Kim Sun Lee
Terceiro ano... O último ano do colegial, também conhecido como o difusor de destinos, já que é – geralmente – esse ano que temos de tomar nossas decisões para o futuro... Bom, isso é o que pessoas sensatas fazem.
– Kim Sun Lee, levante logo da cama! – exclamou minha mãe pela milésima vez, e eu fiz uma careta.
– Só mais 3 minutos... – resmunguei sonolenta e cobri minha cabeça com o cobertor.
– Eu vou te dar 3 segundos para você levantar dessa cama – ela disse e fechou a porta, me arrancando um singelo riso de paz. – UM, DOIS... – não esperei a mesma terminar, levantei de uma forma absurda e acabei indo de cara ao chão.
– Ótimo... – disse mergulhada em ironia para mim mesma. Belo começo de dia.
[...]
Desci as escadas rapidamente, passando pela cozinha onde minha mãe se encontrava.
– Filha, fiz seu café do jeitinho que você gost-
– Não tenho tempo para tomar café. – eu disse sem prestar atenção na mesma, apenas peguei os meus objetos pessoais espalhados pela casa. Casaco, celular, livros...
– Pois trate de arrumar um tempo para comer algo, você não pode ficar sem comer, sabe bem o porquê! – exclamou em um tom alto, me fazendo reprimir os olhos.
Pensei rápido e peguei o primeiro alimento de fácil consumo naquela cozinha.
– Viu? Saudável sempre! – brinquei com a mesma enquanto lhe mostrava a maçã verde em minhas mãos. – Agora eu tenho que ir.
– Não acha que está esquecendo nada não, Sun Lee? – perguntou minha mãe com um tom esperançoso, esperando que eu me lembrasse de algo...
– Um beijo de boa sorte? – fiz uma careta e sua expressão mudou para decepção, logo me lançando a reluzente chave do carro. – Ah claro, e isso aqui também. – ela riu.
– Até logo, Sun! Tenha um bom dia! – gritou de longe, enquanto acenava. – Solte esses cabelos, garota! Parece até um menino! – revirei os olhos com essa frase tão escutada desde os meus 5 anos.
Forcei um riso e dei partida no carro, com a maçã presa entre meus dentes e a indisposição impregnada no ar.
[...]
Atrasada, como sempre. Não importa o quão cedo eu tente chegar, sempre aparece um imprevisto que me faça ter que aturar os olhares irritados dos professores.
– Olha só, bom dia senhorita Kim. – disse o vice-diretor logo atrás de mim, me fazendo perder todas as esperanças em chegar na sala sem alarde.
– Bom dia senhor Jeong Eun. – fiz a reverencia e ele me fitou sério.
– Posso saber o motivo de atraso? – ele perguntou enquanto caminhava até sua sala, e eu entendi que deveria seguir o mesmo.
– É que... Eu acabei sofrendo um acident-
– Lembrando que você já deu essa desculpa semana passada – interrompeu sem fixar seus olhos em mim. – E que sua avó ficou doente, seu cachorro fugiu e que sua tartaruga foi roubada.
Eu nem tenho tartaruga, que péssima desculpa.. – pensei comigo mesma, fazendo uma careta.
– Essa escola tem regras, senhorita Kim e você deve segui-las, como qualquer outro estudante. – suas palavras e seu tom eram um compilado de seriedade.
– Prometo que isso não ira se repetir... – pedi desculpa para o mesmo e esperei minha punição.
– Como é o primeiro dia de aula depois do recesso de ano novo, irei lhe dar esse desconto – meu interior soltou fogos de artifício. – Mas só dessa vez! – alertou-me e eu sorri em agradecimento.
– Muito obrigada, senhor diretor. – ele segurou um riso e me liberou.
Estava me sentindo leve, bem melhor. Fui até a minha turma – 3B – e minha alegria deu espaço à confusão quando eu percebi que não havia professores na sala. Corri até minha carteira, na última fileira, e me ajeitei.
– Atrasada de novo? – indagou Jungkook risonho, me fazendo revirar os olhos.
– Mas acabou virando rotina, não é? – dessa vez fora o Taehyung que se pronunciou, se sentando por completo na minha carteira.
– Eu queria mesmo é saber o que você faz todas as noites para acordar com esse atraso todo... – Hoseok comentou com seu típico timbre malicioso, e eu revirei os olhos novamente.
– Bom dia para vocês também... – respondi com desdém e eles riram.
Taehyung conversava comigo enquanto os outros garotos falavam sobre coisas aleatórias. Mas fomos interrompidos quando um ser pequeno de cabelo alaranjado adentrou à sala de aula correndo.
– GENTE, GENTE, GENTE! – Jimin exclamava mesmo sem ter oxigênio suficiente nos pulmões.
– Não vai me dizer que a garota que você dormiu descobriu seu número de novo? – perguntei com um riso no rosto e ele fez uma careta.
– Tenho uma novidade! – ele disse ainda sem controlar sua respiração.
– Park Jimin, respira direito antes que seu cérebro desprovido de oxigênio piore. – Hoseok brincou e Jimin aparentava querer dar um soco em todos nós.
– O professor de Filosofia. foi. embora.– ele finalmente disse e eu fiz uma careta triste, pois ele era o meu professor favorito. Mas não era novidade a sua saída, já que o mesmo estava aqui na Coreia apenas para completar seu mestrado.
– Ah nã-
– FINALMENTE UMA NOTÍCIA BOA! – Hoseok exclamou um pouco alto demais, interrompendo minha fala.
– Vocês só falam isso porque ele era muito mais gato e gentil do que vocês – falei sincera e eles me fitaram com raiva. – O que foi, eu estou mentindo?
– Você calada é uma poeta, Sunnie. – disse Jungkook e eu o encarei mortalmente.
– Perdeu a noção do perigo, garotinho? Esqueceu que eu sou ainda sua noona? – fitei o mais novo, que bufava irritado.
– São só seis meses de diferença! Aish! – Jungkook exclamou me arrancando uma risada.
– A professora chegou! – alarmou uma das garotas que sentavam na frente e toda a sala se organizou novamente.
O silêncio repentino proporcionou o barulho do salto agulha maltratando o piso de madeira do corredor, e em poucos minutos, a porta da sala se abriu, dando a perfeita visão do substituto. Não, não era um homem, muito menos um professor americano tão belo quanto o senhor Adam Foster, era uma mulher.
Seus cabelos eram escuros como o buraco mais negro, e transmitiam uma sensação estranha. Sua roupa era afiada: uma saia longa lápis e um blazer combinando.
– É agora que a música de terror começa a tocar? – disse Tae baixinho para apenas eu ouvir, mas eu ignorei o comentário.
– Bom dia alunos, eu me chamo Min Hyuna – ela escreveu habilmente seu nome no quadro negro. – E sou a sua mais nova professora substituta.
– E nós estamos condenados. – Jungkook disse fazendo uma careta. E pela primeira vez em muito tempo, eu tive que concordar com o mais novo.
– Abram suas páginas no capítulo 6 e-
Ela tentou começar sua aula, mas foi interrompida pela porta dos fundos se abrindo, seguido de alguns suspiros e surpresas.
– Parece que alguém veio para superar seus atrasos, Sun Lee... – disse Taehyung cutucando minhas costas, me arrancando um par de olhos revirados e uma respiração mais pesada.
– O que ele está fazendo aqui? – Jungkook perguntou baixinho para Jimin, que ria assim como o mais novo.
– Atrasado no primeiro dia? – a voz da professora Hyuna surgiu com um tom não muito admirável.
– Tive um pequeno contra-tempo, me desculpe. – o garoto disse com um sorriso estranho no rosto.
– Por favor, que isso não se repita, senhor Min Yoongi. – a voz de Hyuna era fria e ríspida, mas o menino só sorriu e se sentou em uma carteira um pouco atrás da minha, d’outro canto da sala.
– E preparem-se para a surpresa... – Jimin disse com um riso divertido e eu não tinha entendido. Eles conheciam o garoto de onde? Observei-o mais atentamente, e uma ideia veio em mente...
Seu nome, seu cabelo escuro já familiar, a expressão de indiferença na cara da professora ao vê-lo...
– Ah não – eu arregalei os olhos e me virei para trás, fitando os outros meninos – Ele é o filho da professora?
[...]
– Eu já falei que não vou te dar o meu lanche, Hoseok! – repeti a mesma frase de quase 8 anos.
– Oh, mas eu estou em frase de crescimento! – defendeu-se.
– Só se for o crescimento dessa cabeça, né? Parece um cavalo. – disse Tae e o mesmo lhe jogou uma fruta qualquer – AISH! TÁ MALUCO?
– Por você? – Hoseok fez uma careta maliciosa e eu revirei os olhos, me odiando por estar com eles.
Olhei para a porta e vi que Namjoon se aproximava com o novo aluno da turma 3A, um tal de Jackson, transferido da China.
– Hey Joonie! – o chamei e seu sorriso brotou ao me ver, logo vindo em nossa direção com os almoços.
– Bom dia Sun. – ele fez um toque com as minhas mãos e fez o mesmo com os outros garotos.
– Bom dia Nam, oi Jackson. – cumprimentei o loiro ao seu lado, que me lançou um riso tímido.
– Então, do que as maricas estão falando? – perguntou Namjoon assim que se acomodou na cadeira, estava até demorando...
– Sobre a festa do Baekhyun ontem, foi insano cara, e tinha umas meninas muito gostos-
– Ei, aquele não é o novato da sala? – eu cortei totalmente a fala e a empolgação do Tae, o fazendo bufar de raiva.
– Ele está conversando com o Jimin e o Jungkook? – indagou Namjoon surpreso, todos na mesa olhavam para o garoto dos cabelos escuros, mas fomos pegos de surpresa quando o mesmo nos encarou, fazendo que com que todos nós mudássemos de posições bruscamente.
– Tão naturais... – brincou Jimin ao chegar à mesa, junto com Jungkook e o tal do Min Yoongi – Esse é o Yoongi, um antigo vizinho meu e o do Jungkook.
– E aparentemente o nosso mais novo colega de classe. – o maknae ainda estava surpreso com a aparição do suposto amigo.
– Oi pessoal. – o moreno se apresentou com um pouco de timidez, mas bem pouco mesmo.
– Então, aqui é o grupo dos garotos mais machões de Seul – disse Jimin – Esses são Namjoon e Jackson, os outros alunos da primeira classe. Aqueles são Hoseok, Taehyung e a nossa bela Sun Lee... – levantei meus olhos parcialmente para encarar o menino, que sorria para mim.
– É um prazer conhecer vocês. – disse Yoongi com um riso mais normal, e todos os garotos se animaram em ter mais alguém no grupo.
Eu senti o olhar curioso de Yoongi sobre mim, me induzindo a focar novamente em seus escuros olhos. Soltei um riso básico e voltei a prestar atenção no meu livro.
[...]
Abri a porta de casa com um leve cansaço, hoje o dia fora puxado. Coloquei minha bolsa no meu quarto e parti para uma ducha rápida, pois minha mãe já gritava lá da cozinha para o jantar.
Desci as escadas com a mínima vontade de comer, mas meu humor mudou ao ver quem estava sentado na banqueta cor gelo do balcão.
– Jin? É você? – eu perguntei mais para mim mesma.
– Sentiu saudades, irmãzinha? – ele abriu o sorriso e eu pulei para abraçá-lo. Eu era alta, mas Jin com certeza era um avatar perto de mim. Seus ombros largos eram como uma imensa cama, um aconchego perfeito.
– Mas você não estava em Tóquio? O que houve para voltar tão cedo? – questionei tudo de vez e ele riu com meu desespero.
– Estou de férias na faculdade, Sunnie. – disse meu irmão se sentando novamente, e eu fiz o mesmo.
– É tão bom ver a família junta de novo... – minha mãe disse com admiração e eu senti uma pontada no coração, e sabia o porquê.
Meu pai... Faz 2 anos que ele serve para o exercito direto, sem pausas. Ele é general, então seu trabalho nunca encerra tão repentinamente assim, mesmo ele tentando.
Mas não perdemos o contato nunca, ele sempre arranja um jeito de nos comunicar e avisar que está bem.
– Quase junta. – corrigi minha mãe e ela forçou um riso.
– Quase junta... – ela corrigiu sua frase e levantou uma taça de vinho. – Bom apetite, queridos.
– Isso está uma delícia, omma! – Jin disse se deliciando a cada mordida – Que saudades da comida caseira...
– Mas não era você que sabia cozinhar tudo, Seokjin? – eu o provoquei.
– As coisas mudam, Sun-ya. – ele disse rindo e eu o acompanhei.
Era um dia cheio de novidades para eu assimilar...
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