tudo. Mas o que eu mais senti falta foi:
- Eu te amo.
Dessa voz, meu Deus. Como ela mexe comigo, me arrepia dos pés à cabeça.
- Eu também te amo.