História Between Two Worlds - Destino Estúpido

POV MIA ON.

Acordei durante a madrugada sem sequer olhar no relógio para ver que horas eram. Decidi ir beber um pouco d’água, já que minha garganta estava seca, indo dessa forma em direção a minúscula cozinha-sala que ali tinha, porem maior que meu antigo quarto de onde antes morava. Já havia deixado minha roupa do colégio pronta, então não tinha muito o que fazer, a não ser apenas me trocar mais tarde antes de ir a destino ao mesmo.

Apesar das aulas começarem as 08:30 AM, sairia de casa um pouco antes das 7:00 AM, já que o colégio ficava localizado longe de minha moradia. Havia ganhado do mesmo um passe de estudante em relação ao transporte, assim recebendo desconto em transportes públicos até que concluísse o cadastro para o ônibus do próprio colégio vir me buscar.

Levantei-me da cadeira em que estava vegetando decidindo aproveitar o momento de sobra que ainda tinha para enviar um e-mail para meu pai. Procurei por todo o “apartamento” um sinal de meu notebook, porem infelizmente nada encontrei. Fiquei triste a inicio, mas logo lembrei-me de meu celular e assim o peguei de cima da cama que antes estava. Ao desbloquear a tela do celular logo vi que no relógio marcava 5:25 AM, e isso em minha concepção já era tarde, então apressei-me para mandar logo algum sinal de vida para papai, que deveria estar preocupado com meu sumiço desde do dia anterior. Loguei rapidamente em meu e-mail e não demorei muito para ver que havia uma mensagem ainda não lida por mim do colégio Kwang.

“Caríssima senhorita Berlanda,

Mandamos este e-mail para que a senhorita fique ciente de que deverá estar em nosso patrimônio escolar mais cedo do que o habitual, de preferência as 6:00 AM, isso para que um representante possa guiá-la por nosso colégio afim de lhe apresentar nossas respectivas instalações em seu primeiro dia de aula.

Atenciosamente, colégio Kwang.”

Arregalei os olhos ao acabar de ler aquilo, tacando meu celular de volta a cama corri para o banheiro a fim de arrumar-me imediatamente. Troquei-me e fiz minha higiene matinal às presas, não demorando muito para assim me dirigir para fora do apartamento.

Já fora dele me deparei com as escadas que me separavam da rua, ficando dessa forma cansada só de pensar no trabalho e tempo que levaria para descer tudo aquilo, e foi só dar um passo em direção as escadas que logo sou surpreendida por Hyun-joong que saia de seu apartamento em frente ao meu.

– Olá - dou um breve aceno andando as pressas em direção às escadas, porem logo sendo impedida pelo mesmo que se põem em minha frente. – Olha é um prazer revê-lo, mas eu realmente não posso ficar para conversar, eu estou quase praticamente atrasada para o colégio! - explico tentando novamente continuar meu caminho de antes, porem novamente sendo impedida pelo mesmo que se põem mais uma vez em minha frente.

– Qual é o seu colégio? - indaga de um jeito calmo que quase praticamente desacelerou o meu ritmo de antes.

– Kwang. O nome do colégio que vou estudar é Kwang... Por que a pergunta?

– Ah, sei onde fica - sua face mudava para um semblante indecifrável enquanto coloca a mão no queixo pensativo ignorando completamente minha pergunta de antes.  – Sabe, meu pai me pega aqui sempre para me levar pro colégio e como o seu colégio é praticamente o mesmo caminho que o meu eu estava pensando em te dar uma carona, posso?

– Então, papai me disse para não confiar em estranhos e eu quase não te conheço...

– Hey! Eu não sou nenhum estranho! - ri cobrindo a boca com sua mão – Varias pessoas me conhecem, é só perguntar meu nome por ai que você vai ver. Não sou ruim, vamos!

Ele me pega devagar pelo pulso e em uma forma carinhosa me puxa escada abaixo. Estava considerando a idéia de ir com ele, já que praticamente estava quase atrasada, e caso o mesmo tentasse algo que não gostasse era só aplicar o golpe de luta nele bastante conhecido pelas garotas, e que meu pai me ensinou quando pequena, que logo logo resolveria o problema.

Descíamos as escadas em um ritmo não tão acelerado porem não tão lento, até que para quebrar o silencio incomodante de antes decido perguntar:

– Não moram muitas pessoas aqui, né?!

– Na verdade sim - desvia rapidamente seu olhar da trajetória de antes para minha face, mas não demorando muito para desviar novamente seu olhar para frente. – A maioria são adultos desempregados, então não saem muito de suas casas e os jovens que existem aqui passam a noite se drogando - olha para mim diretamente, porem agora não desviando o olhar em seguida.  – Bom é melhor parar por aqui mesmo, pois acho que estou assustando a garotinha - ri com a cara que estava enquanto continuava a me puxar em direção a saída dali.

Um pouco chocada com a dura e triste realidade dos moradores de tal prédio, acabei tropeçando em um degrau sem perceber, e dessa forma quase caindo escada a baixo, porem antes que meu tombo se realizasse Hyun-joong acabara me segurando enquanto puxava-me contra si, esbanjando logo em seguida um belo sorriso em sua face com aquilo. O agradeci com o olhar devolvendo um sorriso ao mesmo. Sabia que daqui pra frente deveria parar de ser tão distraída e sim mais focada no que estava fazendo, pois desta vez não tinha Alyssa e nem meu pai para ajudar-me a lidar com o meu jeito atrapalhado de ser.

Após descermos todos os lances de escada, Hyun-joong solta meu braço delicadamente.

– Desculpa se te machuquei de alguma forma, não foi minha intenção - virou-se para mim enquanto abria à porta que dava passagem a rua do bairro de onde morávamos. – Meu pai pode parecer assustador, mas é um cara legal, bom, às vezes...

– Tudo bem - sorrio.

Saímos do prédio logo nos deparando com apenas três carros estacionados naquela rua, os dois primeiros estavam sem ninguém dentro, eram carros simples sem muito valor, que combinavam perfeitamente com aquele bairro, porem o terceiro já era o contrario dos dois primeiros. O terceiro carro era um Corolla 2017, cujo era o carro dos meus sonhos porem longe dos sonhos das minhas economias.

Estranhei um carro tão bonito e potente como aquele estar por esses bairros. Fascinada me aproximei do mesmo com certa admiração.

– Gostou? – aceno a cabeça em sim e o vejo rir ao ver o estado que me encontrava – Isso é ótimo, pois é nele que hoje você ira andar - conclui fazendo-me abrir mais ainda a boca, que já se formava em um perfeito ó.

– Esse carro realmente é seu? - confirma balançando a cabeça em um sim – Uau! Eu sempre quis um desse.

Continuei a encarar aquela obra de arte fixamente e com os olhos e boca bem abertos o ouvi rir enquanto se aproximando de mim.

– Esta esperando o que para entrar?

Nunca fui uma garota interesseira que ligava somente para os bens materiais, pelo contrario, odiava pessoas assim, e mesmo que meu pai inúmeras vezes dizia para não confiar em estranhos, aquele carro era minha perdição e eu de alguma forma precisava entrar nele. 

Abri a porta e entrei sem hesitar, logo vendo Hyun-joong entrar em seguida. Olhei em tudo admirando cada detalhe que ali dentro possuía, e não demorando para notar que alem dos lindo detalhes de tal obra prima, dentro do mesmo possuía um homem mais velho, que até aquele momento olhava para mim com um semblante confuso. Mesmo sabendo que aquele homem era pai de Hyun-joong, de certa forma acabei me sentindo desconfortável e envergonhada com tal situação.

– Oi! L-licença, me desculpa entrar assim. Eu sou a nova moradora do prédio e seu filho disse que iria me dar carona até meu novo colégio já que estou quase atrasada. Não que...

– Tudo bem! Não precisa ser tão formal e ficar nesse estado - solta uma pequena risada. – Coloque os cintos, aqui parece calmo, mas aonde vamos é bem movimentado.

Ao escutar aquilo não disse nada, apenas sorrio e faço o que foi mandando.

Não acreditava tão fácil nas pessoas, mas como Hyun-joong foi à única pessoa do prédio a falar comigo quando cheguei e agora com a ajuda dele não me atrasaria para o colégio, acabei concluindo que ele não era alguém ruim e então decidi dar um voto de confiança a ele.

O mesmo se encontrava sentado no banco da carona ao lado de seu pai. O carro já estava em movimento e ao chegar logo na primeira esquina, enfim pude entender o que seu pai quis dizer com o “movimentado”. Havia diversos carros e pessoas naquela esquina, a rua estava bem movimentada mesmo, era como se saíssemos de uma rua quase praticamente abandonada para uma rua totalmente com um nível social elevado ao do nosso bairro.

Os carros que passavam eram de um alto custo, e eu realmente não estava a fim de me lembrar que nunca teria algum como aqueles que meus olhos avistavam. Eu abaixei a cabeça, enquanto olhava minhas unhas para disfarçar um pouco o desapontamento, mas parece que Hyun-joong percebeu.

– Algum problema, Mia? - ele virou não só a cabeça, mas o corpo para mim, ficando torto em seu assento.

Eu via preocupação em seu rosto, e isso me deixou um pouco confortada. Levantei a cabeça a fim de me explicar.

– Não! Está tudo bem. Apenas com saudade de meu pai - menti, sorrindo. – Ainda não tive como falar com ele hoje.

 – Não se preocupe, se ele te ama, vai te entender - virou-se para seu pai. – Ele vai entender todas as suas escolhas.

 Eu não entendi o do porque disso, mas vi seu pai o olhar com repreensão, então concluí que deveria ser alguma briga familiar ou algo do tipo. Quando ele voltou a olhar para mim, eu apenas sorri amarelo e redirecionei meu olhar para a janela.

“Eu deveria enfrentar, não é? Eu veria muitos carros assim em minha vida, e quem sabe daqui a alguns anos eu não teria um, com muito esforço?”

 Apenas fui apreciando cada carro que passava, olhando seus detalhes que o velho e barato carro de meu pai jamais teria. Às vezes eu agradecia por ser inteligente, pois quem sabe estudado no melhor colégio da Coréia do Sul não conseguiria um bom emprego e teria a vida que sempre quis.

O carro em que estávamos se movimentava devagar, isso por estar em uma rua muito movimentada e realmente não dava para acelerar nenhum pouco a mais. De repente, uma baixa música começa a tocar no carro, fazendo meu olhar se direciona imediatamente para o rádio do mesmo, onde vejo Hyun-joong acabando de guardar uma capa vazia de um CD no compartimento que ficava a frente de sua cadeira. Pela batida, às vozes e o áudio, parecia alguma banda de rock antiga, e esse gosto deveria ser compartilhado pela família, já que seu pai batucava o volante no ritmo da mesma. Logo o carro parou em um semáforo no qual demoraria 20 segundos para abrir. Olhei as horas em meu velho relógio de pulso, que já marcava 5:43 AM, e conclui que esperar tais míseros 20 segundos seria uma eternidade para mim, sendo que naquele momento estava com muita pressa. Em minha cabeça só se passava uma coisa: “Eu chegaria atrasada!”, porem por sorte, Hyun-joong me acalmara:

– Não se preocupe, papai sabe um caminho que não tem muito movimento, então vamos por ele depois que o sinal abrir - o vejo olhando para mim e sorrindo pelo retrovisor, me fazendo dessa forma fazer um joinha com a mão esquerda enquanto sorria.

Ao ver aquilo deu uma curta risada sem som, e voltou a olhar para o retrovisor. O sinal abriu, e dei graças a Deus quando o carro começou a andar. Assim que seu pai avistou uma esquina, virou na mesma, dando assim visão a uma rua sem vida, sem carros chiques e sem casas exuberantes. Parei para refletir sobre como o capitalismo era injusto, e que para aquelas pessoas as chances de terem uma vida como as da rua anterior era quase impossível.

O carro andava mais rápido, juntamente com os ponteiros do meu relógio. Depois de algum tempo, já havíamos virado umas seis esquinas, mas o silêncio que tomava conta do carro – a não ser pela música – ainda permanecia lá. Resolvi puxar assunto de algum modo, pois já estava começando a ficar envergonhada.

– Hmm, Hyun... – o chamo e o vejo virar-se para mim. – Por que está morando naquele prédio? - seu rosto tomou um ar triste e ao mesmo tempo sarcástico, mas logo sorriu torto e voltou a olhar para frente.

 – Sabe, Mia, nós não comandados quase nada em nossas vidas. Às vezes temos que sacrificar algumas coisas para conseguirmos outras, entende? E foi justamente isso que me levou até lá... - percebi que sua voz exalava tristeza, mas ao mesmo tempo firmeza,  já não sabia ao certo o que ele queria dizer com aquilo.

– Desculpa se toquei em assunto delicado, eu realmente não queria que isso acontecesse... – respondi em baixo tom.

Sentia-me um pouco culpada pelo clima que ficou por ali, porem nada ele disse, então para cortar o clima um tanto quanto pesado que havia se instalado dentro daquele carro, decidi mudar de assunto.

– Como o senhor se chama? - pergunto para o mais velho dali e não demorou muito para obter ter a resposta.

– Lim Cho Hee. – responde sem nenhuma expressão em seu rosto, me fazendo calar na hora ao ver que aquele era um mau momento para qualquer tipo de assunto e perguntas.

O silêncio tomou posse novamente daquele carro, desta vez mais sério, pois Hyun havia tirado o CD do rádio, porem esse silêncio não durou muito, já que o carro parou após uns dois minutos em uma esquina, aonde olhando da janela ao meu lado, parecia movimentada.

– Agora é só seguir reto nessa rua, garotinha - sorri Hyun-joong. – Boa aula e não se perca!

– O-obrigada - estava prestes a sair do carro quando Hyun me puxou devagar, me entregando um papel.

– Aí está meu número, ligue-me se precisar de ajuda para voltar.

Sorrio com aquilo agradecendo mais uma vez a carona e me retirando de vez do carro. Assim que o mesmo voltou a andar, eu acenei brevemente e me virei indo em direção a outra rua. Comecei a correr pelas ruas dali sem saber a onde exatamente estava, a única coisa que tinha certeza era que o colégio ficava por ali, a onde? Ai já não sei...

Diminui meus passos ao chegar em um certo bairro com diversas casas enormes com grande terreno e com mais de um andar, sem contar as marcas dos demais carros dali, que por acaso valiam muito mais do que os carros dos bairros anteriores.

Andava devagar observando toda aquela arquitetura de mais alta qualidade, até me lembrar que deveria estar no colégio as 6:00 AM em ponto, assim fazendo-me voltar a correr novamente, porem ao dar mais um passo sequer dali, acabei sentindo algo me puxar para baixo, e quando pude perceber já estava esborrachada no chão sentindo uma ardência em meu joelho direito. Levantei-me ficando apoiada em meu joelho esquerdo, enquanto olhava o ferimento que acabara de fazer no direito.

De repente ouço um barulho vindo de cima e quando vou ver do que se tratava, sou atingida por alguma coisa que acaba me fazendo voltar ao chão, porem agora caio de lado. Sabia que desde pequena eu não tinha muita sorte, porem não era tanta assim!

Fiquei alguns segundos largada no chão até ver um garoto bonito, que aparentemente mostrava ser da minha faixa etária, vir correndo me ajudar a levantar.

– Oh meu Deus! Me desculpa, eu peço mil desculpas – fala o mesmo em um tom risonho enquanto se curva em sinal de respeito. – Isso não ira acontecer novamente.

O olho um pouco envergonhada pela minha situação, porem ao mesmo tempo um pouco irritada com tamanha falta de sorte, até que meu semblante muda completamente ao ver que o mesmo estava trajando o uniforme masculino do colégio Kwang.

– Lim Changkyun - leio em baixa voz o nome escrito em seu crachá de seu blazer enquanto o vejo me encarar fixamente sorrindo.