Bia on:
Dentro daquele avião, a única coisa que eu via eram as nuvens de um céu escuro e diversas pessoas, incluindo minhas amigas, dormindo tranquilamente. Não conseguira dormir, por isso, havia pego meu livro, meu celular e meus fones de ouvido. Selecionei minha playlist para começar a tocar, conectei os fones em meus ouvidos e, enquanto sentia o ritmo de cada música me embalar, deixei-me ser submersa às palavras de meu livro, sendo sugada para um mundo onde meus problemas não existiam, e onde eu não era obrigada a viver em um novo país. Deixe-me explicar melhor, pois vocês não devem estar entendendo nada.
Me chamo Beatriz Lancaster, sou brasileira, tenho 16 anos e moro com meu pai, Vicente, minha madrasta, Flávia, que sempre me tratou como se eu fosse sua filha biológica, e com meu irmão e irmã mais velhos, Arthur e Júlia. Meu pai trabalha demais, pois é empresário e está sempre viajando, por esse motivo eu sempre fui um pouco mais problemática do que meus irmãos. Na verdade, parece que os problemas me acompanham por todos os lados, mas para minha sorte, ou azar, as minhas melhores amigas passam pelas mesmas coisas que eu, é como se toda a culpa sempre caísse sobre nós. Já fomos expulsas de diversas escolas da nossa cidade, porém, da última vez, algo foi diferente. Nossos pais tomaram medidas drásticas por algo sem muita importância. A culpa não foi nossa se o banheiro da escola era tão vagabundo a ponto de quebrar com tanta facilidade e ficar, de certa forma, completamente encharcado. Não preciso comentar que fomos expulsas novamente e que nossos pais ficaram putos, certo? Bom, o problema não foi eles terem se irritado, mas sim terem decidido que nós deveríamos estudar em um colégio interno, mas não um simples colégio interno. Eles queriam nos mandar para um colégio interno localizado em algum lugar em Nova York. As passagens e a notícia sobre a mudança foram o melhor presente de Natal de nossas vidas (Sentiu a irônia?)! E agora, aqui estamos. Dentro de um avião, rumo a cidade que nunca dorme, quando uma fraca chuva começa a cair, porém ela apenas aumenta com passar dos minutos, deixando-me um tanto aflita, embora eu amasse dias nublados e chuvosos (a menos que você esteja a milhares de metros do solo). Estava inquieta, mas tentava, ao máximo, não acordar as meninas. Foi uma tentativa sem sucesso, pois, após me mover inquieta e agitada em meu lugar, notei que Luíza havia acordado. Luíza Drummond, 15 anos, mais conhecida por ser uma garota durona, agressiva, arrogante e pegadora, era uma de minhas melhores amigas, e era a que mais me conhecia e me entendia. Somos praticamente primas, pois a mãe dela havia se casado com o meu tio, mas isso não vem ao caso agora.
Luíza olhou-me e, apenas com um olhar, entendeu o que se passava.
Luíza: Você não dormiu nada, acertei? -Disse seriamente, em tom de reprovação
Bia: Não estou com sono e, além do mais, eu aproveitei para adiantar minha leitura. - Sorri fraco
Luíza: Está sem sono ou continua irritada com a decisão deles?
Bia: Talvez um pouco dos dois, mas agora isso não importa mais. Só temos que esperar mais algum tempo antes de chegarmos ao nosso novo lar.
Luíza: Entendo, mas vamos falar sobre isso mais tarde. Agora, você vai dormir, e isso é uma ordem. - Disse autoritária.
Apenas revirei os olhos e bufei irritada. Sabia que não adiantaria discutir com ela agora, então, apenas guardei meu livro, aumentei o volume da música, virei para o outro lado, observando as nuvens infinitas do lado de fora, e fiquei assim até em um sono profundo.
Duas horas depois...
Nosso voo acabara de pousar e, tenho que admitir, eu estava exausta! Consegui dormir por apenas uma hora. Estava agitada e não conseguiria descansar, por mais que eu quisesse. Lu, Duda, Gabi e Lice já estavam pegando suas malas. O restante da nossa bagagem já estava na nossa atual casa, e dentro das malas haviam as roupas que levaríamos para a escola, que era um pouco afastada da cidade. Todas pegamos nossas coisas e vimos que, do lado de fora do aeroporto, um homem alto, de pele morena e cabelos e olhos castanhos, nos aguardava parado em frente a um carro preto, enquanto endireitavam sua gravata e erguia uma pequena placa, onde podíamos ler nossos nomes, e andamos até ele. O mesmo notou nossa proximidade e fez questão de ir ao nosso encontro o mais rápido possível para nos ajudar com as malas. Na verdade, para ajudar a Alice e eu que éramos as mais desastradas por ali e, enquanto ele arrumava as bagagens na mala do carro, apresentou-se um tanto receoso.
xxx: Perdoem-me, senhoritas. Me chamo Heitor, e seus pais me contrataram para ser com motorista de vocês durante o período em que estarão morando e estudando na cidade. Por falar nisso, vocês devem estar exaustas por conta da viagem.
Bia: Não sei se elas estão, mas eu estou morta de vontade de dormir em uma cama! - Disse meiga e sorrio fraco.
Observei com o canto do olho que as meninas concordavam comigo, então, entramos no carro e Heitor dirigiu até nossa casa, a casa onde todas nós costumávamos passar as férias ou o fim de ano com nossas famílias, e em menos de meia hora o veículo adentrava em uma grande e linda residência. Pegamos nossas coisas e cada uma foi para seu devido quarto.
Como já se passavam das duas da manhã, apenas deixei tudo o que era meu em um canto qualquer de meu quarto, me joguei na cama e finalmente pude dormir tranquilamente.
No dia seguinte
Acordo com o som estridente de meu celular e xinguei- me mentalmente por ter me esquecido de desligar o alarme. Por sorte, ainda não havia mudado o fuso horário de meu telefone, mas ao ver a hora no relógio ao lado de minha cama quase infante ao ver que os ponteiros marcavam quase duas e quarenta da tarde. Levantei-me e fui para o banheiro fazer minha higiene e tomar um banho, não tão demorado. Terminei o banho e vesti um short jeans de cintura alta, um cropped preto com a estampa do Batman e um vans preto, fiz um rabo de cavalo meio frouxo em meu cabelo e sai do quarto, descendo até a área da sala e da cozinha e vendo as meninas jogadas no sofá assistindo séries na Netflix. Me joguei em cima da Luíza e da Alice e sorri inocentemente para elas.
Bia: Bom dia meus amores! - Disse sorrindo
Luíza: Bom dia? Você quis dizer "Boa tarde", né, linda? - disse rindo junto com as outras
Bia: Tanto faz gente! - me juntei à elas na risada e logo elas me desejaram um "boa tarde" também.
Gabriela: Gente, as aulas começam em dois dias. Amanhã é domingo e nenhuma loja abre por muito tempo, e nós temos que comprar nosso material escolar. - Disse depois de diversos assuntos aleatórios
Eduarda: Eita porra! Já tinha até me esquecido disso...
Bia: Ok, então vamos no shopping comprar tudo o que precisamos.
Alice: Nem fudendo! Toda vez que eu vou ao shopping com você tu inventa de entrar em um bilhão de lojas diferentes!
Bia: Tudo bem, eu prometo tentar, ao máximo possível, não entrar em nenhuma loja que não seja para comprar nosso material... - Revirei os olhos e as meninas concordaram.
Cada uma foi em seu quarto pegar algo. Eu peguei minha bolsa, que sempre tinha um livro, meus fones e meu celular e voltei para a sala. Pedi para que Heitor levasse até o shopping e assim ele fez, agradeci a ele e o mesmo voltou para casa. Passamos praticamente o restante do dia no shopping fazendo compras e eu acabei sendo tentada a entrar em uma livraria e comprar alguns livros, porém foi só isso. Já havíamos terminado de comprar nosso material e decidimos ir ao Mc Donald's comer algo. Pedimos nossos lanches, escolhemos uma mesa e, enquanto comíamos, conversávamos e ríamos de coisas e assuntos diversos. Quinze minutos depois, Heitor já estava no estacionamento nos esperando. Estávamos na metade do caminho quando me lembrei que minha sacola com meus livros novos haviam ficado na mesa.
Bia: Ai meu Deus! Heitor, leva essas coisas para mim por favor? Eu esqueci uma sacola na mesa e vou voltar para buscá-la!
Luíza: Porra, tinha que ser você hein, Bia... -disse rindo de meu desespero
Heitor apenas sorriu fraco e pegou as sacolas de minha mão, mostrei meu dedo do meio para a Lu e, literalmente, corri até a mesa onde estávamos. Por sorte, eles ainda estavam ali.
Porém, eu não esperava que todos eles, e eu, caíssem, feito fruta podre, no chão após sentir outro corpo chocar-se contra o meu. Levantei-me irritada depois de, rapidamente, recolher todos os meus livros e notar que o ser que me derrubara estava rindo. Ao ver que eu havia levantado, o garoto, branco como um fantasma, cabelos, olhos e roupas extremamente pretas, apenas olhou para baixo (Autora: bem baixinha você hein... / Bia: baixinha nada, ele que era um poste).
xxx: Tente olhar para frente, para os lados e para cima, enquanto você anda, Baixinha.
Nesse momento a única coisa que eu quero fazer é quebrar a cara desse garoto e desfazer esse sorriso debochado de seu rosto, mas não arrumaria barraco no meio da praça de alimentação do shopping, então, peguei meus livros, respirei fundo, sorri cinicamente enquanto mandava um dedo do meio para ele e voltei a seguir meu caminho até o estacionamento e, depois, voltamos para casa. Que ótima forma de recomeçar a vida em um novo país....
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.