Os seis meses de sofrimento que Meiling previra estavam se passando, tudo medido pela ampulheta de Kero. Faltava apenas mais um dia para aquilo tudo acabar. No começo foi difícil suportar a fome, a dor, o cansaço, mas Sakura superou tudo isso em nome do imenso amor que tinha pelas cartas. Já se acostumara com a sensação horrível das náuseas e dos cortes.
– Você ainda vai sentir todas essas dores, por isso, recomendo que durma quando chegarmos, nem que seja uma semana… – Aconselhou Meiling.
Sakura e Meiling estavam em um treinamento de luta avançado; Sakura atingia Meiling com tudo e a chinesa se defendia como podia. Os golpes das duas eram rápidos e intensos, a cada soco, a cada chute. Sakura conseguiu entrar nas defesas de Meiling, puxou o braço dela e jogou-a com tudo no chão. Até mesmo com a dor Meiling já era bem-acostumada.
– Vamos parar por aqui. Nesse instante, nossos corpos receberam todas essas experiências e só se passou uma hora… – As duas se deitaram no chão quente e penicante e contemplaram o vazio.
– Meiling-chan, eu quero continuar…
– Não posso, eu vou morrer se eu continuar e seu corpo vai ficar muito enfraquecido…
– Pra não ter magia, até que você é durona, encrenqueira! – Observou Kero.
– Aprendi a ser durona antes mesmo de conhecer vocês; eu fiquei tão frustrada por não ter magia que decidi fortalecer minhas habilidades de combate treinando como uma louca pra ajudar o Shoran no que eu pudesse… – Meiling falou do primo querido em um tom afável, que não ouvira faz meses naquele lugar. Sakura percebeu e estreitou os olhos.
– Você gosta muito do Shoran, Meiling…
– E eu só quero que ele continue a te fazer feliz, Sakura! – Meiling deu um sorriso para a cardcaptor.
– E como eu tou, Meiling?
– De quase nada pra alguma coisa. Já dá pra enfrentar ele com uma certa igualdade… eu te ensinei golpes que eu mesma criei…
– Pude ver… já estou pronta?
– Depende de você, Sakura, estar pronta ou não. Eu já te ensinei o que eu sabia, resta você mostrar isso na prática, mostrar pra ele que você sabe…
– Por falar em saber, vamos revisar umas coisinhas que te ensinei…
Sakura e Meiling se levantaram para ouvir Kero.
– Você está dizendo pra modificar o báculo?
– Isso mesmo! O Meikai é um lugar mágico por excelência. Ele é perfeito pra mudar a forma do báculo… no nosso mundo vai ser mais difícil e trabalhoso fazer isso…
– Quer que eu transforme ele em que, Kero-chan?
– Na forma que você acha que vai ficar legal por Chitatsu…
Sakura respirou, tocou a chave em seu pescoço e o báculo brilhou, flutuando entre as mãos abertas de Sakura:
Báculo, transforme-se na forma que meu filho achará útil pra cumprir a missão dele! DRAGÃO!
O báculo da estrela ficou vermelho e azul e onde havia a estrela, havia a imagem de um dragão chinês, cercado por um círculo.
– Quando eu selecionar o Chitatsu, essa vai ser a forma do báculo dele. É isso que você quer, Sakura?
Sakura afirmou com a cabeça.
– Certo, está feito. Vamos praticar a segunda coisa que te ensinei: transformar o báculo em espada. Está pronta.
– Sim.
Báculo! Transforme-se em uma espada afiada para ajudar a sua mestra! ESPADA!
Sakura tocou na chave da estrela e uma longa espada saiu de lá, em vez do báculo.
– Essa não é a carta espada e nem é capaz de te ensinar a lutar; é uma forma alternativa para o báculo, se precisar… junto com o que a encrenqueira te ensinou…
– Eu vou acabar com o tal de Zhang! – Sakura brandiu a espada que mais se parecia um florete de esgrima.
– Não se esqueça que você pode transformar ele em um bastão, numa lança, num machado, no que quiser… – recordou Meiling.
– Bem lembrado! – Confirmou Kero.
– Por fim… como criar cartas Sakura! Tá vendo aquela ventania? Capture ela como se fosse um pokémon, Sakura, mas sem perder o estilo!
– Okay, Kero-chan!
Sakura se aproximou da ventania do Meikai e disse, atacando a ventania com a ponta do báculo que virou florete:
Volte a forma humilde que merece; carta Sakura!
Uma nova carta Sakura apareceu; a carta ventania.
– Tá vendo aquela cerca? Você pode lacrar ela, Sakura!
– Okay!
Volte a forma humilde que merece; carta Sakura!
Outra carta nova apareceu: a cerca. O que elas fazem, somente tentando usar, como Kero disse.
– Agora você está pronta pra chutar o traseiro daquele cara! – Disseram Meiling e Kero.
– Podemos voltar, Sakura, Kero, vamos…
Antes de partirem, sombras cercaram os três e Sakura reconheceu quem eram; era a alma dos mortos que Sakura, Kero e Meiling haviam trazido para lá. Clamavam pelos três, mas não para atormentá-los, mas sim, para incentivá-los a acabar com a organização. Eram homens e mulheres que acreditaram nas promessas de Zhang, as promessas de um futuro melhor que nunca se concretizou. Agora restava a ele passar também pela experiência de sofrer no Meikai, de viver no Meikai ao lado daqueles que enganou:
– Essas almas estão dando força pra vocês, Sakura, Meiling. Elas pedem pra vocês acabarem com eles…
– Kero-chan, como pode?
– Esse é um lugar de expiação, Sakura. Aqui, você paga pelo que você fez. Para eles, você pagou por parte dos seus crimes.
Sakura olhou aflita para Kero.
– Eu sei o que você está pensando, não é culpa sua, mas matar um ser humano exige o preço da mesma vida e esse preço você ainda não pagou…
– Tou vendo que vou ter que voltar aqui de novo… pelo menos vou tá mais preparada…
– Então, vamos nessa? – Chamou Meiling.
Com o chamado de Meiling, suas almas saíram do Meikai como feixes de luz e voltaram aos seus corpos. Ao voltarem ao mundo humano, os três sentiram um imenso alívio; não havia mais uma dor, fome, angústia, vozes atormentando-os constantemente, agora havia apenas uma imensa sensação de alívio e um cansaço extremo que pediu para que seus corpos dormissem por horas, dias; tudo culpa da experiência acumulada durante os “meses” no Meikai.
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