No fundo eles sabiam
Que suas almas clamavam uma pela outra,
Mas ambas as almas pareciam estar surdas.
Chung-Ho acordou com uma grande dor de cabeça, passou a mão nos cabelos despenteados e deixou um sorriso bobo invadir seu rosto quando olhou no criado mudo e havia um copo de água e um analgésico, a menina já tinha ido embora, mas ele sentia arrepios por todo o corpo ao se lembrar do toque da mais nova, sentia seu coração aquecido, então ao descer até a cozinha viu que ela tinha feito seu café da manha, ela ainda se lembrava do amor que ele tinha por panquecas e geléia, e fez tudo perfeitamente para ele, ao ver que estava atrasado para a faculdade, engoliu tudo rápido e correu para pegar o carro, ele estava dolorido, mas teria que ir, antes que seu tio arrancasse o resto do cabelo que havia sobrado em sua cabeça e arrancasse os do menino também.
Ficou o caminho todo pensando em se aproximar ou não de Mi-Hi, mas o medo o abateu, tinha medo de que se chegasse a se apaixonar mais ainda por ela, toda a sua realidade e família magoariam mais a garota ou seu namorado a machucasse, e ele não queria aquilo, mesmo sabendo que ele sofreria muito agora, e ela também, ela poderia refazer a vida, e ser feliz, ele tinha 1% de confiança que talvez seu casamento forçado não iria ser sua morte, mas ele temia com 99% de certeza de que algo podia dar muito errado, isso o fazia bufar de raiva e apertar o volante com força.
Chegando lá fechou os olhos enquanto pendia a cabeça para trás suspirando fundo, seus olhos se encontraram com o da menina, e foi como se um choque corresse pelo seu corpo, ao ver o sorriso da garota, mas ele tinha que resistir, então virou o rosto para o lado, e em passos firmes ao ver a colega do curso deu o sorriso mais forçado possível e deixou que ela o abraçasse, enquanto tocava seus cabelos: - Essa garota é mesmo irritante e oferecida, pensava Chung-Ho , mas ao perceber que havia pensado alto demais observou a menina com a sobrancelha arqueada o encarando.
- Oppa, de quem você está falando?
- De ninguém garota, pare de ouvir o murmúrio dos outros, e francamente, essa coisa de “oppa” me da nos nervos.
O mais velho era assim, deixava transparecer seus “ótimos hábitos de cavalheiro” quando queria, magoava sem dó e ainda com um sorriso vitorioso nos lábios, mas a única pessoa que ele nunca se perdoaria se magoasse era Mi-Hi, para ele a garota era o motivo do seu sorriso, e de continuar vivo. Quantas vezes ele já estava pronto para pular de uma ponte qualquer ou jogar o carro na frente de um caminhão, estava segurando uma corda ou uma caixa cheia de remédios, mas ele pensava na menina, e se lembrava de que havia dito que voltaria, ele iria cumprir essa promessa custasse o que custaria.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Enquanto via o garoto se afastar, Mi-Hi sentiu o coração pesar, se abaixou na mesa e deixou que o ar que prendia saísse, ela não queria que isso estivesse acontecendo, mas não poderia reclamar, ela não o havia tratado bem no hospital, e agora se arrependia profundamente disso, quando o sinal soou, descobriu que a sua primeira aula era junto com Chung-Ho o que fez com que ela desse um grito baixo e revirasse os olhos, era aula de inglês, um trabalho havia sido passado em dupla, e para azar dos dois, o professor pediu que ela sentasse justamente com o garoto, que arregalou os olhos surpreso, ela tentou protestar, mas o homem disse que ela tinha um nível de inglês bem ruim, e seria melhor se o mais velho a ajudasse, já que era fluente, ela suspirou e abaixou a cabeça na mesa, recebeu uma mensagem no celular que dizia.
Isso será tão ruim para mim quanto para você
Ensinar não é meu melhor dom
Então só vamos fazer isso de uma vez.
A garota fez uma careta, enquanto tentava vencer o orgulho e se sentar perto dele, ele só mostrava o que ela devia fazer, e que deixasse para ele o resto, quando tinha alguma duvida, apontava com o lápis e ele escrevia no bloco de notas do celular e ela lia; sim isso era realmente muito idiota, mas eles não trocaram sequer um olhar durante toda a aula, quanto mais alguma palavra.
Ela ligou para o namorado para vir buscá-la, também queria esquecer esses sentimentos idiotas que nem sabia se realmente existiam, tentando fazer o possível para agradar o mala sem alça que ela dizia que amava, eles pararam em uma cafeteria perto da faculdade, ela pediu um cappuccino com bastante caramelo, era um vicio que ela não podia controlar, açúcar era a única coisa que a acalmava depois de uma boa dose de Jazz ou Chopin, o namorado como toda sua pose de brutamontes pegou um refrigerante na maquina que estava ali.
Mas logo que eles sentaram-se à mesa e ela tomou o primeiro gole, sentiu sua garganta queimar e ela começou a tossir ao ver que na mesa ao lado estava Chung-Ho rindo com a maldita garota da escola, que virara com uma expressão preocupada para a mais nova que engasgava enquanto seu namorado a acalmava, o mais velho olhava para ela com a sobrancelha arqueada enquanto sentia nojo daquele cara com ela, pegando em seus cabelos, beijando seu rosto, mas a atenção dele foi atraída pela moça que o puxou pelo braço até a mesa onde estava Mi-Hi:
- Ela realmente é estúpida ou gosta de chamar atenção? Pensou Chung-Ho enquanto suspirava fundo.
Ela o fez sentar ao lado dela enquanto ria e encarava a garota.
- Hello, vocês por aqui? Que consciência, Mi-Hi ele é seu namorado? Eles fazem um ótimo casal não é Oppa?
- É... Podemos ir embora agora? O mais velho olhava para baixo com medo do olhar fuzilante que Mi-Hi lhe dava.
- Vocês estão namorando? Parabéns... A garota disse com ar de desdém e de quem não queria saber do assunto.
- Ainda não é oficial, mas mesmo assim obrigada, o Oppa disse que vocês moram um de frente para o outro, será legal te encontrar algumas vezes quando eu for lá não é? Quem sabe um dia nós não saiamos juntos novamente?
O mais velho puxou a garota e sem olhar para os dois na mesa voltou para seu lugar sussurrando para a garota perguntando se ela não estava ficando louca por falar aquele tipo de bobagem, ela ria e tentava pegar em seu rosto enquanto ele desviava.
Mi-Hi estava cansada de tudo isso, e pediu para que o namorado pagasse a conta enquanto ela o esperava lá fora, assim que saiu sentiu alguém agarrar seu braço e puxá-la para perto de alguns arbustos na frente da cafeteria.
- Nós não somos namorados, espero que você não coloque coisas em sua cabeça, não acredite em qualquer besteira. O mais velho soltou seu braço tentando segurar sua mão, mas ela se afastou dele, e ele viu que seus olhos marejavam.
- Nós nos conhecemos por acaso? Por que está contando da sua vida pessoal para uma estranha? Ou melhor, para “um cachorrinho com a pata quebrada”?
A garota saiu de perto do mais velho, e correu para os braços do namorando lhe dando um beijo longo, enquanto ele apertava sua pequena cintura, ela era tão frágil que parecia que ia partir ao meio, então eles entraram no carro e foram embora, nisso a moça irritante que acompanhava Chung-Ho passou seus braços nos dele e o puxou para o carro dizendo que o levaria para casa.
Chegando lá ele puxou-a para dentro da casa, a encostando na parede da sala, enquanto a beijava com intensidade, segurando suas coxas e a apertando para perto de seu corpo, eles subiram para o quarto, e quando a garota mordeu sua orelha, foi como se uma luz tivesse invadido sua mente, e ele se lembrou que Mi-Hi ria da cara do mais velho, quando ela acariciava sua orelha e ele se arrepiava completamente, eles eram crianças fazendo coisas de crianças, mas aquilo veio em sua mente, e ele se afastou da garota gritando para que ela fosse embora e jogando a blusa que estava em cima da cama no rosto da garota, que a vestia com uma cara de quem não estava entendendo nada.
Assim que ela saiu, ele soltou um grito de ódio e nojo de si próprio enquanto socava a parede.
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