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História Between Law and Love - Cap. 29 - Desconforto.


Escrita por: Semi-Harmonizer

Notas do Autor


HEEEY ESTRELINHAS. Fazem exatas duas semanas q postei hein, tô tentando criar um dia certo pra postar e acho agora vai kkkkk

Esse cap me deixa bem mal, mas achei importante incluir isso na história e mostrar uma Camila mais frágil.

Espero que gostem.

Capítulo 29 - Cap. 29 - Desconforto.


Pov Lauren.

Entrei em casa, soltando um sorriso fácil ao ouvir as risadas de Taylor e meus cunhados. Sofia e Jackson estavam passando vários dias aqui, já que eram férias de qualquer forma. Gostava da presença deles, e isso fazia com que Camila ficasse mais calma às vezes. 

 

— Hey — os cumprimentei assim que entrei na sala, vendo Sofia sentada no sofá, com minha irmã deitada com a cabeça em seu colo, enquanto Jack estava no chão, tão entretido com o desenho na TV, que nem me olhou. 

 

— Oi Lauren — Sofia sorriu amplamente em minha direção e não evitei o pensamento de como ela se parecia com a irmã.

 

— Oi traidora — Taylor resmungou, e rolei meus olhos.

 

— Tay, já faz uma semana — murmurei, a vendo se limitar a cruzar os braços. 

 

— Você namorou por mais de uma semana sem me contar — reclamou, o tom manhoso que me fez soltar um sorriso.

 

— Tay, para de drama — Sofia disse e eu fui obrigada a segurar a risada pela cara que minha irmã fez. 

 

— Outra traidora — Taylor resmungou, mas vi seu sorriso. 

 

Sabia que ela estava feliz por mim e Camila. 

 

Falando nela.

 

— Cadê minha namorada? — perguntei, curiosa, usando o termo mais para implicar com minha irmã, mas franzi o cenho ao ver a troca de olhares entre elas — Ok, o que foi? 

 

— Camila me viu — Sofia disse baixo, olhando rapidamente para Jackson, antes de voltar a me encarar — E, assim que colocou os olhos em mim, foi como se ela fosse para outro lugar. 

 

— Ela começou a tremer, e a chorar, dizendo "A Isabella não" — Taylor completou, olhando significamente para Sofia, antes de se sentar corretamente no sofá — Sofi disse que esse era o nome de batismo dela,  e que o da Camila era Karla. 

 

— Era como se ela não nos visse ali, Laur, ela chorava tremia, suava, ela caiu no chão e não parava. Assustou Jackson de uma maneira que Taylor teve que o trazer pra cá, ele só se acalmou vendo esse desenho — Sofi apontou pra TV, soltando um suspiro alto e me encarando em seguida — Demorou quase meia hora para que eu fizesse Camila entender que era eu ali. 

 

Encarei as duas, preocupada, confusa, o coração batendo rápido em meu peito, tentando processar as novas informações. Mexi nos cabelos nervosa. 

 

— Cadê ela agora? — perguntei, tentando me manter calma. 

 

— Seu quarto — Taylor respondeu. 

 

E sem nenhuma outra palavra subi direto para meu quarto, sentido meu peito doer ao olhar para a cama. Minha namorada dormia somente com uma camisa antiga, e uma calcinha boxer azul, o lençol quase não cobria seu corpo, já que ela se mexia à todo instante, o suor escorria da sua testa, e de todo seu corpo. Ela soltava gemidos doloridos durante o sono. Corri para a cama, me sentando, sacudindo gentilmente o seu corpo. 

 

— Amor? Camz? Acorde, meu bem. Acorde — pedi, sentindo como seu corpo estava quente. 

 

A balancei algumas vezes, até que finalmente ela abriu os olhos assustada. Os olhos castanhos demoraram para focalizar em mim, mas se suavizaram ao fazer contato com os meus. Mas a calma durou poucos segundos. Camila moveu aos mãos, e, sem notar pegou em minha cintura. 

 

Droga. 

 

Havia esquecido de tirar a arma e guardar na gaveta. 

 

Camila sentiu o metal, notei isso em seus olhos, quando eles não focavam mais em mim, quando se tornaram vagos e assustados. 

 

— Camila? Camz, sou eu, por favor, Camila, olha pra mim — pedi, tocando seu rosto com gentileza, mas fui empurrada rapidamente. 

 

Camila levantou em um pulo da cama, quase caindo, e correndo até o banheiro aos tropeços como se não estivesse enxergando corretamente. Corri atrás dela, a tempo de a ver vomitar no vaso sanitário, soltei um suspiro pesado, me aproximando com cautela, me abaixando ao seu lado. 

 

Gentilmente, segurei seu cabelo, tirando um elástico do bolso e fazendo um coque desajeitado em seus cabelos, sentindo a onda de dor e tristeza me atingir por ver Camila dessa forma. Foram longos minutos ali, com ela colocando para fora tudo que nem comia. Até respirar fundo, levantando desajeitadamente até a pia, escovando os dentes, e voltando a se sentar no chão. 

 

— Lo — choramingou, e eu senti meu peito apertar pelo tom de voz dolorido.

 

— Eu tô aqui — falei devagar, tocando sua testa com o dorso da mão, a sentindo pegando fogo — Você está com febre. 

 

— Cabeça dói, e está tudo balançando, e girando — ela murmurou baixo, fechando os olhos com força. 

 

— Fica aqui, eu já volto — pedi, levantando rápido. 

 

Primeiro me livrei da minha arma, a deixando longe de ser vista por Camila, antes de pegar algumas roupas limpas, e voltando ao banheiro, as colocando na pia. 

 

— Ei, vamos, vou te ajudar a tomar um banho — a puxei pela cintura, a colocando de pé com facilidade.

 

Camila estava emagrecendo rápido. Era um pouco assustador. 

 

Ela conseguiu tomar um banho sozinha, enquanto eu trocava os lençóis da cama, e a ajudei a vestir as roupas que peguei, a fazendo se deitar logo em seguida. Busquei um comprimido e água, me aproximando novamente dela.

 

— Ei, beba isso, vai te deixar melhor — sussurrei, a vendo me encarar confusa, depois para o comprimido, antes de o pegar e o tomar junto com uma grande quantidade de água. 

 

— Eu estou com medo, Lauren — admitiu em um tom baixo, frágil.

 

Senti meu coração quebrar naquele instante. 

 

— Eu estou aqui — sussurrei, beijando sua testa, abraçando seu corpo pequeno, me deitando na cama junto com ela — Eu estou aqui, pode dormir, meu amor.

 

Ela respirou fundo, me encarando por alguns segundos, antes de se encaixar mais em meu corpo, fechando os olhos em seguida, tentando dormir mais uma vez. 

 

Esperei até a respiração dela se acalmar, o que demorou longos minutos. E só então levantei da cama com cuidado, colocando meu travesseiro no lugar do meu corpo, vendo Camila o abraçar com força. Soltei um sorriso fraco, eu amava tanto essa mulher. 

 

Me dirigi ao banheiro, tomando meu próprio banho, e me trocando em seguida, já vestindo meu pijama. Olhei Camila ainda dormindo tranquila na cama, pelo menos por enquanto, e saí do quarto, descendo até a sala, vendo Sofia em pé, mochila nas costas, e Jackson no colo. 

 

— Ei Laur, eu já estou indo — avisou.

 

— Eu disse pra ela ficar — Taylor rolou os olhos e vi minha cunhada sorrir fraco. 

 

— Camila estava bem, mas me viu e fez ela surtar, não sei se é bom ela me ver — Sofia disse calma, mas eu notava em sua voz a preocupação com a irmã e a tristeza também. 

 

— Ela vai acordar melhor e vai querer ver você, acredite em mim. Fica aqui, passa a noite aqui, eu posso cuidar do Jack e você se diverte com a minha irmã — me ofereci, já estendendo os braços para Jackson, que me olhou por uns segundos antes de se jogar no meu colo. 

 

— Dormir com Mila hoje — Ele disse, animado, e eu sorri em sua direção.

 

— Isso mesmo Jack, eu e você dormimos com a Mila e a Sofi e a Tay fazem as coisas bobas de adolescentes — falei, com uma pequena careta que fez o pequeno rir em meus braços. 

 

Ele tinha a risada gostosa da Camila. 

 

— Ok, vocês venceram — Sofia se rendeu, causando um gritinho animado na minha irmã que nos fez rir.

 

— Eu vou voltar para o quarto, e Sofi, quando Camila acordar, digo que ainda está aqui — avisei a vendo assentir enquanto era praticamente arrastada pela minha irmã.

 

Subi as escadas novamente, com cuidado por Jackson ainda estar em meu colo. O balançando gentilmente em meus braços. 

 

— Jack, a Mila tá dormindo, então nós vamos ter que ser bem quietinhos ok? — falei baixo para o pequeno que concordou. 

 

— Fala baxinho que Mila dorme — Ele disse, quase num sussurro, o que me fez sorrir enquanto entrávamos no quarto.

 

Camila ainda dormia, o que eu agradeci mentalmente, ela estava precisando. Me sentei na cama, e vi Jackson olhar a irmã curioso, mas não se aproximar, apenas me olhar com expectativa. 

 

— Que tal vermos um desenho? — perguntei baixinho à ele, que assentiu animado enquanto eu pegava meu celular. 

 

Coloquei em Pingu, já que era um desenho de pinguins que não precisava do som, já que nenhum ali falava nossa língua. Me ajeitei na cama, acomodando melhor meu pequeno cunhado em meu colo, segurando o celular e assistindo junto à ele. Assistimos talvez uma hora de episódios aleatórios, quando Camila começou a se remexer na cama. Jackson olhou confuso para a irmã e eu me levantei logo da cama com ele em meu colo, saí rápido do quarto, entrando apressadamente no da minha irmã. 

 

— Ei, o que foi!? — Taylor perguntou confusa enquanto eu colocava Jackson no chão ali. 

 

— Camila tá tendo outro pesadelo, ela pode assustar ele — expliquei rápido, vendo Sofia arregalar os olhos, puxando o irmão para si ainda me olhando assustada.

 

Mas não falei mais nada, apenas saí dali, voltando para meu quarto, só que para minha surpresa, Camila já estava desperta, os olhos encarando o teto do meu quarto. 

 

— Amor? — chamei cautelosa, vendo seus olhos pousarem em mim, dessa vez realmente me vendo — Tudo bem?

 

— Acho que sim — murmurou, coçando os olhos, se sentando na cama — Dormi um pouco melhor, eu acho — deu ombros, me observando — Meus irmãos ainda estão aí? 

 

— Estão — respondi, me sentando na cama ao seu lado — Vão dormir aqui. 

 

— Bom, eu, hm, acho que preciso falar com Sofia — Camila disse baixo, fazendo uma pequena careta.

 

— Não precisa falar hoje, ela vai estar aqui amanhã — lembrei, me sentando na cama, na sua frente. 

 

— E, eu, eu também preciso ir ver minha mãe — Camila disse, agora olhando em meus olhos e eu fechei os olhos com força. 

 

— Camila, você foi ontem na sua última sessão obrigatória de terapia, não sabemos nem se poderá voltar ao...

 

— Não Lauren! Eu estou pouco me fodendo pra isso! Eu quero ver a vagabunda da minha mãe! — ela gritou, me fazendo arregalar os olhos pela explosão. 

 

— Amor, se acalma, por favor, não... 

 

— Foi o bastardo do filho dela que ameaçou matar a minha irmã caçula! Eu quero vê-la! — Camila me interrompeu novamente, bufando de raiva, se levantando da cama. 

 

— E o que de bom pode sair dessa conversa, Camila? Taylor e Sofia me contaram que você entrou em estado de choque só por ter visto sua irmã! — exclamei me levantando, vendo minha namorada andar de um lado para o outro — Camila você teve náuseas, vomitou, só por ter visto minha arma — completei, com a voz mais mansa, me aproximando da minha namorada, que suspirou quando segurei sua cintura — Você precisa sair disso, para enfrentar uma conversa com Sinuhe. 

 

— Porra Lauren! Mas eu só saio disso quando colocar a merda de um ponto final nisso! — ela gritou, se afastando de mim, saindo do quarto irritada.

 

Soltei um suspiro surpreso. O que estava acontecendo aqui? 

 

(...)

 

Baby: Eu estou bem, Lo. Eu juro. Taylor e eu estamos fazendo panquecas, e meus irmãos estão rindo das nossas péssimas habilidades na cozinha. Tudo certo.

 

Encarei a mensagem pela trigésima vez, tentando fazer meu cérebro entender que estava tudo bem. Minha namorada estava na minha casa, com minha irmã e meus cunhados, ela estava segura, e salva. Soltei um suspiro pesado, o sentimento de que em qualquer momento ela poderia estar em perigo, me assustava de tal maneira, que eu não conseguia imaginar como Camila deveria estar se sentindo. 

 

Ontem, após o surto de Camila, ela decidiu dormir na própria casa. Porém, voltou para a minha hoje de manhã, mais calma, me abraçando, se desculpando por ter gritado. Ela estava sentindo tantas emoções, que eu nem imaginava como deveria ser. 

 

Andei de um lado para o outro da sala de espera em tons neutros, balançando o celular em minhas mãos. Questionando a mim mesma se eu estava fazendo a coisa certa. 

 

— Não é sobre ser a coisa certa, você tem a obrigação de fazer isso — ouvi a voz de Ally, e por um segundo me questionei se ela leu minha mente — Você pensa alto demais. 

 

— É minha obrigação como tutora dela — respondi, franzindo o cenho para a palavra, e encarando minha amiga que estava sentada em uma das cadeiras de espera, com as pernas cruzadas — Mas agora, ela é minha namorada, Ally, eu me sinto como prestes a invadir a privacidade dela.

 

— Bom, você estará invadindo — Ally respondeu, quase rindo ao ver meu olhar à ela — Mas, Laur, não é como se você tivesse escolha, você tem que saber se ela está apta para voltar à ativa. E, ela precisa estar apta. 

 

— Se não, não há motivos para ela permanecer aqui — lembrei, soltando um suspiro pesado. 

 

Havia sido difícil manter Camila fora da cadeia depois de voltarmos para o Havaí. Primeiro, porque pelo fato dela ser sequestrada, fez meus superiores questionarem minha competência em manter os olhos em Camila. E, segundo, porque, Camila não estava pronta para voltar ao trabalho, e se ela não trabalha, ela deve cumprir a pena na cadeia. Tive que usar todos meus recursos para conseguir algumas semanas para minha namorada se recuperar. Sempre tendo o cuidado de parecer profissional, porque se eles vissem uma pitada de emoção, se eles vissem como ela importa para mim. 

 

Ela voltaria para a cadeia em um piscar de olhos. 

 

— E Lauren, você precisa saber o que está acontecendo com Camila, ela não está bem — Ally disse, um olhar carinhoso em minha direção, mas ainda preocupada. 

 

— O que quer dizer? — questionei, já preocupada. 

 

— Ela não parece a Camila — respondeu, me fazendo franzir o cenho — A Camila que conhecemos é do tipo que entra num carro, já ligando o som, e dizendo alguma piada estúpida. 

 

— Ela foi sequestrada, Ally! E no mesmo dia descobriu que tem um irmão, filho da sua mãe com o homem que matou seu pai. E esse irmão a sequestrou e, — engoli seco — Ele a agrediu, verbalmente, fisicamente. Não dá pra esperar que ela fique soltando risos à cada momento. 

 

— Eu sei disso, Lauren — Ally disse firme — Só, observe ela, ok? Observe, não pergunte. 

 

Encarei minha amiga por alguns segundos, sentindo meu celular vibrar em seguida. 

 

Baby: E, hm, sobre aquilo que te pedi, não precisa mais. É, não quero mais. 

 

Franzi o cenho, totalmente confusa, encarando o telefone. Há dias ela me pedia a mesma coisa. E agora não quer mais? 

 

— Ela desistiu de ir visitar a mãe — contei, abismada.

 

Mas Ally apenas me olhou de um jeito que dizia: 

 

"Viu o que eu disse?" 

 

Soltei um suspiro, colocando o celular de volta no bolso, mexendo meus cabelos, um pouco nervosa, e só piorou quando a porta da sala se abriu, e uma mulher alta, com um sorriso calmo me olhou.

 

— Agente Jauregui? — perguntou e eu assenti — Venha, pode entrar. 

 

Dei um olhar à Ally, antes de entrar na sala. Uma mesa, duas poltronas, além de um sofá e mais uma poltrona no canto. Algumas prateleiras com livros, e paredes em tons pastéis fazia a sala parecer aconchegante. Me sentei em uma das poltronas, cruzando as pernas e encarando a terapeuta do outro lado da mesa. 

 

— Eu sou a Dra Jones, muito prazer — ela se apresentou com um sorriso calmo e eu me limitei a assentir — Então, precisa saber se a Srta Cabello está apta para voltar ao trabalho? 

 

— Isso mesmo — concordei, cruzando os braços, um pouco desconfortável. 

 

— Se importa de responder algumas perguntas para mim? Apenas para complementar o caso da Srta Cabello — pediu e eu neguei, o que a fez encarar o notebook na sua frente, provavelmente para anotar o que eu diria — Você tem a custódia judicial da Srta Cabello, certo? 

 

— Sim, ela permanece sob meus serviços, recebendo o que o governo gastaria com ela na prisão, e dessa forma, ela não permanece atrás das grades — respondi, batucando meus dedos na perna, a sensação de enjôo no estômago por falar de Camila de uma forma tso profissional. 

 

— Há quanto tempo trabalha com ela? 

 

— Já fazem quatro meses — respondi, pensando como haviam passado rápido. 

 

— Camila esteve em situações de risco durante esses meses? 

 

— Eu sou uma agente do FBI, nosso trabalho envolve correr riscos todos os dias, então é óbvio — respondi, me controlando para não revirar os olhos.

 

— Porém, nada muito grave, estou certa? 

 

— Apenas no Havaí — respondi, sentindo o desconforto na garganta, me lembrando dos acontecimentos. 

 

— Ok, muito obrigada agente — Dra Jones agradeceu, terminando de digitar e olhando para mim — Vamos falar sobre Camila, tivemos as três sessões que a agência obriga ela a ter, e pude fazer um diagnóstico. 

 

— Diagnóstico? Como assim? Ela está doente!? — questionei, deixando todo meu profissionalismo de lado e a encarando confusa e preocupada.

 

— Camila sofre de TEPT, que seria o Transtorno de Estresse Pós Traumático — a terapeuta respondeu, o que fez com que eu a encarando levemente assustada — Camila nunca se recuperou dos acontecimentos da sua infância, e deixou os sentimentos sobre isso de lado. Então, com os acontecimentos recentes, suas memórias mais profundas da infância foram ativadas, misturadas com as novas informações que agora ela obtém e com o próprio trauma em si de ter sido sequestrada e agredida. Tudo isso fez com que ela desenvolvesse esse transtorno. 

 

Encarei a mulher do outro lado da mesa. Tentando absorver suas palavras, lembrando do que Ally me disse, conseguindo entender algumas coisas. Os pesadelos, os flashbacks, o suor durante o sono, a temperatura alta, o fato dela não querer mais ir ver a mãe na cadeia. 

 

— O que — suspirei — O que nós podemos fazer? 

 

— Camila não pode voltar à ativa — respondeu direta, me fazendo sentir todo meu corpo gelar — Porém, voltar ao ambiente que a cadeia à proporciona poderia desencadear novos problemas, ou ativar gatilhos para que ela se lembre dos acontecimentos e cause novos problemas. 

 

— Então, o que sugere? — perguntei, sentindo um pouco de alívio por perceber que ela não indicava a volta da minha namorada para a prisão. 

 

— Primeiro, mais alguns dias em casa, talvez uma semana, mas ela terá de vir aqui duas vezes por semana — explicou — E, depois, podemos começar aos poucos, alguns trabalhos administrativos que não tenham relação à qualquer tipo de caso que possa a fazer lembrar do que aconteceu. Camila tem uma sessão comigo amanhã, irei prescrever alguns medicamentos para ajudar, principalmente, com as noites de sono. 

 

— Certo — concordei, franzindo o cenho em seguida, lembrando de algo — Você disse algo sobre gatilhos, o que seriam isso? 

 

— Ah sim, são acontecimentos ou até algum objeto que desencadeia no paciente um sintoma do transtorno — Dra Jones respondeu, juntando as mãos na mesa para falar — Por exemplo, suponhamos que uma pessoa caiu de um helicóptero, talvez, ver um ventilador de teto girando possa a fazer se lembrar do seu acidente, o que por sua vez, possa fazer com que ela tenha crise de ansiedade, ou de pânico, sua pressão pode subir, pode haver enjôos e...

 

— Um momento, enjôos? — questionei confusa, e preocupada, me lembrando de ontem à noite.

 

— Todo tipo de transtorno mental, afeta o corpo do paciente fisicamente, em caso de TEPT, é comum tonturas, náuseas, dores de cabeça e até taquicardia ao se lembrar do trauma — a Dra me explicou, me fazendo soltar um longo suspiro — Eu irei escrever o relatório, com meu diagnóstico e recomendações para a agência — ela me comunicou e eu assenti, tentando assimilar as novas informações. 

 

Saí da sala um pouco atordoada, vendo o olhar confuso de Ally sobre mim, não comentei nada, apenas pedi para irmos embora dali. Eu teria que entregar o relatório da Dra Jones para meus superiores, então voltamos ao FBI. Fiz apenas o necessário, conversei com Cowell sobre o caso de Camila, e após tudo ser explicado, ele concordou com as recomendações médicas e permitiu que Camila continuasse em casa com a tornozeleira. 

 

Voltei para casa em seguida, permanecendo alguns minutos no carro, antes de entrar em casa. 

 

— Hey — cumprimentei minha namorada cautelosamente, assim que a vi sentada no sofá, assistindo algum filme de animação. 

 

— Oi amor, como foi? — perguntou curiosa, enquanto eu me aproximava e me sentava no seu lado. 

 

— Cadê as meninas? — desviei da pergunta, olhando ao redor.

 

— Sofia levou Taylor para conhecer nossa casa — respondeu, me fazendo a encarar surpresa — Não se preocupe, Sofia sabe ser responsável, e o bairro não é ruim — deu ombros, despreocupada. 

 

— Nós precisamos conversar — comecei baixo, vendo o olhar confuso de Camila. 

 

— Se for sobre ontem, me desculpe mesmo, eu não deveria ter...

 

— Não, não, não é sobre isso — neguei com a cabeça, olhando em seus olhos e a acalmando — Você não está apta para voltar a ativa — contei de uma vez, vendo os seus olhos se arregalarem.

 

— O quê? Mas eu fui nas sessões de terapia! Eu fiz tudo! — exclamou, confusa e assustada. 

 

— Exatamente, o relatório da sua terapeuta, diz que você não pode voltar — falei calma, a vendo soltar um suspiro — Mas, você não vai voltar para a prisão. 

 

— Não? — perguntou surpresa, e eu neguei. 

 

— Você fica aqui, mas, terá de fazer um acompanhamento com a terapeuta — comuniquei, franzindo o cenho ao ver lágrimas nos olhos dela — Amor?

 

— Eu não estou bem, estou? — perguntou baixinho, aparentemente entendendo o que eu quis dizer por trás daquilo tudo, soltei um suspiro pesado. 

 

Não estava acostumada a essa Camila tão frágil e vulnerável. 

 

— Não, você não está bem — admiti, abrindo meus braços, a vendo se aconchegar em meu peito, me apertando com força — Mas você vai ficar, Camz, vai superar isso.

 

— Só se você estiver comigo — murmurou baixinho, e um leve sorriso escapou dos meus lábios.

 

— Sempre estarei — prometi, deixando um beijo suave em sua testa. 


Notas Finais


@semiharmonizer

EU TENHO FIC NOVA
LOST GIRLS
VAI LÁ LER VAI POR FAVOR??


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