História Between Two Worlds - Encontros inesperados

POV MIA ON.

Depois de minha apresentação logo tratei de ir-me sentar em qualquer lugar que estivesse vazio e disponível naquela sala, porém ao avistar tal lugar, acabei percebendo que o único lugar vazio e disponível era à frente de Changkyun, que ficava localizado na ultima fileira, sendo a da janela e a penúltima carteira dali. Derrotada e sem nenhuma outra opção, apenas suspirei com aquilo e me pus a caminhar até a mesma enquanto o via sorrir. Nem um pouco longe dali, via-se Hyuk ao meu lado e Sehun a minha frente, parecendo até que tudo aquilo foi combinado. 

Com minha bunda finalmente na cadeira, a aula seguiu normalmente, sem nenhuma interrupção a não ser pelo professor vir a chamar de vez em quando a atenção de Sehun e Changkyun, sendo Sehun por não parar de conversar com uma garota ao seu lado e Changkyun por ter quase toda a sua atenção voltada para o que acontecia lá fora.

2 horas e 30 minutos depois.

Finalmente as três primeiras aulas do dia haviam acabado. Com o professor se despedindo de nós alunos, todos começaram a sair organizadamente para fora dali. Já estava na hora do “almoço”, a onde era concebido para todos os alunos um intervalo com duração de meia hora, para comermos, descansarmos e fazermos nossas necessidades básicas, isso antes de voltarmos para as três ultimas aulas restantes. 

Estava a levantar de minha carteira até ser surpreendia por Hyuk, que do nada apareceu em minha frente me fazendo um convite inesperado junto de Sehun e Changkyun.

 – A senhorita não aceitaria comer com a gente? - indagou sorrindo a espera de minha resposta. 

– Acho melhor não, quero dizer, eu não quero incomodá-los...- respondo apressadamente de um jeito atrapalhado. – Vocês não precisam se sentirem obrigados a me convidar só porque eu sou nova aqui...

– E quem disse que a gente só esta a convidando por obrigação? - retrucou Sehun passando seu braço esquerdo envolta de meu pescoço. – Nós estamos a convidado porque a achamos legal, e olha que não é toda garota que achamos isso, principalmente Changkyun - termina sua frase me dando uma piscadela com o olho direito.

– Quem disse que eu a achei legal?! - rebate Changkyun fazendo uma careta de desgosto enquanto retirava o braço de Sehun do meu pescoço e o empurrava de leve para longe de mim. – Eu não pedi para ninguém a chamá-la, foram vocês que quiseram fazer isso.

– Changkyun! - repreende Hyuk que até aquele momento estava quieto. – Ignore ele, pelo menos eu e Sehun queremos lhe fazer companhia, isso se você permitir é claro.

– Infelizmente vou ter que passar esse convite, não quero que os três mosqueteiros se separem só por causa de uma novata que mal conhecem - sorrio pegando meu material já pronta para sair dali e ir em busca de meu armário para guardar tais coisas.

Começo a caminhar para fora da classe calmamente, os deixando para trás quase sem reação, isso até ver, antes de sair completamente da sala, Hyuk e Sehun dando um pequeno tapa na cabeça de Changkyun, que exclamou de dor. E quando estava a poucos metros dali acabei escutando alguém gritar pelo meu nome:

– MIA! - viro-me e vejo Changkyun na porta da sala. 

– O que é agora?

– Eu pensei melhor e vi que é melhor você comer com a gente, já que Hyuk, como presidente do conselho estudantil, ainda tem que lhe apresentar a escola inteira, e como quase sempre estamos juntos, não vai ter jeito de Sehun e eu não estarmos juntos nesse tour com você, sem contar que o almoço seria uma boa escolha para fazer isso tudo de uma vez.

– ...

– Não adianta querer fugir, vai ter que encarar mais essa junto comigo - sorri de lado vendo minha cara de indecisão.

– Vamos logo - digo derrotada vendo Hyuk e Sehun aparecerem ao seu lado sorrindo. – Mas antes vamos ter que achar o meu armário, não posso ficar andando com esses materiais para cima e para baixo.

– Okay! Eu sei a onde fica seu armário, não fica muito longe daqui - ainda sorrindo, Hyuk me arrasta as pressas para o local do armário.

Com Hyuk e eu na frente, escuto logo atrás de nós, Sehun sussurrar algo para Changkyun:

– Pensei que você não a queria conosco.

– Cala boca - retruca Changkyun de uma maneira, que imagino eu, emburrada.

Enquanto caminhávamos pude concluir que realmente aquele colégio era enorme e bonito, e como eu havia dado uma baita de uma sorte por estar estudando ali. Mesmo com Hyuk dizendo,a poucos minutos atrás, que meu armário não ficava longe dali, já estávamos caminhando há um bom tempo.

– Chegamos - sou acordada de meus pensamentos pela a voz do presidente do conselho estudantil.

– Finalmente - escuto Changkyun resmungar ao meu lado.

Estávamos parados em frente a uma fileira de armários azuis, eram entorno de dois armários em uma fileira vertical e doze armários em fileira horizontal.

Abro o cadeado do meu armário usando a combinação que Hyuk me dizia. Parece que todos os cadeados, cujo os armários que não era usados e ocupados por nenhum estudante, tinham a mesma combinação para abri-los, mas caso sejam ocupados por algum novo estudante, tínhamos a alternativa de escolher depois a nossa própria combinação.

Com o armário aberto e com todos os meus materiais postos dentro do mesmo, o fecho e me viro de frente aos três garotos que me observavam segundos antes.

– Então... Vamos?! - os vejo assentirem já começando a andarem.

Alguns minutos depois.

Escuto atentamente cada palavra dita por Hyuk, à forma que ele explicava e informava sobre cada local apresentado por ele, era simplesmente de fácil compreensão e de se decorar, até agora não havia duvida alguma da minha parte.

Estávamos em frente ao refeitório, que já era o ultimo local a ser me apresentado. O refeitório era simplesmente enorme, havia grandes mesas de formato retangulares, espalhado pelo refeitório inteiro, e em um canto se via uma grande cantina estilo serve serve,  a onde também se encontravam  os pratos e talheres. Tudo era muito bem cuidado e preservado, parecia até que era tudo novo e recém chegados em tal lugar.

– Então como pode ver, aqui fica o refeitório - escuto Hyuk falar. – Como a gente ainda tem um tempo livre, da tempo para comermos algo rápido antes do sinal tocar.

– Finalmente esse tour acabou! - reclama como sempre Changkyun acompanhado dessa vez de Sehun.

– Tô morrendo de fome.

E assim os vejo caminharem rapidamente em direção aos pratos e talheres.

Permaneço parada no mesmo lugar, sentia-me um pouco envergonhada em tal lugar, não estava acostumada com todo aquele luxo. Para ser mais exata, tinha medo de cometer alguma garfe logo no primeiro dia e assim ser alvo de piada e pena de todos da escola. Pode parecer bobo e idiota, mas ser alvo de piada e pena não é algo que eu realmente queria que acontecesse em hipótese alguma a essa altura do campeonato, já que se caso ocorresse de acontecer tal coisa, com certeza acabaria vindo em dose dupla, sendo que de todos dali eu era a garota humilde de classe baixa, que só conseguiu aquela bolsa devido à tamanha sorte que resolveu aparecer para ela no momento que menos esperava e precisava.

Com os meus pensamentos a mil, logo escuto Hyuk me chamar:

– Mia?! Você não vem?

– Na verdade eu não estou com muita fome, podem comer vocês três, irei aguardá-los na... - sou impedia de terminar a frase com o ronco escandaloso de minha barriga.

Na verdade estava com muita fome, tanto fome que seria capaz de comer dois pratos com uma montanha de comida em cima dos mesmos.

Sorriu sem graça para os três que seguravam a risada ao escutarem tal som escandaloso vindo de dentro de mim.

– É, com certeza não esta com muita fome - Changkyun diz pausadamente tentando segurar a risada.

– Pode ficar tranquila, você não ira passar vergonha se cometer algum erro - sorri Hyuk de uma maneira reconfortante.

Era como se ele tivesse lido meus pensamentos e por um segundo eu cheguei a acreditar que realmente tivesse feito isso.

– Você está muito tensa e nervosa, por isso eu supus que seria isso. Como disse antes, pode ficar tranquila, qualquer coisa estaremos aqui para ajudá-la seja com o que for, além de que não deixaremos que tirem sarro de você por qualquer errinho bobo - sorri. – Aliás, acho que é bem provável que aqueles dois passarem vergonha do que você - aponta para Sehun e Changkyun, comendo como se não houvesse amanhã, já sentados em uma mesa próxima de nós. – Francamente, e eu pensando que eles já haviam tomado jeito - o vejo suspirar. – Vamos?! Pois se depender daqueles dois, daqui a pouca não haverá mais comida.

Sigo o mesmo com a cabeça baixa, estava envergonhada por ter me deixado abalar por uma coisinha de nada, mas foi graças a isso que finalmente pude perceber que já havia feito dois amigos e meio, bom, isso devido ainda não saber ao certo se Changkyun poderia ser considerado um amigo, já que  o mesmo não parecer ir muito com a minha cara.

1 hora depois.

A manhã estava passando em quase perfeita harmonia, até estava estranhando aquilo. Já estávamos na penúltima aula do dia, era educação física, onde nós garotas estávamos no meio de uma partida de bola queimada, enquanto no outro lado da quadra os garotos jogavam basquete.

Não demora muito e escuto o professor apitar informando o termino do jogo. Todas caminhamos cansadas para o vestiário, estávamos suadas e exaustas, mas por um pequeno motivo minha pessoa estava mais do que as outras, já que na maioria das vezes tive que fugir das bolas lançadas contra mim do time adversário. Por algum motivo, algumas garotas do time adversário resolveram me marcar como o “alvo” no jogo, no começo pensei que aquilo fosse normal, já que de fato ajudei algumas vezes meu time a ganhar alguns pontos, por isso vim a imaginar que elas apenas queriam se livrar daqueles que vinham a ajudar o nosso time, porém não demorou muito para ver que algumas garotas do meu próprio time me olhavam estranho, era como se elas me olhassem com um certo desprezo, mas no fim decidi ignorar isso.

Já estava quase perto da porta do vestiário feminino, estava louca para tomar um banho e finalmente me sentar um pouco para me livrar de tal cansaço e da maldita dor do tornozelo que veio a piorar depois da bola queimada. Minha mente estava em outro lugar, não estava de fato prestando atenção para onde ia, isso até quando senti alguém esbarrar em mim com força, me levando assim cair no chão. 

Caída no chão, ao erguer minha cabeça para ver o que aconteceu, acabei vendo um grupinho de garotas passarem por mim rindo, enquanto na frente, aquela que esbarrara ”acidentalmente” em mim, sorrindo. Eram praticamente as mesmas garotas da bola queimada, sentia uma imensa vontade de levantar e perguntar o do porque dela ter feito aquilo, mas como não queria arrumar desavenças logo no primeiro dia, decidi ignorar. Levantei-me com certa dificuldade e continuei meu caminho de antes, torcendo para não dar de cara com as mesmas garotas ao entrar no vestiário.

 7 minutos depois.

Com o banho tomado e já vestida, sai apressadamente para sala, pois não demoraria muito para a próxima aula, vulgo também a ultima, começar. Caminhava em passos largos até de repente parar bruscamente ao escutar algumas vozes. 

“Eram elas”, não precisei nem me aproximar o bastante para identificá-las, as mesmas estava paradas no meio do corredor, pareciam não estarem nem um pouco preocupadas com a aula que ocorreria daqui alguns instantes.

– Não é possível, aquela garota só pode ser alguma parente dele para ele a carregá-la daquele jeito pelos corredores - fala uma das garotas. – Sem contar que os três não deixariam qualquer uma almoçar com eles.

A mesma tinha cabelos curtos e parecia ser a menor de todas as cincos que estavam presentes ali.

– Não seja burra Haneul! É claro que ela não é parente coisa alguma do Changkyun, se fosse ela teria o mesmo sobrenome dele ou pelo menos teria informado isso na sua apresentação, sem contar que ela nem sul-coreana é e sim é estrangeira de sei lá a onde - revira os olhos a maior do grupo sendo apoiada pelas demais.

– Changkyun é uma pessoa bondosa apesar do seu jeito de ser e agir, ela com certeza deve ter se aproveitado do momento e o fazendo, quase que o obrigando, a fazer isso ao fingir estar com dor, coisa que com certeza ela não deveria estar - conclui a que aparentava ser a líder do grupinho.

– Mas Ji-Woo, pelo o pouco que eu vi de manhã cedo o tornozelo dela parecia bem inchado...

– Soo-min, você esta no lado de quem? Nosso ou daquela vigarista?

– É claro que no lado de vocês - responde imediatamente a garota.

– Então cala a boca, pois não parece isso - Ji-Woo a lança um olhar de desprezo. – Garotas o importante é de que agora em diante temos que ficar em alerta com aquela Mia, já que com certeza ela parece ser aquelas mulheres de baixo nível que só quer fisgar um homem rico. Fiquei sabendo que ela é bolsista - sorri dizendo aquilo sem se importar com a verdadeira história.

Cansada de ouvir toda aquela baboseira, decidi fazer o meu caminho de antes, mas ao fazer aquilo sabia que teria que passar por elas, e como já estava nervosa, a ponto de querer fazer aquela Ji-Woo engolir cada insulto que fez sobre mim, passei pela mesma me segurando para não fazer algo de ruim que fosse me prejudicar, porém assim que passei por ela, acabei escutando em um pequeno sussurro algo que realmente não esperava ouvir a aquele ponto:

– Vaca.

Estava pronta para virar e tirar satisfações com aquela garota, mas acabei sendo impedida, bem no ultimo instante, pelo o professor que nos chamavam para sala. Decidi acatar a ordem do mais velho que com certeza havia captado que ali não aconteceria boa coisa caso continuasse do jeito que estava, por isso acabou nos lançando um olhar nada bom ao passarmos pelo mesmo.

– Esse colégio não é lugar para briguinhas das madames, portanto se comportem - diz em baixo tom de voz para que só nós duas o escutasse.

Caminhei de cabeça abaixada para minha carteira, não queria que nada daquilo tivesse acontecido em meu primeiro dia de aula. A última coisa que eu queria era arranjar confusão com os outros, receber advertência do professor e da diretora, mas não podia simplesmente admitir que me tratassem como alguém de baixo nível que esta a procura de alguém rico só porque sou uma bolsista.

Passei praticamente todo o restante da aula alheia de todos os tipos de olhares ou conversas, quase nem prestava atenção na aula, naquele momento só conseguia pensar em como gostaria de fazer aquela garota engolir cada palavra que disse sobre mim naquela maldita conversa. 

O tempo foi passando e quando finalmente sai do meu mundinho particular, já era o final da aula. O professor já nos desejava um ótimo dia enquanto recolhia seus materiais e saia da sala de aula junto a alguns alunos. Decidi fazer o mesmo e logo tratei de arrumar todo o meu material para finalmente ir embora daquele colégio.

Foi um dia cansativo e doloroso, meu tornozelo ainda doía e decidir participar da bola queimada não tinha sido uma boa idéia, já que só piorou a situação inicial do mesmo. Ao terminar de arrumar meus materiais no armário, peguei só necessário para voltar para a casa e logo pus a ir em direção a saída.

– Senhorita Yang - sinto alguém pegar pelo meu braço, me fazendo assim parar. – Pode me ceder alguns pequenos minutos do seu tempo?

Era o professor Kwon Sung da aula de antes, ele me olhava de forma preocupada. Sem protestar decidi ceder alguns minutos do meu tempo e escutar o que ele tinha a falar.

– Sei que você é nova aqui e de fato não conhece muito as regras dessa escola, também escutei o que a senhorita Lee a chamou antes de chamá-las para sala. Só estou aqui na verdade para aconselhá-la a não ir na onda dela, já que nenhuma coisa boa ira sair dessa história, você nesses momentos tem que pensar em primeiro lugar na sua bolsa, que pode ser retirada da senhorita caso venha a se envolver em alguma confusão, pois a senhora Kim não admite acontecimentos como esses, principalmente envolvendo algum aluno bolsista. Como você pode ver, são muito poucos os alunos com bolsas nesse colégio, e só por você ter sido um desses alunos sortudos, você tem que andar mais na linha do que os outros. Espero realmente que não venha a perder uma aluna como a senhorita, pois logo vi que é uma boa aluna que faz o seu melhor para não ficar para atrás, portanto tente não se envolver em coisas comprometedoras que venha a levá-la a cair nos ouvidos da direto Kim.

– Tá bom, eu irei seguir o conselho do senhor. Obrigado por me avisar antes que algo de ruim acontecesse comigo e com a minha bolsa, realmente muito obrigado senhor Kwon.

Dessa forma nos despedimos e continuei o meu caminho de antes. Já não havia quase ninguém nos corredores, na verdade só tinha eu mais dois alunos em tal lugar, o resto com certeza já havia ido embora.

Durante meu caminho para fora do colégio fiquei repassando tudo o que o senhor Kwon havia dito para mim minutos antes. Ele não parecia ser um homem ruim, pelo ao contrario, parecia ser um homem bom e também um bom professor.

– Mia! - escuto uma voz conhecida chamar por mim me fazendo assim acordar de meus pensamentos.

– Changkyun... O que você esta fazendo aqui? Ainda não foi embora por quê?

– Nossa assim até parece que você não gostou de me ver - diz fingindo magoa.

– E não gostei - suspiro mentindo.

Changkyun poderia ser um completa idiota, mas era um idiota que me divertiu um pouco durante o meu tempo com ele, sem contar que foi graças a ele que vim a conhecer Hyuk e Sehun que me trataram tão bem.

– Você estava viajando na ultima aula ou apenas estava nos ignorando? - indaga me deixando confusa. – Hyuk e Sehun lhe chamaram várias vezes durante a aula, até levaram uma advertência do professor por isso, porém você nem sequer os olhou.

– O qu-... Eu realmente não me lembro disso, nem sequer escutei eles me chamarem...

– Como havia pensado, só estava presa no seu mundinho particular como sempre - suspira cansado. – Bom, pelo menos não estava nos ignorando.

– Você ainda não me disse o que esta fazendo aqui - sorrio de lado mudando o rumo da conversa e esperando por uma resposta.

– Estava te esperando, não esta claro?! 

– Por quê? Por que estava esperando por mim? Era só para perguntar isso?

– Não, não era só para perguntar isso, eu prometi a Hyuk e para o mala do Sehun que iria acompanhá-la até sua casa, já que estava com o tornozelo machucado , coisa que foi minha culpa.

– Não precisa.

– O que? - indaga surpreso.

– Não precisa fazer isso, posso muito bem voltar pra casa sem a sua ajuda - viro-me e começo a caminhar escutando o mesmo me chamar logo atrás.

– Hey! Não me ignore! - pega-me pela segunda vez do dia como um simples saco de batata.

– Me coloca no chão agora! - exclamo entre dentes já o vendo a caminhar. – Você nem sabe a onde eu moro.

– A onde você mora? - pergunta sem se importar com as minhas ordens anteriores.

– Não te interessa.

– Para uma garota novata você tem uma linguinha bem afiada heim - continua a caminhar atraindo os olhares das demais pessoas que ali passavam para nós. – A onde você mora?

– Eu moro muito longe daqui, já disse que não precisa me acompanhar - respondo derrotada.

– Pelo menos me deixa acompanhá-la até metade do caminho, só para assim aqueles dois não ficarem falando no meu ouvido que nem para isso eu sou útil - fala me colocando no chão.

– Okay. Deixo você me acompanhar até o ponto de ônibus.

– Ônibus? 

– Você pensou mesmo que igual a vocês eu tinha um motorista para me levar até em casa ou que tinha dinheiro para um táxi? - suspiro o vendo sorrir sem graça. – Então, vamos?

– Vamos - responde começando a me seguir.

Caminhávamos em silêncio, bom, pelo menos pela minha parte, já que em segundos em segundos o escutava suspirar como se quisesse dizer algo. Continuamos assim até finalmente me cansar daquilo e perguntar o que tanto queria falar:

– O que foi?

– Você não quer que eu te carregue?  - indaga na maior naturalidade.

– O que?! Claro que não! Porque eu iria querer algo assim?

– Você esta mancando mais do que o normal, percebi isso depois da educação física. Você realmente não deveria ter aceitado jogar bola queimada sabendo do seu estado.

– Meu tornozelo nem estava tão ruim assim naquela hora...

– Até aquela hora podia não estar, mas a partir daí começou a estar. Vamos, deve estar doendo, eu posso lhe ceder o meu lado bom e carregá-la até o ponto de ônibus - diz com uma cara convencida, como se realmente fosse uma pessoa generosa que gosta de tirar alguns minutos do seu grandioso e precioso tempo para ajudar os necessitados.

 – Não, obrigado - respondo recebendo logo em seguida uma cara incrédula sua.

– Vamos, anda logo. Aproveite essa oportunidade de ouro antes que eu mude de idéia - insistiu.

– Já disse que não.

– Você prefere que eu te carregue nas costas ou quer que te carregue feito um saco de batata? - questiona de forma desafiadora levantando levemente sua sobrancelha direita.

– Se eu fizer isso você me deixa em paz e para com esses suspiros? 

– Sim - sorri se pondo na minha frente para que eu subisse em sua costa.

– É melhor que você cumpra com isso - digo cansada e pulo em sua costa me ajeitando logo na mesma.

Changkyun de fato acabou cumprindo tal coisa, em momento algum voltou a suspirar ou a me importunar, sem contar que graças a isso meu tornozelo quase nem doía tanto como antes.

Continuamos com a nossa trajetória com eu o guiando para onde deveríamos ir, já estávamos próximos ao ponto de ônibus mais próximo do colégio que Hyuk havia me informado horas antes, mas antes de chegarmos em tal local, acabou vendo Changkyun parar bruscamente enquanto olhava fixamente para um carro que estava parado um pouco a frente de nós.

– O que foi? - pergunto vendo logo em seguida Hyun-joong sair do carro que Changkyun olhava.

– Pensei em lhe dar uma carona para casa Mia, mas vejo que já está acompanhada - fala o mesmo olhando fixamente para Changkyun.

Os dois travavam uma batalha de olhares, era como se eles estivessem em uma disputa de quem conseguia manter mais o olhar, e parecia que nenhum dos dois estavam dispostos a perder tal disputa.

– Vamos, deixa que eu a levo para casa Changkyun - calmamente se aproxima de nós e logo recebe uma cara nada boa do outro.

– Changkyun?!... Você o conhece? - indago um tanto quanto curiosa.