História Between you and me - Dia de agito

Depois que Caroline me ajudou, nós voltamos para o quarto. Ela tinha passado um longo tempo ao meu lado, sem me perguntar nada e sem mais brigas. Era tudo que eu precisava, de alguém que não me fizesse questionamentos. Falar não ia ser o melhor agora. Eu sabia que quando voltássemos para o quarto ia ser como se nada tivesse acontecido. Mas mesmo assim, gostei de saber que a velha Caroline ainda estava ali, apesar de tudo. Foi como eu previa, quando passamos pela porta do dormitório, tudo ficou no mais absoluto silêncio. Mas Bonnie estava lá, o que fez com que eu me sentisse melhor.

Bonnie: Seu humor está melhor?

Elena: Como assim, melhor?

Bonnie: Na aula você estava muito calada, e quando tocou vi que estava nervosa e copiava sem parar, como para se acalmar. Eu iria te esperar, mas pensei que gostaria de ficar sozinha. E o professor? Ficou lá por muito tempo? Ele tinha ficado na sala quando saímos.

Elena: Eu estou legal. Só estava estressada, mas agora me sinto bem. É, o professor saiu logo da sala. Ele só pegou as coisas e foi embora.

Pela primeira vez, não me senti tão mal ao mentir. Quem sabe assim eu não me convenceria de que estava tudo bem. Que Damon não tinha me dado um fora e que eu estava ótima. Eu olhei ligeiramente para onde Caroline estava, ela era a única que sabia como eu realmente me sentia. Ela não expressou nenhuma emoção no rosto. Estava séria.

Bonnie: Acho que é melhor irmos dormir agora! Amanhã o dia já vai começar cheio. São duas aulas de contas seguidas.

Eu não me aguentei e acabei explodindo.

Elena: O quê? Mas que droga! Não há necessidade de termos aula de matemática a semana inteira.

Bonnie: Ultimamente você até parecia que estava gostando de cálculos. Fazia todos os exercícios sem reclamar e não faltava uma aula. O que aconteceu?

Elena: Aconteceu que a matemática está me irritando! Eu odeio cálculos! Boa noite Bonnie, até amanhã.

Bonnie: Boa noite!

Apaguei meu abajur e me virei para o lado. Assim que fechei meus olhos, o sono veio e eu dormi rápido.

(...)

Já era de manhã. Eu já tinha acordado a algum tempo e me levantado. Saí do quarto e fui para o refeitório. Coloquei no prato um pedaço de bolo de cenoura e levei para comer, na mesa. Antes de vir pra cá, tinha passado na sala, para ver qual seria a ordem das aulas. Para o meu desgosto, matemática seria a primeira, seguida de... matemática, de novo e só então ciências e história. Hoje eu não iria ficar pra assistir essas aulas, por nada nesse mundo. Olhei ao meu redor e avistei Jeremy, sentado em uma mesa. Me levantei para ir até lá e quando me aproximei vi que ele não estava sozinho. Anna, a garota daquele dia na festa estava com ele.

Anna: Você tem que falar pra ela o que está sentindo. Se não algum garoto pode chegar primeiro e...

Jeremy ao perceber que eu me aproximava, fez um sinal para que ela parasse de falar. Eu cumprimentei os dois e me sentei na mesa, nós conversamos por um tempo e Anna disse que tinha que resolver umas coisas, me deixando sozinha com Jeremy.

Elena: E então, o que vocês falavam que eu não podia saber?

Jeremy: Nós não estávamos falando de nada Elena! Só que você quer saber de tudo.

Elena: O que posso fazer? Você é meu irmão caçula, gosto de pegar no seu pé irmãozinho.

Jeremy: Engraçadinha!

Elena: E então a quanto tempo você conhece essa Anna?

Jeremy: Porque você não diz logo o que quer falar? Sei que não foi com a cara de Anna!

Elena: Não é isso! É que à primeira vista eu a achei... diferente! Naquele dia na festa, ela estava bebendo e você estava por perto. Sabe como é...

Jeremy: Sei que Anna parece estranha, mas ela é uma ótima pessoa! As aparências enganam Elena! E eu já sou bem grandinho pra saber me cuidar.

Elena: Está bem, se você está dizendo que ela é legal, eu confio em você! Mas agora me fala, pra quem você vai falar o que está sentindo?

Meu rosto ficou pensativo, eu tentava deduzir de quem eles estavam falando.

Jeremy: Ah, irmãzinha. Na hora certa você vai saber! Agora eu tenho que ir, sei como você sabe ser insistente!

Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele saiu do refeitório. Espera! Anna aconselhava Jeremy a se declarar, então... será que é de Bonnie que eles conversavam? Falando nela.

Bonnie: Elena, hoje você acordou cedo! Já me arrumei para a aula, que começa exatamente... daqui a uns cinco minutos.

Elena: O quê?! Mas já?

Olhei a hora no celular, que estava no bolso da minha calça. A manhã realmente passa muito rápido.

Elena: Então, hoje eu não vou!

Bonnie: Como assim? Você vai se encontrar com alguém de novo?

Elena: Não. Dessa vez, só não estou com vontade de ir! Ainda vou ter muitos dias no ano pra recompensar essas faltas.

Bonnie se despediu de mim e foi para a sala. Eu fui para o jardim e olhei para o muro. Se era pra faltar, ia fazer alguma coisa que eu gosto. Já me preparava para subir, quando escutei alguém chamar meu nome.

?? Elena?

Olhei para trás, já me preparando para algum tipo de repreensão. Mas por sorte era Stefan.

Elena: Stefan, o que está fazendo aqui agora? A aula já começou!

Stefan: Eu já estava indo. Esqueci de ligar o despertador e me atrasei. Agora sou eu que te pergunto, o que você está aprontando?

Ele levantou a sobrancelha, olhando para o muro detrás de mim.

Elena: Eu não estava com vontade de assistir aula de matemática hoje, então pensei em ir fazer alguma coisa. Em algum lugar divertido!

Stefan: Hum, entendi!

Uma ideia passou na minha cabeça agora. Stefan está aqui, na minha frente, então talvez fosse uma boa ideia chamá-lo para ir comigo. Ou talvez não, ele é muito estudioso e pode não querer perder aula. Decidi arriscar mesmo correndo o risco de ele dizer que não.

Elena: Se você quiser ir comigo! Podemos ir fazer alguma coisa...

Stefan: E perder a aula de matemática? Logo a do meu irmão, o que com certeza vai deixá-lo irritado?

Já me preparava para virar de costas e ir sozinha, quando ele completou.

Stefan: Estou dentro!

Me virei em sua direção, surpresa. Podia imaginar qualquer coisa, menos isso.

Elena: Então vamos!

Stefan me ajudou a pular o muro e veio depois. Nós fomos para o estacionamento, tomando cuidado para ninguém nos ver e ele ligou seu carro. Nós entramos e rapidamente já estávamos longe dos muros do campus.

Stefan: Alguma ideia de um lugar para irmos?

Elena: Não pensei em nenhum lugar! Estava tão ansiosa em sair dali, que esqueci o principal, para onde iria.

Stefan: Um plano de fuga engraçado. E se nós formos para um pub?

Meu olhar para ele era animado e questionador.

Elena: Em um pub com bebidas alcoólicas? Quem é você e o que fez com Stefan?!

Stefan: Eu também tenho um lado divertido Elena!

Elena: Vou gostar de ver esse seu outro lado.

Ele dirigiu e quando parou, nós entramos em um pub. O ambiente é agradável. Haviam alguns balcões de madeira e pequenas mesas na parte de trás, a luz era pouca, só o suficiente para sabermos para onde estávamos indo e haviam muitas pessoas. Uma cantora cantava no palco e as pessoas escutavam alegres. Stefan e eu fomos para uma mesa e veio um garçom nos atender.

Stefan: Pra mim uma vodca com energético! E você Elena, vai querer o quê?

Elena: A mesma coisa, por favor!

O garçom saiu, enquanto nós ficamos esperando as bebidas.

Elena: Vodca com energético? No final de tudo, nós dois não vamos nem saber nossos nomes.

Stefan: Essa é intenção! Já fizemos uma rebeldia fugindo do instituto, vamos completar o dia com outras!

Elena: Têm toda razão! Pelo menos por hoje! E então Stefan, você estuda na universidade por muito tempo? Você disse que estava a algum tempo, mas a quanto tempo exatamente?

Stefan: Fazem alguns anos! Desde sempre, na verdade. Damon, meio que me obrigou a entrar nesse internato. Ele é um mala!

Elena: Dessa vez eu vou ter que concordar. Seu irmão é um chato, bem diferente de você!

Stefan: Isso é verdade, não temos nada em comum! E você, faz quanto tempo que estuda lá no campus?

Elena: Pouco! Jeremy e eu viemos mais por causa de nossa tia. Ela é jovem demais para cuidar de dois adolescentes, então nós resolvemos aliviar para o lado dela.

Stefan: Eu admiro o esforço de vocês, mas tenho certeza que sua tia não pensa assim. É realmente horrível se sentir um peso.

Sua expressão mudou imediatamente. O que Stefan não estava me contando?

Elena: Sabe que pode confiar em mim, não sabe? Nós somos amigos Stefan, então se quiser contar o que está sentindo, estou aqui...

Stefan: Sei que posso te contar qualquer coisa, eu confio em você! Desde que minha mãe morreu, meu pai tem ficado distante de nós. E Damon como o irmão mais velho, ficou com a responsabilidade sobre mim em suas costas. Por isso ele não gosta de mim.

Fiquei surpresa ao saber por Stefan que sua mãe havia falecido. Eu entendia como ele estava se sentindo, melhor do que ninguém. Sozinho. Era tão mais fácil conversar com ele. Diferente de Damon, ele confiava em mim e sabia que podia me contar o que fosse.

Elena: Ei, eu sei como é difícil. E sei que seu irmão é complicado de lidar e um completo imbecil com você e com todos a sua volta, mas ele te ama. E isso eu falo com certeza. Jeremy também parece sempre distante, mas no fundo é tudo uma máscara.

Stefan: Você me entende muito bem Elena! Até parece que sabe exatamente como eu estou me sentindo. Por isso eu gosto de você... E por muitas outras coisas mais!

Elena: Eu também gosto muito de você Stefan! É como um irmão pra mim!

O grande sorriso que estava no seu rosto foi desaparecendo pouco a pouco. Eu não entendi essa mudança de humor. Talvez ele estivesse lembrando de alguma coisa relacionada ao irmão que o deixava triste. Nossas bebidas chegaram e Stefan virou o copo dele de uma vez.

Elena: Pelo visto você está com sede! Mas vai com calma, que a gente vai voltar de carro para o campus.

Stefan: Meu limite é alto! E você, não vai beber?

Elena: Vou sim! Agora mesmo!

Tomei minha bebida devagar. Desceu rasgando pela minha garganta, mas eu não me importei e virei o resto, fazendo uma careta.

Stefan: Pelo visto, o seu limite é baixo!

Elena: O quê?! Mas é claro que não, você ia se surpreender se visse o quanto eu consigo beber!

Stefan: Eu duvido! Com esse rostinho, você não tem cara de que aguenta muito mais!

Elena: Isso é um desafio?!

O olhei competitivamente e Stefan retribuiu o olhar.

Stefan: Sim, é um desafio!

Chamei pelo garçom e pedi duas tequilas.

Elena: Aposto que você que não aguenta muito!

Stefan: Ah é? E como chegou a essa conclusão senhorita?

Elena: Bom, você passa metade do dia estudando e a outra metade pensando no que vai estudar depois!

Stefan: Não gosto só de estudar! Também curto futebol americano e gosto de cozinhar vez ou outra, apesar de não saber!

Stefan e eu rimos.

Elena: Eu realmente preciso te ensinar como se cozinha. O que acha de aprender a fazer uma deliciosa lasanha?

Stefan: Eu seria eternamente grato!

Nossas bebidas chegaram. Empurrei uma em direção a Stefan e ele bebeu de uma vez só. Mais rápido do que ele, eu virei a minha em um gole.

Stefan: Se queria surpreender, conseguiu!

Elena: Isso não é nada!

Chamei o garçom e sinalizei para ele trazer mais duas. De copo em copo, eu já me sentia um pouco tonta. Bebi tanto, que nem sentia mais o gosto da tequila. Minha garganta já estava acostumada e não ardia mais.

Elena: Isso está muito bom!

Stefan: Elena, você bebeu demais! É melhor irmos agora ou então eu também não vou conseguir dirigir.

Elena: Ah, não! Ainda está cedo. Eu ainda nem bebi a outra que já estava vindo!

Eu ainda estava meio consciente, mas minha cabeça começava a rodar.

Stefan: Mais outra? Juntando tudo que você bebeu, dão duas garrafas inteiras!

Elena: Não, por favor! Só mais um pouquinho e nós vamos!

Stefan: Nem mais um pouquinho! Se você não vier eu vou te carregar no colo!

Elena: Quero ver tentar!

Saí correndo de perto dele. Stefan deixou o dinheiro da conta na mesa e veio atrás de mim. Ele me alcançou mais rápido do que eu pretendia e me subiu nos braços.

Elena: Me solta, Stefan! Isso não tem graça!

Stefan: Quando eu não conseguia te pegar tinha, né?!

Nós ríamos como dois imbecis. Fomos para o carro e com um tempo dirigindo pelas ruas da cidade, nós chegamos novamente na universidade. Stefan guardou seu carro e nós fomos para a frente do portão do internato. Ele parou na minha frente e falou, olhando no fundo dos meus olhos.

Stefan: Lembra quando você disse que gostava de mim, como um irmão?!

Elena: Claro! Como eu poderia esquecer?

Stefan: Eu também gosto de você Elena! E não é como um irmão!

Elena: Então você quer dizer que só gosta de mim como amigo?

Stefan: Também não é dessa forma! Eu gosto de você ainda mais... como um homem gosta de uma mulher!

Stefan ficou próximo a mim, juntando nossos corpos. Uma de suas mãos foi para o meu rosto e ele passou seu polegar pela minha bochecha, delicadamente. Enquanto isso sua outra mão foi para meu cabelo, a passando entre meus fios. Eu estava completamente paralisada, não sabia o que fazer, como agir ou o que sentir. Sua boca ficou entreaberta e ele a aproximou da minha. Nossos narizes encostavam um no outro e a distância entre nós era quase invisível, quando alguém chegou interrompendo. Eu soltei a respiração, que nem percebi que tinha prendido, até agora.

Damon: O que diabos está acontecendo aqui?!