"Eu não me importo com o que você pensa contanto que seja sobre mim. O melhor de nós pode encontrar a felicidade no sofrimento." Fall Out Boy / I Don't Care.
Confusão, desespero, incredulidade, medo. Esses eram algumas das emoções que passavam pelo cérebro de Lily ao ponto de deixa-la muda em frente à Megan, que estava sentada à sua frente.
Lily estaria ficando louca?
Ela possuía absoluta certeza de que ouvia e via Megan pela escola.
O que diabos estaria acontecendo com ela?
Lily passou as mãos suadas e trêmulas pelo seu rosto e cabelo. Ela surtaria à qualquer momento.
Então algo passara por sua mente, trazendo a sua lucidez repentinamente de volta.
Lily olhou para Megan.
— De onde você conhece Logan Lerman? — perguntou e Nash a olhou surpreso.
— O que o Logan tem à ver? — perguntou o garoto.
Mas ambas as garotas se encaravam, o ignorando.
Megan também estava surpresa com a pergunta. Até que se recompôs e dera de ombros.
— Da Page Academy — disse. — Eu conheço muitas pessoas.
Ela estava escondendo algo. Lily tinha certeza.
— É ele, não é? — perguntou — É ele quem está me seguindo.
Megan desviou o seu olhar para o próprio colo e ao encarar Lily novamente havia um sorriso malicioso em seus lábios rosados. A loira se inclinou para frente.
— Existe várias pessoas além de mim que querem ver a sua derrota, Lily — disse — Eu nunca fui a única.
Nunca fui a única.
Lily abriu a sua boca surpresa. Várias pessoas.
— Quem? — Lily perguntou, mas Megan nada disse enquanto reencostava-se devolta no encosto da cadeira.
A porta fora aberta e Swift entrara no cômodo.
— O tempo de visita acabou — disse a loira.
— Não! — Lily disse desesperada ainda olhando para Megan — Quem são essa pessoas? Me diga!
Megan deixou o segurança conduzi-la em direção à saída.
— Me diz quem são! — implorara.
A garota riu anasaladamente.
— Na hora certa você descobrirá — disse-lhe, e antes de sair ela olhara para Lily por sob o ombro — Ah, eu já ia me esquecendo. Mande um beijo para o Shawn por mim.
E então se fora.
...
As portas automáticas da clínica abriram-se, e Lily saíra em disparada até o carro de Nash.
Um turbilhão de pensamentos passavam por sua cabeça. Pessoas queriam vê-la derrotada, pessoas.
Não era somente uma, mais alguém estava do lado de Megan, desde o início de tudo.
Poderia ser as amigas de Megan, poderia ser pessoas aleatórias, poderia ser qualquer um.
Lily estava à um passo da loucura, se já não estava.
Ela levou a mão ao bolso de sua calça, Lily tinha que contar isso à Shawn, ele era a sua calmaria, sempre fora. Mas então ela se lembrara dele e Lauren juntos e sua raiva se tornara mais forte do que qualquer coisa existente, até do medo.
— Ei — Nash a tocara nos ombros — Não ligue para o que a Megan disse. Ela só falou aquilo para te deixar paranoica.
Lily balançou a cabeça.
— E se alguém realmente a estiver ajudando?
Nash bufou.
— Ninguém gosta dela, Lily — disse inconformado — Ninguém ajudaria aquela louca.
— Ela tinha amigas.
— Somente pelo status — Nash disse o óbvio. — Depois ninguém quis saber dela.
— Não sei...
Nash a tocou no rosto, fazendo-a olha-lo nos olhos.
— Você veio se certificar que a Megan está realmente presa nesta clínica — disse — E ela está. Agora esqueça a Megan e tudo que envolva ela. Está na hora de seguir em frente Lily.
A garota assentiu e Nash se afastou, logo abrindo a porta de seu carro para que Lily entrasse.
— Obrigado. — a garota disse e sentou-se contra o banco do passageiro.
Nash fechou a porta e contornara a frente do carro, Lily o observava enquanto ele entrava no automóvel e o ligava.
O caminho de volta para a casa da garota foi silencioso. Uma música desconhecida por ambos tocava baixo no rádio para diminuir a tensão, mas Lily não conseguia tirar as palavras de Megan de sua cabeça.
Megan nunca blefava. Havia algo de errado, algo oculto que não se encaixava naquela história.
Nash estacionou o carro em frente à casa de Lily e desligara o motor.
— Está entregue. — ele disse.
Lily o olhou.
— Obrigado novamente — agradeceu-lhe — Você foi o único que acreditou em mim.
— Somos amigos, não? — disse com a sombrancelha erguida — Amigos fazem isso um pelo o outro — sorriu — Vão visitar psicopatas em clínicas, invadem residências, fazem históricas festas de Halloween em Beverly Hills.
Lily riu, uma risada verdadeira.
— Obrigado por ser tão incrível — ela repetiu tacando a mão do rapaz.
Nash olhou para a mão da garota, o clima tornando-se tenso. Lily retirou a mão no mesmo momento.
— Nos vemos amanhã na escola — ela disse ao se inclinar para dar um beijo no rosto de Nash.
No mesmo segundo Shawn estava saindo de sua casa acompanhado de Lauren, a qual ele fora obrigado a buscar em sua casa a mando de sua mãe, pois ela e Aaliyah agora não se desgrudavam.
— Aquela não é a Lily? — Lauren perguntou enquanto semicerrava os olhos para ter certeza do que estava vendo.
Shawn seguiu o olhar da morena e teve a visão de Lily e Nash dentro do carro dele. Lily beijava o rosto do rapaz.
E então tudo aconteceu rápido demais.
Shawn saiu em disparada sem pensar em o que estava prestes a fazer. Ele abriu a porta do motorista e puxara Nash pela blusa fazendo-o cair contra o asftalto.
— Eu sabia que você ainda gostava dela! — Shawn rosnara.
— Shawn! — Lily saiu do carro, indo em direção ao namorado que estava fora de si.
Nash se levantou e foi para cima de Shawn, que era alguns centímetros maior do que ele.
— Cala a sua maldita boca, Mendes! — Nash dissera ameaçadoramente.
— Eu que vou calar a sua! — Shawn empurrou Nash, que após o desequilíbrio se aproximou de Shawn, logo também empurrando-o.
— Parem com isso! — Lily disse e Shawn finalmente olhou para ela.
— Como você teve coragem de me trair com ele?
Lily arregalou os olhos azuis esverdeados.
— Eu não te traí com ninguém!
— Não minta! — ele gritou, assustando-a — Eu vi!
— Você acha que viu — Nash intrometeu-se.
— Não estou falando com você — Shawn disse sem olha-lo — Quer saber? — ele dera dois passos para trás — Fiquem juntos. Vocês se merecem.
Então o garoto dera-lhes as costas.
— Shawn! — Lily andou em direção ao namorado — Pare de infantilidade e deixe-me te explicar.
Shawn não lhe dera ouvidos, somente pegara Lauren pela mão, a qual assistia a cena embasbacada, e juntos entravam no carro da mãe dele, já que lhe fora ordenado leva-la de volta à residência dos Arendses.
Lily então se lembrara de mais cedo, quando vira o seu namorado com aquela mesma garota.
E por este motivo ela não correra em direção à ele, por este motivo ela deixara o carro sair, e por este motivo ela não correria atrás de ninguém.
Ela estava cansada de tudo.
Lily não sabe por quanto tempo encarou a rua vazia, até que Nash a chamara.
— Lily?
A garota se virou e sem olha-lo caminhou em direção à sua casa.
— Nos vemos na escola, Nash. — disse ainda andando.
Ela entrou na casa, batendo a porta com força bruta.
Ninguém estava em casa. O que era estranho, pois ela jurara que ao chegar, Daniel e Laura diria-lhe o quanto fora imprudente por ter saído sem o segurança.
Sem se importar com este fato, já que não brigariam com ela ao final das contas, Lily subiu até seu quarto e trancou-se nele. Sentou em sua cama e encarou o cômodo.
Nada fazia sentido. Sua família, o perseguidor, Shawn, Megan, nada mais fazia sentido.
A garota somente queria saber em que momento em sua curta vida ela acabara daquele jeito. Louca e completamente sozinha.
...
Nash dirigia por entre as ruas de Beverly Hills. Seus pensamentos estavam voltados à Lily e tudo o que estava acontecendo.
Todas as coisas que Megan falara, e todas as situações em que Lily se encontrava.
Nash ainda gostava de Lily, era óbvio, mas a garota tinha olhos somente e exclusivamente ao Shawn.
Rapha havia terminado com Nash, após encontrar um dos desenhos antigos que o rapaz havia feito de Lily. O que ele poderia fazer? Algumas coisas levam anos para se superar, e ele faria algo para superar um dia. Talvez.
Após estacionar o automóvel em sua garagem, Nash entrou em sua casa e jogou as chaves no sofá enquanto caminhava até a cozinha para beber algo.
A briga com Shawn lhe estressara. Shawn sempre o estressava.
No momento que Nash fechara a geladeira após pegar uma garrafa de cerveja, Hayes, seu irmão entrara no cômodo.
— É com você mesmo que eu quero falar — Nash disse sem rodeios.
Hayes parou de andar e franziu o cenho em confusão.
— Sobre o que?
— Você está perseguindo a Lily novamente?
Hayes bufou.
— Eu já lhe disse que não sigo mais as ordens da pessoa que me contatou — disse — E até então esta pessoa nunca mais pediu os meus serviços. Por que a pergunta?
Nash encostou-se na mesa.
— Alguém voltou a segui-la.
Hayes parecia ainda mais confuso.
— Não sou eu — reforçou — Devem ter contratado outra pessoa. Você se lembra o que eu te disse sobre aquela família. Você deve se afastar.
— A Lily não tem culpa de nada.
Hayes fechou e abriu os olhos azuis.
— Ela não tem culpa, mas estar perto dela é perigoso — disse — Aquela família dela não são quem dizem ser.
— Você deveria me contar tudo.
— Eu também não sei de tudo, Nash — disse — Só o que descobri.
— Como você pode acreditar nessas coisas, sem ao menos conhecê-los?
Hayes colocara as mãos dentro do bolso de sua calça.
— Do mesmo modo que você acredita na Lily. Como sabe que ela também não mente sobre algo? — perguntou, e devido ao silêncio de Nash ele se virou para sair do cômodo — Mantenha-se longe deles. Aquela família é tóxica, somente atrai problemas e até mortes.
E dito isto deste modo, Hayes deixara o seu irmão refém de seus próprios pensamentos.
...
Arrependimento era algo que não se passava no momento pela mente de Lily. Ela não se arrependia de ter visitado Megan, e mesmo que talvez ela tenha saído mais confusa, uma parte de suas perguntas foi respondida:
Megan Sharbino não estava andando livremente por Beverly Hills. Pelo menos ela achava.
Lily olhava a cada cinco segundos para o seu celular, à espera de alguma mensagem de Shawn, mas ele deveria estar muito ocupado com Lauren, sabe-se fazendo o que.
Cansada de se comportar pateticamente a mercê da atenção do garoto, ela decidiu tomar um banho.
A garota pegara a camiseta de Hogwarts de seu namorado, ou sei lá o que que eles eram agora, e se dirigiu até o banheiro.
Lily se despiu e ligara o chuveiro, esperando a água esquentar na temperatura que ela preferia.
Ela então entrou de baixo das gotas que caíam, lavando-a externamente.
Lily sempre lera em livros que o banho também podia lavar a alma cansada das pessoas, mas para ela não estava adiantando em absolutamente nada. Ela sentou no chão, a água caía e junto as suas lágrimas, os soluços misturando-se ao som do chuveiro ligado.
A jovem nem ao menos sabia o porquê de estar chorando. Talvez fosse pela rejeição do namorado, ou o medo de estar misturando a realidade com seus pesadelos, ou o fato de que tudo estava totalmente diferente em sua vida. Lily odiava mudanças e sempre odiaria.
Uma memória forçou em sua mente.
" Laura entrara correndo no quarto da pequena Lily, que dormia, logo a acordando.
— Tia? — perguntou a garotinha sonolenta e confusa.
— Levante-se, querida — dizia alterada — Precisamos fugir.
Antes que Lily pudesse falar algo, Laura a pegara no colo com dificuldade e saiu pelas portas do fundo.
— O que está acontecendo, Laura? Cadê meu pai? — perguntou Lily quando a mulher a colocara no banco de trás do seu carro.
Laura olhou com pena para a garota.
— Alguém mal machucou o seu pai — disse — E se não sairmos daqui agora, nós seremos as próximas".
Às vezes ela só desejava que o tempo voltasse, que ela pudesse voltar naquela noite, e avisar ao seu pai que alguém o mataria em frente à sua própria casa.
Ela o faria ficar dentro de casa, e não sair por nada, o faria permanecer vivo.
E então Lily teria uma família de verdade. Lily não teria se mudado para Beverly Hills e se apaixonado pelo seu vizinho e melhor amigo. Laura não precisaria deixar a sua vida de lado para cuidar da filha de sua irmã que a abandora e sumira, Nash e Shawn não se odiariam, Louis não teria levado um tiro e quase morrido, ela não teria entrado no caminho de Megan Sharbino e quase ser morta do mesmo modo que se pai, baleada por um revólver.
Aquela Liliam Sykes não existiria.
Uma Liliam que estava sentada sob o azulejo do chão frio de seu banheiro, chorando enquanto gotas de água quente caíam encima dela. Uma Liliam que tinha certeza que sua vida não valia mais a pena.
Lily dobrou as suas pernas e abraçou-as, apoiou sua testa contra os joelhos e fechou os olhos, esperando o choro cessar.
Há momentos em que não há ninguém para te salvar, e a sua única salvação é si próprio.
E Lily era a sua salvadora, ela precisava ser a própria heroína de sua história. Precisava ser forte e prosseguir.
Ela se sentia mais forte, ela descobriria o que estava havendo consigo mesma.
Após se recompor, a garota se pôs de pé e se ensaboara, tomou o seu banho e enxugou-se, vestindo suas peças íntimas e a camiseta de Shawn.
Lily se olhou no espelho. Aquela garota que a encarava havia uma feição desanimada, mas em seus olhos haviam determinação.
Ela se afastou do espelho e caminhou para fora do banheiro, a fumaça do banho quente a seguiu, mas de repente, nem ao menos o banho mais quente faria o frio em sua espinha se esvair.
Em frente à sua janela havia alguém de costas observando o pôr do sol quase inexistente ao horizonte.
A pessoa vestia uma calça preta, botas pretas e seu famoso capuz preto.
Enfim ela saberia quem era? Ele se mostraria?
— Quem é você? — Lily não tinha nada o que perder, ela não tinha para onde fugir se o perseguidor a matasse ali mesmo.
A pessoa se moveu, e a cada movimento o coração de Lily disparava ainda mais.
Então ele se virou por completo, frente à frente à ela, e seu rosto não estava coberto como de costume, dando-lhe a perfeita visão de seu rosto, um rosto do qual Lily jamais se esqueceria.
Aqueles olhos verdes, rosto pálido e lábios avermelhados e carnudos.
Lily sempre se lembraria, e ela estava do mesmo jeito de quando a abandonara.
— Mamãe? — forçara a sua voz incrédula sair por suas cordas vocais.
— Olá, Lily.
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