História Between Two Lines - Escutou, Jauregui?

POV CAMILA

Passamos a manhã e boa parte da tarde gravando, a série estava prestes a estrear nos Estados Unidos, na verdade no Brasil também. Estávamos na segunda temporada, e estrearia primeiro no Estados Unidos, já que a parte maior da série ficou com a Warner e um mês depois estrearia no Brasil.

Chay conversava com Rodrigo, Priscilla mexia no celular e eu estava deitada no colo de Giovanna, que estava sentada no sofá acariciando meu cabelo. Leonardo se aproximou chamando todo o foco para ele.

- Finalizamos essa gravação com um exito enorme. Estamos no caminho certo, daqui para frente é só melhorar. A pré-estréia será semana que vem. Ainda mandarei todos os detalhes para o e-mail de vocês. Sobre a gravação noturna, Pri, Mila e Gio, estão liberadas, Marlene me ligou ainda pouco e disse que vai precisar fazer um trabalho apenas com Chay e Rodrigo. É isso pessoal.

Assim que Leonardo finalizou, ele se retirou junto a Giovanna. Chay e Rodrigo começaram a conversar, provavelmente curiosos com o que Marlene estava planejando para eles, algumas pessoas recolhiam os materiais usados nas cenas, uma senhora baixinha entrou no estúdio com um conjunto de coisas de limpeza, junto a ela um rapaz, usando o mesmo uniforme que a mulher. Um barulho inconfundível de um celular tocando me fez tirar o foco dos dois e fitá-la. Priscilla saía do estúdio com o aparelho na mão com uma certa urgência.

- O que está acontecendo? - Me perguntei de voz alta, mas para minha sorte todos pareciam distraídos.

Não ia adiantar ficar questionando, se eu quisesse saber o que estava acontecendo eu tinha que ir atrás dela. E foi o que eu fiz.

Cortei o estúdio, andando rapidamente, ganhei a porta de saída, olhei em volta da sala totalmente preta que dividia o estúdio e o enorme corredor, abri a porta da sala, indo para o corredor que estava bem movimentado, alguns atores passavam conversando, um homem falava pelo rádio. Continuei caminhando até o final do corredor, saindo em seguida pelo estacionamento. Olhei em volta e ele estava vazio - exceto pelos carros estacionados, um silêncio absurdo, que era até de se estranhar.

"- Já falei para não me ligar." -

Uma voz me chamou atenção. Olhei novamente em volta e finalmente vi uma figura um tanto conhecida. Ela estava atrás de um enorme carro da cor vermelha. Me aproximei mais, ficando praticamente atrás da mulher, digamos que com quase dois metros de distância.

- Se eu quiser falar com você, eu te ligo. - A mulher desligou o celular e virou para mim. - Eita, porra! - Ela levou a mão direita no vão de seus seios, soltando em seguida um suspiro.

- Quem está te perturbando? - A encarei séria. Priscilla me devolveu o olhar, mas o dela era sereno, tranquilo e que estava me irritando.

- Um cara enchendo o saco para fazer uma campanha dele. - Ela se aproximou sorrindo. - Eu preciso buscar o Rafa.

A mulher sorriu novamente, se aproximou de mim, me deu um beijo na testa e se retirou, fiquei a observando até a sua figura simplesmente sumir de acordo com a distância.

[...]

POV LAUREN

Passei toda aquela manhã e tarde ensaiando, os shows estavam chegando, então os ensaios estavam cada vez mais intensos, acabei que não fui ao colégio, mas Camila também não havia ido também, estava gravando. A falta de Camz aquela manhã estava acabando comigo. Parece loucura, mas ela era como um vício para mim, o fato de ficar algumas horas sem Camila era como se eu estivesse em abstinência.

Esse problema estava acabado, Camila e eu estávamos na cabana, aproveitando o finalzinho de tarde de sexta-feira. Eu até propus da gente sair para algum lugar reservado, ou até mesmo ficar ali na cabana, mas parecia que já tínhamos um programa escolhido pela minha namorada.

- Lolo, meus pais vão sair e pediram para eu cuidar de Sofi. - Camz disse ajeitando a cabeça que repousava em meu colo. Aproveitei para me ajeitar também no sofá, sem parar de acariciar os seus cabelos. - Você fica lá em casa comigo?

- Mas e Alejandro? - A encarei confusa, parando a carícia.

- Então... - Ela me fitou sorrindo, com uma cara de sapeca, colocando a língua entre os dentes. Porra, Camila, se você soubesse como me excita te ver assim, nunca mais faria isso, se não tivesse segundas intenções. - No começo ele não queria aceitar, ainda está bem bolado com as coisas que você disse. Mas se ele quiser comemora sei lá quantos anos de casado com a minha mãe, ele vai ter que te aceitar lá, foi a única condição que eu impus. 

- Eu não sei, não, em? - Cocei a nunca de nervoso.

- Ah, para, Lolo! - Camila tirou minha mão da nuca e a colocou em cima da sua barriga, sorriu e fitou nossas mãos, começando uma carícia ali. - Papa precisa entender que su chiquita cresceu, que não sou mais a pequena dele. - Ela me fitou sorrindo. - E sim sua.

- Minha pequena. - Me curvei até Camila e selei nossos lábios. - Tudo bem. - Voltei a encostar no sofá. - Agora me diz uma coisa! Que horas Sofi dorme? - Mordi meu lábio a encarando.

- Lauren. - Camila me deu um tapa no ombro me repreendendo, passei a mão na região sutilmente dolorida.

- Ai, amor! Estava brincando. Quer dizer, se você quiser namorar um pouquinho, não vejo problema algum.

- Lauren, é sério! Não podemos abusar. - Camila voltou a acariciar minha mão. 

- Vai dizer que você não quer? - A olhei fazendo um biquinho. 

Camz sentou em meu colo, se virou, ficando de frente para mim, com o bumbum em cima das minhas coxas, colocando cada uma de suas pernas ao lado das minhas, apoiando os joelhos e parte delas no sofá, dobradas. Suas mãos seguraram meu rosto com delicadeza, enquanto seus polegares tratavam de me dar carinho, fechei os olhos para sentir melhor.

- Não é que eu não queira, princesa. Só acho que não seja a ocasião. Mas... - Senti seus lábios beijarem minha bochecha. - Podemos... - Outro beijo dessa vez no queixo. - Aproveitar... - Mais um beijo, no nariz. - Agora. - Um sutil sussurro bem próximo aos meus lábios.

Segurei sua cintura de forma firme com as duas mãos, subi a direita passando por toda a região de suas costas, parando somente em sua nunca, onde fiz um carinho calmo, sua respiração já se misturava com a minha, meu coração batia errado como se fosse a primeira vez que íamos nos beijar. 

Permaneci com os olhos fechados, trouxe seu rosto para mais perto do meu e tomei seus lábios com um beijo calmo, a princípio apenas com os lábios. Primeiro envolvi seu lábio inferior, depois o superior, voltei ao inferior e dei um pequena mordida. Camz suspirou com o ato, dei um sorriso, voltei a aproximar nossos lábios, mas dessa vez a sua língua já me pedia por passagem e eu a deixei fazer o que ela tanto amava.

[...]

Eu achei que ia matar minha sede por Camz no lago, mas quando o fogo começou a esquentar nossos corpos, para a nossa alegria, Camila recebeu uma ligação de Sinu dizendo que estava nos esperando e então tivemos que abortar a missão e seguir para a casa da morena.

Saímos do carro, Camz abriu a porta de sua casa e foi recebida por Sofia com um abraço forte, a morena tentou levantar sua irmã, mas  a pequenina não era mais aquela bebê, ela havia crescido e estava bem pesadinha. Acabei rindo com a careta que Camz fez. A morena soltou a irmã e deu um beijo na testa. 

Ao entrarmos na sala outro corpo se chocou nas pernas de minha namorada, dessa vez um pequeno corpinho. Seus pequenos e gordinhos braços estavam levantados, eles pediam por colo, mas Camz não fez nada, ela parecia ter congelado, em seu rosto uma expressão confusa, olhei para o pequenino que continuava esperançoso por seu colo.

- Ei, rapaz. Não vai falar comigo? - Me agachei, abri os braços e esperei por seu abraço.

- Tia Lou. - Rafa veio correndo em minha direção.

Ao sentir seu corpo chocar contra o meu, acabei cambaleando para atras, com a mão esquerda abracei o pequenino e com a direita, apoiei no chão atrás de mim, para que não acabássemos caindo. Me levantei com um pouco de dificuldade com ele em meu colo, e assim que parei de fitá-lo encontrei Sinu que sorria amorosamente.

- Boa noite, meninas. - Ela cumprimentou Camz com um abraço e me deu um beijo em minha testa.

- Mama, o que o Rafael está fazendo aqui? - Camila perguntou sem se importar com o pequenino que logo a fitou.

- Camila! - Sinu a repreendeu. - Sofi, por que você e o Rafa não vão brincar um pouco?

Os pequeninos soltaram um tipo de Oba e saíram correndo em direção a escada, Sinu ainda berrou por cuidado, mas eles a ignoraram totalmente, voltei a olhar para Camz, que continuava encarando séria a sua mãe, com os braços cruzados a baixo dos seios.

- Priscilla e Rodrigo tem gravação hoje e eles já haviam liberado a babá, ai a Pri perguntou se eu podia ficar com o Rafa, e como a Lauren vinha para cá, pensei que vocês poderiam cuidar dos dois.

- E não pensou errado, Sinu. Prometo que cuidaremos muito bem dos dois. - Falei por Camz, já que ela continuava séria. 

Sinu me abraçou de lado e depositou um beijo em minha cabeça, fechei os olhos por reação ao contado, deixei um sorriso bobo tomar conta do meu rosto. Como era bom ter uma sogra como Sinu, ela era como uma mãe para mim, sempre me respeitou e sempre nos apoiou, as vezes eu achava que tudo estava sendo bom para ser verdade e que um dia ela iria virar uma daquelas sogras que estão mais para bruxas malvadas, que se fazem de boazinhas na frente das filhas e quando elas saem a bruxa te ataca, mas Sinu não era assim, na frente ou não de Camila, ela sempre me tratou bem.

Soltei um suspiro ao sentir um carinho maternal em minha cabeça, meu sorriso devia estar indo de orelha a orelha, lentamente abri meus olhos e me arrependi na mesma hora, ao encontrar a figura menos desejada naquele momento. Alejandro nos encarava com as sobrancelhas franzidas.

- Vamos, Alejandro? - Sinu me soltou e foi em direção a porta. Camz já havia ido em direção ao sofá e sentado.

- Um momento, Sinu. Alguém precisa conhecer minhas regras. - O homem disse todas as palavras me encarando.

- Alejandro, não começa. - Sinu disse da porta, já que Camila continuava perdida em seus pensamentos.

- Um momento, mujer. - Ele deu um passo em minha direção e eu pude sentir meu corpo se encolher. PORRA, cadê Camila que não está aqui para me proteger? - Primeiro, sem abraços. Segundo, sem beijos. Terceiro e último, seus dedos longe de minha filha, se você tocar em Camila eu juro, juro que você acorda sem suas mãos amanhã.

- ALEJANDRO! - Sinu tocou em seu ombro e eu? Apenas cambaleei para atrás.

- Escutou, Jauregui? - Ele continuou me encarando.

- Sim, senhor! - Foi apenas o que eu consegui dizer enquanto assentia freneticamente.

Continuei parada observando o casal que se distanciava indo em direção a porta. Assim que a porta se fechou, pude ver Sofia e Rafael correndo com os bracinhos para o alto gritando por Oba, não entendi muito bem, mas eles pareciam estar escondidos esperando com que os dois saíssem, olhei para os lados a procura de Camz e nem precisei procurar, pois ela continuava sentada no sofá. Caminhei até ela e sentei ao seu lado.

- Poxa, Camz. Seu pai quase me matou e você nem me defendeu. - A morena parecia nem me escutar, ou vai ver que realmente não me escutou. - Camz? Camila? CAMILA? - Dessa vez eu gritei.

- Ai, cacete! - Camila levou uma mão no vão de seus seios. - O que foi?

- Eu estou falando a meia hora com você, mas parece que não está nem ai. - Fiz bico e me encostei no sofá de lado, ficando de frente para ela, que se virou para mim, também ficando de frente.

- Você não acha isso tudo muito estranho? - Ela me olhava, mas parecia que não estava me olhando, parecia estar viajando. Dei de ombros.

- Ah, Camz! Pais são assim mesmo, estão sempre preocupados. Mas que o Alejandro... - Ela resolveu me interromper.

- Não, Lauren! Estou falando da Priscilla. - Dessa vez ela realmente estava me olhando, sem viagem alguma.

- O que tem ela? - A encarei confusa.

- Ela não tinha gravação hoje de noite, Leonardo disse que Marlene só queria os meninos. e dispensou todas nos. Ai peguei ela conversando super alterada com alguém no celular, dizendo para a pessoa não ligar para ela, que se ela quisesse falar com essa pessoa, ela mesma ligaria. 

- E você não perguntou quem era? 

- Perguntei! Ai é que está. Ela me disse que era um homem perturbando por uma campanha.

- Ué, Camz! E por que não seria? Vai ver que ela não quer fazer a campanha, mas de tanto o homem perturbar ela resolveu fazer.

- Claro que não, Lauren. Quando alguém quer fazer um show com vocês, essa pessoa não liga para você, liga ou para o Simon ou para o L.A., ou seja, se alguém quer uma campanha com ela, não ligaria para ela e sim para a sua assessora.

- Ah, Camz. Vai ver que a pessoa tem o número dela, sei la. Um amigo. Eu acho que você devia parar de pensar nela e pensar na gente. Vai ver que ela resolveu pular a cerca um pouquinho.

Puxei Camila pela cintura com a mão esquerda e com a direita tirei seus cabelos do seu ombro esquerdo, levando todo ele para o direito, aproximei meu rosto e comecei a beijar o local, pude sentir toda a região se arrepiar e um suspiro sair de seus lábios.

"- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. -" 

Um grito se fez presente, fazendo com que Camz e eu pulássemos juntas do sofá. Ela me olhou assustada e eu apenas consegui retribuir o olhar. Não demorou nenhum segundo a mais para Camila sair correndo em direção as escadas.

- CAMZ, ELES NÃO ESTÃO NO QUARTO! - Gritei.

Camila me olhou assustada, eu dei de ombros e corri até a cozinha, mas não encontrei ninguém, voltei para a sala e Camila já não estava ali, olhei em volta e percebi a porta dos fundos abetar e foi para lá que eu fui.

Eu poderia estar bufando de raiva com o susto que levei, eu poderia estar querendo socar um, ou até mesmo afogar os dois, mas eu juro que não tinha como ficar brava com aqueles dois. Rafa e Sofi estavam dentro da piscina, com as roupas todas molhadas. Os dois tinham uma cara de choro e só fui entender o porque quando vi uma Camila raivosa em frente a eles falando... Falando... E falando sem parar.

A carinha deles era tão fofa que chegava a dar dó dos dois, ambos com um biquinho lindo nos lábios, a cabeça sutilmente abaixada e os ombros encolhidos. Camz continuava de costas para mim, tagarelando o quanto foi errado eles fazerem aquilo. 

Deixei um sorriso bobo escapar em meu rosto, soltei um suspiro, contei de um até três, caminhei lentamente em direção a Camz e percebi dois olhares em cima de mim, levei o dedo indicador direito em frente dos meus lábios em um pedido de silêncio. Segurei Camila pela cintura, a suspendi um pouco, deixando-a totalmente sem contato com o chão, suas pernas balançavam dificultando o meu controle.

- LAUREN, ME SOLTA! PORRA, LAUREN! ME SOLTA! - Ela gritava enquanto eu tentava a ajeitar.

Não tinha muito o que ajeitar, eu só precisava conseguir andar para frente, o que estava sendo muito difícil, já que meu rosto estava tampado em suas costas e ela não parava de jogar o corpo para atrás. Segurei com mais firmeza em volta de sua cintura, abracei minhas mãos em seu barriga, curvei meu rosto para o lado encostando em sua cintura e tentando visualizar a piscina.

- PARA DE SE DEBATER, CAMILA! - Gritei de forma inútil. - CRIANÇAS, SAEM DA FRENTE! 

- LAUREN, NÃO OUSE FAZER ISSO! - Camila devolveu o grito. Enquanto os dois corriam cada um para um lado da piscina.

- UM, DOIS...

Não esperei nem dizer o três e já pulei na piscina com ela. Camila se debateu tanto embaixo da água que acabei soltando-a. Assim que levantei senti um jato de água ser jogado em meu rosto, e mais um, mais um e mais outros... Puxei Camila pela cintura colando nossos corpos, impedindo-a de me jogar água, o que já não era mais necessário já que Sofia e Rafael já faziam isso por ela. Enquanto meu braço esquerdo envolvia sua cintura, minha mão direita subiu até sua nuca trazendo seu rosto para mais perto. Sorri antes de fazer uma das coisas que eu tanto amava.