História Between Angels - Monster

''O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui''- William Shakespeare 

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02 de junho de 2016. Berna, Suíça. 

Lauren's Point Of View

Uma fodida semana. Sete fodidos dias. Cento e sessenta e oito horas. Dez mil e oitenta minutos de puro desespero porque eu não tinha nenhuma notícia de Camila.

Ninguém do orfanato sabia onde ela estava, Dinah e Normani haviam desaparecido também, a polícia foi acionada mas não encontraram nenhum rastro, nenhuma pista.

Camila tinha simplesmente desaparecido.

E eu já estava cansada de pessoas me abandonarem sem ao menos se despedir.

Estava sentada no sofá com uma caixa de Cupcake no colo, enquanto via pela oitava vez diário de uma paixão.

Era tão lindo.

-Ver você assim está me deixando com depressão. - Vero disse entrando na minha frente.

Soltei um gritinho.

- SAI DA FRENTE CARALHO AGORA QUE ELA SE LEMBRA DE TUDO. - Me sentei rapidamente enquanto tentava desesperadamente olhar para a televisão.

-Está pior do que eu pensava. - Vero disse, sua boca estava levemente aberta. - Ainda bem que eu trouxe ajuda. -

Antes que eu tivesse a chance de responder uma voz se faz presente no quarto.

-Olá, querida. - Olhei rapidamente em direção à voz.

Há, eu não sou sua querida.

A pessoa estava encostada na parede. Era um homem alto, usava uma jaqueta de couro que fazia um perfeito contraste com sua pele branca, possuía olhos verdes brilhantes e cabelos negros como a noite.

Talvez era um pouco intimidante, arrumei-me rapidamente no sofá.

-Quem é você?- Me senti incomodada, quem a Vero pensa que é pra trazer um homem pra cá. UM HOMEM. Se fosse uma mulher eu não reclamaria mas um homem?

-Ainda não percebeu? Eu não te criei para ser burra. - ele disse dando um sorrisinho de lado, que parecia bastante com o meu.

Foi ai que tudo fez sentido.

Oh, não.

-Pai?- Minha voz saiu estridente.

-Surpresa!- ele se aproximou e mesmo sem querer eu me senti confortável, era como a escuridão que existia dentro de mim tivesse se acalmado.

Meus olhos se arregalaram e eu olhei desesperada para Vero.

-Então, tem umas coisinhas que você precisa saber. - ela sorriu sem graça.

Encarei os dois esperando a explicação.

-Então, você conhece um pouco do cristianismo, certo?- Meu, hã Pai(?) Começou explicando. - Na história conta que tinha um anjo, muito bonito por sinal, que queria tomar o poder de Deus, então, Deus ficou com medo e expulsou esse anjo do céu junto com um monte de outros anjos menos importantes. -

Acendi em concordância, conhecia aquela história.

-Esse anjo que foi expulso formou um exército, e se tornou um rei. Vários anos depois esse anjo teve uma filha. -

Ele parou me olhando por alguns segundos, depois apontou na minha direção sussurrando a palavra ''Filha''.

-Então, no caso você é Lúcifer e eu sou a filha das trevas?- o olhei com os olhos semicerrados

-ISSO! Falei que ela entenderia- ele disse olhando pra Vero.

Encarei por um momento, depois comecei a rir, uma longa gargalhada.

Deus? Lúcifer? Fala sério!

Eu finalmente conheci meu pai e ele era um puto de um pirado.

-Vocês são hilários! A versão verdadeira, por favor. - eu ainda ria.

Vero se aproximou, segurando suas mãos contras a minhas.

-Isso é a verdade, Lauren. - sua voz não tinha nem um pingo de hesitação.

-Okay, prove!- Meu "Pai" me olhou com uma sobrancelha levantada.

E foi preciso só de um pequeno movimento com os dedos pra ele me jogar com tudo na parede. Meus pés não tocavam o chão, era como tivesse uma mão gigante me pressionando. Mas não havia absolutamente nada lá.

-Acredita agora?- ele deu um sorrisinho debochado. -Ou precisa de mais provas?- ele fechou mais sua mão e eu senti o aperto aumentar.

-Eu acredito. - disse quase sem fôlego.

Caí com tudo no chão, quando o perto foi finalmente embora.

Vero correu me ajudando a levantar.

-Como você sabe disse tudo?- perguntei para a garota que estava do meu lado.

-Eu a mandei para cuidar de você. - Lúcifer disse.

-Então você também é um demônio?- Vero deu os ombros e me encarou, seus olhos estavam completamente negros.

Mais que porra.

-Se vocês são quem realmente dizem que são, podem achar a Camila, certo? Ally a levou embora. - disse com esperança.

-Eu vi você apanhando de um anjinho daqueles- Ele me olhou com desgosto- Por isso eu vim te ajudar, nós vamos treinar você. - Ele riu- Bem, isso era proibido, mas ele quebrou o acordo primeiro. Então eu posso ajudar.-

-Nós quem?- perguntei com um fio de voz.

{...}

Estava em uma arena aberta, parecia aqueles antigos coliseus de Roma, fazia um calor infernal, mas os demônios em minha frente pareciam estavam bem confortáveis.

Havia cinco homens parados, todos com os olhos negros como a noite, eles encaravam Lúcifer ansiosos por comandos.

Cavalinhos do Papai.

-Todos eles são demônios?- sussurrei para Vero que estava do meu lado.

-Todos nós somos demônios. - Ela piscou para mim.

Ah, é mesmo.

Confesso que eu estava com um pouquinho de medo. O senhor das trevas iria me ensinar a lutar, acho que eu tenho o direito de ficar um pouco receosa em relação a isso.

Lúcifer me pegou pela mão me puxando para o centro da arena.

-Lauren, esses são Bartholomew, Valac, Dantalion, Amon e Baal. Eles estão aqui para te dar uma surra. - O olhei com os olhos arregalados. - Você tem uma força enorme dentro de você, tudo que precisamos fazer e trazê-la pra fora a base da bordoada. - ele deu um sorrisinho amigável no final.

(Play)

-Bartholomew, você primeiro. - O cara que mais parecia um armário entrou na minha frente. Possuía um olhar assassino e um sorriso debochado de canto.

E antes que eu pudesse raciocinar, um punho veio em minha direção, acertando meu rosto.

Cambaleei alguns passos para trás.

-PORRA!- Aquilo doía pra caralho.

(Desde que eu conseguia lembrar

Tudo que há dentro de mim

Só queria se encaixar

Eu nunca fui um para pretendentes

Tudo o que eu tentei ser

Só não combinava comigo.)

Olhei para o lado onde os outros demônios estavam, todos eles possuíam um brilho estranhos nos olhos, como se estivem sentindo prazer em observar.

Porra, virei saco de Box e não to sabendo.

Então, o cara que parecia um armário veio pra cima de mim novamente, e deu um soco, depois outro e outro e mais um.

Eu podia sentir o sangue escorrendo e todo meu corpo estava doendo.

Ele se aproximou, segurando meu rosto com uma mão enquanto olhava no fundo dos meus olhos.

-Você é fraca. - Sua voz era cruel e ameaçadora. - Como vai defender sua preciosa Camila quando eles colocarem a mão nela?-

Tirei bruscamente suas mãos do meu rosto.

Como ele ousa pronunciar o nome dela?

-Quando você falhar, e você vai. Eu quero entrar na fila para tê-la, porque porra, ela é tão linda. Diga-me Lauren, aquela boca e tão macia o quanto aparenta? Eu imagino ela envolta do meu p...-

Um rosnado furioso saiu do meu peito enquanto eu acertei um soco em seu rosto, tão forte que eu podia escutar o barulho dos ossos recebendo o impacto, eu podia escutar eles se trincando.

(Se eu te dissesse o que eu era

Você viraria as costas para mim?

E se eu parecesse perigoso

Você ficaria com medo?

Tenho a sensação apenas porque

Tudo o que eu toco não é obscuro o bastante

Se o problema está em mim.)

Minhas mãos tremiam, tudo que eu podia enxergar era vermelho. Eu queria o fazer pagar por isso, eu faria ele engolir cada palavra.

Dei um impulso para frente, sentia uma força descomunal se apossar de mim, era como se ela estivesse presa por muito tempo e agora estivesse se libertando com toda a vontade.

Meus dois punhos bateram simultaneamente na lateral de sua cabeça, ele se afastou um pouco para trás.

Ele tentou revidar me dando um soco, mas antes que pudesse me acertar minha mão entrou na sua frente, segurando firmemente seu punho.

Seus olhos se arregalaram quando percebeu o que eu havia feito, e com toda força que eu possuía comecei a apertar.

-Nunca mais se atreva a falar o nome dela, nunca mais se atreva ao menos pensar nela. - Minha voz estava completamente diferente, estava mais grossa e impotente.

(Sou só uma mulher com uma vela para me guiar

Eu estou lutando para escapar do que está dentro de mim

Um monstro, um monstro

Eu estou virando um monstro

Um monstro, um monstro

E está ficando cada vez mais forte.)

Eu comecei a escutar o barulho de sua mão se quebrando por causa do aperto. Ele caiu do chão de joelhos enquanto eu distribuía chutes por todo o seu corpo.

E naquele momento eu descontei tudo que estava acontecendo, dei um chute por levarem a minha Camila, outro chute por me deixarem sozinha a minha vida toda, outro chute por ser quem eu sou, outro chute por gostar de causar dor, outro chute por esse monstro que sempre existiu dentro de mim, outro chute por toda a minha vida eu me questionar porque diabos eu era tão diferente.

(Posso ficar com a consciência limpa

Se eu sou diferente do resto

Tenho que fugir e me esconder?

Eu nunca disse que queria isso

Esse fardo veio até mim

E me fez de sua casa. )

Ele já estava completamente inconsciente quando o barulho de palmas me fez parar.

Várias palmas acompanhadas de risadas ansiosas.

-Essa é a minha garotinha- Lúcifer estava completamente excitado- Olha essa sua áurea, tão poderosa. Sabia que demônios não desmaiam com força física? Você pode destruir seus corpos que eles ainda ficam conscientes. Foi seu poder que fez isso, seu poder o mandou de volta para o inferno. Isso é fantástico!-

(Se eu te dissesse que eu era

Você viraria as costas para mim?

E se eu parecesse perigoso

Você ficaria com medo?

Tenho a sensação apenas, porque

Tudo o que eu toco não é obscuro o bastante

Se o problema está em mim.)

Ele deu pequenos pulinhos de excitação, minhas mãos ainda tremiam, todo o meu corpo estava sujo de sangue, os ferimentos do meu rosto ardiam em uma dor gostosa.

Todas as pessoas em minha volta me encaravam chocadas, até mesmo Vero.

-Olhe esse negro dos seus olhos, olhe toda essa escuridão. - Lúcifer havia me dito mais cedo que a cor dos olhos era como a marca registrada do seu poder, quanto negros eles ficaram maior seu poder.

É eu podia sentir meus olhos queimado.

-Bom, o primeiro ensinamento foi concluído com sucesso. Agora só faltam quatro. - Que maravilha!

O ''corpo'' Bartholomew que ainda estava estirado no chão, começou a se decompor até desaparecer completamente.

Queime no inferno, filho da puta.

(Sou só uma mulher com uma vela para me guiar

Eu estou lutando para escapar do que está dentro de mim

Um monstro, um monstro

Eu estou virando um monstro

Um monstro, um monstro

E está ficando cada vez mais forte.)

(Fim da música.)

[...]

-A segunda lição é bem fácil, eu vou te ensinar a não ceder ao poder de anjo nenhum.- O demônio que se denominava de Dantalion era meu segundo professor.

Estávamos na porta de uma pequena igreja, eu teria que entrar e permanecer lá dentro ate que estivesse pronta.

Só podia ser brincadeira.

-Preste atenção, e só você se concentrar quando estiver lá, apenas concentre em uma lembrança boa, essa lembrança precisa ser forte. As maiorias dos demônios não conseguem ficar por muito tempo porque não possuem nenhuma coisa boa para se agarrar. - O sino da igreja tocou indicando que já iria começar.

Encarei a igreja com certo receio, não era legal sentir como se estivesse dentro de uma fogueira ardente.

-Tudo bem. - suspirei. Eu precisava ficar forte. Forte pela minha Camila.

Caminhei lentamente em direção à igreja observando o local. Basicamente era branco e azul, possuía altares e imagens. Do lado de fora tinha um pequeno parquinho, Camila iria adorar brincar nele.

Senti meu coração se apertar, eu sentia falta da menina de lacinhos.

Na porta uma mulher sorridente cumprimentava todos que entravam, ela parecia gentil.

-Bem vinda a casa do senhor, Irmã.-

-Irmã?- especulei.

-Sim, todos nós somos filhos de Deus. - comecei a rir.

Hã, eu acho que não.

Concordei rapidamente com a cabeça enquanto entrava na igreja, e no momento que eu passei pela porta a dor começou.

No princípio era como um arranhão que ficava incomodando, então, rapidamente procurei um lugar e me sentei.

O padre começou a oração de abertura, e a dor foi se intensificando.

Merda! Merda! Merda!

Pense em coisas legais, pense em coisas legais, pense em coisas legais.

Comida

Mortes

Mulheres

Sexo

Drogas

Álcool

Foder

Dormir

Tranzar

Porra! Não tá funcionando

A dor aumentou, tudo naquele lugar praticamente gritava para que eu fosse embora. Eu só queria que Camila estivesse comigo. Ela saberia o que fazer.

Flashback on

Estávamos no terraço do hotel observando o pôr do sol. A vista era de tirar o fôlego, e eu não estava falando da paisagem em minha frente. Camila estava magnífica, possuía um lindo sorriso no rosto, aquele sorriso capaz de acabar com guerras, minhas guerras internas.

Como uma pessoa como eu, poderia merecer alguém como ela.

-Para de me encarar, Lolo.- ela disse com as bochechas coradas.

-Não consigo, você é tão linda. - ela escondeu o rosto entre a mãos morrendo de vergonha.

-Você que é Lolo! Linda por dentro e por fora. - eu iria rebater mas ela continuou- Eu sei que você pensa que não é uma boa pessoa. Mas eu tenho certeza que é. Você merece todas as coisas boas no mundo! E não teime comigo!- ela fez uma carinha de brava.

Não consegui descrever o calor que me invadiu naquele momento, e também não consegui conter o desejo de beijá-la.

Flashback off

Eu não conseguiria ter um lado bom sozinha, mas eu tinha Camila e não importa o lugar que ela esteja, ela sempre vai ser o meu ponto de equilíbrio.

Então eu percebi que poderia enfrentar qualquer coisa, poderia ser qualquer coisa, porque eu a tinha guardada em meu coração.

E ninguém iria mudar isso.

Senti a dor que possuía o meu corpo diminuir, Camila era a minha lembrança boa.

-PUTA QUE PARIU! FUNCIONOU CARALHO. - gritei, quando percebi que a dor era suportável agora.

Todas as pessoas da igreja me olharam com os olhos arregalados.

-Eu preciso ir agora, foi bom estar com vocês, mas eu sou filha de satanás, e tenho que recuperar meu anjo de volta.- disse me levantando e correndo para a saída. - E Lúcifer ainda vai dominar o mundo. -

[...]

Durante quase um mês eu fui submetida a várias provações, me ensinaram praticamente tudo.

Valac me ensinou como controlar as pessoas com a mente, durante meu teste eu fiz um rapaz bater no próprio rosto por horas! E depois ele ainda beijou um poste de uma rua super movimentada como se fosse o ultimo beijo da vida dele.

Foi hilário!

Amon me ensinou como mover coisas com o pensamento, esse literalmente foi o mais demorado de todos. Pensei que a minha cabeça iria explodir varias vezes. Mas tudo valeu a pena quando conseguir jogar Lúcifer contra a parede.

Ah, a doce e velha vingança.

Baal iria me ensinar a doce e velha arte da sedução, mas seria uma pena que eu já a conhecesse de cor e sorteado.

Mas todo esse poder não era liberado de graça, cada dia que se passava eu ficava com mais ''fome''. Lúcifer disse que a minha necessidade não seria suprida apenas com atos sexuais como era antes.

Eu precisava de almas.

Dez pessoas, dez vidas que eu já havia tirado. Se alimentar era bom, e só olhar no fundo dos olhos deles e começar a sugar tudo lentamente, enquanto eles gritam em desespero.

Bem, os olhos são as janelas da alma.

-Preparada para o último teste?- Lúcifer me encarava, ele era o último instrutor.

-Sim.- Eu estava praticamente invencível, junto com meus poderes tinha aparecido vários outros ''sentimentos'' sombrios, e eu ainda estava aprendendo a lidar com eles.

-Eu quero que feche os olhos, você vai conseguir saber a localização exata de onde a Camila está.-

Então era isso, o teste final. Era eu quem iria descobrir onde minha Camz estava.

-Se concentre, quero que você apenas se foque nela. A sinta em seu coração, anseie isso com toda a sua força.-

Onde você está, Camz? Eu sinto tanto a sua falta, tudo isso está me destruindo, eu tenho tanto medo de que quando eu finalmente te encontrar toda essa sujeira de afaste de mim.

Então eu desejei de todo o meu coração, que ela estivesse do meu lado. Era como se eu estivesse procurando a outra metade do meu coração que ela levou embora.

E então eu achei.

- Costword, Inglaterra.- sussurrei.