POV LAUREN
Eu tinha prometido a Camz que não fumaria nem beberia nunca mais, mas eu estava em uma fase difícil, minha avó era tudo para mim, saber que ela estava mal e eu não poderia fazer nada me deixava fraca, me fazia perder toda a força que eu tinha, me fazia perder todo o meu autocontrole.
Cheguei em casa e para a minha não surpresa ela estava vazia, meus pais ainda estavam em Miami, na casa de minha avó juntos com meus irmãos, papai havia me avisado que eles continuariam por lá, já que Chris e Taylor estavam de férias ainda, vovó não havia melhorado e precisava de alguém com ela.
Passei pela enorme sala, subi as escadas e fui direto para o meu quarto, larguei minha mochila em qualquer canto e me deitei na cama. Peguei meu celular e fiquei olhando fotos, cujo todas tinham ela, minha pequena, minha adorável Camila. Uma foto da gente juntas no Brasil, outra da gente no parque tomando sorvete, uma da gente no hotel no ano novo, uma outra abraçadas na Time Square.
Eu sentia falta da minha pequenina, sentia falta do seu cheiro, do seu gosto, do seu toque. Tudo bem que eu havia estado com ela a noite toda, mas Camila era como uma droga que eu precisava dormir e acordar consumindo, mas não era possível, não com cada uma em um pais diferente. Dessa vez minha necessidade de Camila era diferente, eu estava mal, eu precisava dela ao meu lado, eu precisava do abraço dela para me confortar, eu precisava que ela fosse até Miami comigo.
Olhei para a foto de Camila em meu celular, entrei na agenda, procurei pelo nome da pequena e liguei para ela. Chamou, chamou, chamou... Achei que ela não fosse atender, mas quando pensei em desistir sua voz tomou conta.
"- Princesa." - Fiquem em silêncio, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. - "Está tudo bem?"
- Não, Camz! - Passei as costas da mão livre sobre meus olhos, tentando secar as lágrimas, dei uma pequena fungada.
"- Lolo, você está chorando? O que você tem?" - A voz de Camila se alterou, ela parecia preocupada.
- Eu preciso de você, Camz!
"- Meu amor, eu estou ficando preocupada, o que está acontecendo?"
- Vem para cá, por favor! - Implorei em meio a lágrimas.
"- Lauren, o que está acontecendo?"
- Minha avó está doente, Camz! Meus pais e meus irmãos foram para Miami, ficar com ela. Eu estou desesperada, Camz, não sei o que fazer. Eu juro que estou tentando ser forte, mas não consigo, não mais!
"- Lolo, por favor fica calma!"
- Não consigo, Camz! Minha avó está internada. Vem para cá, por favor. Eu preciso de você.
"- Aonde você está?"
- Em casa.
"- Quem está com você?"
- Sozinha, estão todos em Miami. Camz, eu preciso de você.
"- Lolo, eu vou falar com o Leonardo agora e já já estou indo para ai. Mas me promete uma coisa. Liga para Ally, Verônica ou para o Keegan e peça a um deles para ficar com você, só até eu chegar."
- Camz, eu...
"- Lauren, me promete!" - Ela ordenou.
- Está bem! Mas vem logo, por favor!
"- Eu vou, meu amor. Só preciso falar com o Leonardo e já estou indo. Fica calma, tá?"
- Aham.
"- Te amo. Beijos."
- Também, te amo.
POV CAMILA
Essa conversa com Lauren tinha me deixado preocupada, ela não era de falar da família, mas uma vez Verônica havia me contato que Lauren tinha um xodó por sua avó. A forma desesperada dela me ligar me deixou com medo, medo de Lauren fazer alguma coisa ruim, um medo que eu não sabia como conter.
A única coisa que me restava era procurar por Leonardo, pedir para me liberar e ir ficar com a minha garota e foi o que eu fiz. Peguei o enorme pátio próximo ao nosso estúdio, passei por vários corredores até chegar no estúdio que tinha a sala da família Fernandes montada, Giovanna e Priscilla passavam o texto, Leonardo estava no canto conversando com um senhor, me aproximei.
- Leo, será que posso falar com você?
- Claro. - Leonardo se virou para o senhor. - Já volto, pode fazer exatamente como você me disse. - Ele se virou para mim. - Então, Mila? O que houve?
- Leo, eu sei que é bem chato o que vou te pedir, mas preciso muito que me libere por pelo menos dois dias.
- Camila, é impossível! - Ele tinha um olhar sério.
- Leo, é muito importante, a avó de uma grande amiga está internada, ela acabou de me ligar, preciso ir para Los Angeles para vê-la, ajudá-la.
- Mila, você sabe que faço tudo para te ajudar, mas amanhã você tem um show com o Chay e depois tem uma sessão de fotos. Cortariam meu pescoço se você não fosse. Me desculpa.
- Tudo bem.
Leonardo forço um sorriso de lado e voltou para aonde o senhor se encontrava. Meus olhos se encheram de lágrimas.
Saber que eu não poderia estar ao lado de Lauren me destruía, me fazia sentir uma inútil, saber que ela estava mal e eu não podia estar ao lado dela, não podia abraçá-la, não podia cuidá-la.
Suspirei pesado, meus olhos se embaçaram, tomados por lágrimas, minha mão tremia e suava ao mesmo tempos, separei os lábios a procura de ar, caminhei em direção a saída do estúdio. Estava prestes a sair quando senti alguém tocar em meu ombro, uma voz familiar sussurrou perto de mim.
"- Ei? O que está acontecendo?" - Me virei fitando Priscilla que me olhava atenta.
- Ah, Lauren. - Suspirei sem conseguir continuar, lágrimas cainham sobre o meu rosto. Estávamos em um canto distante do cenário, um local vazio, silencioso.
- O que ela fez? - Pri passou os polegares abaixo de meus olhos em uma tentativa falha de limpar minhas lágrimas.
- Ela não fez nada. A avó dela está doente e ela me ligou desesperada pedindo para eu ir para lá, mas o Leonardo não me liberou por causa do show de amanhã.
- Oh, Mila!
Ela não me disse mais nada, me puxou pela cintura e me abraçou com força, um abraço confortante, um abraço intenso, carinhoso. Sua mão descia e subia pelas minhas costas em um carinho calmo, me fazendo permitir chorar em seus braços, encostei a cabeça em seu seio e chorei, chorei, chorei e chorei, chorei sem pudor algum, chorei de soluçar, chorei me entregando a menina a minha frente, a menina que apenas me deu carinho, me deu atenção, não me disse nada, apenas ficou ao meu lado.
[...]
Pri não pôde ficar mais tempo comigo, ela precisava gravar, estavam esperando apenas ela, mas ela não me deixou sozinha, esperou até Rodrigo chegar para ir gravar. O moreno por sua vez me levou para o camarim, me deu um pouco de água e disse que não sairia do meu lado, já que Dinah estava resolvendo algumas coisas do show do dia seguinte.
Tomei mais um gole de água me acalmando, percebendo que minha respiração estava voltando ao normal. Eu tinha uma ligação para fazer, mas antes eu iria resolver uma questão. Peguei o celular e tentei ligar para Ally, mas só dava caixa postal, liguei para Vero que não demorou para me atender.
"- Oi, Mila. Tudo bem?"
- Não! Lauren me ligou muito nervosa, pedindo para eu ir para Los Angeles, parece que a avó dela está doente... - Verônica me interrompeu.
"- Ela me contou na casa do Keegan. Aonde ela está?"
- Então, é por isso que te liguei. Ela está sozinha em casa, eu não consegui liberação para ir para ai, queria que você fosse até a casa dela e ficasse com ela.
"- Com certeza, Mila. Estou indo para lá agora."
- Vai me dando nóticias, por favor.
"- Pode deixar, assim que eu chegar te mando mensagem. Beijos.
- Beijos.
Saber que Verônica ia para a casa de Lauren me deixava um pouco - mas só um pouco - aliviada. Verônica era uma grande amiga, e ela gostava de Lauren de verdade. Depois de ligar para Verônica eu precisava ligar para Lolo, precisava de coragem para dizer a minha namorada que eu não poderia estar ao lado dela.
Peguei o celular, olhei para o seu número pela sétima vez, respirei fundo tomando coragem, para finalmente discar para ela. Chamou, chamou e chamou, ela demorou um pouco, mas atendeu, sua voz chorosa me partiu o coração.
"- Camz, achei que não fosse me ligar."
- Me desculpa, meu amor. Mas estava tentando convencer Leonardo.
"- Você chega que horas?"
- Eu não vou poder ir, Leonardo não me liberou.
"- Mas Camz, eu não estou aguentando."
- Não diga isso, Lauren. Você é forte e vai aguentar. Eu liguei para Vero e ela já esta chegando. Por favor, meu amor. Não faça nenhuma besteira, vou te ligar em todos os meus intervalos e quero que me ligue para qualquer coisa.
"- Está bem, Camz! Mesmo assim obrigada." - Escutei um barulho no fundo. "- A campainha está tocando."
- Vá atender com o celular e me diga quem é.
"- Tudo bem."
Apenas escutava o barulho de sua respiração. Mas não demorou muito para escutar a voz conhecida de Verônica, ela morava a poucas quadras de Lauren, por isso não demorou nada para chegar.
"- Camz, Vero acabou de chegar."
- Passe o celular para ela.
"- Tudo bem. Eu te amo e sinto muito a sua falta."
- Eu também, Lolo. Eu vou continuar tentando e assim que der estarei com você.
"- Tudo bem. Vou passar para ela. beijos.
- Beijos. - Escutei Lauren falar algo para Verônica, para logo a voz de sua amiga tomar conta da ligação.
"- Oi, Mila. Vim correndo."
- E como ela está?
"- Toda vermelha, deve ter chorado o dia todo."
- Verônica, cuida dela, por favor! - Implorei.
"- Ela foi para o quarto, vou fazer algo para ela comer. E pode deixar madame, cuidarei da senhorita Jauregui como se fosse minha irmã."
- Obrigada Iglesias, você é incrível.
"- Eu amo a Laur e nunca a deixaria sozinha."
- Eu sei disso, por isso te liguei.
"- Me ligue sempre."
- Preciso ir agora, qualquer coisa me avise.
[...]
POV LAUREN
Se eu estava mal, piorei quando Camila me disse que não poderia vir, eu prometi que iria aguentar com a distância, mas não sabia que ia doer tanto, que eu ia precisar tanto da minha menina.
Eu tinha dito para Verônica que ela não precisava ficar, que eu já estava bem, que já tinha ligado para o meu pai e que ele havia me dito que minha avó estava melhorando, mas que precisava ficar no hospital. Verônica pareceu não me escutar e disse que dormiria comigo aquela noite e quantas precisasse, que só sairia dali quando Camila ou meus pais chegassem.
Ela estava deitada virada para cima, eu estava com a cabeça encostada em seu peito, sua mão me envolvia em um carinho calmo em minha cabeça, meus olhos fechados pedindo por um sono que não vinha, meus pensamentos estavam em minha avó, na minha vontade de estar com ela, mas eu não podia ir ainda, tinha ensaio para a nova turnê, ainda não tinha contado a Simon sobre o que estava acontecendo.
[...]
POV CAMILA
Estava anoitecendo e eu já tinha ligado para Lauren umas mil vezes, ela estava no ensaio para a turnê que fariam pela América do Sul, eu estava no camarim esperando o pequeno pocket show começar, era o primeiro pocket da novela que faríamos, cantaríamos os quatro, Chay, Pri, Rodrigo e eu.
Atendemos algumas pessoas no camarim, antes de irmos para o pequeno palco, era algo bem pequeno, para trezentas pessoas, e estava lotado, sentei ao lado de Chay, quatro cadeiras perfeitamente colocadas no meio do palco, ao lado das cadeiras algumas garrafinhas de água, Chay tinha um violão em seu colo, em nossa frente os pedestais. Pri estava ao lado de Chay e Rodrigo ao meu, os dois não cantavam solo, apenas nos acompanhavam no coro.
Lembro que Pri questionava cantar, dizia que ela era péssima com isso, mas depois de algumas aulas ela acabou se entregando e aceitando a fazer o pocket. Rodrigo por sua vez, usava mais falsete que cantava, ele animava o público, brincava, isso disfarçava seu mal preparo, mas ambos estavam estudando, ensaiando, diferente de Chay que já era da música, já conhecia aquele mundo.
POV LAUREN
Passei o dia todo ensaiando, tentei esquecer o que estava acontecendo, não ia adiantar eu ficar trancada no quarto, eu tinha um compromisso e não podia abandonar as meninas. Camz toda hora me ligava, como havia prometido. Sua última ligação foi quando ela estava no camarim, prestes a entrar no show.
Finalizamos o ensaio com longos abraços. As meninas já havia saído da sala, estava apenas Verônica e eu, estava bebendo água quando escutei meu celular tocar, Verônica não atendeu, o que achei estranho, meu celular estava com ela, porque Camz ligava toda hora e as vezes eu não podia atender.
- É melhor você atender. - Verônica estendeu o celular, peguei de sua mão fitando a tela, vendo o nome de meu pai.
- Pai? - Perguntei assustada, cuspindo a palavra rapidamente.
POV CAMILA
Já havíamos cantado as músicas temas da novela, só que ainda tínhamos tempo, mas eu confesso que estava louca para acabar tudo e sair dali, eu só queria ligar para minha garota e ver como ela estava, Dinah tinha ficado com meu celular e tinha me prometido que se algo acontecesse ela me avisaria na hora.
Estávamos cantando uma música da Manu Gavassi com o Chay, a mesma música que cantei para minha garota quando viemos pela primeira vez no Brasil, Segredos era o nome da música.
- Seu sorriso me faz esquecer onde estou. Se acordo sozinha já não sei quem sou. Vem, me abraça um segundo. E prometa ficar.
Cantei minha parte, olhando para cada um fã ali presente, todos estavam mais quietos, mais calmos, apenas prestando atenção na canção e cantando suavemente junto a todos nos. O refrão havia chegado, todos começaram a cantar e eu apenas escutei.
- Você vira o meu mundo de ponta cabeça...
Essa foi a última frase que consegui estudar de meus amigos. Entrei em um transe, parecia que tudo estava mudo, que tudo andava em câmera lenta, os fãs em minha frente cantando sem som, seus lábios se mexiam de forma irritante, sem sair se quer um ruído, tudo estava escuro, uma pequena luz iluminava um pouco de nada o palco, senti minha visão embaçar, separei os lábios a procura de um ar que me faltava, parecia que eu estava aprendendo a respirar, uma única lágrima escorreu pelo meu rosto, senti uma mão tocar em minha coxa, olhei para o lado e Rodrigo me olhava, um olhar preocupado, ele abaixou o microfone e falou algo, algo só para mim, algo que eu não consegui escutar, tudo ainda estava mudo, pisquei lentamente e como um click, todos os sons tinham voltado, todos os movimentos tinham se neutralizado.
- Camila? Está tudo bem? - Rodrigo perguntou.
Assenti com a cabeça, ele passou a mão em meu rosto limpando minha lágrima, encostei a cabeça em seu ombro e ele me abraçou de lado, sua mão subia e descia pelas minhas costas em uma forma de carinho, de proteção. Olhei para o lado e vi Chay e Pri cantando juntos, um para o outro, com certeza eles não haviam visto o que tinha acontecido.
POV LAUREN
"- Laur, por favor, fique calma. Venha com Verônica para cá, já comprei os boletos, vocês são precisam retirá-los, sua vó quer falar com você."
- Pai, mas o que ela tem? Como assim ela pirou? Me diz que ela vai ficar bem, por favor? - Comcei a pedir em desespero.
"- Lauren, me escuta. Fique calma e venha para cá, se você ficar desesperada não vai conseguir vir, sua avó precisa de você, ela quer te ver. Apenas venha para cá. Agora me deixe falar com Verônica."
Eu não tentei insistir, não ia adiantar eu ficar perguntando, era melhor eu vê-la, era melhor eu obedecer meu pai. Passei o celular para Verônica e fiquei observando, mas ela fez questão de se retirar, foi até a varanda o que me deixou agoniada, parecia que estava querendo me esconder algo.
POV CAMILA
O show já havia acabado, mas continuamos no palco atendendo alguns fãs, alguns autógrafos, algumas selfies. Chay e Rodrigo estavam no canto direito do palco tirando algumas fotos, Priscilla estava comigo no canto esquerdo. Me senti um pouco enjoada então fui até a minha cadeira, peguei uma garrafinha de água e a levei em minha boca. De repente minha visão ficou escura, pisquei com força a procura de melhora, cambaleei para o lado e me apoiei no ombro de Dinah que rapidamente me segurou, me impedindo de cair.
- Mila, você está bem? - Pisquei novamente sentindo minha visão lentamente voltar, neguei com a cabeça.
"- O que ela tem?" - Escutei a voz de Priscilla preencher o nosso espaço.
- Não sei, parecia que ia desmaiar.
"- CAMILA?"- Escutei alguém me gritar, devia ser algum fã.
"- CAMILA UMA FOTO, POR FAVOR." - Uma outra voz.
- Dinah, leva ela para o camarim, vou dar uma satisfação e encontro vocês lá, vou pedir para Chay e Rodrigo ficarem. Levarei vocês para casa.
- Não precisa, pegamos um táxi. - Tentei falar, minha visão estava um pouco embaçada, Dinah segurava o meu braço de leve.
- Claro que precisa. - Dinah se pronunciou. - Obrigada, Pri. Te esperamos no camarim.
Estávamos nos afastando, Dinah me segurava pelo braço e eu caminhava lentamente ao seu lado, estávamos quase no final do palco, mas ainda pude escutar Pri falando pelo microfone.
"- Pessoal, a Mila está se sentindo enjoada, pediu para se desculpar. Vamos tirar uma foto em grupo comigo, pois eu irei levá-la para casa, mas o Rodrigo e o Chay ficarão aqui com vocês."
POV LAUREN
Verônica voltava da varanda, sua expressão não era das boas, ela tinha os olhos cheios de lágrimas e vermelhos, parecia que havia acabado de chorar, pisquei lentamente, caminhei até a minha cama, deitei na mesma, abracei o travesseiro.
- Vai passar, Laur. - Escutei a morena dizer.
Fechei os olhos, senti Verônica sentar ao meu lado, um carinho começou em minha cabeça, abri os olhos fitando a parede branca, meus olhos ardiam, lágrimas os preenchiam, apenas me permitir chorar em silêncio.
- Preciso resolver algumas coisas, vou dar alguns telefonemas, qualquer coisa estou aqui em baixo. - Apenas assenti com a cabeça.
Aquela angustia que estava me matando, uma vontade louca de sumir, de me entregar, de me entregar aquela merda que eu sabia que me fazia mal, mas que pelo menos me fazia esquecer de tudo e de todos.
Olhei para o meu celular que Verônica havia deixado em cima da cama, soltei um suspiro, neguei com a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, peguei o celular e procurei pelo nome de Camila na agenda. Liguei, mas deu caixa postal.
- Droga, Camila! Que droga.
POV CAMILA
Eu estava me sentindo um pouco melhor, mas uma angustia não sai do meu peito. Estava sentada no sofá a espera de Pri, Dinah andava para o lado e para o outro, peguei o celular pensando em ligar para Lauren, mas estava sem sinal. Droga! Fiquei vendo algumas fotos nossas, quando escutei o barulho da porta abrindo, era Pri, ela parecia ofegante, de quem havia acabado de correr. Me levantei do sofá e observei ela e Dinah conversarem.
- Como ela está? - Pri perguntou.
- Melhorando.
- Eu estou melhor. - As encarei. Elas falavam como se eu não estivesse ali. - Mas quero ir para casa, ou pelo menos sair daqui. Preciso ligar para Lauren.
As duas apenas assentiram, eu caminhei na frente pelo enorme corredor.
POV LAUREN
Estávamos dentro do avião esperando para o voo, Verônica tinha pedido para Simon me liberar e ele tinha me dado permissão para ficar uma semana com minha avó, tínhamos ainda três semanas de ensaio antes da turnê.
Olhei para o celular mais uma vez e nada de Camila, eu não sabia o que estava acontecendo, mas provavelmente ela ainda estava no tal show, coloquei o celular em modo avião, peguei algo para comer e fiquei olhando pela janela, vendo o avião subir e as coisas ali em baixo ficarem pequenas, senti a mão de Verônica fazer carinho em meu ombro e com cuidado ela trouxa meu rosto para o seu ombro, onde deixei minha cabeça repousar, fechei os olhos e apenas me permitir sentir seu carinho em meu rosto.
POV CAMILA
Estávamos já em casa, eu estava no meu quarto, enquanto Pri e Dinah estavam conversando na varanda do mesmo, peguei meu celular e tentei ligar para Lauren, mas deu caixa postal, parecia uma coisa, ela tentava me ligar e não conseguia e quando eu tentava não conseguia.
Ver aquele tanto de ligação de Lauren e não conseguir retorná-las estava me dando uma certa angustia, uma dor inexplicável no peito, eu podia sentir que ela não estava bem, que algo estava acontecendo com a minha princesa e que eu estava tão longe, me sentia impotente, me sentia inútil.
Senti minha mão suar frio, meu corpo gelar, minha visão estava embaçando, passei minha mão intencionalmente pela pentearei, derrubando algumas coisas, uma tentativa falha de me equilibrar, novamente minha visão ficou escura, uma tontura tomou conta de mim, meu corpo ficou mole e a última coisa que escutei foi um coro de Dinah e Priscilla.
"- CAMILA?"
[...]
POV LAUREN
Verônica e eu já havíamos chegado em Miami, estávamos caminhando em direção ao quarto de minha avó, que assim que alcancei, ultrapassei a porta me deparando com minha mãe ao seu lado, as duas pareciam conversar, me aproximei lentamente, minha mãe se levantou me abraçou e não disse nada, apenas se retirou.
E lá estava Dona Angelica, seus cabelos grisalhos belamente penteados, sua pele enrugada denunciava sua idade, seu rosto sensível estava pálido, tão branco, sua mão fez uma pequena força me pedindo para se aproximar e foi o que fiz. Fiquei ao lado de sua cama, virei a poltrona em sua direção, ficando de frente para a senhora que estava deitada naquela cama de lado para mim, sentei-me, segurei sua mão com cuidado e senti uma pontada forte em meu coração.
- Camila.
- O que foi, Laur? - Eu achei que estava só pensando, mas na verdade havia falado o nome da minha pequena.
- Nada, vovó. - Tentei disfarçar, eu sabia que Camila estava sendo bem cuidada, eu precisava tirar aquela sensação boba de minha cabeça e aproveitar a minha avó. - Como a senhora se sente?
- Sua vó precisa cumprir uma coisa antes de ir. - Ela me disse com um pequeno sorriso.
- Não diga besteira, vovó. Ainda vamos aproveitar muito dessa vida.
- Laur, eu pedi seu pai para te ligar, porque precisava falar com você.
- Me desculpa estar longe, vovó. Infelizmente tenho trabalhado muito, quase não tenho folga, mas consegui vir.
- Não se desculpe, Lauren. Eu quero que você aproveite cada minuto de sua vida, mas não foi por isso que pedi ao seu pai para lhe chamar.
- Então foi para que? - Aquela conversa estava estranha, vovó nunca foi de enrolar, mas ela sempre foi de conversar o que me fazia amar estar com ela.
- Laur, sua mãe é uma pessoa difícil, ela é muito conservada, sei que vocês andam brigadas, que ela anda pegando em seu pé, mas ela te ama, ama muito. Nos mães nos preocupamos demais com nossos filhos, um dia você vai entender. O que ela faz é para te proteger, errando ou acertando, ela só quer te proteger.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu sinceramente duvidava que minha mãe havia contado algo para alguém sobre o que estava acontecendo comigo e com Camila, mas minha avó parecia saber, não que alguém a tivesse contado, mas de alguma forma ela sabia, ou apenas sentia.
- Eu entendo, vovó.
- Mas não deixe que essa super proteção de Clara te prenda, não deixe que isso faça com que você deixe de viver.
- Nunca, vovó. Nunca vou deixar de viver por isso.
- Eu sei que não. Eu queria dizer só mais uma coisa. - Apenas assenti com a cabeça, fitando a mulher a minha frente, enquanto meu polegar acariciava a sua mão.
POV CAMILA
Senti uma carícia em minha cabeça, com muita dificuldade e lentamente abri meus olhos fitando o rosto apreensivo de Dinah, seus olhos fixos em mim, olhei com cuidado para o outro lado e vi a imagem preocupada de Priscilla em pé me olhando.
- O que está acontecendo?
- Você desmaiou. - Dinah me respondeu.
- Camila, você se alimentou? - Priscilla me encarava.
- Comi, quer dizer, ultimamente com a correria acabei comendo pouco, mas estou comendo.
- Você sabe que está doente, que não pode fazer isso. - Dinah falava de forma firme, sem parar de me dar carinho.
- Desculpa. - Forcei um sorriso sem graça para Dinah e olhei para o lado e vi Priscilla negar com a cabeça indo em direção a varanda. - E a Lauren? - Voltei a olhar para Dinah.
- A última vez que falei com ela foi antes do show, ela estava melhor. Eu vou precisar resolver umas coisas sobre o show de hoje que acabei não resolvendo. Vou te deixar com a Pri, mas qualquer coisa me liguei, tudo bem? - Assenti com a cabeça e recebi um beijo em minha testa.
POV LAUREN
Vovó parecia pensativa, talvez procurando as palavras certas para me dizer, ela olhava para cada parte de meu rosto. Forcei um sorriso, seus olhos abaixaram em direção a minha mão, que a mesma levou-a em direção ao seu rosto e depositou um leve beijo, sorri ao sentir o carinho de minha avó, ela levou nossas mãos até a altura de sua barriga e ali começou um carinho com seu polegar.
- Laur, o mundo as vezes é muito cruel, as pessoas não sabem mais o que é felicidade e consequentemente elas não desejam que os outros sejam felizes, não digo todas, mas boa parte. Mas Laur, você não precisa ser igual a elas, você não precisa temer a elas, você precisa ser quem você realmente é, quem você realmente quer ser e não alguém que seja como elas, apenas para se adaptar a esse mundo. Você é mais, Laur. Não tenha medo nunca de ser quem você é, de lutar pelos seus direitos, pelo o que você acredita. Não tenha medo de viver, não tenha medo de amar, poucos são aqueles que se permitem sentir esse sentimento tão puro e são esses poucos que conseguem ser felizes na vida.
Aquelas palavras... Aquelas palavras que eu tanto queria ter coragem de seguir, vieram da pessoa que mais me inspirava, da pessoas que eu tanto amava. Meus olhos se encheram de lágrimas, senti minha respiração ficar ofegante, uma única lágrima escorreu pelo meu rosto, dei um sorriso de lado escutando minha velinha falar, mas algo interrompeu o momento, meu celular tocou, tentei ignorar, continuei olhando para ela.
- Atenda, Lauren. Atenda e nunca esqueça. Sua felicidade, é a minha felicidade, não tenha medo de ser feliz. Eu te amo.
- Eu também te amo muito, muito, muito.
Olhei para a tela do meu celular e o nome da Camila estampava o local, deixei escapar um sorriso bobo, fitei minha avó que me olhava sorrindo, como se soubesse quem poderia ser, me levantei, dei um beijo em sua testa, a fitei novamente, peguei sua mão com cuidado, me curvei um pouco e selei as costas de sua mão.
- Bença, vó.
- Deus te abençoe, filha.
Vovó levou sua mão em meu rosto, me puxou de leve em sua direção e depositou um beijo em minha teta, voltei a ficar com a coluna ereta, olhei para ela e antes de sair dei um sorriso enorme, recebendo um outro de volta. Sai do quarto já atendendo o celular.
- Camz, por Deus, estou desde cedo te ligando.
"- Desculpa, meu amor. O celular no show não estava pegando, mas me diga, o que está acontecendo?"
- Eu vim para Miami, minha avó queria conversar comigo e você não tem noção do que ela me disse, Camz.
"- O que ela te disse, Lolo? Ela está bem?"
- Havia piorado, mas aparentemente ela está bem. Ela me disse coisas lindas, para eu não ter medo de amar, não ter medo de ser feliz, como se ela soubesse da gente.
"- Que bom, Lolo. Fico muito feliz por isso."
Estava encostada na parede em frente ao quarto, a porta estava encostada e meus pais tinham entrado, olhei para o lado e vi um movimento estranho, um barulho tomou conta do local, meu pai abriu a porta com força e começou a gritar por um médico, pude escutar minha mãe gritando, um médico se aproximou da porta entrando rapidamente.
Camila do outro lado da linha chamava pelo meu nome. Meu corpo começou a ficar mole, minhas mãos suavam sem eu poder controlar, senti meu corpo ficar frio, minha visão embaçar, uma falta de ar tomou conta do meu corpo e lentamente senti meus olhos se fecharem.
POV CAMILA
- Lauren? Lauren? Você está ai? Lolo, está tudo bem? LAUREN?
Senti meu corpo desabar no chão, meu celular caiu ao meu lado, um choro tomou conta de mim. Estava sentada no tapete do lado de minha cama, meus lábios tremiam sem controle, escutei Priscilla me chamar, mas não tive força para responder, senti suas mãos segurarem meu rosto, seu olhar firme me fitava preocupado.
- Mila, pelo amor de Deus, me diz alguma coisa?
- A avó da Lauren.
- O que tem ela? - Olhei para o nada e continuei em silêncio, me sentia em uma espécie de transe. - Camila, fala comigo. - Voltei a olhar para a menina que ainda segurava o meu rosto.
- Ela... Ela morreu.
Meus olhos derramavam lágrimas sem pudor algum, meus lábios tremiam de forma incontrolável, senti meu corpo ser puxado para um abraço forte, um abraço de proteção, um abraço firme.
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