Estavamos juntos havia alguns meses. Bebiamos e comiamos juntos, caminhavamos pela cidade com Ian e Erika, uma bela jovem extremamente educada, pelo menos uma vez por semana. Eram passeios divertidos, piqueniques, voltas de bicicleta na cidade velha e idas ao museu, uma vida calma com a qual eu não estava muito acostumado. Dois meses atrás, minha programação divertida resumia-se à festas, bares, strip clubs e boates, não que eu não gostasse da programação calma e família de Rafael, mas o habito de solteirão que dançava no poste e ria daqueles que se embebedavam rápido de mais não era algo fácil de ser mudado.
Eu estava bebendo um whiskey que meu pai havia enviado por correio como presente de aníversário, the glenlivet doze anos, um delicioso single malte floral escocês, cremoso e macio. Ele estava viajando pelas terras altas provavelmente, por algum milagre havia lembrado que tinha um filho e o recompensava com uma iguaria destas. Álcool acompanhado de uma deliciosa leitura de poesia, até que o telefone tocasse. Atendi a chamada um tanto desgostoso pela interrupção do momento de paz.
Era um rapaz que, aparentemente, havia conseguido meu telefone com Ryan no bar, era a única maneira de alguém que soava tão bêbado teria de conseguir meu número. Havia barulho ao fundo, música alta e pessoas falando, com certeza uma festa. A intensão dele era me convidar, meus quadris queriam a pista de dança, sentiam falta de rebolar com a música. "Certo, qual o endereço?"
O local estava realmente barulhento. Meu corpo inteiro parecia vibrar junto com as caixas de som, mal se ouvia as vozes ao redor devido ao volume da música. Era uma casa grande até, aluguel dividido entre cinco caras pelo que eu havia entendido da minha conversa com o bêbado, o pátio, o quintal dos fundos e a casa estavam quase transbordando de gente. Eu podia ver pessoas fumando, bebendo, praticamente transando, vomitando, dançando e agindo como adolescentes fora do controle, era difícil lembrar que eles realmente eram adolescentes em meio a tal cenário.
Sentei em um banquinho perto da bancada onde haviam montado um bar improvisado e pedi wiskey, só observar aquela confusão já me enviava de volta para a rotina de antes. Beber, voltar pra casa, acordar, trabalhar, repita. Suspirei, era irritante perceber o quanto não havia nada de extraórdinario em minha vida.
"Jade?" A voz esstava abafada pelos demais ruídos, mas não poderia confundi-la.
"Victoria!" Minha melhor amiga também estava ali com algumas outras garotas, finalmente alguém com quem conversar.
Estavamos rindo e nos divertindo, sempre me dei melhor com as garotas e era maravilhos beber na companhia delas, as caras dos rapazes eram impagáveis. Logo à frente havia um pequeno aglomerado de corpos suados dançando e, no meio daquelas pessoas avistei Rafael guiando Ian pelo braço. Ele estava vestido de forma particularmente bonita e seu cabelo estava bagunçado de corma charmosa e ele usava uma camisa branca e uma calça jeans apertada que me fez morder o lábio.
Eu me perguntava o que ele fazia por ali. Era estranho ver Rafael em uma festa, não combinava com sua seriedade, embora eu me camuflasse bem por não aparentar ter a idade que tinha. Ele vira para o lado e nossos olhos acabam se encontrando.
"Virou stalker agora, Rafael?" Provoquei quando ele se aproximou, abrindo passagem entre as garotas.
"Estou acompanhando o Ian, ele insistiu em vir." Ele riu sem graça, trazendo Ian para mais perto para nos cumprimentar.
"Ian, oi, resolveu fugir da monotonia?" Sorrimos uma para o outro de forma brincalhona, noszo jogo para provocar Rafa.
"Sim, um amigo me convidou...Mas não gostei muito, é meio desconfortável." Ele fala se encolhendo um pouco, devido a música alta.
"Como você passou pela revista de idade, Jade?" Rafael me provoca e eu ignoro.
"Está tudo bem? Não é melhor irmos lá pra fora? A música parece mais baixa lá." Pergunto um tanto preocupado pra em seguida olhar de forma provocativa para Rafa. "Eu entrei de penetra."
"Não é lá fora que estão fumando maconha?" Vejo Ian apertar o braço de Rafael um pouco.
"Nos fundos estão, estou falando de ir para o jardim da frente." Levanto do banquinho em que estava sentado.
"Tudo bem." Caminhamos até a frente da casa, encontrando um banco de madeira para sentar. Além de nós, havia alguns casais namorando por lá.
"Ian, está melhor?" Percebo que ele já não apertava o braço de Rafa.
"Uhum, obrigado aos dois." Ele se senta no banco, suspirando aliviado.
"Ian já passou dos 21?" Pergunto por não saber a idade do garoto.
"Não, ele tem 17... Mas o amigo dele tem 21." Rafael faz uma careta, aparentemente ele não gostava do amigo de Ian.
"Meu Deus..." Arregalo os olhos e encaro ele. "Ele nem tem idade pra beber e você trás ele numa festa qur até striper tem?" Eu não sabia se ria ou dava um peteleco na orelha dele.
"A culpa não é totalmente minha, ele insistiu muito, chegamos à uma pequena discussão e, no final, cedi... Mas não achava que ia ser desse nível." Rafael coloca as mãos sobre o rosto e balança a cabeça em negação.
"Ian! Estava te procurando, você e o seu irmão sumiram do nada e - nossa, quem é o príncipe?" Um rapaz de com um belo undercut, cabelos morenos e olhos castanho avermelhados. O físico dele era sem comentários, assim como o estilo de suas roupas.
Para disfarçar meu momento de apreciação eu ri, fazendo pouco da cantada dele. "Pela idade, eu já seria rei." Pelo canto do olho vi Rafa revirar os olhos. "Estávamos procurando um lugar mais calmo, lá é muito barulhento."
"Eu poderia ter abaixado a música pra você, amor, eu não sabia que te incomodava." Ele estava perto de mim, tanto que se desse um passo nossos peitos se tocariam.
Rafael parecia cada vez mais incomodado pela presença do rapaz, Ian também parecia um tanto desconfortável. "Meu príncipe, eu gostaria muito de dançar com vossa alteza."
"Hm?" Sorri de forma um tanto contrangida. "Acho que uma dança não faz mal, mas gostaria de saber seu nome."
"Derek, e o seu?" Derek estedeu a mão de forma cavaleiresca para mim, mas eu eatava hesitando em segurá-la.
Mordi meu lábio, pesando mentalmente minhas opções para, em seguida, segurar a mão dele. "Jade."
Eu sabia me mover ao ritmo da música, dessa vez ele era algo sexy e sinuoso, exigia alguém pra ter as mãos em você enquando dançava. A expressão de Rafael era de puro ciúme, como se, por mais que soubesse não poder deixar Ian sozinho em meio ao caos da festa, ele quisesse ser a pessoa ali comigo, seus olhos gritavam que era tortura tal situação. As mãos de Derek estavam em minha cintura, puxando mais perto até que eu sentise o quadril delo grudado no meu enquanto dançavamos. O rosto dele pareceu mais perto, ele queria me beijar.
"Acho que você já teve sua dança." Ouço Rafael dizer enquanto segura o moreno pela parte de trás da gola da camisa. "Jade, você está bem?" Faço que sim com a cabeça e desvio o olhar, estava me sentindo como uma menininha cujo pai pegara beijando um garoto qualquer.
"Ah, sim, com um príncipe tão encantador como ele quem não perderia a cabeça." Derek sorriu e eu tive de colocar uma mão sobre o ombro de Rafa, jurava que ele iria socá-lo se eu não o tivesse feito. "Calma, não sabia que ele era seu namorado."
"Ele não é meu namorado, mas também não é uma pessoa que qualquer um possa se engraçar." Ele riu de forma divertida diante do aviso.
"Certo, desculpe, mas você não controla a vida dele." Estavam frente a frente, Derek parecia ser um poco mais alto do que Rafa. "Se ele não quisesse dançar comigo não teria aceitado, teria me empurrado de perto dele assim que o toquei." A cada palavra eu podia ver as sobrancelhas de Rafa se franzindo.
"Rafael, vamos, Ian está sozinho." Chamo, minha voz cheia de nervosismo.
"Tudo bem..." Ele suspira e me segue para longe da porta, em direção a Ian, que estava praticamente dormindo sentado.
Rafa olhou para o relógio. "Acho que já está na hora de levar ele para casa." Ele sorriu, acariciando os cabelos do menor de nós três.
"Rafael..." Chamei de maneira tímida, esperando que ele olhasse para mim.
"Hm?" Fiz um gesto para que ele se aproximasse e agarrei sua camisa quando hesitou, puxando-o para um beijo rápido do qual logo me separei.
"Por me defender..." Falei baixo enquanto ele ficava ali, parado, parecendo não entender.
"Jade, eu-"
"Não consegui pensar em nada mais efetivo como agradecimento." Sorri ao ver que o rosto dele começava a avermelhar.
Logo nos despedimos. Ele carregou Ian no colo até o carro e eu montei minha moto. A sensasão dos lábios dele nos meus permanecia, delicada, enquanto eu dirigia para casa. Entrei e tranquei a porta, largando as chaves sobre o aparador. Queria que ele estivesse comigo, ter sua presença quase como uma constante fazia com que momentos como aquele me deixassem solitário. Lentamente ele se infiltrava em meus pensamentos, lentamente eu me apaixonava por ele.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.