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História Betting Hearts - Save me.


Escrita por: Jinae

Notas do Autor


Olha só quem não atrasou dessa vez!
Eu particularmente gostei bastante desse capítulo, porque começa a mostrar um lado do MJ, e quero ver se vocês conseguem entender o que tá acontecendo. E tem o Moonbin, fazendo coisas no impulso de novo... Tsc, tsc. O que vamos fazer com esse menino?
E o final... Eu quase chorei escrevendo, juro. Vamos ver como vocês se sentem. Ao capítulo!

Capítulo 16 - Save me.


Fanfic / Fanfiction Betting Hearts - Save me.

                Mais uma noite como as outras, Jinwoo enxergava uma luz se acender pelo canto do olho enquanto tentava adormecer, e a preocupação não permitia que o rapaz pregasse o olho. Sentia que o rapaz estava em agonia e sempre acabava acordando durante a madrugada quando o ouvia entre gemidos e ofegos noturnos, como se reclamasse adormecido. O loiro sentou-se sobre a cama para encontrar pouco ao lado o companheiro apoiado em seus braços e com o rosto suado, como se tivesse acabado de escapar de um pesadelo intenso.
                Myungjun apenas desviou o olhar na direção do amigo, percebendo que ele havia despertado também naquela noite. Seu olhar correu para o próprio braço por um instante, onde havia uma grande marca já arroxeada, um machucado que surgiu como se fosse da noite para o dia, e não era o primeiro. O moreno deitou-se mais uma vez, apagando as luzes e cobrindo o hematoma com uma das mãos, comprimindo os lábios enquanto tentava manter-se em completo silêncio. Mas Jinwoo ainda o olhava, encarava a silhueta em meio à escuridão que os engolia naquele quarto de hotel, como se envolvesse os rapazes num abraço que era ao mesmo tempo reconfortante e agonizava, sufocava-os, pois escondia segredos. Estava tão claro e ao mesmo tempo tão escondido, MJ trancava suas palavras a sete chaves e resumia-se ao óbvio. Era apenas os medicamentos, o novo tratamento, efeitos colaterais, e Jinjin não conseguia mais acreditar em nem uma palavra sequer. Que trocassem os remédios, o examinassem com mais cuidado, mas o mais velho insistia que aquilo tudo fazia parte e logo passaria. Só mais algum tempo, seria pouco até que pudesse seguir adiante, talvez trocar as drogas e ter outras prescritas para si. A dor seria passageira, o que era aquilo perto do que já havia passado em todos esses anos?
                - Isso não é normal. – Murmurou o loiro, sendo completamente ignorado pelo colega de quarto, era simplesmente mais uma daquelas noites.
                E o que mais faria além de tentar apagar da mente as preocupações e adormecer? Era tudo tão confuso e doloroso para o outro quanto para si mesmo, mas ele era tão teimoso que não iria adiantar insistir em virar mais uma noite em conversas e discussões que não teriam destino final.

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                MJ esfregava os olhos, fungando baixinho antes de afastar a badeja de comida diante de si. Mal havia encostado no prato, mas não sentia fome e sequer a necessidade de entupir-se de alimento quando não tinha desejo por comida. Jinwoo, que estava parado diante do guarda-roupa e terminava de se trocar, voltava a atenção ao companheiro e suspirava enquanto seguia até ele lentamente.
                - Você precisa comer, Myung. – O repreendeu, ato para o qual o moreno respondeu torcendo o nariz. – Não seja como uma criança mimada.
                - Não sou uma criança, tampouco mimado. – Cruzou os braços, virando o rosto para o lado contrário, não querendo encarar o mais novo. – Eu só não estou com fome.
                - De novo? Você não come direito faz muito tempo.
                Sentou-se à beirada da cama, o olhar fixo no outro a todo o instante. Estava tão preocupado, era possível notar pela maneira com que olhava Myungjun, mesmo que este não retribuísse ao contato. Era... Doloroso.  Saber que o outro estava sofrendo e nada poderia ser feito, afinal, o próprio se recusava a mudar o tratamento que recebia.
                - Você se preocupa demais. – Voltou a olhar no menor, sorrindo fraco para ele e lhe estendendo a mão, fazendo um carinho leve nas costas de sua mão. – Eu estou bem. – Jinwoo simplesmente moveu a cabeça positivamente por um instante, não conseguia acreditar profundamente nas palavras do moreno, que pareceu chateado ao perceber a falta de confiança. Arqueando as sobrancelhas o outro deu um beliscão de leve no colega, que se surpreendeu e puxou a mão imediatamente.
                - Doeu! – Reclamou em um tom levemente manhoso, que fez o maior rir soprado.
                - Foi um castigo por conta desta sua cara amarrada. – Brincou. Ele até parecia um pouco mais animado, se não fosse a palidez que denunciasse sua fraqueza todo o mais poderia passar despercebido. Ou quase. – O que me diz de darmos uma volta depois, uh? Isso te deixaria animado, creio eu.
                O loiro deu de ombros.
                - Você não parece estar lá em muitas condições.
                - Quantas vezes mais eu vou ter de me repetir? Estou perfeitamente bem. Veja só! – Alcançou um pacote da bandeja afastada a pouco, um biscoito recheado solitário que foi desembrulhado e no qual o moreno deu uma mordida generosa, continuando a falar mesmo de boca cheia. – Comendo e saudável. Feliz agora?
                Jinjin suspirou, levantando-se com os braços cruzados e uma expressão pensativa no rosto, mesmo que o outro não pudesse perceber tal ato por ele estar de costas. Virou-se, encarando o outro que engolia o biscoito forçadamente, realmente não sentia apetite algum, mas queria agradar o rapaz.
                - Acho que você precisa tomar cuidado, Myung. Esses sintomas, eles...
                - São efeitos colaterais, Jinwoo. – Respondeu em um tom levemente antipático, cansado de repetir o mesmo discurso por milhares e milhares de vezes. Não conseguia entender o motivo para tamanha insistência e teimosia do outro, os médicos havia deixado claro que era tudo uma questão de tempo, efeitos passageiros que logo partiriam, seria tudo pelo melhor.
                O menor suspirou, passando as mãos pelo rosto em frustração enquanto o outro apenas observava a cena agora em completo silêncio. Aquele clima todo o deixava inquieto, exausto, precisava mesmo respirar novos ares.
                - É quase como se você estivesse mentindo na minha cara. Eu sei que bem no fundo você sabe que isso não é normal. – Tocou o próprio peito, bem sobre a área do coração. Myungjun seguiu o olhar para aquele exato ponto, pensativo, mas logo sacudia a cabeça para espantar os pensamentos e dúvidas.
                - Vai passar. Nós vamos sair ou não? Sabe que por mim iríamos agora mesmo, acho que minha cara de cansaço é por ficar muito tempo em repouso, estou até mais pálido. – Estendeu os braços como se estivesse analisando a si mesmo, e nisso Jinwoo percebia mais um hematoma na parte lateral do braço alheio, outro que surgia como mágica, mas manteve-se em silêncio sobre. – Mas, se ainda quiser deixar pra depois como eu havia dito anteriormente, eu aceito a proposta. – Sorriu.
                Naqueles momentos em que sorria de modo tão radiante nem parecia que Myungjun estava tão abatido.
                - Céus... – Sussurrou, dando as costas e seguindo até outro canto do cômodo, o olhar curioso de MJ acompanhando cada passo que era dado até perceber qual era o destino. O mais novo pegava a cadeira de rodas do outro, a desdobrando e montando como deveria ser feito, apenas para guiá-la para perto da cama do moreno. – Mas você vai comer direitinho depois disso.
                - Sim senhor. – Respondeu o jovem, nem sequer se importando se era uma mentira branca, aquilo não acabaria machucando ninguém. Enfim, estendeu os braços e deixou com que o menor o ajudasse a sentar na cadeira de rodas, e dali poderiam seguir seu rumo para onde quer que fosse. E MJ não se importava onde estava indo, contanto que Jinjin estivesse ao seu lado.
                Foram minutos até que os rapazes saíssem do hotel onde estavam residindo por um longo período de tempo, o qual parecia não ter mais fim, por mais que não fosse isto que os rapazes queriam. Um fim parecia algo cruel, quem sabe um... Gancho para que a história pudesse continuar?
                O caminho pelas ruas pouco movimentavas era seguido em passos calmos e em rodas que giravam graciosamente, Jinwoo focado no caminho que era feito e MJ no que havia ao seu redor, mas talvez não tão focados assim. Não percebiam, perto dali, eram observados por olhos atentos escondidos por trás de um par de óculos escuros. Os pequenos olhos cerravam enquanto via os jovens se afastando daquele prédio, talvez já pela terceira vez seguida nos últimos dias em que os seguia e observava, analisando e estudando qual seria o melhor momento a agir. Sabia que a pressa era a inimiga da perfeição, e não aceitaria nada menos do que a própria perfeição. Seus olhos correram para o letreiro com o nome do hotel, abaixando levemente os óculos e observando com cuidado enquanto as orbes escuras corriam pelas palavras que davam nome ao local. E então Sanha sorria, sentindo que em breve poderia agir, algo lhe dizia que os planos correriam bem como o esperado.

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                O incomodo em seu peito era grande, como se algo estivesse massacrando seu coração com firmeza, fincando as unhas e amassando de maneira lenta e dolorosa. Mas não era nada perto disso, talvez este fosse o significado de sofrer por alguém? Moonbin não sabia, afinal, nunca havia sofrido por outra pessoa até então. Sentia-se um bobo, tudo o que havia feito era ter tido uma última conversa com Eunwoo, completamente estranha e desconfortável uma vez que sequer olharam-se durante o tempo em que o mais novo descrevia como era o tal amigo que deveria procurar. Começava a se questionar se o tal Jinwoo realmente ainda estava preso no bordel, se já havia sido vendido a alguém como escravo, ou algo pior. Torcia para que não fosse a última opção, sabia como Eunwoo ficaria arrasado com a notícia, aquele não era o momento, nenhum momento era propício.
                E para piorar as coisas estavam cada vez mais confusas, conforme os dias se passavam o empresário percebia que aquele rapaz com quem o Lee andava aparecia mais e mais, sempre o acompanhando ao fim da jornada de trabalho. O mais velho sabia perfeitamente quem era aquela pessoa, o que apenas o deixava com uma fúria maior, talvez este fosse o motivo para ter o atacado há uns dias? Não poderia ser ciúmes, ao menos era o que repetia para si mesmo até que certa noite, em um ataque de fúria, gritava para si mesmo que Kangjoon não amava Dongmin, ao menos não da maneira que ele o amava. Aquilo o assustou, o reflexo repentino da fala em meio à raiva o fez derrubar a garrafa cheia de vodka diante de si, e chegou a se sentir tonto. Seus próprios pensamentos o assustavam, a ideia de estar apaixonado pelo modelo era tão clara e presente, mas tentava por tudo fazer-se de cego. Como conseguiria continuar vivendo nesse estado?
                O empresário sacudiu a cabeça para escapar dos devaneios e abriu a porta de seu carro, já fazia uns cinco minutos que estava estacionado diante da boate do Park, uma hora ou outra teria de colocá-lo contra a parede e descobrir mais sobre o tal amigo de Dongmin, quanto antes melhor seria, pois já havia demorado dias demais desde a conversa tida com o outro. Se fizesse logo o combinado não teria mais desculpas ou motivos para falar com o modelo.
                Seus passos eram rápidos enquanto caminhava pelo local totalmente vazio por conta do horário, o point sempre era mais movimentado durante a noite e parecia quase um deserto ao dia, eram poucos os que apareciam naquele horário. Passou pelo corredor ignorando todas as portas que tinham pelos lados, seu destino era aquela logo ao fim do longo espaço, onde bateu duas vezes assim que parava diante da mesma.
                “Entre”, soou a voz dentro do cômodo, no qual logo o rapaz obedecia ao comando e entrava. Fazia alguns dias que não se encontrava com Rocky pessoalmente, o amigo parecia estressado nas últimas vezes em que havia conversado com ele, mas naquele dia as coisas pareciam estar mais calmas. Ao menos era o que aparentava o outro, que bebia tranquilamente sentado no sofá de sua sala, por mais que a expressão séria fosse quase congelante.
                - Chegou sem aviso algum. – Ditou enquanto terminava de servir mais uma dose, relaxando sobre o sofá e voltando o olhar ao amigo enquanto bebia um gole do álcool. – Hm... – Comprimiu os lábios ao engolir, suspirando brevemente em seguida. – Está precisando de algo? Talvez algum serviço?
                - Eu vim aqui para descobrir algo, não por diversão. – O cortou imediatamente, recebendo em troca um olhar confuso do moreno.
                - O que quer dizer com isso? – Respondeu em um tom meio risonho, deixando o copo meio cheio sobre a mesa de centro, ao lado da garrafa com o restante do conteúdo ainda nela. – Virou detetive particular?
                - Acredite, eu não quero estar aqui te questionando, tanto quanto você não quer ouvir perguntas. Mas é só responder o que eu preciso e te deixo em paz.
                - Você me soa estranho. – Moonbin cruzou os braços, sustentando o olhar do amigo até que o mesmo acabasse cedendo. – O que quer?
                - Preciso saber de um dos rapazes que está aqui. – Descruzou os braços, seguindo até o amigo em passos lentos. – Park Jinwoo, conhece?
                No instante em que ouviu aquele nome Rocky mudou completamente a sua expressão, e Moonbin percebeu a mudança repentina, era quase como se o próprio ar no cômodo ficasse mais denso e difícil de respirar. Por esse motivo o mais velho pausou seus passos, ficando parado onde estava enquanto via o amigo levantar do seu assento e contornar lentamente a mesa de centro para ir até o Moon.
                - O que é isso, uh? – Franziu o cenho, analisando o amigo com cuidado, tentando ler suas expressões. Ele não era como um livro aberto, isto lhe dava nos nervos. – Sabe que pode me perguntar qualquer coisa, mas isso já é demais.
                - Desde quando não posso saber dos seus brinquedinhos? – Arqueou as sobrancelhas, estranhando as atitudes do amigo. Algo estava errado, e era em relação ao tal Jinwoo... Mas o que seria? – Eu só fiz uma pergunta, me diga se ele está aqui ou não. Pretendo tirá-lo desse lugar, pago qualquer valor. – Rocky deu as costas em meio a um riso soprado. – O que é tão engraçado?
                - Quer mesmo saber? – Virou-se para o maior novamente, um sorriso em escárnio estampado no belo rosto. – Desde quando se tornou um bom samaritano, Bin? Aposto que isso tudo tem a ver com aquela puta que você comprou. Ou melhor, que eu te dei de presente.
                - Como é... ? – Moonbin cerrou os punhos, repentinamente sentindo uma raiva enorme do amigo pelas palavras por ele ditas. Como ele ousava ofender Eunwoo daquela maneira, ele nem sequer havia lhe feito nada.
                - Você me ouviu muito bem. Não pode salvar todo mundo que vê pela frente só porque está apaixonado por aquela passiva desgraçada. – Completou em um tom mais enfurecido, realmente perdendo o resto de controle que ainda possuía, assim como Bin.
                - Retire o que disse. – Ditou entre dentes, dando um passo para perto do mais baixo, que riu agora de modo audível, como se tirasse sarro do outro.
                - Vá embora, Moonbin. Não vai conseguir o que quer aqui, pode ter certeza que não vou abrir minha boca, são assuntos meus que não interessam a mais ninguém. Volte pra aquele infeliz e diga que não conseguiu arrancar porra nenhuma de mim. – Sorriu de lado, quase como se estivesse desafiando o mais velho com isso e com o olhar afiado. E Moonbin não se aguentou, seguiu rápido até o amigo e lhe desferi um soco certeiro no nariz, fazendo até com que Minhyuk perdesse o equilíbrio e fosse ao chão. Caído ali, o moreno piscou algumas vezes e apoiava-se com uma das mãos no chão enquanto a outra passava pelo nariz recém atingido que agora sangrava.
                - Volte para a realidade antes que eu faça mais do que te dar apenas um soco. – Respondeu em um tom sério, dando as costas e saindo imediatamente do local.
                Rocky continuou sentado no local onde se encontrava, sangrando e sentindo o líquido viscoso já escorrer e manchar até os lábios e queixo, mas ainda assim deu uma risada fraca enquanto sacudia levemente a cabeça.
                - Seu infeliz... – Murmurou para si mesmo.

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                Por mais que os dias se passassem toda aquela situação ainda soava um pouco estranha, fora dos eixos, se fosse possível dizer. Por um lado as coisas deveriam estar indo bem, não? Seguir em frente era justamente o que Eunwoo estava precisando, imaginava que sair com Kangjoon como havia feito nos últimos dias seria uma boa maneira de passar o tempo, se abrir a novas oportunidades, mas tudo ainda parecia um tanto desconfortável. Era estranho para Dongmin ter encontros e passar algum tempo com o rapaz, que o buscava agora todos os dias ao fim de sua rotina de trabalho, especialmente por ainda ser complicado para o moreno engolir a própria sexualidade. Tudo fazia sentido, no fundo sabia que não era a primeira vez que sentia atração por pessoas do mesmo sexo, mas sempre ignorou e focava-se em outras coisas como, por exemplo, os estudos. É preciso estudas bastante para poder cursar medicina e tornar-se um bom profissional, ainda não tinha se esquecido de quais eram seus objetivos reais.
                Claro, não era que nunca tivesse se apaixonado por mulheres, e era justamente isto que o confundia ainda mais, pois sentia atração por ambos e não conseguia entender aquilo. Kangjoon, por sua vez, achava graça da confusão do novo companheiro nas conversas em que tiveram sobre o assunto. O mais velho insistia que Eunwoo só poderia ser bissexual, era a única explicação, ou pelo menos uma das mais prováveis. O rapaz havia mencionado várias outras possibilidades que confundiam o mais novo, as nomeclaturas ainda faziam com que ele se perdesse, mas talvez fosse apenas uma questão de se acostumar com estas novas ideias.
                Enfim, quanto mais os dias se passavam, mais Kangjoon parecia estar por perto. Era quase impossível não se encontrar com o rapaz no ponto em que estavam, para ser bem sincero. Saíam juntos depois do trabalho em alguns dias, jantavam um com o outro, iam ao cinema, mas nunca passaram nem sequer uma noite dormindo na mesma cama ou coisa do tipo. Ao menos até então.
                - Já vou! – Exclamou o rapaz ao ouvir as batidas na porta de seu quarto de hotel, surpreendendo-se logo que a abriu. - Kangjoon?
                - Surpresa! Vim passar a noite contigo, posso entrar? – Sorriu de modo radiante, as mãos nas alças da mochila que tinha nas costas e um brilho adorável no olhar. Ele aparentava estar animado, enquanto Dongmin apenas parecia confuso.
                - Ah... Perdão? – Sacudiu a cabeça, ainda não dando passagem para o outro, que mudava a sua expressão, agora confuso pela demora do companheiro, esperava que ele fosse deixá-lo entrar de imediato.
                - Oras, não posso passar a noite com meu namorado? – Riu, se aproximando e dando um beijinho na testa do outro, aproveitando-se do fato que ele havia abaixado a guarda de repente para entrar no local. – Lugar legal. – Ditou enquanto observava o quarto de hotel, que era certamente grande, talvez um dos melhores dali. Eram dois cômodos separados por uma parede com área aberta, num havia a área da cama, uma passagem para o banheiro dali, e no outro eram sofás, televisão e uma bela vista da janela, uma verdadeira área de lazer.
                - P-Pode ficar a vontade, eu vou para o banho. – Fechou a porta imediatamente, seguindo para o banheiro pouco depois enquanto o mais velho tirava a mochila das costas e pegava ali coisas que o modelo não percebeu o que era, e tampouco se importou em querer saber, simplesmente se trancou no banheiro no instante em que pôde e se colocando de costas contra a porta. - Namorado? – Murmurou para si mesmo, a expressão chocada em sua face mostrava perfeitamente como ele estava confuso com toda aquela situação. Olhou-se no espelho, as mãos indo ao rosto enquanto deixava de se apoiar na porta e logo abaixava o olhar para a pia, quase sentindo como se estivesse ficando zonzo. – Como assim “namorado”?! – Exclamou, tapando a boca com ambas as mãos em seguida e olhando rapidamente para a porta em um silêncio mortal, perguntando a si mesmo se o outro havia o ouvido de alguma maneira. E os pensamentos continuavam a rondar sua cabeça, afinal, o que diabos Kangjoon quis dizer com aquela história de namorados? Eunwoo riu soprado de si mesmo enquanto passava a andar num vai e vem no pequeno cômodo, sentindo-se um idiota, era extremamente claro o que o mais velho quis dizer com suas palavras e o moreno sabia disso. Parou de andar de repente, o olhar abismado encarando o boxe transparente do banheiro. – Mas desde quando nos tornamos namorados? – O tom saiu meio sussurrado e manhoso, e logo grunhia baixinho, retirando as roupas com rapidez. Sentia que precisava logo do tal banho para esfriar os pensamentos.
                Kangjoon, que estivera andando pelo quarto e encarando pontos estratégicos deste, terminava o que fazia e logo ouvia a porta se abrir, bem a tempo, e o rapaz então sorria radiante sem nem olhar para o outro no primeiro instante. Apenas moveu um enfeite da prateleira que havia na parede de frente para a cama, movendo a cabeça positivamente para si mesmo antes de retornar o foco para o companheiro.
                - Se sente melhor agora que está de banho tomado? – Eunwoo não respondeu com palavras, envolvido apenas em uma toalha pela cintura o jovem moveu a cabeça de modo afoito, mas evitava a todo o custo olhar para o mais velho. – Agora é minha vez. – Seguiu para perto do guarda-roupa para onde Dongmin havia se dirigido, depois de pegar a mochila que trouxera consigo, esta apoiada em um de seus ombros enquanto parava atrás do mais novo e apoiava a mão livre na cintura levemente úmida do moreno, que se arrepiou com o contato. – Não precisa se preocupar tanto com roupas esta noite. – Sussurrou ao ouvido alheio, sorrindo devassamente mesmo que o outro não notasse, seguindo o caminho para o banho logo em seguida.
                Já o Lee simplesmente ficou paralisado onde estava, como se um desespero repentino tivesse tomado conta de seu peito e crescia de acordo com que os segundos se passavam. E logo estes se tornavam minutos, enquanto agora o coreano ficava deitado encolhido sobre a cama e debaixo do cobertor com sua calça de moletom e camiseta cinza protegendo o corpo, e mesmo assim, se fosse possível, pedia mentalmente até que pudesse ter uma armadura.
                Mas não tinha como escapar. A porta do banheiro se abria, mesmo que não estivesse olhando o rapaz ouvia e encolhia-se mais ainda sobre a cama, que logo sentia o peso sobre o colchão do corpo alheio. E este não o envolvia de imediato, a destra passava delicadamente pelo braço exposto do outro e os lábios depositavam beijos pelo rosto, pescoço e ombros do mais novo, que tentava respirar fundo e manter o controle de si mesmo. Porém algo dentro de si gritava, querendo escapar, fugir, implorando por socorro e repetindo que não era aquilo que queria, e seu corpo não lhe obedecia. Parecia um boneco sem vida, paralisado pelos atos do “namorado”. Nem sequer sabia se o considerava daquela maneira.
                Kangjoon mudava a posição em que estava, ficando por cima de Eunwoo e retirando a camiseta que o mesmo trajava, passando a dar beijos e mordidas na extensão da pele alva, tão imerso que talvez sequer notasse que o companheiro mais parecia uma pedra, só que para Dongmin realmente aparentava que o mais velho apenas ignorava e queria seguir em frente com aquilo. Não era óbvio seu desconforto?
                O peso enorme em seu peito parecia o sufocar enquanto flashbacks da sua primeira experiência apareciam em baques em sua mente, aquilo tudo ainda o assustava, por mais que tivesse sido com Moonbin... As condições não foram das mais favoráveis. O consenso fora pelo desejo de liberdade, e agora era por sentir que fosse tarde demais para dizer não, quem sabe sentisse medo. E logo seus olhos se enchiam de lágrimas e estas escapavam pelo canto de seus olhos enquanto mais uma peça de roupa era retirada de seu corpo, deslizando pelas pernas bem torneadas, sequer teve coragem de olhar, mas sabia que o moreno mais velho também se despia da calça de moletom que trajava, esta sendo a única peça que ele possuía além da roupa íntima.
                Eunwoo sabia que aquilo tudo não era natural, era tão anormal. Seu corpo estava ali, mas o coração não, quase como se a alma tivesse escapado por entre os lábios ao som mudo do pedido para interromper a situação que se desenvolvia. Respirava fundo em meio a um soluço, os braços jogados de qualquer jeito sobre a cama e o rosto de lado, as lágrimas escapando de maneira que passeavam pelo nariz e bochecha antes de caírem sobre o travesseiro. Mas Kangjoon não notava o choro em maior parte silencioso, apenas movia os quadris contra o mais novo e fazia seu membro lhe invadir num movimento de vai e vem constante que aos poucos ia ganhando rapidez. E o Lee agarrava-se aos lençóis com firmeza como se isso fosse de algum modo o salvar, sentia-se sujo e abusado, mas naquele ponto simplesmente fechou os olhos e torcia para que tudo acabasse o quanto antes. Era estranho, algo lhe dizia que poderia ter negado a qualquer momento e evitado toda aquela situação, mas não conseguiu fazer isso. O silêncio consente? Então por que seu ser parecia estar sendo rasgado em milhares de pedaços pelo medo e culpa?
                Mas não era sua culpa...
                Era apenas mais uma pessoa indefesa que precisava de resgate, e sabia perfeitamente por quem gostaria de ser resgatado, mas esta pessoa não se importava mais e tampouco estaria por ali.
                E não poderiam dizer que não havia tentado se envolver, pois tentou, quis se entregar de corpo e alma para Kangjoon, que agora gemia de modo audível enquanto as estocadas firmes e rápidas investiam contra o interior do mais novo em lágrimas abaixo de si. Dongmin sabia que ele era a sua única opção, mas seu coração se recusava.
                Aquilo parecia uma situação mecânica, dois corpos se envolvendo apenas pelo ato. Onde estava o sentimento? Não existia nenhum, era uma tortura. Eunwoo só queria que aquela noite tivesse fim.


Notas Finais


E então, o que acharam? Digam aí nos comentários!
O que será que tá acontecendo com o Myungjun? E o Moonbin dando um soco em mais uma pessoa, só mais um dia normal. kekeke
E essa última cena do Eunwoo com o Kangjoon... Eu quis focar muito nos sentimentos dele, pra mostrar como ele se sentia com aquela situação, e acho que fim um bom trabalho. Bem, me digam vocês! kekeke Até o próximo capítulo. <3


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