História Between Two Worlds - Conflitos do passado

No capítulo anterior...

– A senhorita não aceitaria comer com a gente? - indagou sorrindo a espera de minha resposta. 

– Acho melhor não, quero dizer, eu não quero incomodá-los...- respondo apressadamente de um jeito atrapalhado. – Vocês não precisam se sentirem obrigados a me convidar só porque eu sou nova aqui...

– E quem disse que a gente só esta a convidando por obrigação? - retrucou Sehun passando seu braço esquerdo envolta de meu pescoço. – Nós estamos a convidado porque a achamos legal, e olha que não é toda garota que achamos isso, principalmente Changkyun - termina sua frase me dando uma piscadela com o olho direito.

– Quem disse que eu a achei legal?! - rebate Changkyun fazendo uma careta de desgosto enquanto retirava o braço de Sehun do meu pescoço e o empurrava de leve para longe de mim. – Eu não pedi para ninguém a chamá-la, foram vocês que quiseram fazer isso.

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– MIA! - viro-me e vejo Changkyun na porta da sala. 

– O que é agora?

– Eu pensei melhor e vi que é melhor você comer com a gente, já que Hyuk, como presidente do conselho estudantil, ainda tem que lhe apresentar a escola inteira, e como quase sempre estamos juntos, não vai ter jeito de Sehun e eu não estarmos juntos nesse tour com você, sem contar que o almoço seria uma boa escolha para fazer isso tudo de uma vez.

– ...

– Não adianta querer fugir, vai ter que encarar mais essa junto comigo - sorri de lado vendo minha cara de indecisão.

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– Finalmente esse tour acabou! - reclama como sempre Changkyun acompanhado dessa vez de Sehun.

– Tô morrendo de fome.

E assim os vejo caminharem rapidamente em direção aos pratos e talheres.

Permaneço parada no mesmo lugar, sentia-me um pouco envergonhada em tal lugar, não estava acostumada com todo aquele luxo. Para ser mais exata, tinha medo de cometer alguma garfe logo no primeiro dia e assim ser alvo de piada e pena de todos da escola. Pode parecer bobo e idiota, mas ser alvo de piada e pena não é algo que eu realmente queria que acontecesse em hipótese alguma a essa altura do campeonato, já que se caso ocorresse de acontecer tal coisa, com certeza acabaria vindo em dose dupla, sendo que de todos dali eu era a garota humilde de classe baixa, que só conseguiu aquela bolsa devido à tamanha sorte que resolveu aparecer para ela no momento que menos esperava e precisava.

Com os meus pensamentos a mil, logo escuto Hyuk me chamar:

– Mia?! Você não vem?

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Por algum motivo, algumas garotas do time adversário resolveram me marcar como o “alvo” no jogo, no começo pensei que aquilo fosse normal, já que de fato ajudei algumas vezes meu time a ganhar alguns pontos, por isso vim a imaginar que elas apenas queriam se livrar daqueles que vinham a ajudar o nosso time, porém não demorou muito para ver que algumas garotas do meu próprio time me olhavam estranho, era como se elas me olhassem com um certo desprezo, mas no fim decidi ignorar isso.

Já estava quase perto da porta do vestiário feminino, estava louca para tomar um banho e finalmente me sentar um pouco para me livrar de tal cansaço e da maldita dor do tornozelo que veio a piorar depois da bola queimada. Minha mente estava em outro lugar, não estava de fato prestando atenção para onde ia, isso até quando senti alguém esbarrar em mim com força, me levando assim cair no chão. 

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– Não é possível, aquela garota só pode ser alguma parente dele para ele a carregá-la daquele jeito pelos corredores - fala uma das garotas. – Sem contar que os três não deixariam qualquer uma almoçar com eles.

A mesma tinha cabelos curtos e parecia ser a menor de todas as cincos que estavam presentes ali.

– Não seja burra Haneul! É claro que ela não é parente coisa alguma do Changkyun, se fosse ela teria o mesmo sobrenome dele ou pelo menos teria informado isso na sua apresentação, sem contar que ela nem sul-coreana é e sim é estrangeira de sei lá a onde - revira os olhos a maior do grupo sendo apoiada pelas demais.

– Changkyun é uma pessoa bondosa apesar do seu jeito de ser e agir, ela com certeza deve ter se aproveitado do momento e o fazendo, quase que o obrigando, a fazer isso ao fingir estar com dor, coisa que com certeza ela não deveria estar - conclui a que aparentava ser a líder do grupinho.

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– Sei que você é nova aqui e de fato não conhece muito as regras dessa escola, também escutei o que a senhorita Lee a chamou antes de chamá-las para sala. Só estou aqui na verdade para aconselhá-la a não ir na onda dela, já que nenhuma coisa boa ira sair dessa história, você nesses momentos tem que pensar em primeiro lugar na sua bolsa, que pode ser retirada da senhorita caso venha a se envolver em alguma confusão, pois a senhora Kim não admite acontecimentos como esses, principalmente envolvendo algum aluno bolsista. Como você pode ver, são muito poucos os alunos com bolsas nesse colégio, e só por você ter sido um desses alunos sortudos, você tem que andar mais na linha do que os outros. Espero realmente que não venha a perder uma aluna como a senhorita, pois logo vi que é uma boa aluna que faz o seu melhor para não ficar para atrás, portanto tente não se envolver em coisas comprometedoras que venha a levá-la a cair nos ouvidos da diretora Kim.

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– Por quê? Por que estava esperando por mim? Era só pra perguntar isso?

– Não, não era só para perguntar isso, eu prometi a Hyuk e para o mala do Sehun que iria acompanhá-la até sua casa, já que estava com o tornozelo machucado , coisa que foi minha culpa.

– Não precisa.

– O que? - indaga surpreso.

– Não precisa fazer isso, posso muito bem voltar pra casa sem a sua ajuda - viro-me e começo a caminhar escutando o mesmo me chamar logo atrás.

– Hey! Não me ignore! - pega-me pela segunda vez do dia como um simples saco de batata.

– Me coloca no chão agora! - exclamo entre dentes já o vendo a caminhar. – Você nem sabe a onde eu moro.

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Continuamos com a nossa trajetória com eu o guiando para onde deveríamos ir, já estávamos próximos ao ponto de ônibus mais próximo do colégio que Hyuk havia me informado horas antes, mas antes de chegarmos em tal local, acabou vendo Changkyun parar bruscamente enquanto olhava fixamente para um carro que estava parado um pouco a frente de nós.

– O que foi? - pergunto vendo logo em seguida Hyun-joong sair do carro que Changkyun olhava.

– Pensei em lhe dar uma carona para casa Mia, mas vejo que já está acompanhada - fala o mesmo olhando fixamente para Changkyun.

Os dois travavam uma batalha de olhares, era como se eles estivessem em uma disputa de quem conseguia manter mais o olhar, e parecia que nenhum dos dois estavam dispostos a perder tal disputa.

– Vamos, deixa que eu a levo para casa Changkyun - calmamente se aproxima de nós e logo recebe uma cara nada boa do outro.

– Changkyun?!... Você o conhece? - indago um tanto quanto curiosa.

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Atualmente...

– Infelizmente sim – respondeu o moreno olhando o outro com certo desprezo. – Ela não precisa que você a leve pra casa, já me comprometi com isso, pode voltar sozinho.

– Para de marra Changkyung, ela esta com o tornozelo machucado e você nem esta com o seu motorista, vai carrega-la nas costas até a sua casa? Sabe ao menos a onde ela mora? – perguntou em tom zombeteiro.

– Sim – respondeu curto e grosso.

Olhei pra ele incrédula, o mesmo estava mentindo na cara dura. É logico que não me carregaria nas costas até onde moro, era muito longe e praticamente impossível, muito menos sabia a onde morava.

– Sim? – o olhou descrente. – Você só pode estar de brincadeira.

– E por que estaria de brincadeira?

– Porque Mia mora no mesmo lugar que eu – sorri se divertindo com a expressão incrédula que Changkyun fizera.

– Ótimo, eu chamo meu motorista e esperamos ele aqui até o mesmo chegar, portanto pode ir vazando.

– Sério isso? Você re...

– Já chega! – exclamo curta e grossa. – Nenhum dos dois irão me levar pra casa, eu mesma posso ir sozinha de ônibus! Aliás, qual é o problema de vocês? Pra que tanto caso pra decidirem quem ira levar minha pessoa pra casa ou não? – pergunto descendo da costa de Changkyun com certa dificuldade. – Quer saber, deixa pra lá! Muito obrigado Changkyun por me ajudar hoje de manhã e por acompanhar até metade do caminho, e muito obrigado Hyun-joong pela carona de mais cedo e pela carona oferecida, agora já vou indo.

Começo a caminhar para ao ponto de ônibus, mas não antes de ver a cara de surpresa deles. Estava farta de tudo aquilo, pareciam até duas crianças que odeiam perder, se não tivesse feito algo antes aquilo provavelmente se estenderia por um longo tempo.

– MIAAAA! – escuto os dois me chamarem em uníssono como se aquilo fosse combinado.

Finjo não escutar. Se parasse naquele momento e virasse-me provavelmente eles voltariam a discutirem por algo bobo, então decidi não me arriscar, sem contar que  o ponto de ônibus estava pertinho, mais cem passos e chegaria nele.

Continue caminhando em passos apressados e largos, mesmo com a dor no tornozelo não iria parar por nada. Hoje havia sido um dia cansativo, muito diferente do que havia imaginado do que seria. Esse dia tinha que ter sido um momento de glória e não... Isso!

Meu nível de frustação estava no alto, me negava a acreditar que aquilo tudo havia acontecido, parecia até que o mundo estava conspirando contra mim. Tudo bem que eu não era lá uma pessoa sortuda e sim azarada, mas esse nível de azaração era algo anormal, ultrapassava todas as leis das físicas.

– Hey! – sinto uma mão me puxando pra trás me fazendo acordar dos meus pensamentos mais profundos. – Você é sempre assim?

Changhyun estava a minha frente com uma cara nada boa, parecia cansado e nervoso. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, pensava ter o deixado pra trás faz tempo, imaginando até que ele já havia ido em embora, mas não, o mesmo estava bem na minha frente esperando por uma resposta e logo atrás dele Hyun-joong.

– Assim como?

– Teimosa e imprudente – respondeu.

– Imprudente?

– Ahh, então não nega a teimosia? – arqueia a sobrancelha.

– Olha Changkyun eu vou perder o ônibus se você continuar a me segurar, então... – tirei delicadamente sua mão de meu pulso, e pus-me a voltar a caminhar.

– Mia – dessa vez não foi o moreno irritadiço e sim Hyun-joong – você não pode voltar assim pra casa de ônibus, olha só esse seu tornozelo, talvez você nem consiga pegar um banco. Vamos, deixe de lado um pouco o seu orgulho e deixa eu te levar pra casa de carro, por favor.

– Não – disse calmamente.

Ah qual é?! Primeiro era chamado de teimosa e imprudente por um e agora orgulhosa por outro?! A gente mal havia acabado de se conhecer e eles já estavam apontando defeitos que eu não tinha! Tudo bem que eu poderia ser um pouquinho teimosa, só um pouquinho, mas imprudente e orgulhosa? Não, definitivamente aquilo havia sido a gota d’água.

– Quer saber... Hyun-joong vai abrir a porta do carro porque ela vai nessa merda querendo ou não! – escuto a poucos metros de mim a voz do meu querido odiado colega de classe.

Com aquela ordem, já até imaginava o que estava por vir, por isso por impulso pus a correr dali com certa dificuldade. Com certeza a maneira que ele iria me fazer ir de carro seria da forma mais vergonhosa o possível, ou seja, novamente me carregaria como um mero saco de batata até o carro. Aquilo já havia se tornando frequente só por hoje, então de certa forma já sabia como o moreno pensava e fazia quando não consegue algo que queria comigo.

Corria com certo desespero, não iria passar vergonha aqui na rua com tanta gente olhando, já me bastava o acontecimento da escola. De certa a forma a cena de minha pessoa correndo mancando desesperada enquanto um garoto bonitão e boa pinta corria atrás de mim, era um cena um tanto peculiar, atraindo a atenção de todos a nossa volta, já que não era muito normal se ter tal visão no nosso dia-a-dia. Sem contar que o povo me olhava como se eu fosse à culpada da história, como se eu houvesse roubado a carteira do pobre menino rico e agora estava a fugir dele com o seu dinheiro.

Já estava cansada, havia passado do ponto de ônibus, que não me interessava muito já que nem havia chegado. Tentava recuperar o folego a cada segundo que passava, o que tornava as coisas mais difíceis pra mim, sendo que a cada segundo que fica mais sem ar a minha velocidade reduzia, fazendo assim sentir a dor latejante e pulsante do meu tornozelo, que também não ajudava em nada em minha situação.

Quando pensava finalmente ter despistado Changkyun, sou pega de surpresa pelo mesmo, que aparece bem na minha frente de repente.

“Tá de sacanagem comigo! Esse garoto por acaso pode se teletransportar?”

Mal da tempo de me virar e voltar a correr, o moreno acaba sendo mais rápido e me pega colocando sobre os seus ombros como se fosse um saco de batata. Derrotada, apenas decidi deixa-lo continuar com aquilo, já que não adiantaria nada espernear e gritar, ele nunca me colocaria no chão até que essa fosse a sua vontade.

 As pessoas passaram a nos encarar indiscretamente mais ainda, não faziam questão nenhuma de disfarçar ainda mais de fofocar sobre a gente. Já morta de vergonha, volto a fazer o que fizera na primeira vez, jogo todo meu cabelo pra frente de meu rosto pra evitar de ver tudo aquilo. Mais pra frente acabo escutando uma voz infantil:

– Olha omma! É a Samara do chamado! – aponta pra mim com certa animação.

– Quem você tá chamando de Samara?! – indago irritada tirando um pouco do meu cabelo da minha cara, assustando assim o garoto.

Escuto Changkyun rir enquanto alegava que eu não devia ter um juízo normal. Quando finalmente chegamos ao carro, o mesmo acaba me jogando com brutalidade no banco de trás e fechando a porta antes que eu saísse pela mesma.

– Você poderia ter sido um pouco mais delicado com ela Changkyun – repreende Hyun-joong olhando para o garoto pelo retrovisor.

– Cala boca e vamos logo.

– Devo lembrar que eu falei que iria levar apenas a Mia e não você junto – sorri de lado esperando pela ida do outro.

– Se você acha que eu vou sair desse carro e deixar vocês dois juntos sozinhos esta muito enganado, diferente de você eu cumpro minhas promessas e se eu prometi a aqueles dois idiotas que iria acompanhar ela até a sua casa eu irei.

– Eu cumpro minhas promessas, sem contar que você esta agindo como uma criança que...

– Os dois calados ou os expulsarei do meu carro e levarei apenas a garota! – ralhou o mais velho dali com uma cara nada boa.

Quase havia esquecido da presença do senhor Lim ali, ele se manterá tão na dele até aquela momento que se o mesmo não tivesse se pronunciasse eu nem lembraria de sua existência dentro daquele carro, já que as trocas de farpas entre os dois menores acabavam me fazendo focar toda a minha atenção aos mesmos.

Com a bronca dada não ouviu mais nenhum pio vindo da parte dos dois, e com isso senhor Lim finalmente pode ligar o seu carro e dirigir em paz até o seu destino, é claro que vez ou outra acabava vendo uma troca de olhares raivosos entre Changkyun e Hyun-joong, mas não passava disso, já que os dois pareciam ter respeito pelo mais velho que minuto atrás acabara os ameaçando de deixá-los pra trás caso ouvisse mais um pio.

Não me pronunciei durante o percurso inteiro, apesar de estando irritada e frustrada com aquilo tudo eu também tinha respeito pelo senhor Lim, não queria ser motivo de uma nova discussão entre os dois garotos novamente, sem contar que vai que ele se estressava e me expulsava do carro, por isso dado a minha situação decidi me manter calada para evitar mais problemas.

Quando finalmente chegamos, me despedi do senhor Lim e Changkyun, mesmo não querendo muito com o ultimo. Entrei no velho prédio e subi as malditas escadas enquanto era acompanhada de Hyun-joong.

– Ainda esta irritada conosco? – indagou o garoto ao meu lado

– O que você acha?! – respondi seca.

– Acho que você deveria se acostumar, pois todas às vezes que nós dois nos encontrarmos vai ser mais ou menos isso.

– Como assim? – franzo o cenho.

– Eu e Changkyun não nos damos bem devido algumas circunstancias faz um bom tempo, mas isso é história pra outra hora.

– Então vocês se conhecem faz tempo...

– Mia – chamou minha atenção parando de repente de subi as escadas. – Tenha cuidado com ele, coisas boas não costumam acontecer quando estão ao seu lado – com isso voltou a subir as escadas me deixando pra trás.

– Mas o que foi isso? – sussurro confusa comigo mesma.

Começo novamente subir as escadas a fim de chegar logo em meu apartamento. Minha cabeça estava a mil, se não bastasse toda a confusão logo de manhã ainda tive que passar por outra logo à tarde, ainda mais envolvendo a mesma pessoa. Quando finalmente cheguei ao meu andar, apenas me dirigi à porta do meu apartamento e abri só querendo relaxar pelo resto do dia.

– Ahhh! Eu realmente estava precisando disso! – suspiro me jogando na cama. – Mas o que diabos ele quis dizer pra eu tomar cuidado com Changkyun? – indago comigo mesma ainda confusa. – Que seja! Eu não vou mais pensar nisso... – concluo finalmente já caindo no sono.