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História Between The Living Deads - Capitulo 6


Escrita por: megandelacour

Capítulo 6 - Capitulo 6


O dia amanheceu calmo, a vista da pedreira era linda, ao fundo dava para ver os prédios e entre eles, o sol. Eu estava sentada no chão, suja de sangue seco, minhas costas doíam mas eu não conseguia desviar o olhar de Andrea. Ela não havia saído do lado do corpo de Amy ainda.

— Andrea.. - Lori se ajoelhou ao lado dela. - Sinto muito.. ela se foi, precisa deixar que a levemos. - sendo ignorada, ela continuou com uma voz delicada – Todos nós gostávamos dela e prometo que seremos o mais gentil que pudermos.

Cansada daquela cena levantei, minhas costas reclamaram de dor, mas mesmo assim continuei de pé. As covas já tinham sido cavadas e agora uma grande fogueira tinha sido acesa, Daryl cravava uma picareta na cabeça dos zumbis só por garantia enquanto o resto carregava os corpos.

— Vic? - Shane chamou.

— Sim?

— Você está bem?

— Estou – passei a mão trêmula e suja na testa. - Quer alguma coisa?

— Bem.. eu sei que pode ser pedir demais, mas ninguém além de Daryl está fazendo o serviço sujo, o pessoal não consegue fazer.. sabe, no pessoal do nosso grupo. - seu rosto transmitia culpa, como se fosse algo grande demais para me pedir.

— Eu consigo.

Dito isso Shane saiu, sua expressão era preocupada e aliviada, ele podia até ser um cara realmente babaca e invejoso as vezes, mas queria manter o grupo vivo e seguro. Usar uma picareta como Dixon estava fazendo me soou um pouco desrespeitoso então peguei minha faca de caça mesmo.

Eu já estava lá pelo quinto corpo quando ouvi Glenn gritando que nosso pessoal ia ser enterrado e não queimado na pilha, as vozes começaram a ficar altas demais e eu desabei no chão. Daryl largou o que estava fazendo e segurou meu rosto, me dando alguns tapinhas.

— Vic? Vic, hey está me ouvindo? - assenti – Quando foi a última vez que comeu algo?

— Há dois dias, mas eu estou legal. - me preparei para levantar, porém o caipira me impediu e retirou a faca das minhas mãos.

— Não, vai comer alguma coisa. De qualquer maneira o trabalho aqui já está terminando, eu acabo o seu serviço por você.

— Obrigada.- murmurei.

Já de pé fui em direção ao motor home, antes que chegasse lá uma nova confusão se instaurou e fui obrigada a parar. Jacqui gritou: Jim foi mordido, repetidas vezes.

— Jim, mostra pra gente. - pedi calmamente.

— Não é nada! - ele segurou o cabo da pá com mais força, parecia pronto pra bater em alguém.

— Nós só queremos ver ok? Ninguém vai machucar você..

— JIM, LARGUE A PÁ! - Rick exclamou.

A gritaria se tornou cada vez mais alta, até que T-dog o segurou por trás, o pobre Jim soltou a pá e Daryl levantou sua camiseta, lá estava: a marca da mordida. Todos se encararam, todo mundo sabia o que acontecia com as pessoas mordidas, aos poucos elas definhavam de febre, doença, como se fosse uma simples gripe e então morriam, depois de morto de alguma maneira o cérebro deles voltava a funcionar, a carne continuava o processo de decomposição, mas o corpo se mexia, caminhava e o mais perigoso, se alimentava de tudo que fosse vivo.

Eu, Daryl, Rick, Carol, T-dog e os outros formamos um círculo.

— Enfiamos uma picareta na cabeça dele e da menina morta e pronto. - Daryl sugeriu.

— Isso é o que você gostaria se fosse você? - Shane o encarou.

— Sim e eu ainda agradeceria.

— Eu odeio dizer, eu nunca nem pensei que eu iria, mas talvez Daryl esteja certo. - Dale comentou.

— Jim não é um monstro Dale, ou um cão com raiva. - Rick pareceu irritado.

— Eu não estou sugerindo..

— Ele está doente!

— Eu tenho que concordar com o xerife nessa, Jim é uma pessoa. Se fizermos isso, onde será o limite? - expus minha opinião mudando o peso de uma perna para a outra.

— O limite é claro, tolerância zero para zumbis ou para prestes a ser.

— E se a gente conseguir ajuda Daryl? Pelo amor de deus, ele tá vivo! - fuzilei o caipira e o restante com o olhar.

— Eu ouvi que o CDC está trabalhando na cura – Rick me encarou, parecia aliviado por ter alguém que compartilhava da mesma opinião que ele.

— Eu também, ouvi varias coisas antes de tudo virar um inferno. - Shane contrariou.

— E se CDC ainda estiver funcionando?

— Ai você está apelando.

— Talvez ele esteja certo Shane.. tem possibilidade – insisti.

— Acho que é nossa melhor chance, abrigo, proteção.. - o xerife encarou a todos.

— Se existe alguma coisa está em uma base do exército. Fort Benning.

— São 160 quilômetros na direção oposta.

— Sim, mas é longe da zona de perigo Vic.. - o policial continuou – Olha, se esse lugar está funcionando está bem armado, estaremos seguros lá.

— Os militares estavam na zona de frente da situação. Foram destruídos, nós vimos. - Rick gesticulou com as mãos – O CDC é nossa melhor escolha e a única chance que Jim tem.

— Vá procurar por aspirina, faça o que precisar. Alguém precisa ter culhoes para cuidar desse problema. - com isso Daryl avançou com a picareta para cima de Jim.

— HEY, HEY! - minha garganta deu um nó, Grimes apontava o revólver para a cabeça dele. - Nós não matamos quem está vivo.

— Vamos lá Vic, me apoie nessa, o cara foi mordido!

— Me desculpa Dixon, mas eu não concordo com você. - olhei para o xerife – nós podemos discordar em algumas coisas, mas não nisso.

Daryl saiu andando, furioso.

— Espera… - mas ele me ignorou e eu o deixei ir.

— Amy?

Olhei para o lado e vi o corpo da irmã de Andrea voltar à vida, os olhos estavam brancos assim como a pele e a boca, Andrea sussurrou sou nome e segurou seu rosto entre as mãos, a coisa que antes era Amy começou vagarosamente a tentar mordê-la. Chorando, a loira pegou a pistola, encostou na lateral da cabeça da “garota” e puxou o gatilho.

Pegamos a caminhonete e levamos os corpos até o local das covas, Shane e Rick começaram a enterrá-los, Lori decidiu que enterrar e fazer luto era uma regra da sociedade que ainda deveríamos seguir, particularmente eu não ligava para aquilo.

Ao voltar eu sentia-me mais do que cansada, mas ainda não tinha como sentar e descansar, ou sequer mesmo comer da minha parte, tínhamos um problema ainda, um homem mordido. Lori e Shane discutiam baixinho ao lado da porta do motor home, Rick tinha ido ver como Jim estava.

Ao sair o ex-policial chamou o xerife para uma ronda, Morales avisou a todos que não interessava o plano ele e sua família iriam para Birmingham, Carl estava chorando então sentei ai seu lado.

— Ei.. não chora.. - passei o braço por seu ombro trazendo-o para perto de mim.

— Vou sentir saudade deles. - falou se referindo aos filhos de Morales.

— Eu sei, mas Sophia ainda está aqui e você tem a mim também, seus pais..

Ele assentiu e eu o apertei mais, Lori me fuzilou com o olhar, mas ela que se foda. O comboio foi organizado, CDC, suspirei, “Por favor, que de certo!”. Já estávamos na estrada, eu estava na caminhonete com Daryl quando ele perguntou:

— Acha mesmo que foi uma boa ideia?

— Acho.. de qualquer maneira não tinha mais como ficar lá. - tamborilei os dedos no painel enquanto olhava para o homem ao meu lado.

— Você ficou do lado dele, por quê? - os olhos azuis astuciosos me observavam.

— Porque faz sentido o que ele falou do CDC, era a única chance do Jim também.. e só porque o mundo acabou não quer dizer que a humanidade das pessoas deve morrer também. É uma pessoa Daryl, pessoas são importantes.

— As coisas mudaram Campbell, a sobrevivência é do mais forte e do mais esperto. - ele apertou a direção com força.

— Não desistimos do Merle, eu não desisto de ninguém! É uma coisa que eu não consigo mudar – me recostei no banco – é um impulso mais forte do que eu.

— Esse impulso vai fazer com que você morra e.. eu não quero que isso aconteça.

— Não vou morrer Daryl, pelo menos não agora. - me inclinei e beijei sua bochecha.

A estrada estava tranquila, aproveitei o momento para dormir e descansar um pouco. Acordei quando a caminhonete parou, de acordo com Dixon o trailer estava com “problemas técnicos” e Dale estava sem fita para remendar a mangueira furada.

— Pessoal – Jacqui apareceu de dentro do veículo – É o Jim, ele está mal, não acho que vai aguentar.

— Rick, consegue segurar as pontas aqui? - Shane perguntou, tinha um posto mais a frente na estrada onde ele queria chegar. - Vou indo e vejo o que consigo trazer. - o xerife assentiu e T-dog e o policial se foram.

Sentei no capo da caminhonete, Rick havia entrado para falar com Jim e o tempo que passou lá pareceu uma eternidade. Quando saiu Shane e T-dog já haviam retornado e nos reunimos.

— É o que ele diz que quer.

— Ele está lucido? - A voz suave de Carol indagou.

— Parece estar, diria que sim. - o xerife encarou o chapéu em suas mãos.

— No acampamento, quando eu disse que Daryl poderia estar certo e você me interrompeu, você entendeu errado. - Dale olhou para Rick – Eu nunca concordaria em matar um homem de uma forma tão fria. Eu ia sugerir que perguntássemos o que Jim queria e acho que temos uma resposta.

— O deixamos aqui e vamos embora?

— Shane.., acho que mesmo que houvesse um tratamento ele não chegaria a tempo. - mordi o lábio – Quero dizer.. provavelmente houve um avanço muito grande do vírus ou seja lá o que for isso no corpo dele.

— A decisão não é sua. - Lori expôs sua opinião. - De nenhum de vocês.

Rick e Shane pegaram Jim e o encostaram em uma arvore, ele estava branco e suava frio.

— Hey.. - sua respiração era ofegante – outra merda de arvore.

— Jim, você sabe que não precisa ser assim.

— Não. - o homem doente interrompeu o policial – Está ótimo, a brisa é gostosa.

O xerife o ofereceu uma arma, mas ele negou, meus olhos se encheram de lágrima e eu solucei, minhas mãos tremiam.

— Não chore.. - a voz soou fraca.

Me ajoelhei ao seu lado e segurei sua mão.

— Lembra das vezes que você falou da sua família? É.. eu estava ouvindo – funguei dando um pequeno sorriso - Você vai encontrá-los, vai poder ver sua esposa, seus filhos e vai ter paz, mais paz do que qualquer um de nós terá durante toda a vida, é tranquilo, é como ser levado por plumas para perto do céu… vou rezar por você Jim. - levantei e desci a ladeira, não aguentando a dor no peito.

Abri a porta da picape e sentei, enxuguei o rosto na blusa, em silêncio todos voltaram a seus carros, Shane havia conseguido uma mangueira reserva para o motor home e nos o abandonamos. Eu mal conhecia o cara, mas eu ainda queria lutar por ele, queria poder de alguma maneira fazer algo, me senti inútil.

A viagem até Atlanta seguiu sem contratempos, uma barreira fez com que parássemos e seguíssemos a pé. O caminho até o CDC estava infestado de corpos, dava para sentir o cheiro de podre e ouvir as moscas zumbindo, peguei a bandana do bolso da minha calça e tapei o nariz na tentativa de evitar quase vomitar por conta do cheiro.

— Não tem ninguém aqui. - Shane concluiu.

— Então porque as portas estão abaixadas? - o xerife questionou nervoso.

— Zumbis! - Daryl avisou.

Haviam alguns vindo em nossa direção.

— Você nos mandou para um cemitério! - o caipira exclamou irritado.

— Ele tomou uma iniciativa!

— Uma errada! - berrou furioso com os olhos cravados em mim.

— Cala a boca, ouviu, cala a boca – Shane o empurrou – Rick, não tem saída ouviu? Sem culpa.

— Não podemos ficar aqui ao escurecer! - Lori gritou.

— Fort Benning Rick, é uma opção..

— De que? Sem comida, sem combustível, são 160 quilômetros! - Andrea rebateu, os zumbis se aproximavam cada vez mais.

— São 200, eu chequei no mapa. - Glenn corrigiu.

— Esqueçam Fort Benning, precisamos de respostas agora! - observei Lori, Carl estava agarrado a ela.

— Vamos pensar em algo! - o xerife soou desesperado.

Me virei, ele tinha razão, íamos pensar em algo. Uma câmera acima da porta se mexeu, o grupo já voltava aos carros, tinha mortos-vivos no caminho e ninguém tinha lugar para ir. Rick estava arrasado.

— EU SEI QUE VOCÊ ESTA VENDO A GENTE! EU VI A CÂMERA SE MEXER!

— Esse lugar está morto Vic, desista! - Shane me segurou pelos ombros, mas eu insisti me debatendo.

— VITÓRIA NÃO TEM NINGUÉM AQUI! - Lori gritou.

— ABRE – soquei a porta com as mãos – EU SEI QUE VOCÊ ME OUVE, POR FAVOR ESTAMOS DESESPERADOS. - meus amigos gritavam assustados andando de um lado para o outro - NÓS TEMOS CRIANÇAS, MULHERES, POR FAVOR NOS AJUDE! NÃO TEMOS COMIDA, COMBUSTÍVEL.. - Daryl me empurrou tentando fazer com que eu me virasse na direção dos carros, mas eu só conseguia olhar para a câmera. - NÃO TEMOS PARA ONDE IR!

— MANTENHAM OS OLHOS ABERTOS – Shane gritou, os zumbis estavam a um passo de nós.

— SE NÃO NOS DEIXAR ENTRAR VAI NOS MATAR! POR FAVOR! – Rick se jogou contra a porta enquanto berrava no mesmo tom que eu.

— VAMOS VIC! - Daryl e Shane me agarram pelos braços e começaram a me arrastar.

— ESTA NOS MATANDO, VOCÊ ESTA NOS MATANDO! - minha garganta doía de tanta força que eu fazia para gritar.

A porta se abriu, a luz iluminou a rua e todos pararam, eu e Rick tinhamos conseguido.


Notas Finais


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