Seria um grande caminho a seguir
Eles tinham um ao outro
E isso era o necessário.
A garota despertou atordoada, sentia muita dor, mas a ignorou ao ver que estava novamente no quarto, ela estava somente de roupa intima, e com pesados cobertores sobre si, olhou para o criado mudo e viu uma pequena bacia e um pano semi úmido, logo imaginou que teve febre, passou os olhos no cômodo, mas não encontrou o mais velho, vestiu o roupão e foi até o banheiro, se afundando na banheira deixava algumas lagrimas rolarem, ela se xingava mentalmente, pois sabia que havia algum motivo para a cena que havia visto na noite anterior, e foi extremamente estúpida ao fugir e passar tanto tempo no frio.
Depois de se trocar ouviu alguns soluços vindos da varanda, chegando lá encontrou Chung-Ho sentado no chão, o garoto tinha manchas escuras como se não tivesse dormido, e deixava escapar grandes soluços enquanto suas lágrimas caiam continuamente, ele ao vê-la se levantou e a abraçou fortemente, era como se ele não tivesse mais forças, pois se encolhia no chão enquanto murmurava pedidos de perdão a mais nova, que estava paralisada.
- Por favor, nunca mais faça isso, eu sai cedo para comprar alguns remédios, quando vi que você não estava no quarto entrei em desespero porque pensei que você tinha ido embora, por favor, me prometa que não vai fugir de mim de novo. O mais velho chorava cada vez mais enquanto a garota o aninhava em seus braços fazendo um leve carinho em seus cabelos.
- Não diga nada, eu entendo que você tem um motivo para ter feito aquilo, eu realmente vi tudo, mas fui estúpida o bastante para não confiar em você, me perdoe por fazer isso, te ver nos braços de outra é algo que não posso suportar é uma dor que me mata aos poucos, sem você eu não tenho vida Lee Chung-Ho.
- Eu não consigo nem explicar o que aconteceu, nem sei se posso, só confie em mim e no meu amor por você, eu verdadeiramente te amo Park Mi-Hi.
- Não há necessidade de explicação, o meu amor por você está alem desse dinheiro todo que sua família tem, e nada mudara isso.
O garoto atropelava as palavras, mas conseguiu explicar que fez aquilo para que Yangi-Mi não desconfiasse do plano dele de acabar com o noivado deles, ela consentiu com a cabeça informando que havia compreendido, enquanto arrumava as malas, havia sido uma semana maravilhosa para eles, mas precisariam voltar para casa e dar um fim nos problemas que tinham de uma vez por todas, volta e meia a garota sentia dores fortes na perna, mas alegava ser efeito da reabilitação e forçava um sorriso, Chung-Ho realmente não acreditava em nenhuma palavra da namorada, e fazia algumas ligações pra médicos que se possibilitariam em cuidar do caso da garota.
Não se sabia quem era mais teimoso, eles tinham tudo para dar certo, e tudo para dar errado, eram um casal estranho, faziam birra como crianças, pareciam ter voltado ao passado, discutiam sobre tudo, mas não se separavam um do outro nem por alguns minutos, estavam sentados no jato de mãos dadas, enquanto relembravam a infância, a promessa que fizeram ainda estava de pé, nunca se esqueceriam um do outro, nem que o destino os separasse, mas o destino é alguém que gosta de pregar peças, e ele estava com varias cartas na manga para serem usadas.
Chegaram a Seul, e concordaram em agir como se nada tivesse acontecido, para não causar polemicas, até que colocassem o “plano” do garoto em ação, Mi-Hi chegando em casa vendo que a mãe não estava se jogou na cama, estava realmente esgotada, as dores pareciam aumentar, então ela tomou algumas doses a mais do remédio que usava para controlar a intensidade da dor, mas nada resolvia, saiu da cama e tentou andar até a cozinha, mas sua perna vacilou e ela foi obrigada a sentar no chão do quarto, a partir do momento que a dor aumentava ela apertava o travesseiro, colocou o mesmo entre os dentes e mordia com toda a força que possuía, era uma dor excruciante que ela nunca havia sentido, a reabilitação havia ajudado, mas parece que agora o problema era outro.
Mas Park Mi-Hi não queria ver ninguém sofrendo por causa dela, então ficou lá, mal conseguia mover a perna, e suava frio, até ouvir sua mãe chegar, que a encontrando naquele estado tentava discar o número da ambulância, mas a garota só gritava para que ela saísse do quarto, pois não queria que ela visse aquilo, trancou a porta e se contorceu de dor por algum tempo até o sono ser mais forte e ela dormir ali mesmo, acordou com uma mensagem que a deixou atônita:
Meus tios darão uma festa para meu noivado
E você vai, vamos estar juntos, para cortar de uma vez o mal pela raiz.
A garota sempre odiou esse tipo de festa, onde somente os de classe alta participavam, ela se sentiria perdida e excluída nesse tipo de lugar, mas precisava ir, já era hora de colocar as coisas no lugar, mesmo que se sentisse mal pelo namorado, pois ele poderia até ser deserdado, ela o amava e queria ficar ao lado dele, olhou pela janela e o viu na varanda, ele dançava, eram passos leves e calmos para alguém do perfil do “ grande filho do maior advogado de Seul”, ela ria de tudo isso, tomou um banho e enquanto procurava algo descente para vestir sua mãe entrou em seu quarto com uma caixa, dizendo que haviam deixado na porta, abrindo a caixa encontrou um vestido de seda preto, com luvas cinzas quase prateadas, e um cartão dizendo “ esse é o endereço do salão, se quiser ser a mulher mais linda daquela festa, não enrole e vá logo”.
Ela ria de tudo aquilo, realmente Lee Chung-Ho era um homem meticuloso que planejava tudo, ela colocou uma roupa qualquer e foi para o salão, chegando lá resolveu que de agora em diante tudo seria novo, ela iria se casar, não seria algo decente uma mulher casada abusar de rebeldia e manter os cabelos daquele tom, ela também estava cansada da mesmice, então pediu que o cortassem e voltassem para a cor natural, que era um castanho escuro e brilhante, Park Mi-Hi literalmente seria alguém irreconhecível a partir desse dia, a cada mecha que caia ela suspirava aliviada, lembrava- se que assim que o amigo foi embora ela resolveu tingir os cabelos, não queria ser a mesma garotinha, queria ser uma mulher.
Olhou-se surpresa no espelho, quase exclamando um palavrão, nem ela mesma se reconhecia como o garoto havia pagado tudo para ela, resolveu fazer as unhas e se maquiar, dessa vez optou por algo mais leve e casual, mas quis usar lentes, seus olhos eram pequenos então resolveu destacá-los da melhor maneira possível, colocou o vestido que estava no tamanho e comprimento perfeitos, como ele havia acertado o numero dela ninguém sabe, ficou observando as luvas, o sapato de salto com algumas pedras vermelhas que a deixava extremamente elegante, realmente parecia uma princesa, ela se sentia uma princesa.
Ao sair do salão viu que uma grande limusine a esperava, mordeu o lábio inferior xingando o garoto por usar e abusar do dinheiro da empresa, ela tentava controlar o nervosismo ouvindo Beethoven, mas não parecia resolver, suas mãos suavam mesmo no frio, torcia para que a mansão tivesse aquecedor pois mesmo de casaco ela estava congelando, chegando lá deu de cara com uma enorme mansão que estava toda iluminada e era maior que a da sua amiga, ela estava perplexa, até sentir alguém a puxar para dentro e leva – lá até um cômodo que estava vazio, era Chung-Ho que pediu silencio e para que ela o acompanhasse.
- Oh meu Deus, quem é você e o que fez com minha namorada? O garoto a olhava de cima a baixo passando a mão em seu pescoço e a puxando para um beijo rápido mais apaixonado.
- Uma futura vida nova necessita de uma pessoa nova você não acha? Vejo que também resolveu mudar algo. Ela enroscava os dedos no cabelo do rapaz, que agora estavam mais curtos e quase encaracolados.
- Mudanças são necessárias. Ele ria enquanto abria a porta para que ela saísse e observasse o tédio que seria a festa, até que tio dele anunciasse o casamento e ele revelar seu plano.
Logo que Yangi-Mi viu a garota andou direto até ela fazendo uma cara de quem estava com ódio e surpresa ao mesmo tempo.
- O que faz aqui? Acha que mudando seu exterior mudara sua linhagem? Você sempre será a mesma filha da dançarina que perdeu sua gloria, vamos me diga, o que você tem que eu não tenho? Que faz o meu noivo te querer ao invés de mim?
-Vamos ver, eu tenho um coração, e eu não piso nas pessoas para alcançar o que eu quero. A garota se afastou de Yangi-Mi acenando para ela como provocação.
Mi-Hi andava pelo salão principal até sentar em uma mesa para ouvir um pouco da música que a orquestra tocava enquanto ela batia os dedos no ritmo da música, até ouvir que alguém se sentava ao piano e começava a fazer um pequeno discurso antes que seus dedos encontrassem as teclas.
- Eu esperei muito tempo para tocar isso para alguém especial, essa é a música preferida dela, nunca entenderei o que esse emaranhado de notas fazem com o coração, mas sempre que toco sinto que uma luz cresce dentro de mim, e sei que cresce dentro dela também, ficamos oito anos separados, mas nos reencontramos de novo, e dessa vez não vou mais deixa-lá.
A mais nova sentiu as bochechas corarem ao ver Chung-Ho falando aquilo, e lágrimas começaram a rolar quando o rapaz iniciou Für Elise de Beethoven, desde pequena ela ouvia essa sinfonia, se lembrava de observar a mãe dançar enquanto cantarolava para ela, essa música era seu consolo, não sabia como e nem por que, mas aquelas notas mexiam com ela, era realmente magnífico, secou os olhos quando viu que os tios do garoto iriam anunciar o motivo da festa.
- Bom todos sabem que se temos uma festa, algo especial aconteceu, mas nesse caso irá acontecer, estou anunciando o noivado do meu amado sobrinho com a filha do nosso sócio mais próximo, logo seremos uma grande família, o casamento será daqui algumas semanas então vamos parabenizar os noivos com um grande brinde!
- Espere, eu tenho um pronunciamento a fazer. Chung-Ho puxava Mi-Hi pelo braço para que ela ficasse ao seu lado. – Sim eu me casarei, mas não será com Kim Yangi-Mi e sim com Park Mi-Hi, essa garota maravilhosa me ensinou o que é o amor verdadeiro, e que às vezes devemos guardar nossas dores para salvar alguém que esta pior que nós, eu a amo e quero passar o resto da minha vida com ela.
- Bem, se é assim que você quer assim será, mas saiba que a partir de hoje você não faz mais parte dessa família, não precisa mais fazer faculdade, nem participar de reuniões chatas, teremos alguém que fará isso por você, apresento a vocês o novo presidente da nossa empresa, o filho mais velho do meu falecido irmão, dêem uma salva de palmas para ele.
Chung-Ho estava pálido, segurava a mão da namorada para não cair, ele tinha um irmão? Nunca havia o conhecido, tinha certeza que era um bastardo já que seu pai traia sua mãe freqüentemente, mas ele nunca esperaria essa apunhalada que o tio lhe estava dando, só conseguiu ouvir o discurso do “novo presidente” antes de desmaiar.
- Boa noite a todos, eu sou Lee Kwan, e espero fazer um bom trabalho, continuando o que o meu pai deixou, estou muito feliz de estar aqui depois de tanto tempo fora, quero muito conhecer meu irmão e sua noiva... Chung-Ho? O que aconteceu? Alguém chama uma ambulância agora.
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