História Between Two Lines - Terraço

POV CAMILA

Lauren caminhou comigo em seu colo, minhas pernas envolvia sua cintura, meus pés cruzados, sua mão me segurando pela bunda, onde ela sutilmente a apertava, me depositou em cima da mesa do camarim.  Desceu seu beijo pela curva de seu pescoço, a puxei com as minhas pernas, colando mais ainda nossos corpos semi-nus, cobertos apenas por nossas ligenries, senti meu sexo se chocar com o dela, onde juntas soltamos um gemido.

"- FOGO! FOGO!"

Uma voz gritava dentro de mim, pelo menos era o que eu achava.

"- FOGO! ESTÁ PEGANDO FOGO!"

Não era minha mente que gritava por fogo, muito menos Lauren. Alguém batia do lado de fora da porta desesperadamente. Lauren se afastou rapidamente de mim, uma expressão assustada brotou em meu rosto. Pulei do balcão, peguei o único roupão que tinha em uma arara e joguei para ela, peguei uma calça de moletom e a vesti rapidamente correndo em direção a porta. Coloquei a mão na maçaneta e comecei a girada em 45º, mas nada da porta abrir. Chave? Eu simplesmente não tinha chave, ela ficava na porta. Um desespero tomou conta de meu corpo.

- Não está abrindo. PORRA, NÃO ESTÁ ABRINDO. - Gritei em desespero. - Meu Deus do céu. E agora? 

- Calma, Camz.- Lauren já estava de roupão. Tentou me acalmar, mas a sua cara de desespero era nítida.

- CALMA? PORRA, A GENTE ESTÁ TRANCADA E ESTÁ PEGANDO FOGO. QUAL A PARTE DO ESTAMOS FODIDAS VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU? - Gritei mostrando todo o meu desespero.

- E-eu... E-eu... - Mesmo com sua voz baixa podia ver que ela vacilava.

- PUTA QUE PARIU, LAUREN. FAZ ALGUMA COISA! - Eu simplesmente não conseguia abaixar o tom da voz.

Por alguns segundos eu estava vendo o meu fim, eu podia sentir o cheiro da fumaça invadir o meu nariz, o suor banhar o meu corpo e quem sabe até já estava coberta pela cor preta das cinzas.

Sai de meus pensamentos quando vi Lauren correr em direção a porta e bater com seu ombro com força. Fechei os olhos ao escutar o som do impacto que não foi mais alto do que o PORRA que ela soltou. Lauren me fitou com os olhos cheios de lágrimas e com a mão por cima do ombro que já estava completamente vermelho. Arregalei os olhos em desespero.

"- CAMILA?" - A voz de Chay se fez presente, porém era um grito abafado. Corri até a porta.

- ESTOU AQUI! ESTAMOS PRESAS! - Gritei de volta.

Não demorou mais de cinco segundos para a porta abrir. Eu pensei em questionar, mas meu desespero era tão grande que a única coisa que eu pensava era sair dali junto a eles. Lauren estava em choque, a coitada só se movia quando eu soltava um berro, como o que eu dei.

- PORRA, LAUREN! VAMOS LOGO. 

Chay já devia estar quase saindo, quer dizer, ele acabou parando no meio do caminho com o meu grito. Lauren por sua vez deu um pulo com os olhos arregalados, pegou seu celular que estava no chão, provavelmente havia caído de sua roupa. Segurei sua mão e a puxei, praticamente carregando-a para fora do estúdio.

Provavelmente fomos as últimas a saírem do local. Cerca de quatrocentas pessoas estavam no estacionamento, todos com caras de desesperos, algumas tentavam se manterem calmas para tranquilizar as mais nervosas, muitas estavam vestidas com seus figurinos, provavelmente estavam prestes a entrar em cena, ou quem sabe já estavam em cenas, tinham até algumas que estavam com os cabelos e maquiagens feitos pela metade.

Lauren tremia do meu lado, confesso que fiquei com remorso dos gritos que havia dado, mas era algo necessário, se eu não fizesse isso era capaz dela sentar no chão e esperar o pior acontecer, aquilo realmente me agoniou, ela não poderia agir assim. Algo de errado existia ali. Eu sabia como ela se sentia, eu me sentia assim com o escuro, era um pânico incontrolável. Simplesmente não temos reação, apenas queremos sumir, ou simplesmente ficar quietinhos esperando que tudo dê certo.

Abracei Lauren de lado, ela encaixou seu rosto na curva de meu pescoço, envolveu seus braços em minha cintura, comecei uma leve carícia em seu cabelo. Eu podia sentir sua respiração ofegante, seu corpo trêmulo. Ela realmente estava em choque, era de partir o coração, mas eu simplesmente agradecia a Deus por estarmos viva naquele momento. Chay se aproximou e tocou em meu ombro, forçando um sorriso. Eu iria agradecer, mas um homem vestido completamente de vermelho, mostrando ser um bombeiro se aproximou.

- PESSOAL... PESSOAL... PESSOAL! - Ele gritou chamando a atenção de todos que não paravam de murmurar. - Parece que tudo não passou de um alarme falso. Todos podem voltar aos seus trabalhos, a situação está completamente controlada. Não ocorreu nada.

POV LAUREN

Alarme falso? Eles estavam fazendo o que? O teste de incêndio? Uma pegadinha? Ou precisavam de figurantes para uma cena dessa? Eu poderia ficar muito brava, com raiva, me estourar, querer bater naquele bombeiro, mas eu simplesmente agradecia a Deus por estar tudo bem, por Camila estar bem, por ela ter conseguido lidar com o meu pânico, cujo o qual não quero nem lembrar.

Tirei meu rosto da curva do pescoço de Camila contra o meu gosto, a pequena me segurou pelo rosto e me fitou, na verdade foi por isso que tirei o rosto dali, porque ela praticamente me obrigou. Ela tinha um olhar preocupado, suas sobrancelhas estavam franzidas. Forcei um sorriso em uma tentativa de acalmá-.a

- Está tudo bem, princesa. Já passou, okay? - Eu apenas assenti com a cabeça, sentindo meu pânico ir embora, dando o lugar ao alívio.

"- Como vocês estão?" - A voz de Rodrigo se fez presente. Olhei para o lado e ele se aproximava com Priscilla. Abraçados.

- Melhor agora. - Camila soltou um sorriso.

Priscilla continuava abraçada com Rodrigo, que a abraçava da mesma força que Camz me abraçava, como se quisessem nos proteger de algo. Eu continuava com a minha cara tensa, aposto que meus lábios formavam um bico de dar pena. Olhei em volta e percebi que toda a multidão já havia se dispersado, estávamos apenas Chay, Rodrigo, Priscilla, Camila e eu no estacionamento lotado de carros. Um silêncio se fez presente, mas não por muito tempo. 

- Eu desisto de você, Jauregui. - Priscilla me olhou e negou com a cabeça.

- Que? - Camila perguntou por mim.

- Mesmo deixando você toda gostosinha apenas de lingerie para ela, Lauren se rendeu, tirou as roupas e continuou sendo passiva.

Só então me dei conta de que Camila vestia apenas uma calça de moletom e um sutiã e eu... Eu estava de roupão. Juro que se fosse em outro momento eu voaria no pescoço dela, mas eu sabia que ela estava apenas dizendo isso para descontrair, tentar amenizar a situação tensa que se encontrava. Mas eu não podia perder minha postura. Abracei Camz, envolvendo meus braços em suas costas, em uma tentativa de tapá-la.

- Vai se foder, sua magrela. - A fitei séria e ela arregalou os olhos para logo depois cair na gargalhada.

- Opa! Pode deixar que isso eu faço direitinho. - Rodrigo falou a abraçando e depositando um beijo em seus lábios.

Priscilla me deu uma piscada. Chay como bom palhaço soltou uma gargalhada, não diferente de Camz. Sua risada chegavam a ecoar pelo local "vazio", mesmo aberto. O casal começou a caminhar para dentro do estúdio, sendo acompanhado por Chay. Olhei para Camila que finalizava sua risada, a encarei séria, ela por sua vez deixou o sorriso de lado e me olhou preocupada, dei um sorriso mostrando que estava apenas brincando. A morena me abraçava pela cintura enquanto eu tentava tirar uma mecha de seu cabelo que teimava em cair em seu rosto.

- Janta comigo? - Perguntei a olhando, dessa vez com uma olhar mais sereno.

- Hum... Deixa eu pensar. - Camila olhou para o alto como se estivesse pensando.

- Como que é? - Perguntei fingindo estar magoada. Ela abaixou o olhar.

- É lógico que eu janto. 

Senti seus lábios encostarem nos meus, automaticamente me fazendo fechar os olhos, segurei seu rosto com delicadeza e pensei aprofundar o beijo, mas algo me impedia, desencostei os meus lábios dos dela, encostando as nossas testas, ainda de olhos fechados.

- Pequena, alguém pode nos ver. - Sussurrei próxima aos seus lábios, sentindo suas respiração misturar com a minha.

- Desculpa não resisti. - Camila falou em um sussurro. Me afastei antes que eu não pudesse me controlar. E foi no momento perfeito, pois...

"- LAUR? Está tudo bem?" - A voz da mais baixinha de todos se fez presente.

- Tudo sim, Ally. Parece que foi um alarme falso.

- É. Eu tinha saído e quando cheguei as meninas me contaram, então vim correndo te procurar. E você, Camila, está bem?

- Estou ótima! - Camila tinha um sorriso sapeca.

- E por que você está assim? - Ally arregalou os olhos ao se dar conta de como Camila estava.

- Estava me vestindo para gravar uma cena. - De certa forma ela não mentiu.

- E você? - Ally dessa vez me encarou.

- É-é... E-eu... - Comecei a gaguejar.

- Meninas, preciso ir. Até. - Camila me deu um beijo na bochecha, em seguida em Ally. Eu comecei a andar para o caminho oposto de Camila, mas a baixinha perguntou novamente, enquanto me acompanhava.

- Lauren Jauregui, cadê suas roupas? 

- Longa história, Ally. Prometo te contar um dia. 

Sorri e Ally não me disse nada, apenas me abraçou e retribuiu o sorriso. Assim que estramos na cantina que dava para o nosso estúdio meu celular tocou, me fazendo lembrar que ele estava em minha mão. Fitei a tela do mesmo e vi que era uma nova mensagem.

- Ally, eu preciso ver uma coisa e já entro. Avise ao Simon, por favor! 

- Tudo bem, mas não demorei. Ele estava te procurando feito um louco.

- Tudo bem!

A baixinha não disse mais nada, apenas seguiu seu caminho. Eu? Eu encarava a notificação com a dúvida de abrir ou não aquela mensagem. Eu já sabia de quem viria e tudo que eu menos queria era mais uma preocupação daquelas, mas de certa forma eu me preocupava da mensagem ser algo importante e eu não ficar sabendo para me prevenir. 

"Eu já te mostrei que Camila não é boa para você, estou me cansando de te livrar dela. Xoxo -A"

Me livrar dela? Tudo estava se encaixando. O Fogo não era apenas um teste, ou uma cena, tudo foi feito por "A", por Gregory? Não, não podia ser Gregory, tudo bem que ele queria me ver longe de Camila, mas a frase me causava outra coisa, era como se "A" me quisesse e não a Camz, "A" sabia de coisas que Gregory nem imaginava saber, como a minha noite com Verônica. Mas quem seria esse diacho? Alexa me jurou não ser ela. Melanie nunca mais vi, exceto no colégio, isso quando realmente a via. Verônica não tinha motivos para fazer isso, aquele vídeo de certa forma podia ter prejudicá-la tanto quanto a mim. Keegan? Mas por que Keegan estaria fazendo isso? Será que ele era apaixonado por mim? 

[...]

POV CAMILA

Eu estava atrasada, eu tinha consciência disso, mas é que realmente foi difícil convencer meu pai em me deixar sair com Lauren. Ele estava com uma cisma terrível com ela, na verdade ele tinha razão, Lauren e eu fazíamos coisas que ele preferia não imaginar a sua filha fazendo. Mas é a vida, né? Fazer o que?

Eu estava com um vestido branco soltinho com uma gola preta dando uma realçada, scarpin também preto e de salto alto, meus cabelos estavam soltos e ondulados. Lauren dessa vez não me buscou em casa, disse que já estaria próxima ao local e perguntou se eu não me incomodaria de ir de táxi. Lógico que eu disse que não, mas era óbvio que eu queria que ela me buscasse, eu podia reclamar, mas acho que isso poderia ser um capricho meu, Lauren sempre fazia tudo por mim.

Quando desci do táxi me dei conta que estávamos naquele restaurante sob o mar, naquele pier, onde Lauren me levou para o nosso primeiro "encontro", onde sutilmente me mostrei com ciúmes mesmo a gente ainda não tendo nada. Sorri feito boba com minhas lembranças, caminhei até a porta de entrada, um jovem bem arrumado se aproximou e abriu a porta.

- Boa noite, senhorita! Está com reserva? - Ele me perguntou segurando a porta para que eu entrasse.

- Sim! Lauren Jauregui.

- Oh, sim! A senhorita deve ser Camila Cabello! - Ele sorria.

- Exatamente! - Sorri de volta, achando engraçado toda a situação. - Lauren é tão conhecida assim?

- Digamos que sim, ela frequenta este local desde que era pequena. O pai da senhorita Jauregui é um dos donos. 

Um dos donos? Essa parte Lauren não havia me contato. Então era por isso que as pessoas a conheciam. E por que ela teria escondido isso? Lauren nunca foi de se gabar, mas não via motivo para esconder isso. Okay, né?

- Mas na verdade não foi apenas o fato do senhor Jauregui ser o dono daqui que me fez reconhecê-la! - Ele me analisava.

- Ah, não? Então foi o que? - O olhei surpresa.

- Eu fiquei na dúvida se era você mesma. - Ele do nada se tornou mais íntimo, trocando o senhorita por você. - Sabia que você viria por conta do aviso que a senhorita Jauregui encaminhou a todos os funcionários, então quando disse que a reserva estava no nome dela a minha ficha caiu. Digamos que sou uma grande admirador, Camila. - Ele me olhava de um jeito estranho.

"- Está tudo bem aqui?" - A voz de Lauren se fez presente me aliviando.

- Está sim, senhorita Jauregui! Estava encaminhando a senhorita Cabello até a sua devida mesa. - Ele voltou a me tratar de maneira formal.

- Não parecia. - Lauren só faltava bufar.

- Está tudo bem, Lauren.

- Me desculpe. Posso encaminhá-las? - Ele perguntou gentilmente.

- Eu sei o caminho. - Lauren me abraçou de lado e passou a me conduzir.

Caminhamos até a parte externa do local que era iluminada por alguns lampiões, uma ideia bem linda de antiguidade, o local era todo feito por madeira, as mesas e as cadeiras também, exceto por um acolchoado delicioso que cobria o assento e o descanso da cadeira. Em volta alguns casais jantavam e conversavam, uma música calma e suave embalava o local, o cheiro de maresia deixava tudo mais calmo ainda.

Sentei na cadeira em frente a Lauren que me fitava sorrindo. Ela por sua vez estava linda como sempre, usava um vestido preto soltinho, da mesma forma que o meu, seus cabelos estavam lisos e jogados para o lado, no rosto sua maquiagem era leve, apenas realçava os seus olhos e sua boca tinha um chamativo batom vermelho.

- Então, você é uma das herdeiras do local?

- Aquele fofoqueiro te contou isso? - Lauren parecia furiosa, mas não era algo tão sério.

- Ele só queria ser gentil. Eu que acabei questionando-o demais.

- Eu não queria que você soubesse, sei la! Não gosto de ficar me gabando pelas conquistas de meu pai. O restaurante é dele, mas não quero que nos tratem diferente, quero que sejamos como qualquer outro casal que veio jantar.

- Casal? - Sorri. Lauren fez careta.

Tivemos um jantar super agradável, jogamos conversa fora, não tentamos nenhuma brincadeirinha, muito menos safadeza, era como da primeira vez, um pouquinho de ciúmes, algumas indiretas e risadas bobas. 

Estávamos caminhando pela passarela do pier que dava para areia. Por mais que eu quisesse, não mantínhamos um contato físico, afinal, estávamos em um lugar público e ultimamente nos arriscamos demais. 

- Aqui é lindo!

- Eu te disse que a noite é bem mais bonito.

- E você tinha razão. - Olhei para ela, sorri envergonhada, para logo fitar os meus passos.

- Camz... - Lauren tocou em meus braços, a fitei e ela então me soltou. - Eu sei que estamos avançando com calma e eu não quero parecer apressada, mas fica comigo no lago hoje? Digo, não na cabana, mas no lago!

[...]

Resistir? Era uma palavra que não existia quando se tratava de Lauren. Então... Estávamos nós duas deitadas sobre um único edredom que cobria a grama baixa do lago, que provavelmente Lauren havia mandado apará-la. Estávamos no nosso mundo, onde ninguém ousava aparecer. Sabíamos que ali também era um lugar público e que muita gente passou a conhecer depois do meu "sequestro", mas ninguém ousou a divulgar e até então ninguém ousou aparecer. Então definitivamente aquele era o nosso lugar, apenas nosso, onde podíamos nos amar sem preocupação.

Lauren me abraçava em uma forma de proteção, enquanto eu encostava minha cabeça em seu seio e a abraçava pela barriga, o vento gelado embalava a noite, um edredom sutilmente nos cobria, fitávamos o céu tentando entender o que a nuvem desenhava, ainda não estava muito tarde, então as nuvens se faziam presentes, começando a dividir o céu com as estrelas que ainda estavam bem longe.

- Olha, aquela nuvem parece um macaco. - Apontei para nuvem levando um tapa de Lauren pela sétima vez.

- Não aponte! Não pode. - Resmungou. - De onde você tirou macaco?

- Eu acho que parece macaco, ué. O que me faz lembrar de banana. - Eu era facinada em banana.

- Está explicado. As vezes me pergunto se gostamos da mesma fruta, porque esse papo de banana me enjoa.

- Palhaça. - Fiz careta e Lauren deixou uma risada escapar.

- Pois para mim aquela parece um dragão! - Ela soltou.

- Um dragão? - Perguntei confusa.

- É! Um dragão como você. - Oi? Dragão? Eu? Lauren olhava atentamente a nuvem, como se estivesse analisando-a.

- Como é que é? - Levantei, sentando de frente para ela. Lauren levantou a cabeça apoiando-a em sua mão para me olhar.

- Um dragão, Camz. Eu sou um unicórnio que me apaixonei por um dragão, um amor proibido, como os nossos anéis. - Lauren mostrou o seu anel de unicórnio e logo depois eu fitei o meu de dragão.

- Isso não ajudou! Me senti ofendida. - Fiz bico.

- Não fique assim. - Lauren abriu os braços e eu voltei a me conchegar. - Como em Eragon, você é o dragão mais lindo, eu preciso te proteger e sei que você também precisa me proteger, e um cavaleiro sem um dragão ele não é nada, simplesmente "morre" e vice-versa. No meu caso um unicórnio sem o seu dragão.

- Está começando a melhorar. - Sorri.

- Deixa de ser pentelha. - Lauren bagunçou o meu cabelo. - Eu fui super fofa agora! - Ela sorriu e me deu um beijo na cabeça.

- Mais ou menos. - Confessei. - Ah, amanhã levarei Sofia a praia. 

- Que bom! Gosto de ver vocês juntas. - Lauren olhava o céu.

- Isso foi um convite, Jauregui. - Ela me fitou no mesmo momento.

- É-é... Vocês está me chamando para ir com vocês? Achei que só eu fazia os convites, já que eu estou tentando te conquistar.

- Digamos que é um bônus por estar indo bem. - Sorri.

- Perfeito. Levaremos o Rafa também, pode ser? Estou com saudades dele. - Percebi um brilho a mais em seus olhos, o que me fez escapar um sorriso.

[...]

Ventinho gelado, um sol tímido não tinha coragem de nos aquecer, estávamos bem agasalhados. O cheiro da marezia, o barulho das pequenas ondas me traziam a calmaria que eu tanto precisava, enquanto eu me perdia em uma das cenas mais linda que eu já havia presenciado. Estávamos em um tipico passeio em família. Lauren e Sofia construíam atentamente um castelo na areia, Rafa e Totó corriam em volta, o pequeno cachorro já não era mais um bebê, ele havia crescido, não tanto, mas digamos que estava quase alcançando o pequeno Rafa.

- Uhul! Finalmente conseguimos. - Sofi comemorou abraçando Lauren que estava ajoelhada a sua frente.

Mas parece que a comemoração não demorou muito. Totó latia e corria atrás de Rafa que o olhava enquanto corria, ou seja, seu rosto estava sutilmente virado para trás e de repente... Risadas gostosa da criança e o latido intenso de Totó tomaram conta do nosso espaço. Eu estava sentada um pouco afastada deles, mas podia ver os olhos de Sofia e Lauren arregalados. Rafa havia derrubado parte do castelo que elas tanto demoraram para construir e a outra metade foi derrubada por Totó. E naquele momento o pequeno estava jogado em cima do estrago com Totó o lambendo.

- Rafael! - Lauren o encarou séria.

- É melhor você... - Sofia começou.

- CORRER! - Lauren gritou fazendo o pequenino arregalou os olhos para logo em seguida sair correndo.

Sofia foi a primeira a ficar em pé, se disparando em direção a Rafa, que cambaleava enquanto corria em meio a risadas, Totó por sua vez tentava morde a calça da minha irmã em uma tentativa de impedi-la de alcançar o seu parceiro. Lauren logo se levantou e se juntou a eles. Não demorou muito para a morena alcançar o baixinho que caiu na areia e ali começou uma guerra de cosquinhas entre os três, Totó como sempre latia em uma tentativa de ajudar o seu parceirinho. 

Depois do episódio "A Guerra Foi Declarada", deixamos Sofia, Rafael e Totó em suas devidas casas, para logo irmos para a casa de Lauren, onde eu passaria a noite. Infelizmente tive o desprazer de encontrar a figura de Clara assim que entramos em sua casa. A mulher me olhava com desgosto e eu confesso que a minha vontade era de tratá-la como tal, mas como eu era uma menina educada, caminhei até ela e a cumprimentei.

- Boa noite, senhora Jauregui. - Estendi minha mão que simplesmente ficou parada no ar.

- Você deveria levar a sua amiguinha para tomar um banho, Lauren! Vocês estão sujando toda a casa de areia.

Lauren estava pronta para abrir a boca, mas eu segurei sua mão e a acariciei tentando tranquilizá-la. A minha morena tinha razão, Clara havia voltado a ser a mesma mulher prepotente de antes, nada havia mudado, o que me surpreendeu, pois eu jurei que depois de tudo a gente pudesse ser amigas. Ingenuidade a minha. 

POV LAUREN

Clara quando queria, conseguia me tirar do sério. Eu juro que estava pronta para falar poucas e boas para ela. Quem ela pensava que era para tratar Camila daquela forma? A morena como uma boa pessoa foi a cumprimentar e ela trata Camila como se fosse uma qualquer. Resolvi me acalmar, ou melhor, Camz me acalmou.

Fomos para o meu quarto, tomos banho, cada uma em seu momento, eu não queria forçar a barra, tudo estava fluindo tão gostoso e eu tinha prometido para mim que a conquistaria como eu sabia fazer, romanticamente. 

Eu estava em pé no meu quarto quando Camila finalmente saiu do banheiro, seus cabelos molhados pigavam no chão, seu cheiro de hortelã invadiam minha respiração. No começo eu amava o cheiro, depois me preocupava pois sabia que ela costumava chupar esse tipo de bala quando cometia algo indesejável, ou seja, quando vomitava, mas depois eu entendi que banana e hortelã não eram apenas alimentos, era algo a mais para Camila.

Me aproximei da morena na necessidade de não apenas sentir o seu cheiro, mas de conectar nossos corpos com o meu toquei. Coloquei minha mão esquerda em sua cintura e a direita levei em seu rosto, onde comecei uma leve carícia. Fiquei a encarando sem dizer nada e ela fez o mesmo, fitei a sua boca, voltei a fitar os seus olhos, que naquele momento fitavam os meus lábios, me aproximei lentamente e a beijei. Um beijo calmo, sem intenção de aprofundamento, apenas lábios, mas que da mesma forma não deixava de ser intenso.

Sai do beijo sem perder o contato, minhas duas mãos dessa vez seguravam delicadamente o rosto de Camz, enquanto seus braços envolviam minha cintura em um abraço, nossos corpos colados, nossas testas quase se fundiam e nossas respiração se misturavam.

- Eu sinto tanta falta disso. - Disse em um sussurro.

Camila por sua vez não me disse nada, apenas me deu alguns selinhos, se afastou de mim me encarando, onde pude ver meus olhos refletirem nos dela, segurou minha mão com delicadeza e me conduziu até a cama. Deitamos, ela de costas para mim, colocando-nos de conchinha. Meu rosto se perdia em seu cabelo, consequentemente fazendo minha respiração se perder com seu cheiro, enquanto ela acariciava a minha mão que pousava em sua barriga, mantendo assim um maior contato entre nossos corpos.
 

[...]

No colégio, Lauren não me tratava diferente que fora dele, até me levar até a minha sala ela fez questão, o que eu achei um pouco desnecessário já que a sua sala não ficava no mesmo andar que a minha, mas quem era eu para reclamar? Passei a aula toda pensando que a nossa relação estava melhorando bastante, já não brigávamos mais, os ciúmes estavam sendo controlados e aos poucos estávamos nos entendendo perfeitamente.

Uma saudade louca começou a bater em meu peito, não via a hora daquela aula acabar para poder olhá-la, mesmo sabendo que no colégio não poderíamos ficar do jeito que gostaríamos, mas só de vê-la, só de trocar olhares era o suficiente para pelo menos diminuir aquela vontade louca.

Para o meu azar, Lauren ainda não havia chegado ao pátio e para piorar a situação, Keegan me disse que ela não iria para o intervalo, estava enrolada com alguns deveres e trabalhos, eu pensei em ir até a sala ficar com ela, mas ele começou a falar e eu acabei me distraindo e quando percebi o sinal já estava tocando, pensei também em mandar mensagem, mas achei invasão da minha parte já que digamos que ainda não tínhamos voltado oficialmente. Então o que me restou foi voltar para a masacrante aula.

O final da aula foi como no começo, um porre. A hora parecia que passava lentamente, sem pressa alguma, diferente da minha paciência, que acabava rapidamente, quase se esgotando. E quando eu achava que não iria aguentar mais para a minha sorte, o meu alivio, o sinal tocou e assim pude suspirar. Me levantei rapidamente e comecei a guardar minhas coisas, não demorou nem dois minutos depois que o sinal bateu, eu logo recebi uma mensagem.

Lauren Jauregui: Preciso falar com você urgente, te espero no terraço. 13:02

Terraço? Que diacho Lauren estaria fazendo no terraço? E o que ela precisava falar de tão urgente? Eu estava com tanta saudade e queria tanto vê-la que resolvi não questionar, mandei apenas um okay e segui para o último andar do prédio.

Alunos e professores andavam de um lado para o outro com pressa, caminhei em direção a escada que dava para o terraço e me deparei com a inspetora, fingi que entraria no banheiro e soltei um sorriso para ela, que retribuiu, assim que ela começou a descer as escadas, olhei em volta e como não vi ninguém comecei a subir as escadas.

Parecia que eu estava fazendo alguma coisa proibida. Vai ver que eu estava, não me lembro dos alunos terem permissão para subirem até o terraço, mas vindo de Lauren as coisas proibidas eram normais, como ela costumava dizer, isso apimentava nosso relacionamento.

Cheguei no terraço e acabei me espantando. O lugar era mega diferente do que o que eu havia imaginado. Ele era coberto por diversas flores coloridas em vários vasos, seus cheiros eram incríveis, o lugar era simplesmente lindo, era como estar em um daqueles filmes da Disney. Mas algo me surpreendeu mais do que todo aquele lugar. Um instrumental tocava acompanhado por uma voz rouca atrás de mim.

- Take my hand.
(Pegue a minha mão)

Girei sobre os calcanhares ao escutar Lauren cantarolar. Ela estava linda e diferente, usava um vestido florido, diferente da roupa que ela usava pela manhã... Eu? Usava uma calça jeans preta e uma camisa social. Depois de admirá-la, fiz exatamente o que ela havia me pedido, segurei sua mão que estava estendida para mim.

- Take a breath. - Fechei os olhos e suspirei exatamente como ela pedi, soltei um sorriso ao fitá-la novamente.
(Respire fundo.)

- Pull me close. And take one step. - Sutilmente a puxei para mais perto, fitei o chão e dei um passo para frente junto com ela, porém em seu caso o passo para atrás.
(Me puxe para perto. E dê um passo.)

- Keep your eyes. Locked on mine. - Lauren encostou a mão em meu queixo, me fazendo fitá-a novamente e em seguida fez um carinho em minha nuca.
(Mantenha seu olhar. Preso ao meu.)

- And let the music be your guide.
(E deixe a música te guiar.)

Ela pegou minha mão direita e colocou em sua cintura, colocou seu braço esquerda em cima de meu ombro, espalmando a mão um pouco a baixo de minha nuca, juntamos as outras duas mãos e começamos a dançar, como se fosse uma valsa, no ritmo da música.

Acabei sorrindo com sua atitude e acabei entendendo exatamente o que ela estava fazendo. Sim, ela estava reproduzindo uma das cenas de High School Musical 3, onde Troy e Gabriella dançam no terraço. E como uma boa fã de HSM me posicionei como Troy Bolton e continuei a canção.

- Want you promise. - Começamos uma dança lenta de um lado para o outro.
(Quero que me prometa.)

- Now I want you promise me. - Lauren cantava por cima da minha voz.
(Quero que me prometa, agora.)

- That you'll never forget. - Ela cantou enquanto girávamos.
(Que você nunca se esqucerá.)

- We'll keep dancing. - Dessa vez eu quem cantei por cima de sua voz.
(Que você continuará dançando.)

- To keep dancing. - Cantei novamente substituindo sua voz. Dando um passo para frente e outro para trás, enquanto Lauren fazia o oposto que eu.
(Continuará dançando.)

- Wherever we go next. - Dessa vez cantamos juntas.
(Aonde quer que formos.)

- It's like catching lightning. The chances of finding someone like you.
(É como ser atingido por um raio. As chances de encontrar alguém como você.)

Começamos a dançar um pouco rápido, caminhando em direção a um banco, aonde giramos para logo depois sentarmos exatamente na parte do "someone like you." Não perdiamos o contato dos olhos em momento algum.

- It's one in a million. The chances of feeling the way we do.
(É uma em um milhão. As chances de sentir o que nós sentimos.)

Me levantei e dei uma girada sentando do seu outro lado, para ser mais exata, o lado direito. Lauren se levantou, levantei minha mão para que ela pudesse girar em baixo dela e logo depois sentou do meu outro lado, também direito. Me levantei um pouco, deixando-a girar ainda sentada, cruzando nosso braços, sentei novamente e aproximei nossos corpos.

- And with every step together. We just keep on getting better.
(E a cada passo que dermos juntos. Nós só vamos nos aperfeiçoar.)

Saltei do banco como Troy Bolton tinha mania de fazer. Lauren se levantou ficando em pé no mesmo, me deu a mão para que eu subisse junto a ela. Levantei a mão para que ela pudesse girar em baixo dela e antes dela terminar, dei um salto voltando a ficar no solo, porém do outro lado dela. A fitei sorrindo. A morena me olhou insegura, eu assenti com a cabeça e então...

- So can I have this dance? - Ela cantarolou dessa vez sozinha, jogando lentamente o seu corpo em minha direção, inclinado-o, sem tirar os pés do banco, segurei-a pela barriga, nossas testas se colaram.
(Então, me concede essa dança?)

- Can I have this dance? - Dessa vez foi a minha vez de cantarola e com delicadeza, devolvê-la por completo ao banco.
(Me concede essa dança?)

Lauren me olhou rindo. Acho que o que viria seria algo mais difícil para eu fazer, já que ela tinha muito mais corpo que eu, então resolvemos trocar o papel por alguns segundos. Subi no banco e Lauren foi para o solo. Um friozinho bateu em minha barriga e eu podia apostar que Lauren não estava diferente.

- Can I have this dance? - Sutilmente desci meu corpo para o colo de Lauren que me segurou como recém-casados. A morena nos girou e logo me colocou no chão.
(Me concede essa dança?)

- Oh. No mountain's too high. - Ela cantalorou dessa vez sozinha, girando sobre os calcanhares enquanto eu apenas a observava.
(Oh. Nenhuma montanha é tão alta.)

- And no ocean's too wide. Cause together or not. Our dance won't stop. - Me aproximei quando voltamos a cantar juntas.
(Nem os oceanos tão amplos. Porque juntos ou não. A nossa dança não vai parar)

- Let it rain, let it pour. What we have is worth fighting for. You know I believe. That we were meant to be. Yeah.
(Deixe chover, deixe jorrar. Vale a pena lutar pelo o que nós temos. Você sabe que eu acredito. Que fomos feitos um para o outro. Sim.)

Lauren segurou minhas duas mãos e sultimente começamos a girar juntas, me sentindo uma criança feliz. Juntamos nossos corpos.

- It's like catching lightning.
(É como ser atingido por um raio.)

A segurei pela cintura, ela passou as mãos pelos meus cabelos e de repente um barulho de raio se fez presente. Fitei o céu a procura de algo, mas ele estava completamente limpo, voltei a fitá-la e ela apenas sorria.

- The chances of finding someone. - Lauren me afastou pelos ombros e começou a correr. Sorri feito boba e a acompanhei.
(As chances de encontrar alguém.)

- Like you (like you). - Voltamos a dançar juntas.
(Como você (como você))

- It's one in a million. The chances of feeling the way. We (way we do) do. - A girei algumas vezes enquanto nossos passos passavam por cada canto daquele terraço, como se estivéssemos realmente em um filme.
( É uma em um milhão. As chances de sentir o que nós sentimos.)

- And with every step together. We just keep on getting better. - Em uma sincronia quase que perfeita, tentavamos alguns passos da nossa pequena "valsa".
(E a cada passo juntos. Nós só vamos nos aperfeiçoar.)

- So can I have this dance? - Ela cantarolou sozinha.
(Então, me concede essa dança?)

- Can I have this dance? - Minha voz substituiu a sua.
(Me concede essa dança?)

Gotas d'água começaram a cair em nossas direções. Éramos molhadas por uma água que não era de chuva, eu tinha certeza, por mais que ela parecesse vir do céu. Lauren segurou minha cintura, começamos a girar juntas, joguei meu corpo para atrás abrindo os braços e deixei que água me molhasse enquanto eu girava com a ajuda de Lauren.

- Can I have this dance? Can I have this dance?
(Me concede essa dança? Me concede essa dança?)

Voltei a ficar com meu corpo ereto, demos mais um passo para frente, depois para trás, Lauren me girou tomando o comando da dança, girei novamente, colamos nossos corpos. Ela subiu suas mãos até minha nuca e eu voltei a segurá-la pela cintura. Soltei um sorriso assim que paramos uma fitando a outra.

- Você é louca. Aonde conseguiu isso tudo? - Falei de olhos fechados sentindo as últimas gostas caírem sobre o meu rosto.

- Digamos que tive uma ajudinha de três anjos da guarda.

Lauren não precisava me dizer que eram, aquela chuva artificial só me dava uma explicação, ou melhor, três exatos nomes. Chay. Priscilla. Rodrigo.

- Você é incrível. - Sorri e quando fui selar os seus lábios, ela se afastou e ficou de joelhos. - O que você está fazendo?

- Não vim aqui apenas para reproduzir uma cena de um dos seus filmes favoritos. Eu vim aqui porque eu quero... - Lauren deu uma pausa, olhou para o lado pegando uma caixinha preta que estava dentro de um vaso de planta. Era incrível como ela planejou tudo perfeitamente para que parássemos exatamente naquele local. - Quero te dizer uma coisa. Hoje a gente faz três meses de namoro, Camz e eu não posso mais ficar longe de você. - Ela abriu a caixinha e ali dentro haviam dois anéis quase iguaizinhos, ambos de ouro branco, a diferença é que um tinha metade de coração da cor dourada e o outro com a outra parte do coração da cor cinza escuro, quase preto. - Camila Cabello, aceita voltar a ser minha namorada?

- Lauren...