História Between Two Lines - Na Sua Época

POV LAUREN

15 minutos. Haviam passado aproximadamente 15 minutos e nada de Camila, ou ela encontrou alguém no caminho e parou  para cumprimentá-lo, ou ela não viria falar comigo. Resolvi acreditar na primeira opção e aproveitei para gastar o tempo indo ao banheiro.

Caminhei pelo enorme corredor, entrei no banheiro, fiz minha necessidade, lavei minhas mãos e voltei para o enorme corredor.

Cheguei em frente à porta do camarim, suspirei algumas vezes e girei a maçaneta da porta, assim que adentrei o cômodo escutei duas risadas. Camila não estava sozinha, sua amiga loira, baixinha de nariz empinado estava sentada no sofá a sua frente.

- Eu não sabia que estavam aqui, desculpa, eu vou... - Comecei a dizer sem mesmo saber o que dizia.

- Espera, Lauren. - Camila me olhou para logo voltar a olhar para Ariana. - Ari, preciso conversar com a Lauren. Nos vemos mais tarde?

- Tudo bem, Mila e com certeza.

Ariana deu um beijo no rosto de Camila e me abraçou, retribui o abraço sem saber bem o que estava fazendo e meu olhar a acompanhou até sair do cômodo.

- Senta, Lauren. - Camz, bateu com a mão no sofá, ao seu lado e eu apenas a obedeci. - Por que, Lauren? Só me diz o por quê! O por quê de ter feito aquilo comigo!

- Camz, eu recebi uma mensagem de RYAN pedindo para que eu chegasse antes no escritório dele, que ele queria conversar comigo, eu estranhei, mas fui para ver o que era. - Ela balançou a cabeça me pedindo para continuar, soltei um suspiro antes de prosseguir. - Quando cheguei lá, ele me contou que você perderia a chance de realizar o seu sonho e me propôs dizer que tudo que passamos foi uma aventura, eu achei um absurdo, não concordei.

Camila se mantinha neutra, se quer se mexia, diferente de mim, que balançava as pernas de forma inquieta.

- Mas quando começou a reunião, que vi que tudo aquilo estava realmente acontecendo lembrei do meu pai. - Suspirei, fechando os olhos e quando abri não a encarei, fixei um ponto no chão atrás dela e continuei. - Eu era pequena quando meu pai recebeu uma proposta de emprego, seu maior sonho, o único problema foi que teríamos que sair daqui e irmos para Los Angeles.

- Você morava aqui, em Miami? - Pela primeira vez Camila esboçou alguma reação, ela estava surpresa. Assenti com a cabeça, olhando para ela e logo voltei ao meu ponto fixo.

- Infelizmente tivemos alguns problemas com a viagem e quando chegamos a Los Angeles a vaga está preenchida. Nunca vi meu pai tão mal. - Olhei para ela com os olhos cheios de lagrimas. - Ele entrou em depressão, Camz. Eu era pequena, mas me lembro de tudo. Meu pai estava acabado, derrotado, não saía da cama. 

As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos, as enxuguei com as costas das mãos e observei Camz por alguns segundos, seu olhar triste se fez presente.

- Eu não queria que isso acontecesse com você, eu não suportaria te ver em uma cama sem querer comer, sem querer sair, sem querer nem mesmo me ver. Foi aí que resolvi aceitar a proposta de Ryan.

- Deixar de realizar esse sonho iria me deixar chateada, me machucar de certa forma, mas não existe dor maior que te perder. 

- Não existe sofrimento maior que te ver sofrendo. - Voltei a desabar em lágrimas. - Camz, se você acredita em alma gêmea, você é a minha. Depois que a gente brigou, Mike me deu isso. - Tirei uma foto do bolso, nela uma imagem de duas crianças.

- Essa sou eu! E essa outra é... - Ela passava seus dedos na foto e pela primeira vez seus olhos se encheram de lágrimas. - Não é possível. - Ela continuou observando a foto incrédula.

- Meu pai sempre acompanhava os meus eventos no colégio, ele sempre ficou ao meu lado. Por isso desde de pequena é Mike que eu procuro quando quero contar algo. Há alguns dias atrás, antes de eu ir ao Brasil, ele me disse que quando eu tinha 3 anos contei para ele que uma amiguinha nova de uma outra turma havia entrado no colégio, mas que ela era diferente das outras amiguinhas, que eu a chamava de pequeninda, porque ela era muito pequena e linda. Ele disse que uma vez perguntei se eu podia levá-la para casa, que eu queria cuidar dela. Ele me perguntou o nome da pequeninda e eu disse que era Camila.

Ela finalmente deixou com que as lágrimas caíssem pelo seu rosto, mas diferente de mim, Camila não ousou perder sua atenção limpando-as, seu olhar permaneceu fixo em mim.

- Eu perguntei a Mike, o por que dele não me contar isso antes e ele disse que não queria influenciar nossa relação, mas que sempre soube que o que eu sentia por essa Camila era algo especial, que quando te viu sabia que era você e que se o que eu sentia fosse amor verdadeiro, nada atrapalharia a gente.

Segurei a mão dela com a minha mão esquerda, olhei em seus olhos e vi aquele olhar que eu tanto amava, aquele olhar de carinho, aquele olhar de saudade. Com a mão direita comecei uma carícia  em seu rosto e ela fechou os olhos para sentir, mas assim que comecei a falar, voltou a abri-los.

- Eu desisti de você uma vez, Camila. E você veio atrás de mim. Dessa vez não vou desistir de novo, mesmo que você me mande ir embora. Enquanto você me amar, eu vou lutar pelo nosso amor.

Aproximei mais o meu rosto dela, Camz por sua vez abaixou o seu olhar até a minha boca, dando a resposta que eu tanto esperei. Sorri automaticamente quando o meu olhar desceu encontrando seus lábios que também sorriam, encostei meus lábios nos dela começando um selinho calmo, enquanto meus olhos se fechavam.

Um beijo calmo, sem presa, um beijo com saudade, carinho. Toquei minha língua em seus lábios pedindo permissão que logo foi concedida por ela. Explorei cada canto da sua boca como ela sempre fazia com a minha, queria que ela sentisse tudo que ela me fazia sentir, ou pelo menos parte disso.

As mãos de Camila passearam em minhas costas parando em minha nuca, senti algo molhar o meu rosto e eu sabia que ela estava chorando. Tentei para o beijo, mas Camila pressionou minha nuca em sua direção, parando minha ação e me fazendo voltar a beijá-la. 

"- Opa. Eu não queria atrapalhar a minha melhor amiga e minha ex."

Camz parou nosso beijo jogando seu corpo para atrás, encostando na ponta do sofá. Abri os olhos frustada ao ver a imagem daquele homem que eu dava graças a Deus por ter sumido. Revirei os olhos ao lembra do que ele me chamou e franzi as sobrancelhas, ignorando sua presença é olhando para qualquer lugar que não fosse para ele.

Não que eu não me desse bem com ele, mas além de ter me arrumado alguns problemas na última vez que nos vimos, a forma rude e babaca que ele havia acabado de falar tinha me irritado.

- Só vim dar um abraço em Camila. Você mandou muito bem, Mila, mas quem me surpreendeu foi a Laur. - Arregalei os olhos e encarei o moreno de olhos claros. - Você nunca foi assim na minha época.

- Na sua época, David, eu era uma adolescente idiota tentando criar um sentimento que nunca existiu. Hoje sou uma mulher idiota lutando por um sentimento que sempre existiu.