História Between Dance And The Court - Death is not the end

Uma atitude devia ser tomada

Um caminho foi escolhido

Entre a dança e o tribunal.

Haviam se passado dois dias, e Chung-Ho sequer havia pisado o pé para fora de casa, passava as horas perambulando pelos cômodos como um fantasma, era assim que ele se sentia, uma alma vagando no tempo espaço, sem saber para onde ir e o que fazer, ele se sentia vazio, remoia tudo o que havia acontecido nos últimos dias se sentia culpado, mas não poderia olhar nos olhos de Mi-Hi e pedir perdão, estava atordoado demais para isso, ele estava magro e pálido, os cabelos bagunçados que cresceram rapidamente e agora estavam em seus ombros, qualquer um que o visse nesse estado julgaria que fosse um mendigo qualquer, um louco, não havia mais nenhum traço do forte e destemido Lee Chung-Ho, e se houvesse, ele estaria preparado para acabar com ele.

Arrastou-se até o quarto olhando para a mesa, ali estava uma caixa de comprimidos que ele estava usando para dormir, mas seus pensamentos eram nublados, ele estava disposto a dar um fim em toda dor, angustia e sofrimento, pegou a caixa e se sentou no chão, encarava o teto enquanto matinha um sorriso amargo no canto dos lábios, pensou na noiva, e de como ela poderia estar melhor sem ele, ela merecia alguém melhor, seu irmão se viraria bem sozinho na empresa, e Woo-Jin superaria depois de algum tempo, já havia dado trabalho demais para todos, e não queria mais atrapalhar ninguém, sem pestanejar revirou o conteúdo do pequeno pote laranja na garganta, que desceram como um soco em seu estomago.

Passou a mão nos cabelos algumas vezes enquanto mirava o vazio, em seus olhos era possível ver o misto de prazer e dor que sentia enquanto os comprimidos reviraram em seu estomago, em alguns minutos ele estava suando frio, seu corpo tremia e sua visão se tornava turva, era um fim triste, definhar jogado no quanto do quarto, mas ele não se importava, aquilo era pouco perto do que ele pensava merecer, tinha se tornado um homem arrogante cheio de ego estúpido e incapaz de enxergar seus erros, nada concertaria o estrago que ele havia causado.

Começou sentir que seus pulmões pediam por ar, em um ato impulsivo pegou o celular e tentava discar o número do amigo, antes de morrer precisava ouvir a voz do hyung que cuidara tão bem dele, e tentar consolá-lo previamente.

- Woo-Jin Hyung?  Sua voz falhava, mas ele se esforçava o máximo possível.

- Chun, o que ouve? Por que não me atendeu? Você me deixou preocupado.

- Não, está tudo bem, eu estou ótimo, só decidi ligar para agradecer por tudo, cada momento que passamos juntos foi importante, agradeço por ter um hyung como você, agora não incomodarei mais, espero que se cuide e que sinta minha falta, por que eu sentirei a sua.

Do outro lado da linha Chung-Ho podia ouvir o choro misturado com alguns soluços de Woo-Jin, e rapidamente o telefone foi desligado, e em alguns minutos ele pode ouvir passos correndo em direção do quarto, ele enxergava pouco, seu corpo estava fraco demais para responder, só sentiu que alguém o pegava no colo, ouvia alguns soluços e era molhado pelas lagrimas do mais velho que caiam incessantemente.

Woo-Jin estava encostado na parede enquanto controlava a respiração e limpava o rosto com a manga do casaco, se levantou ao ver que o doutor caminhava até ele sorrindo calmamente.

- Não se preocupe meu jovem, ele está fora de perigo, a quantidade de comprimidos que ele ingeriu não foi suficiente para levar a óbito, ele passou por uma lavagem estomacal mas em dois ou três dias vai estar firme como um touro! O senhor de cabelos grisalhos tocava o ombro do garoto enquanto confirmava mais algumas coisas e pedia para que ele fosse embora e descansa-se.

O garoto de cabelos platinados consentiu com a cabeça e pegava as chaves indo em direção ao carro, chegou à casa de Chung-Ho e entrou no quarto, se deparou com o frasco de comprimidos jogado no chão e sentiu o estomago revirar, o pegou e jogou pela janela, para ele o mais novo era o irmão que ele nunca teve, poderia ser clichê, mas ele sentia que eles eram almas gêmeas, que estariam sempre juntas, ele o amava e sempre o protegeria de todo o mal, se algo acontecesse a ele seu mundo desmoronaria.

Separou algumas roupas em uma bolsa e observou o porta- retratos virado em cima da mesa, ele estava quebrado, provavelmente o mais novo o abaixara com força suficiente para quebrá-lo,na foto apareciam Chung-Ho e Mi-Hi tomando sorvete, eles eram um casal muito bonito, mas eram dois cabeças duras e parecia que ele teria que acalmar o dongseang novamente para que ele não cometesse outra burrice, teria que contar a verdade, e esperava não causar mais um ataque no mais novo.

 Não quis ir para a casa, o amigo precisava dele, então ligou para a esposa explicando tudo e voltou para o hospital, depois de alguns minutos de birra ele conseguiu entrar no quarto onde Chung-Ho estava era a segunda vez que o via naquele estado, isso era horrível para ele, se sentou em uma cadeira e segurou as mãos do garoto por alguns minutos, poucos sabiam, mas Woo-Jin era religioso, então abrindo uma pequena bíblia que sempre levava consigo recitou alguns versos.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte

Não temerei a mal algum

A tua vara e teu cajado

Me consolam.

Ainda segurando a mão do mais novo fez uma breve oração, pedindo a Deus que não levasse o amigo, pois ele ainda era novo, e tinha muito a viver e aprender, assim que terminou procurou um urso dentro da bolsa e se acomodou desconfortavelmente na cadeira logo caindo no sono.

Chung-Ho sentia seu corpo pesar, e parecia que ele havia engolido acido, tudo por dentro doía, olhou para o teto branco e exclamou um enorme “aish”, seu plano havia sido frustrado, não sabia que havia tomado poucos comprimidos, ou que Woo-Jin chegaria tão rápido a sua casa, só sabia que ele estava vivo ainda e odiava aquilo, virou o rosto e encontrou o mais velho estirado na cadeira abraçando um urso, Chung-Ho havia dado esse urso a ele, dizia que se um dia ele não estivesse mais ali aquele brinquedo seria o consolo do loiro, ele riu anasalado e resolveu assustar o amigo.

- Você sabe que eu odeio hospitais e me trás aqui? É a quarta vez em menos de dois anos, não agüento mais olhar para essas paredes brancas que me causam náusea.

Woo-Jin quase pulou da cadeira direto para os braços do amigo que reclamava para ele parar de amassá-lo, deu um soco no ombro do mais novo e respirou fundo para não matá-lo ali mesmo.

- Da próxima vez que quiser morrer, conte os comprimidos, talvez assim consiga acertar a quantidade correta e morrer de uma vez, pelo menos não terá que ver meu funeral, por que eu estava a ponto de ter um infarto Lee Chung-Ho!

- Hyung, eu só estava cansado, eu não agüento mais nada disso.

- Para de ser cabeça dura e egoísta, você pensou em como eu ficaria? Pensou em seu irmão? Em Mi-Hi? O que seria de Kim Woo-Jin sem seu fiel escudeiro? Somos como Lancelot e o Rei Artur ¹, mas com algumas diferenças. O loiro dava gargalhada fazendo o outro rir também, mas parou pois a enfermeira pedia silencio.

- Chun, eu preciso te contar algo, mas fique calmo, Mi-Hi foi para os Estados Unidos há alguns dias, na noite em que você perdeu a cabeça ela arrumou as coisas e partiu, eu sei disso por que ela me ligou dizendo que estava bem e que logo voltaria, daqui um mês ela deve estar aqui.

- E-ela fez o que? Agora não tenho mais motivos para viver mesmo, a única pessoa que eu mais amava me abandonou o que posso fazer? Nada me resta agora hyung, me deixe morrer em paz. Chung-Ho adotava uma expressão triste, e puxou o mais velho para perto dele, ele chorava baixo escondido na curva do pescoço do loiro, parecia uma criança indefesa.

- Calma,dentro de um mês ela estará de volta, dê esse tempo para ela, Mi-Hi está realizando seu sonho, imagine ela chegar aqui e descobrir que você é um cara diferente e melhor? Ela não vai pensar duas vezes para te perdoar, só de tempo ao tempo, hoje à tarde você recebe alta, então descanse.

Era quase noite e Chung-Ho saia do hospital, Woo-Jin já havia ido embora, então o rapaz foi direto para a empresa precisava ver o irmão, e dizer que havia feito uma escolha que talvez iria mudar sua vida toda, ao chegar Kwan o abraçou e disse que havia ficado muito preocupado com o mais novo, o garoto pediu desculpa ao hyung, e disse que havia feito uma escolha, ele tinha estudado anos para ser o que não queria, e dessa vez iria seguir seu sonho de ser um bailarino, por que aquilo o alegrava, ele realmente estava sendo ele mesmo, mas precisava da opinião do irmão, que ouviu atentamente e disse que só queria ver Chung-Ho feliz, e que ele poderia fazer o que quisesse desde que não prejudicasse a si mesmo, então com mais um abraço o mais novo se despediu e foi para a casa, ele estava mais tranqüilo, poderia realizar seu sonho e ser alguém melhor, aquilo ela por ele e por Park Mi-Hi.