História Between the Flowers - Viola

Todos acordamos com o grito de Louis, nessa semana que ele veio dormir aqui conosco ele acordou todos os dias depois de um pesadelo, é muito comum no verão todos dormirem na minha casa, pois como eu disse, aqui eles têm mais liberdade.

-Porra Louis! -Iris exclamou dando um salto- Todos nós temos pesadelos, mas precisa gritar?

-Desculpa, é sempre o mesmo sonho...

-Por que não conta? -Eu perguntei.

-Não sei se devo, é... -Louis procurava um jeito de dizer o que queria.

-Que tal você ir contando enquanto eu preparo um chá? -Amanda perguntou se levantando- do que vocês querem?

-Eu e Ana queremos de lavanda -Disse Iris.

-Vou ter que ir no jardim buscar -Eu disse me levantando.

-Pode pegar jasmim também? -Perguntou Amanda enchendo a chaleira.

-Eu quero camomila -Disse Matt pulando no colchão feito uma criança.

-E você Louis? -Eu perguntei.

-Quero de genciana -Ele respondeu tristonho.

-Eu também vou querer de genciana -Disse para mim e para Louis.

Não sou muito fã dessa flor, pelo fato de significar “você é injusto”, e o motivo é simples, embora seja flores fáceis de cultivar elas são temperamentais, pois um arvoredo que floresce bem em um ano, talvez nunca mais o faça, dou risada só de pensar que quem lhe atribuiu o significado com certeza devia ser um jardineiro frustrado.

Saio no jardim e pego raízes, folhas e pétalas das flores desejadas.

É interessante ver a variedade de flores que tenho em meu jardim, claro eu também cultivo alguns arbustos e eravas medicinais, ele é bem grande para caber toda essa variedade, claro que não posso sempre estar cultivando o que eu quero por culpa do clima, mas em casos assim eu os coloco na estufa.

Eu até poderia abrir um jardim de chá e vender o chá de todas essas flores, é o meu segundo sonho depois de organizar casamentos, ter meu próprio jardim de chá, Iris e Matt podem me ajudar na cozinha fazendo bolos a base de flores, enquanto Louis, Ana e Amanda poderiam servir, seria um negócio de amigos, e na ilha tem um local perfeito para fazer este jardim, aquele local está meio acabado, e não há flores por lá, mas sim canteiros vazios, ainda não sei como o prefeito não me pediu para renovar aquele lugar, para torna-lo mais atraente, eu com certeza plantaria madressilvas em alguns canteiros por significarem Índole Meiga (essa flor com certeza não representa Iris, pois a dela significa mensagem), e no enorme canteiro central, eu plantaria uma muda de magnólia pois esta significa amo à natureza e simpatia (algo que Iris não possui), seria tudo tão perfeito, aí sim esta ilha se tornaria o paraíso (isso se a dedaleira for embora claro).

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Com os chás já prontos e servidos no meu conjunto favorito, os pires e a xícara são feitos inteiramente de vidro, eu gosto, pois, assim posso ver a cor de meu chá.

Nos sentamos em nossas camas, saboreando o chá.

-Pode começar a contar Louis -Eu disse- Todos aqui temos pesadelos.

-Sim, mas ele vem de...

-Um trauma? -Eu perguntei, sempre tenho pesadelos envolvendo meu pai e minha mãe sofrendo, já estava acostumado a tudo isso.

-Sim... -Louis respondeu e bebeu o chá logo em seguida.

-Pode contar -Disse Amanda- Todos nós sofremos com alguma coisa, até mesmo eu e Matt.

Louis suspirou.

-Em Paris... -Louis começou- Eu tinha um namorado, nos conhecíamos desde que éramos crianças, ele era dois anos mais velho que eu, meus pais nunca se importaram com nosso namoro, ele vivia andando de moto, maldita seja ela, um dia eu estava na biblioteca, lendo alguns livros, foi há dois anos atrás, ele ia me buscar lá, assim que saí da biblioteca para me encontrar com ele, ouvi o som de uma ambulância, e lá na entrada da biblioteca, estava um carro com o capo ensanguentado, e no chão estava ele,  a ambulância chegou, mas já era tarde, resumindo, três dias depois enterraram eles, passei o resto do ano tendo pesadelos e como se não bastasse, ainda tinha de ouvir a zombarias dos garotos da escola, eles riam e tratavam aquilo como ridículo, como se um vida não fosse preciosa, só por ele ter me amado, amado a um garoto.

-Por isso veio para cá? -Matt perguntou.

-Talvez sim de certo modo -Louis respondeu- No final das contas meus pais queriam sair do lugar que outrora chamávamos de cidade das luzes, ou pelo menos eu chamei, não suportava mais ver pessoas andando de moto ou casais felizes.

Ele perdeu alguém que amava e nem por isso adoeceu como meu pai.

Contraditório...

Louis deixou algumas lágrimas caírem em seu chá.

-Alex... -Disse Iris- Pode cantar aquela música?

-O que?

-Aquela que sua mãe cantava para você, e que você cantou antes de seu pai...

Me lembro deste dia, quando eu cantei para meu pai uma última vez, em seu último sinal, eu e minha avó vimos ele abrir um leve sorriso, desde então acreditamos que mamãe quem o buscou, por isso o sorriso mórbido e melancólico, no fundo ele sabia que o único jeito de a rever era morrendo, por isso seu sorriso expressava tanto alegria quanto tristeza em deixar esse mundo, em me deixar.

Mas até hoje me lembro da música, ela dava corda em uma caixinha de música que tenho até hoje.

Minha voz lembra muito a de meu pai, seja normalmente ou quando canto.

-Sim... -Eu disse em resposta- Eu canto.

Me levantei do sofá cama, fui em meu quarto, do fundo do meu armário eu puxei uma caixinha de mármore branco como o lírio que significa pureza.

Voltei para a sala, e lá dei corda antes de abrir. Uma melodiosa música começou a tocar quando eu abri, dentro dela havia a escultura de um casal só século 18 dançando, os dois giravam nos mesmo eixo, suspirei e comecei a cantar.

Fecha os olhos e sinta o sopra da brisa

E a fragrância que ela carrega

O suspiro profundo, o coração acelerado

O sonho dourado que o tempo levou

 Este vale é o nosso refúgio

Aqui a tristeza não nos alcança

E mesmo que o sol se vá

À noite a lua brilha

Por uma vez pensei, que tudo perdi

Mas você apareceu e sorriu para mim

Como brilho da manhã que se aproxima

Enches minha vida de luz

E mesmo que um dia eu me vá

E vento leve tudo que de mim restou

Saiba

Sempre estarei em seu coração

Minha mãe sempre a cantava para mim e para meu pai, como se soubesse que um dia ia morrer, mas nunca pensamos que ela morresse tão jovem, tinha apenas 25 anos, assim que ela se foi, meu pai recebeu a visita do famoso corvo de Edgar Allan Poe, a depressão.

Quando minha mãe era sempre feliz, vivia sorrindo e morreu sorrindo, quando ela se foi, uma parte de Ánemos se foi também, naquele dia a ilha inteira estava em luto, seja da minha família ou não.

Louis me abraçou ao notar que eu estava com algumas lágrimas nos olhos, como eu disse, todos sofremos com perdas.

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No dia seguinte toda a melancolia foi embora e só pensávamos em uma única coisa, hoje era a chegada de Viola, Sobrinha de dona Alfazema e prima de Claudia.

Amanda sente um pouco de ciúmes de Vila por causa de Matt, sendo que na realidade até onde eu descobri Vila gosta de mim, e André que vai sair com Louis gostava dela, mas provavelmente desistiu.

Os pais de Viola D’Cielo são donos de uma vinícola na Toscana, ela vive na capital, Florença, e todo o verão ela vem até Ánemos, o sonho dela é vir morar aqui conosco, ela ama a simplicidade da ilha e a paisagem grega e do mediterrâneo, não que ela não pudesse ter a mesma paisagem mediterrânea indo a Veneza, mas ainda assim ela adora o estilo grego e a nossa culinária.

Eu e Iris estávamos na loja fazendo alguns arranjos na loja quando Ana entrou com seu avô carregando algumas caixas.

-Aqui está o que elas pediram -Disse ela.

-Eu e Iris abrimos uma caixa e vimos os vasos feitos à base de vitrais multicoloridos.

-Perfeito! -Eu exclamei- 20 dos vasos eu e Iris vamos usar no casamento de umas das clientes de Camila, já o outros dez, vamos guardar para vender na loja.

-E quando o casamento terminar? -Ana perguntou- Os vasos vão ser devolvidos a vocês?

-A noiva pretende dá-los como lembrancinha aos convidados -Iris respondeu- De qualquer forma obrigado, a sua avó avisou que já pagamos por eles, não?

-Sim ela avisou, custou bem caro, ela acertou no preço, embora acho que deveríamos ter feito mais vasos, não acha vovô? -Ana perguntou e seu avô balançou a cabeça positivamente- Ainda mais que vai ser dado de lembrança.

-Apenas para os mais chegados, ou seja, os pais, irmãos, padrinhos, madrinha... enfim, são lembranças especiais -Iris disse enquanto apreciava os detalhes do vaso.

-Bem sendo assim acho melhor voltarmos para o ateliê -Disse o avô de Ana.

-Será que posso ficar aqui vovô? -Ana perguntou de forma manhoso.

-Não deixa ela senhor Matrioska -Eu disse- Caso contrário ela e Iris vão ficar se paquerando e Iris não vai me ajudar.

O avô de Ana mesmo assim disse sim.

Eu bufei, pelo menos Iris estava fazendo os arranjos enquanto Ana acariciava seu rosto.

Ficamos um tempo em silencio apenas arrumando os arranjos e ora ou outra atendendo os clientes, até que uma garota loira de pela rosada.

-Viola! -Iris exclamou e correu para abraçá-la junto de Ana.

-Felice di vedere! * -Viola exclamou.

Ela é uma garota animada como todos os italianos, costuma ser de vez em quando um pouco escandalosa, mas todos na ilha a amam, Viola é violeta em italiano, e essa flor significa modéstia, combina um pouco com o gênio dela.

Ela veio e me abraçou.

-Ouvi dizer -Disse ela em seu sotaque italiano- Que há alguém novo na cidade.

-Sim -Eu disse em resposta- Louis Chevalier.

-André estava me contando dele no cais, convidou ele para sair -Viola disse ajeitando os cabelos cacheados nas pontas -Fico feliz por ele, e talvez com um pouco de ciúmes, finalmente quando comecei a gostar dele.

-Sério? -Ana perguntou.

-Claro, eu sempre converso com ele por webcam, nos divertimos muito conversando.

-Você deixou ele esperando o ensino médio inteiro! -Eu exclamei.

-Io sei! -Viola exclamou de volta- Mas mudei de ideia.

-Eu te ajudo -Eu disse- Não gosto de pensar no Louis com André, já basta todo mundo estar namorando desse grupo, vou ficar sozinho de novo.

-Vai ficar porque quer -Disse Iris- Mas eu não vou me intrometer nesse assunto, se você e Viola quiserem arruinar o encontro dos dois, tudo bem.

-Gente! -Disse Ana- Iris não intrometendo no assunto dos outros, que novidade!

-Cala a boca e me beija Ana! -Iris exclamou e beijou Ana.

-Ele vai sair com André hoje à noite -Eu disse me voltando para Viola- Podemos seguir eles.

-Afinal -Disse Ana empurrando Iris- Por que você iria querer impedir que o Louis fique com ele Alex?

-Um favor para Viola -Eu disse- Sempre shippei os dois, não posso arruinar isso.

-Falou e disse -Disse Amanda brotando do nada dentro da loja.

-Quanto tempo você estava nos espionando? -Eu perguntei.

-Desde de que Viola chegou, então eu fiquei ouvindo a conversa.

-Não fale para Louis -Eu disse.

-Não vou, eu também shippo Viola com o André, mesmo que ele seja da dedaleira, também quero ajudar.

-Amanda! -Iris exclamou.

-Sem falar que essa vadia aqui vai parar de olhar para bunda do meu Matt -Amanda disse apontando para Viola.

-Vadia é você sua putana! -Viola exclamou-.

-Puta é você sua piranha!

-Falsa! -Viola disse.

As duas começaram a rir, gente eu adoro amizade agressiva, ainda mais quando não é a Iris que parte para cima.

-Amanda, Alex -Disse Viola- O que acha de irmos almoçar? Podemos discutir melhor sobre como impedir o encontro deles.

Se isso era maldoso?

Claro que sim.

Mas não vou gostar de ver Louis com o André, ainda mais que ele faz parte da dedaleira, e se o Louis acaba se juntando a ele?

E se ele também começar a ficar arrogante e grosso conosco?

Não posso permitir isso, ele é muito legal para sofrer tal influencia.

Sem falar que ele também vai me deixar de lado, assim como os outros, eles se dedicam mais tempo com seu namorado ou namorada, Louis tem sido um ótimo amigo, me simpatizei com ele mais rápido do que com Iris ou Amanda, quero ser o melhor amigo dele e não quero que ele me deixe de lado, ele merece alguém melhor.

Eu, Amanda e Viola vamos impedir este encontro!

Custe o que custar!