História Between Two Lines - Menos De Você

POV CAMILA

Depois de tanto insistir para entrar no prédio e ouvir mil nãos do segurança, acabei desistindo e para piorar eu estava toda ensopada, seria uma bosta encontrar um táxi naquela situação. Virei sobre os calcanhares, fitei uma poça de água no chão, a chutei com força soltando um logo suspiro, me molhando mais ainda, levantei o olhar e me deparei com aqueles olhos verdes que eu tanto amava. Para minha surpresa na mesma hora Lauren levantou o vidro do carro. Parei exatamente onde estava e fitei o carro completamente preto, escuro.

Era só o que me faltava. Lauren me deixar plantada em frente aquele prédio, naquela chuva e para piorar, estava começando a ventar, podia sentir meu corpo tremer de frio. Tudo bem que eu tinha dado um bolo nela, mas imprevistos acontecem e ela não poderia fazer isso comigo. Concorda?

Pisquei algumas vezes por conta das gotas da chuva que caíam em meus olhos, passei as costas da minha mão em meus olhos em uma tentativa inútil de limpar a água. Fitei novamente o carro e percebi a porta do mesmo abrir. Caminhei até o carro, entrei pelo mesmo lado que a porta estava aberta, fechei a porta, coloquei o cinto de segurança e me virei de lado, para ficar de frente para Lauren que fitava a rua a sua frente. Segurei em seu queixo e trouxe seu rosto para mim, curvei meu corpo em sua direção e selei nossos lábios. Mas não a senti corresponder, como se apenas eu estivesse no beijo. Me afastei a fitando, Lauren deu um sorriso de lado, voltou a olhar para frente e deu partida.

- Está tudo bem?

- Aham. - Lauren estava com os olhos fixos na estrada.

- Não parece!

- Só estou cansada.

- Me desculpa por não ter chego a tempo. Estava trabalhando. - Me virei para frente, me ajeitando no banco. Lauren virou a esquina, entrando em um beco completamente escuro, rodeado por prédios. - Aqui não tem saída.

- Trabalhando? - Lauren parou o carro e ignorou totalmente o que eu disse. Pegou seu celular, destravou o mesmo e me entregou. - Esse é o seu trabalho? Jantar com famosinhos enquanto dá um bolo na sua namorada?

Peguei o celular de sua mão e então comecei a entender o que estava acontecendo. O aplicativo do Chrome do celular de Lauren estava aberto no site do Los Angeles Teens, um site de fofoca sobre as estrelas, nele uma reportagem com uma foto tirada ainda pouco, minha abraçada com Taylor, nos duas riamos sobre a situação dos paparazzis, Ryan ao nosso lado segurando o guarda-chuva para que a gente não se molhasse, o título dizia: Taylor Swift sai para jantar ao lado da nova queridinha da Warner Bros, Camila Cabello.

Bloqueei o celular, olhei para Lauren que me encarava séria, não com aquele olhar que dizia que iriamos brigar por causa de seus ciúmes idiotas, mas um olhar triste, de mágoa. Senti uma pontada no meu coração, denunciando a culpa que eu sentia por não ter avisado-a.

- Me perdoa, meu amor. - Juntei as sobrancelhas com o mesmo olhar triste do dela.

- Olha que dessa vez não precisou nem de "A" para me dizer nada. - Lauren tinha um sorriso irônico no rosto. - Está em todos os sites. As novas Bests do mundo Teen. - Lauren juntou as duas mãos abertas em sua frente e as distanciou, como se estivesse passando a mão em uma placa com o título que acabou de dizer.

- Não é bem assim. Eu acabei de conhecer Taylor.

- Vocês se pareciam bem íntimas para quem acabou de conhecer. -Ela me fitou séria.

- Me desculpa, Lolo. Ryan passou no meu trabalho para me buscar para jantar com ela, eu não sabia de nada. Eu prometo. - A olhei e ela não tinha mais o sorriso irônico, tinha o olhar triste, magoado novamente.

- Você podia ter me ligado. - Lauren virou para frente e olhou para baixo. - Eu te liguei varias vezes, Camila. - Voltou a me olhar.

- Foi um descuido meu. Quando me dei conta que não te liguei era tarde, Ryan havia pego meu celular e quando me devolveu vi que tinham varias ligações suas, tentei retornar, mas você não me atendeu.

- Eu estava chateada, não queria falar com você. - Lauren voltou a abaixar seu olhar.

- Ainda está chateada?

- Magoada. - Soltou em um sussurro.

Tirei o cinto de segurança, virei de lado, ficando de frente para Lauren, segurei sua mão e levei as costas da mesma até a minha boca, depositei um demorado beijo na mesma, Lolo me fitou com um sorriso de lado.

- Eu te amo, Lolo.

Segurei seu rosto com delicadeza, fiz um pequeno carinho com o polegar, curvei meu corpo em sua direção e selei nossos lábios, primeiro o superior, em seguida o inferior, com calma fomos separando os lábios em um beijo calmo, sem língua, apenas sentindo o contato dos lábios. Me afastei, abri os olhos lentamente podendo ainda ver Lauren de olhos fechados, onde logo começou abri-los, seus olhos verdinhos, serenos, brilhando por conta de algumas lágrimas que queriam aparecer. Mordi meu lábio inferior enquanto a admirava.

- Eu te amo, Jauregui.

- Eu te amo, Cabello. - Lauren sorriu.

Coloquei o cinto de segurança. Lauren voltou a ligar o carro, deu a ré, fez a manobra e voltou para a estrada. Passei a mão em sua coxa em uma leve carícia.

- Posso dormir na sua casa hoje?

Lauren não me disse nada. Encostou a cabeça de lado em meu ombro, cheguei um pouco mais para perto, para que ela pudesse enxergar bem a estrada, dei um beijo em sua cabeça e continuei acariciando sua coxa.
 

[...]

Já estava a mais de dezessete minutos esperando Lauren em seu quarto, ela havia descido para pegar água para a gente, havia dito que não demoraria, mas se aquilo não era demorar, eu realmente não sabia o que era ser rápido. Dei minha última caminhada pelo seu quarto, me jogando pela milésima vez em sua cama, bufando como em todas as outras vezes, mas um barulho de porta batendo me fez dar um pulo da cama, ficando sentada na mesma. Uma Lauren sem a água e completamente vermelha entrou no quarto, indo direto para o banheiro. Me levantei com cuidado da cama e fui caminhando em direção a porta do banheiro, adentrei o mesmo, parando atrás de minha namorada, que lavava o rosto vermelho sem para, toquei em seu ombro com cuidado.

- O que foi, Lolo? - Acariciei seu ombro.

- Clara. Foi Clara. - Lauren fechou a torneira e caminhou de volta para o seu quarto, fui atrás dela. - Como sempre foi Clara, Camila. Clara! - Repetiu o nome de sua mão pela quarta vez se jogando em sua cama. Sentei ao seu lado.

- Deita aqui no meu colo, vem. - Bati em minha coxa direita e Lolo deitou nela. Comecei uma leve carícia. - Eu sei que vocês andam brigando, amor. Mas isso vai passar, está bem? Eu estou aqui com você. - Selei sua cabeça e voltei a mexer em seu cabelo.

- Meus pais são tudo para mim, Camz. - Lauren já tinha os olhos cheios de lágrimas. - Meu maior sonho é que minha mãe me aceite do jeito que eu sou, que um dia eu possa dar pelo menos um pouquinho de orgulho a ela.

- Ei, não diz isso. - Toquei nos lábios de Lauren para que ela se calasse. - Você é o orgulho da sua mãe. Ela só não sabe se expressar.

- Não, Camz. Eu nunca fui nada para Clara. Ela nunca vai me perdoar por gostar de meninas.

- Lolo, isso é bobagem. É difícil para ela, tenta entendê-la. Sua mãe tem um pensamente antigo, viveu em uma família conservada, mas isso não faz com que ela deixe de te amar.

Lauren parecia pensativa, um choro silencioso tomou conta de seu rosto, de seu corpo que tremia levemente, ainda envergonhado. Eu sabia que aquilo não era apenas por conta de Clara, que tinha algo a mais, algo que Lauren guardava para ela.

- Ela nunca me perdoou, Camz. Clara nunca me perdoou pelo acidente com Taylor.

- Acidente? - Lauren apenas assentiu, fechando os olhos, deixando as lágrimas escorrerem por todo seu rosto. - Lolo, o que aconteceu?

- Não foi culpa minha, Camz. Eu juro que não tive culpa de nada. - Lauren envolveu seus braços em minha cintura em um abraço forte, sem tirar sua cabeça de meu colo, um choro desesperador tomando conta dela.

- Shhhhh. - Sussurrei devolvendo o seu abraço. - Ei, eu sei que você não tem culpa. Me conta o que aconteceu? Me deixa te ajudar? - Beijei sua cabeça, tirei algumas mechas de seu cabelo que teimavam em cair em seu rosto.

- Eu estava com Verônica, Alexa e Taylor em casa. Eu tinha apenas quatorze anos...
 

FLASHBACK

- Taylor? - Chamei pela quinta vez, mas minha irmã parecia dormir em um sono profundo.

Retirei a caixinha de fósforo de dentro do bolso do meu casaco, no outro bolso retirei um maço de cigarro, peguei um cigarro, levei até a minha bolsa, colocando-o entre os lábios, deixei o maço em cima do criado-mudo, tirei um palito de fósforo da caixinha, arrastei a parte vermelha ao lado da caixinha e uma pequena chama se fez presente, sorri com o ato, levei a chama que já crescia em direção ao cigarro em minha boca, com um pouco de dificuldade acendi o mesmo e logo senti algo queimar minha mão, soltei rapidamente o palito que já estava quase todo destruído pela chama, balancei minha mão algumas vezes na tentativa de aliviar a dor, uma tosse se fez presente por conta do cigarro. Digamos que eu ainda estava aprendendo.

- Está quase lá, Jauregui.

Sorri com a minha estupidez, levei novamente o cigarro em minha boca e novamente tossi. Um cheiro estranho entrava pela minha narina, torci o nariz com o estranhamento, passei os dedos sobre ele, esfregando-o, tentando aliviar o cheiro, uma pequena luz vermelha me chamou atenção, olhei em volta e então me dei conta do que estava acontecendo.

Uma enorme chama queimava toda a cortina, separando Taylor e eu por uma linha de fogo. Tentei pular a linha, mas a chama pegou em meu braço, fazendo-me recuar. Passei a mão esquerda sobre o braço direito, onde a chama havia queimado, uma dor terrível se fazia presente, olhei em volta e pude ver o quarto tomado por fogo, um fogo que se aproximava da cama de Taylor.

Um medo surreal tomou conta de mim, senti minhas pernas vacilarem, cambaleei para trás encostando-me na parede, senti meu corpo sentando no chão, lágrimas tomavam conta do meu rosto, observava o fogo tomar conta de cada pedacinho daquele quarto, abracei meus joelhos e comecei a balançar meu corpo para frente e para atrás.

"- O que está acontecendo aqui?" - A voz de Verônica se fez presente.

"- Lauren, vem logo." - Dessa vez foi Alexa.

Eu simplesmente não conseguia responder, eu não tinha controle do meu corpo, da minha mente, só conseguia observar tudo que acontecia. Pude ver Verônica pular sobre a chama, pegar Taylor no colo que tossia sem parar. Alexa me puxou pela mão, mas eu simplesmente não conseguia me mover. Ela se agaixou em minha frente.

- Laur, por favor, me olha. A gente precisa sair daqui, precisamos sair daqui agora.

[...]

Bombeiros corriam de um lado para o outro, o fogo já estava quase todo apagado, meus pais chegavam da casa de meus tios. Michael foi a procura de Taylor e Clara veio em minha direção, Alexa rapidamente me soltou do abraço e deu espaço para minha mãe.

- VOCÊ É UMA RETARDADA, GAROTA! - Clara me segurava pelo braços. - QUASE MATOU A SUA IRMÃ! Você tem noção do que você fez? Imagina se Alexa e Verônica não estivessem lá. VOCÊ PODIA TER MATADO A TAYLOR.

- Ei, Clara! Calma, por favor. - Meu pai a segurou pelos braços e a afastou de mim. Taylor abraçou Verônica que estava ao lado de Alexa.

- Calma? Essa garota é uma estúpida. - Clara se desvencilhou de Michael e me encarou. - Tudo isso por causa de um cigarro, já não basta ser uma alcoólatra. Eu tenho vergonha de você, Lauren. Vergonha.

FIM DE FLASHBACK
 

Aquela lembrança não tinha abalado apenas a Lauren, mas a mim também, não que eu a culpasse, pelo contrário, ela não teve culpa de nada, o que me abalou foi saber que por um descuido ela acabou criando um trauma em relação ao fogo, isso me fez entender porque no camarim ela tinha travado quando começaram a gritar por fogo. Eu tinha um medo surreal de escuro, um medo sem motivo, talvez um medo que tivesse vindo da infância, das histórias sobre o bicho papão que está em baixo da cama que sempre escutamos, mas no caso dela era diferente, ela passou por uma acidente e com isso criou esse trauma.

Eu queria ajudá-la, eu queria mostrar que eu estava ali, eu queria simplesmente tirar esse medo de dentro dela, esse sofrimento que estava sentindo, mas eu sabia que o problema não era comigo e sim com a sua mãe, e pior, eu sabia que com Clara as coisas não seriam fáceis, por mais que eu falasse que tudo era um máscara, eu sabia que parte da máscara era realmente o rosto maléfico da mulher.

Lolo chorava feito um bebê, não existia mais pudor, suas lágrimas caíam sem parar, um soluçar saía de sua garganta, seus seios subiam e desciam de forma rápida, seus olhos estavam avermelhados. Me deitei ao seu lado, trouxe seu corpo para cima, envolvi meus braços em seu pescoço e trouxe sua cabeça para o meu colo, próxima aos meus seios. Comecei um carinho em sua cabeça com a minha mão direita.

Lauren havia parado de chorar, um silencio tomou conta de seu quarto, ela curvou a cabeça para trás me encarando com seus lindos olhos tristes, vermelhos por conta do choro, com a mão esquerda fiz um leve carinho em seu rosto, passei o polegar limpando suas lágrimas que já não escorriam mais, soltei um suspiro calmo, desvi meu olhar até os seus lábios, curvei meu rosto em direção ao dela e comecei um beijo calmo. Senti Lauren segurar minha cintura com uma certa força, me forçando a subir em seu corpo e foi exatamente o que eu fiz.

Coloquei meu corpo sobre o de Lauren, suas mãos subiram junto com a minha camisa, me afastei um pouco dela para ajudá-la a tirá-la. Olhei para Lauren que já não tinha mais os olhos verdes claros e sim escuros, sorri maliciosa, voltei a me aproximar dela, afastei seus cabelos da curva de seu pescoço e comecei a tomar conta do local.
 

[...]

POV LAUREN

Eu estava mal, muito mal, mas ela estava lá comigo, me dando carinho, me dando amor, me certificando que ao lado dela nada por me ferir, Camila foi a melhor coisa que apareceu em minha vida, ela era o meu ponto de paz, o meu ponto fraco. Eu estava completamente apaixonada por Camila.

E como uma namorada apaixonada estava grudada em Camz durante o intervalo no Colégio de Campos L.A. Eu estava sentada na mesa com Camz entre minhas pernas, a abraçava por trás, mantendo uma certa distância, tentando ser discreta, já que tínhamos medo que alguém desconfiasse da nossa "amizade", Keegan e Verônica diferente da gente estavam no maior love, as vezes trocavam selinhos que logo eram cortados por Austin que reclamava da melação dos dois já que ele e Alexa ainda não haviam voltado. Falando nela, continuava com a cara emburrada de sempre, me fuzilava com o seu olhar, mas eu já havia me acostumado, então a ignorava da melhor maneira.

- Camz, vamos para a sala de música. - Sussurrei disfarçadamente em seu ouvido.

- V-vam... - Camila foi interrompida pelo seu celular que passou a tocar. Ela pegou o mesmo e fitou a tela. - É a Taylor, preciso atender.

Camz disse já se afastando, bufei na mesma hora. Sério que agora essa Taylor sempre ia atrapalhar meus momentos com minha namorada? Eu juro que estava me segurando para não ir falar com Ryan, tudo bem que Camz precisa desses momentos para levantar a sua carreira, mas toda hora não era necessário, po. Uma vez no mês estava de bom tamanho.

Cruzei meus braços abaixo dos seios observando Camila de longe, que sorria feito uma boba ao celular, bufei novamente, soltando todo o ar dos meus pulmões pelo nariz, senti alguém tocar em meus braços, fitei a pessoa e era Verônica.

- O que foi, Laur? - Ela fez um carinho em meus braços. Nem tentei forçar um sorriso, continuei com minha cara emburrada.

- Camila anda muito ocupada. Não aguento mais isso.

- Ah, Laur! Isso é coisa do trabalho dela, você sabe muito bem como é e sabe também que logo passa, logo as coisas vão se acalmar.

Verônica tinha razão, durante as turnês sempre pegava para a gente, não tínhamos tempo nem para respirar e como sempre Vero estava ao meu lado, me apoiando e me mostrando o caminho certo. Como eu sentia falta da nossa amizade de antes, como eu queria simplesmente apagar o passado e voltar como tudo era antes.

Verônica fez um carinho em meu rosto, dei um sorriso fraco, ela sorriu de volta, se aproximou de mim, me deu um beijo na bochecha e fez uma careta, sorri com a bobeira dela.
 

[...]

Mais um dia sem Camila, nem no aniversário do pequenino ela havia conseguido se livrar de Ryan, ele estava marcando em cima, o que já estava me irritando demais, mas tentei pensar como Verônica, era apenas uma etapa, logo acalmaria tudo e Camz estaria 100 % de volta. Mas para minha infelicidade, as pessoas que nos conheciam sempre ligavam a gente, e consequentemente me fazia voltar a lembrar de sua ausência, me deixando emburrada novamente.

- Cadê a Mila? - Rodrigo perguntou assim que se aproximou com Priscilla ao seu lado.

- Teve um almoço com Taylor, mas daqui a pouco chega. Mas me digam, como anda o Rafa no colégio? Está gostando? - Tentei mudar o rumo da conversa.

- Está adorando. O colégio de vocês é incrível, um dos melhores que eu já vi. Como você pode ver, ele já fez vários amigos. O idioma para ele ainda é estranho, com Sofia era mais fácil porque ela usava o espanhol, já com os amigos da escola só rola o inglês, mas sabe como são as crianças, elas se viram fácil. - Rodrigo deu um beijo na bochecha de Priscilla.

- Rodri, vai ver como o Rafa está por favor. Essa ideia de Kids Pool Party me assusta, não pelo Rafa que manda muito bem na piscina, mas tem muitas crianças juntas.

- Pode deixar, amor. - Rodrigo deu um selinho na namorada e se retirou.

- O que está acontecendo? - A morena me fitava séria.

- Como é que é? - Perguntei sem entender.

- Vamos para o meu quarto, lá a gente conversa melhor. - Priscilla me segurou pela mão sem me dar chances de responder e me carregou para o local.

[...]

POV CAMILA

Depois de um almoço divertido com Taylor, eu não via a hora de estar aos braços de minha namorada, ou pelo menos em partes já que estaríamos em uma festa de criança e não poderíamos trocar muitas carícias. Não esperei nem a sobremesa, o que foi muito difícil para mim. Sai correndo do local, peguei o primeiro táxi que apareceu e em menos de vinte minutos eu estava na enorme casa do baixinho. Em sua festinha.

Toquei a campainha e uma senhora uniformizada com um avental da cor preta e branca abriu a porta e deu um belo sorriso, a cumprimentei adentrando a sala aconchegante que estava completamente vazia, olhei em volta e tinha uma sutil decoração do backyardigans. Continuei caminhando para os fundos, onde ficava a piscina, o parquinho e a churrasqueira. Crianças de biquínis e sungas corriam de um lado para o outro. Olhei em volta, mas não vi minha mulher. Voltei para dentro da casa, passei por um corredor, abri uma das primeiras portas e me deparei com um escritório completamente vazio, continuei andando pelo corredor passando da escada e mais um cômodo vazio e foi assim com os outros dois cômodos que ficavam no primeiro andar, voltei em direção a sala e passei a subir as escadas. Entrei pela primeira porta e também estava vazio, mas diferente dos outros cômodos, resolvi entrar nesse, era o quarto do baixinho.

Uma cama em formato de uma nave espacial do Bus Lay Dear se encontrava no centro do cômodo, alguns bonecos de super-heróis decoravam o quarto, caminhei até uma das paredes onde havia um enorme quadro cheio de fotos. Uma de Rafa, Priscilla e um homem de cabelos enrolados, que lembravam exatamente os de Rafa, deduzi ser Thiago, o pai do baixinho. Uma outra foto onde Rodrigo jogava Rafa para o ar. Continuei olhando as fotos e me deparei com uma que me chamou muita atenção. Lauren estava sentada em uma cadeira, Rafa em pé em seu colo, os dois riam feito duas crianças. Eu lembrava daquela foto, eu havia tirado quando nós fomos em um cinema no Brasil.

Sorri com a minha lembrança, coloquei a foto de volta no quadro, caminhei em direção a porta de saída do quarto. Abri a mesma e assim que ia sair algo me chamou atenção. A figura de Lauren estava de lado para a direção que eu estava, ela fechava a porta do cômodo em que provavelmente havia acabado de sair. Sua camisa amarrotada e sutilmente levantada, deixando parte de seu abdôme a mostra, seu cabelo desgrenhado. Lauren abaixou sua camisa, passou a mão em seu cabelo, jogando-o para o lado, virou sobre os calcanhares em minha direção, entrei rapidamente no quarto, encostando a porta de forma leve para não fazer barulho. Não a deixei completamente fechada, deixei-a entreaberta, sendo possível ver a silhueta de Lauren passar. Assim que me certifiquei que ela já havia descido as escadas, sai do quarto e caminhei em direção a porta que ela provavelmente havia saído.

- Camila, você tem certeza disso? - Perguntei para mim mesma.

Neguei com a cabeça, girei sobre os calcanhares e dei alguns passos em direção a escada, parei, soltei um suspiro, neguei com a cabeça, fechei os olhos com força.

- Camila... Camila... - Tentei me acalmar. - Merda, eu preciso disso.

Voltei a girar sobre os calcanhares e fui em direção a porta, adentrei o cômodo e me parecia um quarto de casal, a cama estava sutilmente bagunçada, olhei em volta, mas não havia ninguém, pelo menos era o que eu achava até ver a figura da mulher que saía de uma outra porta, provavelmente o banheiro. Ela tinha os olhos direcionados a sua calça que estava aberta, a mulher a abotoava e em seguida subia o seu zíper, o olhar da mesma subiu fitando os meus olhos que queimavam de raiva. Separei os lábios e finalmente soltei.

- Eu esperava isso de qualquer pessoa, menos de você.