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História Beyond The Fire - Be mine


Escrita por: ucwhiha

Notas do Autor


demorou mas chegou hahaha eu não gosto de escrever cenas de hot explícito então por favor, se não gostarem, queria que respeitassem... caso vocês estejam gostando, queria muito que comentassem, isso me ajuda a saber e me incentiva muito a continuar escrevendo ♥

se quiserem falar comigo no twitter, meu user é @wepattie ;)

Capítulo 16 - Be mine


 

“Se eu não tiver nada

Eu tenho você

Se eu não tiver alguma coisa

Eu não dou a mínima

Porque sei que tenho você”

1+1 — Beyoncé

 

Olivia ainda estava atônita quando os policiais chegaram e Justin mantivera Juan em uma chave de braço, assim, não correria o risco de deixá-lo fugir. Não sabia como tinha reconhecido Juan, tampouco se lembrava de que era seu pai. A única coisa que Olivia conseguia se lembrar no momento, era da foto que uma vez vira nas coisas de sua mãe. Quando a pegara em mãos, sua mãe lhe dissera: “Este é o seu pai”, e logo em seguida mudara de assunto. Ele não tinha sido presente em momento algum, então, depois de um tempo, Olivia entendera perfeitamente o motivo de quase nunca tocar no nome de Juan. Depois de alguns minutos, as viaturas estavam paradas na frente da casa de Olivia. Justin insistiu diversas vezes que queria ficar com ela, mas Olivia apenas disse para ele ir para casa cuidar das crianças.

 

— Tem certeza? — segurou-a pelo rosto, vendo o quanto ela estava abatida.

— Sim — assentiu, tocando as mãos dele. — Obrigada pela noite.

— Não queria que tivesse terminado desse jeito — ele tinha um semblante frustrado.

— Não é culpa sua se meu próprio pai estava assaltando minha casa — Justin notara seu tom sarcástico.

— Eu posso ficar aqui com você se quiser — insistiu mais uma vez.

— Não, seus irmãos precisam de você e você sabe disso — olhou para o lado, vendo os policiais conversarem uns com os outros, enquanto Juan estava algemado, sentado no sofá. — Você já passou tempo demais longe deles.

— E você também — encostou-se na parede, próximo ao canto onde estavam conversando.

— Eu os verei amanhã na escola, não se preocupe comigo.

— É claro que me preocupo com você — encarou Juan. — E se você estivesse entrado em casa sozinha? Quero dizer, o que ele poderia ter feito com você? Não gosto nem de pensar.

— Acha que ele teria feito alguma coisa comigo? — abraçou seu próprio corpo, tentando não acreditar no que dizia.

— Ele revirou sua casa inteira atrás de alguma coisa — a encarou, achando que talvez ela estivesse sendo ingênua demais. — Vale lembrar que você é filha dele. O que acha?

— Queria que estivesse errado — ele puxou-a pelo cotovelo, apoiando o queixo em sua cabeça.

— Eu também queria, mas evitamos o pior, certo? — sentiu ela concordar.

— Agora você tem que ir — se afastou, o conduzindo até a porta.

— A Rebecca pode cuidar bem deles — resmungou quando passaram pelos policiais antes de chegar à porta.

— Eu te ligo se houver alguma novidade — ao chegar na varanda, pode notar que a maioria dos vizinhos estavam do lado de fora de suas casas, curiosos para saber o que tinha acontecido.

— Promete? — se virou, apoiando a mão no batente.

— Prometo — ficou na ponta dos pés, dando-lhe um beijo rápido. — Diga que mandei um bejo para eles.

— Isso inclui a Rebecca? — acenou, já de costas.

— Talvez — o viu colocar as mãos nos bolsos e passar pelas viaturas, correndo até em casa.

— Senhorita? — pode ouvir chamá-la do lado de dentro.

— Sim? — se virou, vendo que três policiais conversavam com Juan.

— A senhorita o conhece? — apontou para ele.

— Sim — disse com relutância. — Poderiam me dar um minuto?

— Com ele?

— Sim.

— Tem certeza? — o policial encarou Juan e depois Olivia.

— É só um minuto — insistiu. Ele assentiu, pedindo para que os outros saíssem e ficassem do lado de fora esperando. Assim que saíram, Olivia fechou a porta e pela janela, os viu se encostarem na viatura. Olhou para trás, vendo Juan sentado, de cabeça baixa. Sentia seu corpo pesado, assim como seus olhos. Os mesmo estavam inchados, devido a crise de choro que ela tivera quando o reconheceu, no quarto. Passou a mão pelos cabelos, criando coragem para falar com ele. Sentou-se no sofá, onde conseguia vê-lo por inteiro. Calças jeans curtas, tênis surrados assim como as meias, jaqueta desbotada e cabelos de tamanho médio e escuros.

— Por que? — pode sentir mais uma crise de choro vindo. Ele não se moveu, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos juntas logo a frente. A única coisa que se mexia era seu peito, que subia e descia conforme sua respiração. — Por que fez isso? Por que apareceu aqui? Por que estava me seguindo outro dia? Por que?! — manteve a voz firme.

— Você não entende — suas palavras saíram quase que um sussurro.

— Eu não entendo? — repetiu ela, tentando manter a calma. — Você não tem coragem nem de olhar para mim.

— Eu disse que você não entende e nunca vai entender — antes que Olivia pudesse retrucar, Juan tomou coragem e a encarou. Sua aparência era cansada e Olivia podia jurar que tinha visto uma pitada de vergonha em seus olhos. — O que você quer que eu diga? Que eu sinto muito? Bom, eu sinto muito mesmo, mas você não entenderia meus motivos.

— Eu não entenderia nem mesmo se quisesse — inclinou a cabeça, sentindo seu estômago embrulhar. — Você veio assaltar a minha casa, oras! — se levantou, exasperada.

— Me deixe explicar — disse, calmo.

— O que você está fazendo aqui? Era você quem estava me seguindo naquele dia, não era? — riu sem ânimo. — Eu mal posso acreditar.

— Você precisa me deixar falar...

— E você precisa ouvir tudo o que eu tenho para dizer! Tudo o que eu venho guardando todos esses anos — gesticulou, sentindo sua voz falhar.

— Eu estou com uma dívida muito grande para pagar — começou, ignorando o fato dela não querer ouvir. — Pensei que você poderia ter a quantia guardada aqui.

Olivia abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Estava tomada pela decepção e não conseguia assimilar os fatos.

— Você nunca me quis e agora veio atrás de mim por causa de dinheiro? — era possível sentir o peso de cada palavra.

— Eu não teria me encontrado com você e seu namorado se o dinheiro estivesse aqui — disse calmo, mal notando que ela estava chocada com as palavras dele.

— Está me culpando pelo que aconteceu? — sua vista já estava embaçada devido às lágrimas. — Que tipo de pessoa é você?

— Eu não queria que você tivesse me visto — Olivia achou ter visto lágrimas nos olhos dele também. — Não nessa situação.

— Assaltando a casa da própria filha, você quer dizer?

— Pare de falar assim — Juan tinha um semblante doloroso, como se estivesse arrependido. Ao ouvir as palavras do pai, Olivia parou, tentando assimilar o fato dele ter dito mesmo uma frase que, na concepção dele, poderia ser dita como se ele tivesse sido um pai presente.

— Como? — indagou, gesticulando. — Está me pedindo para parar de falar assim? — riu. — Só pode estar brincando.

— Eu ainda sou seu pai... — arriscou dizer, vendo-a ficar irritada, com vontade de dizer milhares de coisas, mas nada saiu.

— Você não sabe o significado dessa palavra — disse, entre dentes. — E nem nunca vai saber.

— Eu simplesmente não sabia como chegar até você!

— E a sua melhor opção foi vir assaltar a minha casa?!

— Eu já lhe falei que não estava nos meus planos encontrar você aqui — tentou se explicar. — Eu só pegaria o que precisava e sairia, fim da história!

— Você fala como se fosse a coisa mais natural do mundo — Olivia ainda usava a jaqueta de Justin, mas nem o perfume dele conseguiu fazer com que ela sentisse menos raiva de Juan.

— Eu sinto muito que tenhamos nos conhecido assim — gesticulou, com a outra mão pendurada pela algema. — Olivia — deu um passo a frente, fazendo Olivia dar um longo passo para trás.

— Minha mãe chegou a pensar que você estava morto — engoliu seco. — Ela dificilmente falava de você até o dia que encontrei uma foto sua nas coisas dela.

— Eu amava sua mãe e...

— Amava? — expirou o ar que estava segurando. — Foi só ela dizer que estava grávida que você resolveu sumir. É isso que amor significa para você? Deixar a pessoa que ama na mão no momento em que ela mais precisa de você? Simplesmente sumir? Não mandar notícias, tampouco dinheiro para ajudar nas despesas com uma filha que também era sua?! — gritou, sentindo os músculos de seus braços se enrijecerem. — Ah meu Deus, eu estou tendo uma conversa com o homem que outro dia mesmo estava me seguindo! Francamente, eu preferia nunca ter te conhecido... — suas lentes estavam marcadas pelas gotas das lágrimas que ela derramara.

— Eu só estou tentando recomeçar, por favor... — tentou se aproximar mais, fazendo Olivia se afastar.

— Depois de todos esses anos? Sério? E desse jeito? A única coisa que você quer é não dormir com a consciência pesada — fungou. — Se é que isso é possível.

— Eu preciso de ajuda, Olivia — despejou as palavras. Olivia o encarou, tentando com todas as forças acreditar em cada palavra que ele dizia. Mas em nenhum momento ele tentara explicar o motivo de ter abandonado sua esposa, que ele dizia tanto amar, fazendo Olivia sentir mais repulsa dele.

— Sim — piscou algumas vezes, contornando o sofá e indo até a porta. — Você precisa mesmo de ajuda.

 

Quando Olivia acenou para os policias indicando que poderiam levar Juan para a delegacia, ainda sentia que não tinha dito tudo que tinha vontade de dizer. Antes de ser levado, Juan lançou um olhar para Olivia, na esperança de que ela tivesse um pingo de misericórdia, coisa que não aconteceu. Pela janela, ela pode ver quando Juan foi colocado na viatura. Segundos depois, não havia mais nenhum veículo na frente de sua casa. Os vizinhos já tinham entrado em suas casa e Olivia agradecera mentalmente por nenhum deles ter vindo até ela perguntar o que tinha acontecido. Checou a fechadura, tentando encontrar algum defeito que tivesse que ser reparado. Cogitou colocar mais trancas nas portas e reforçar as janelas, possibilidade que correria atrás no dia seguinte mesmo. Toda aquela situação com Juan tinha estragado praticamente toda sua noite, e Justin ainda tinha se envolvido. Primeiro Jack, agora Juan. Quando sua mãe ligasse, teria muito para lhe contar. Não tinha duvidas de que talvez ela quisesse pegar o primeiro avião para Galway, a fim de poder ficar perto da filha nesse momento complicado. Olivia se sentou no sofá, preferindo que nada daquilo tivesse acontecido. Mesmo sem ter conhecido Juan, ela já sentia uma grande raiva do mesmo pelo simples fato dele ter sido um irresponsável. Cobriu o rosto com as mãos, querendo voltar para o momento que estava com Justin, no restaurante. Ela estava feliz e despreocupada. Não sabia o que aconteceria com Juan, e nem queria. Preferia que ele fosse deportado de volta de onde viera e nunca mais aparecesse em sua frente.

 

 

 

 

Logo pela manhã, Chaz ligara para Justin para acordá-lo, como sempre fazia. Mas naquele dia, Chaz ficara surpreso com o fato dele já estar acordado quando atendeu o telefone. Na noite anterior, quando chegou em casa, Justin encontrara Rebecca dormindo com as crianças na sala. Ele colocou algumas notas em cima da mesa e foi acordá-la. Demorou um pouco para que Rebecca conseguisse se desvencilhar das crianças, mas assim que conseguiu, colocou seus sapatos e pegou as notas que Justin deixara em cima da mesa.

 

— Se precisar de mim, é só me ligar — disse mordendo o lábio inferior, já do lado de fora da casa dele.

— Tudo bem — respondeu, achando estranho. — Eu ligo sim.

 

Então, antes mesmo que ela se virasse e fosse embora, Rebecca ficou na ponta dos pés e deu um beijo na bochecha de Justin, quase que no canto da boca. Depois que fechou a porta, Justin notou que talvez ela estivesse flertando com ele. Mas só talvez. Colocou as crianças na cama e tomou um banho depois. Só então que foi se lembrar que sua jaqueta tinha ficado com Olivia. Por um instante, sorriu. As imagens da noite que tiveram ainda estavam frescas em sua mente, e ele conseguia se lembrar perfeitamente de como ela ficara mais linda iluminada pela luz da lua. Olivia havia contado brevemente para Justin sua história com Juan, ou melhor, a história de Juan com sua mãe e a besteira que ele fez de tê-la abandonado quando descobriu que estava grávida. Se não fosse pela imensa besteira que Juan fizera, talvez agora eles estivessem misturados ao lençóis, fechando a noite com chave de ouro, acordando juntos logo pela manhã. Havia dias que Justin vinha pensando sobre aquilo, mas não queria comentar nada com Olivia, pois não sabia se ela estava preparada, tampouco se queria que acontecesse. No caso de Justin, poderia se dizer que era uma questão de necessidade. Em partes era, mas ele queria que fosse especial, como se fosse uma primeira vez. E de fato, era.

 

Fez sua higiene matinal, se vestindo em seguida. Precisava marcar a consulta de Mason com o neurologista, e só precisava encontrar tempo para fazer isso. Acordou as crianças, colocando-as para tomar banho e se vestir. Foi para a cozinha, ajeitar o café. De algum modo, estava feliz. Satiseito, talvez. Não conseguiu esconder a raiva que sentiu de Juan ao vê-lo tentar sair pela janela. O pensamento de que ele poderia ter feito alguma coisa com Olivia, caso Justin não estivesse lá, ficou rondando sua mente, até que ele permitisse que as imagens dela sorrindo tomassem o lugar. Só quando as crianças vieram para a cozinha correndo foi que ele voltou ao mundo real. Depois de comerem, colocou-os no carro e trancou a porta. Olhou rapidamente na direção da casa de Olivia, que mantinha as cortinas fechadas. Ela já deve ter saído, pensou. Se agarrando a esse pensamento dirigiu até a porta da escola. Como era a hora da entrada, haviam carros demais e crianças demais. Quando ligara, Chaz avisara Justin para já vir vestido com seu uniforme, pois assim que ele chegasse, já teriam de sair. Dale queria comunicar algo para eles e não poderiam perder tempo se vestindo. Ao descer da caminhonete levou as crianças até a sala, como de costume. A única coisa com que não estava contando era o fato de todos terem ficado olhando para ele, como fosse algum tipo de atração ou coisa do gênero. Reprovando aquilo, Justin se lembrou que estava usando seu uniforme, com isso, não teria como não ficar olhando para ele.

 

— Ei — anunciou Justin ao chegar na sala, encontrando Olivia sentanda à mesa, uma mão apoiada na testa e a outra fazendo algumas anotações em um caderno.

— Ah, oi — disse sem ânimo.

— Você não está bem — ela andou até ele, lhe dando um beijo na bochecha.

— Não muito — através das lentes, era possível ver algumas olheiras.

— O que vai fazer esse fim de semana? — era possível ouvir murmúrios logo atrás dele.

— Vou corrigir as atividades acumuladas, essa semana não deu tempo — fungou.

— Te atrapalhei? — indagou, mesmo sabendo que era verdade. Os olhos dela estavam tristes, ele notou.

— Digamos que sim — cruzou os braços.

— Desculpe — tocou o rosto dela, vendo-a se aconchegar em sua mão.

— Tudo bem, eu também tenho que correr atrás de algumas trancas e grades para colocar em casa.

— Por causa de ontem?

— Principalmente por causa de ontem — negou com a cabeça. — Mas eu não quero falar sobre isso.

— Sabe que pode conversar comigo, não é?

— Sim, mas eu prefiro falar disso com Cath e Eileen.

— Por que? — franziu a testa.

— Porque assim posso falar de você também e sobre o nosso jantar — ele riu, beijando a testa dela.

— Tenho que ir.

— Eu sei, mas você provavelmente vai ter que voltar — se virou, andando até a mesa. Justin inspirou e expirou, notando todas as curvas possíveis.

— Por que?

— Vai saber em breve — disse por cima do ombro, deixando-o desconcertado. — Até daqui a pouco.

— Até — piscou para ela, voltando pelo corredor e sem entender muito bem o que ela dissera.

 

Depois de estacionar na mesma vaga de sempre, correu para o pátio. Lá dentro, encontrou Chaz, Ryan e Chris vindo da sala de lazer. Eles também já estavam vestidos, assim como Justin, e acenaram quando o viram. Os cadetes vinham logo atrás, porém, Justin notou que nem todos estavam ali.

 

— Bom dia — anunciou, tocando na mão de cada um deles.

— Você acordou cedo — comentou Chris.

— Ele está inspirado esses dias — rebateu Ryan.

— Pois é meus amigos, acho que precisamos conversar — Justin não pode evitar de sorrir ao ouvir o que Chaz dissera.

— Bom dia — disse o coronel Dale, se aproximando com alguns papeis em mãos.

— Bom dia — disseram todos em uníssono.

— Hoje nós teremos um dia diferente — ele também já estava uniformizado e parou na frente de todos, que estavam reunidos em um paredão. — A diretora Marta da Ennis National School me ligou esta semana, perguntando se poderíamos ir até lá dar algumas demonstrações aos alunos. Eu disse a ela que não teria problema e que nós iríamos. Por isso pedi para que todos já viessem uniformizados. Chaz, hoje você dirigirá o caminhão. O restante de vocês irá colocar os equipamentos no veículo, checando se está tudo na mais perfeita ordem. E Justin — apontou para ele com os papéis. — Você irá comandar as palestras junto com Chris. Eu colocarei dois de vocês em cada sala, sendo assim, Chaz ficará com Ryan. Os cadetes mostrarão a eles o caminhão e como são usados os equipamentos. Entendido? — todos assentiram. — Então vamos.

 

Dando a volta no quartel, Justin e os outros foram até o caminhão, examinando os papéis que Dale entregara para eles, com todas as instruções sobre como falar sobre o assunto com as crianças. Seria mais um dia de treinamento, assim como fora para os cadetes dias atrás.

 

— E então, o que está rolando entre vocês dois? — perguntou Chaz, examinando os papéis.

— Estamos saindo — deu de ombros.

— Vocês não estão saindo — repreendeu ele. — Pelo seu bom humor vocês estão fazendo muito mais do que isso.

— Outro dia eu dormi na casa dela e ela dormiu na minha — Justin não viu, mas os três olharam na direção dele, como se estivessem chocados.

— Vocês já estão dormindo juntos? — indagou Ryan.

— Não — disse firme. — Eu dormi na casa dela um dia e no outro ela dormiu na minha. — repetiu.

— E o que isso significa? — Chris franziu o nariz.

— Que dormimos um na casa do outro, e não que dormimos juntos, como vocês estão pensando — gesticulou. — Vocês são uns tarados, isso sim.

— Ei! — exclamou Chaz. — Não me inclua nessa.

— Você não se safa não, aposto que pensou a mesma coisa!

— Talvez — sorriu. — Você gosta dela?

— Olhe bem para ele, Chaz — comentou Ryan, cutucando Chris. — O que você acha?

— Eu acho que ela está mudando ele, Ryan — Justin ouvia em silêncio; eles falavam como se ele não estivesse ali — Quero dizer, está voltando a ser o Justin que sempre fora.

— O que quer dizer com isso? — se pronunciou, franzindo a testa.

— Você está voltando a ser quem era antes da morte dos seus pais, Justin — ele não poupou as palavras e Justin sentiu seu estômago embrulhar. — Está voltando a sorrir.

— Quando você concluiu isso? — respirou fundo, assimilando as palavras do amigo.

— Agora mesmo você me deu a certeza — Ryan e Chris se juntaram a ele, parando um do lado do outro. — Não negou nada do que eu disse, o que significa, que estou certo.

— Eu acho que está muito cedo para vocês começarem a beber — rebateu Justin, quase que negando tudo que eles disseram. — Eu sempre fui o mesmo.

— Sério? — os três riram, deixando Justin irritado. — Bom, se você está dizendo.

— O que está querendo dizer, Chaz? — bufou ainda sem os encarar.

— O que eu estou querendo dizer? Pelo amor de Deus! Você sabe exatamente o que estou querendo dizer.

— Na verdade não — tentou se concentrar nas palavras expostas nas folhas em tópicos, mas tudo se transformara em um borrão e ele apenas prestava atenção no que seus amigos diziam.

— Ah não? Então vai me dizer que você não se tornou um alcoólatra drogado que gastava o dinheiro que não tinha em cassinos? Vai dizer que não se isolou de tudo e todos, até mesmo dos seus irmãos pequenos? Vai dizer que não tentou se matar quando teve a chance? — disse calmo.

— Admita, Justin — os três tinham a voz calma, e Justin sabia que uma hora ou outra teria de conversar com eles sobre isso. — Ela está mudando você.

— Não sei o que ela está fazendo, mas você está voltando a ser o Justin de antes — foi a vez de Ryan. — E eu gosto disso. Gosto dela.

— Mas você mal a conhece — foi a única coisa que Justin conseguiu dizer.

— Você ainda não aprendeu, não é? Quando uma mulher provoca esse tipo de mudança na vida de um homem, ela não é só mais uma. Só você quem ainda não percebeu isso.

— Só diz isso porque já está casado com Danielle — por algum motivo desconhecido, Justin não conseguia admitir que eles estavam certos.

— Exatamente! — alguns raios solares iluminaram o chão do estacionamento. — Por isso que estou dizendo. Vocês todos sabem, melhor do que qualquer outra pessoa, que eu nunca fui um cara que se importasse com alguma coisa de verdade. Então, eu conheci Danielle. Por que acha que estou falando tudo isso? Ela me mudou, Justin. E para melhor. Tanto que me casei com ela e vamos ter um filho — Justin estava inquieto, quase que impaciente. — Até quando você vai negar isso?

— Não estou negando nada — os três riram.

— Certo — o maxilar de Justin estava travado. — Mas pense um pouco sobre isso, antes que seja tarde demais.

 

Que ótimo, pensou Justin. Desde essa conversa com seus amigos, ele não tinha reparado que vinha sendo um outro Justin desde que conhecera Olivia. Tudo o que eles disseram era verdade, mas Justin não conseguia admitir. Ele entendia que, se admitisse, poderia dar motivos para eles jogarem aquilo na cara dele o resto de sua vida. Mas isso não era ruim, era? Bufou, voltando a ler as instruções na folha. Dale chegou minutos depois, dizendo que era hora de partir. Justin achava que era fácil para Chaz falar sobre isso, já que estava casado com Danielle e eles teriam um filho em breve. Mas não era tão difícil assim para ele, era? Balaçou a cabeça, afastando aqueles pensamentos.

 

Todos subiram no caminhão, e Justin foi na frente com Chaz. Pensou que ele daria continuidade no assunto, mas o amigo apenas sorria sozinho, deixando Justin intrigado. Minutos depois, eles estavam estacionando na frente da escola. Por alguma razão, seu coração se agitou, como se estivesse recebendo um alerta. Franziu a testa, estranhando aquilo. Todos desceram do veículo, com Dale indo na frente. Logo na entrada, a diretora Marta esperava por eles, visivelmente ansiosa. Cumprimentou todos, abrindo as portas para que eles entrassem. Somando todos, deveriam estar em um grupo de oito, talvez nove. Justin e seus amigos repararam que a todo momento, a diretora Marta tocava no braço do coronel enquanto conversavam, e não puderam deixar de rir. Para começar, eles iriam até o pátio, dar uma palestra geral. Seria na hora do recreio, para aproveitar que todas as crianças estivessem lá. Era estranho pensar que todos os viam como heróis, e sempre que Justin parava para refletir sobre isso, franzia a testa. Os quatro carregavam seus papéis, com algumas anotações do que deveriam falar. Chegando ao enorme espaço no fim do corredor, viram que havia um pequeno palco montado no fundo. Qual a necessidade disso?, se perguntou Justin. A diretora Marta indicou a pequena escada que havia ao lado do palco para que eles subissem. Notando que a plataforma era de madeira velha, Justin ficara ressentido, pensando que poderiam cair a qualquer momento para dentro de um buraco negro.

 

O coronel Dale ficaria responsável por aquela apresentação, e os outros quatro fariam como combinado anteriormente no quartel, sendo dois em cada sala depois. O sinal tocou e eles já estavam em formação de um paredão, com os cadetes logo atrás deles, na mesma posição. Dale estava na frente de todos, formando um perfeito triângulo visto de cima. Segundos depois, viram meia dúzia de crianças virem correndo na direção do palanque, em seguida uma dúzia e mais três. Antes que pudessem contar, centenas de crianças vieram correndo na direção do palanque, sentando-se nas pequenas cadeiras colocadas na frente deles, gritando. Quando não haviam mais crianças chegando, foi a vez das professoras. Com as mãos atrás das costas e as pernas ligeiramente separadas, Justin procurava ansiosamente por Olivia. Algumas delas cochicharam quando os viram em cima do palanque, dando risinhos e mordendo os lábios. Quando a maioria delas já tinha se encostado na parede do outro lado, esperando que a palestra iniciasse, Olivia surgiu, junto com Cath e Eileen. Recebendo o mesmo alerta na hora que chegara, Justin respirou fundo, sem conseguir desviar os olhos dela. Usando vestido e sapatilhas, ela parecia ter saído de um filme dos anos 80. A pele sendo iluminada pelo sol que batia na janela, os cabelos caíam sobre os ombros e por um segundo, apenas por um segundo, Justin achara que tudo e todos haviam sumido e restaram apenas eles dois. Seus olhos encontraram os dele e ela acenou com um sorriso, fazendo Justin assentir com a cabeça, sem se mover. Logo ao lado, pode ouvir o risinho de Ryan. O cutucou com o cotovelo, tentando manter a postura e murmurando um “cala boca”.

 

— Bom dia soldados — começou Dale, andando lentamente de um lado para outro, e todos ficaram em silêncio.

 

A atenção das crianças estava presa a eles, como se fossem algum tipo de atração turística. Os cadetes e os veteranos estavam uniformizados e usavam camiseta cinza de mangas curtas, revelando as tatuagens e músculos de alguns. A maioria dos pequenos estavam empoleirados na beirada do palanque, querendo vê-los mais de perto. A cada palavra dita por Dale, era possível ouvi-los dizer “uau” quase que em câmera lenta. Algumas que estavam lá trás, se esticavam ao máximo para conseguirem ver os heróis. O coronel contou histórias que eles vivenciaram no Canadá e outras pessoais que ele fazia questão de contar, como se fossem algum tipo de troféu. Uma súbita sensação de tristeza invadiu os pensamentos de Justin, o forçando a crer que aquilo seria o mais próximo que a maioria das crianças chegariam de um herói. Após quase vinte minutos — Justin checara no relógio —, o coronel encerrou sua apresentação, dizendo-lhes para voltarem para as salas que eles em breve iriam até lá. Viu quando Olivia e suas duas outras amigas esperaram que todas as professoras saíssem para que elas saíssem também, lançando um último olhar na direção de Justin. Ao vê-la se virar, não pode deixar de notar na forma como os quadris dela se moviam enquanto andava, e também, no formato do vestido sobre suas nádegas.

 

— Terra chamando Justin — ouviu Chaz dizer, se aproximando.

— Cala boca — comentou, sorrindo.

— Acho que vou pedir Catharine em namoro — comentou Chris, descendo as escadas depois que todos já tinham saído.

— Mas já? — Chaz não pode deixar de dizer.

— É isso o que as pessoas fazem quando estão apaixonadas, não é?

— Você está apaixonado? — Justin franziu a testa.

— Pelo visto ele não é o único — todos olharam para Ryan, vendo que ele olhava na direção oposta. A diretora Marta estava rindo de alguma coisa que o coronel dissera, enquanto passava mantinha uma mão no lóbulo de sua orelha. Ao notarem que estavam sendo observados, ambos disfarçaram, fazendo-os rir e continuar seguindo pelo corredor.

 

Primeiro, Justin e Ryan começariam pelas séries maiores, assim como Chaz e Chris, e encerrariam nas séries menores. Os cadetes já estavam do lado de fora, preparando o caminhão para mostrar as crianças. Carregando seus papéis, os quatro seguiram pelo mesmo corredor. Batendo em uma das portas, Justin e Ryan esperaram até que uma loura alta viesse abrir. Eles entraram, vendo as crianças se ajeitarem em suas cadeiras e ficarem em silêncio. Assim como Dale fizera antes, Justin começou a falar sobre os princípios de incêndios e como diferenciá-los. Eles sabiam que dali poucos minutos todos esqueceriam, mas não custava nada informá-los. Sentia os olhos da loura cravados nele, o que o deixou um pouco desconfortável. Quando terminou, foi a vez de Ryan explicar. Ele os levaria até o caminhão, deixando-os com os cadetes a partir dali.

 

Depois de quase meia hora, finalmente chegara a sala de Olivia. Repetindo o procedimento, Justin notou o olhar dela cravado nele quando se posicionou na frente da sala, mas não se incomodou. Dizendo as mesmas coisas de antes, Justin mantinha a voz firme, falando seriamente com eles. Talvez estivesse sendo um pouco duro, mas precisava manter a postura. Quando Ryan os conduziu para fora da sala, colocou as mãos para trás, notando a expressão de Olivia.

 

— Você os assustou, sabia? — comentou encostada a mesa com os braços cruzados.

— Ainda bem — ficou de frente para ela.

— Para que essa seriedade toda? — andou na direção dele.

— Tenho que manter a postura — deu de ombros, vendo-a passar as mãos por sua cintura. — Como você está?

— Estou melhor — respirou fundo. — O que acha de jantar lá em casa hoje?

— Você não disse que estaria ocupada? — franziu a testa.

— No fim de semana — o encarou. — Hoje é sexta feira.

— Você vai cozinhar? — perguntou, provocando-a.

— Escuta aqui — se desvencilhou dele, pousando as mãos nos quadris. — Eu cozinho muito bem, ok?

— Quem te disse isso? — sorriu travesso. — Está enganada.

— Então eu chamarei outra pessoa para jantar comigo — inclinou a cabeça para o lado, vendo o sorriso de Justin desaparecer.

— Que outra pessoa?

— Outra pessoa, oras.

— Quem?

— Alguém que goste da minha comida — deu de ombros, voltando para a mesa.

— Eu gosto da sua comida — se aproximou dela, sentindo-se um pouco desesperado.

— Acabou de dizer que cozinho mal.

— Isso não quer dizer que eu não goste — gesticulou.

— Primeiro eu não faço seu tipo, e agora eu cozinho mal? — franziu a testa, olhando para o teto. — É, definitivamente eu convidarei outra pessoa.

— Mas... — a essa altura, Justin já estava ofegante.

— Estou brincando — cutucou-o, rindo. — Você tinha que ver a sua cara!

— Rá, rá — ficou olhando para ela enquanto ria, notando que as maçãs de seu rosto sustentavam seus óculos quando ficavam em relevo.

— Não fique me olhando assim — o empurrou.

— Que horas posso ir a sua casa? — viu que Ryan voltara até a porta para chamá-lo.

— Às sete?

— Perfeito — deu um beijo em sua testa e correu para a saída. — E a propósito, você está linda hoje! — disse por fim com uma piscadela antes de sair correndo.

 

A tarde, os cadetes levaram as crianças de volta para as salas e arrumaram o caminhão para irem embora. A diretora Marta não tinha saído de perto do coronel por um segundo, o que com certeza eles notaram. Quando acenaram para a última sala, Chaz deu partida e o caminhão foi para frente, seguindo pelo fim da rua. Dale dissera que estava orgulhoso deles, de todos eles. Quando estacionaram de volta no quartel, ele dispensara todos eles, que comemoraram.

 

— Eu pago a cerveja hoje — anunciou Chaz.

— Bem que eu gostaria de ir, mas já tenho outro compromisso — disse Justin, juntando suas coisas na sala de lazer.

— Por um acaso esse compromisso tem o nome de Olivia Bravo? — indagou Ryan, fazendo os outros rirem.

— Muito engraçado — falou, de costas para eles.

— Isso foi um sim?

— Talvez — checou o relógio, vendo que tinha algumas horas livres.

— Leve algumas flores — ouviu Chaz.

— E chocolates também!

— Que tal um par de brincos? — Justin terminou de pegar suas coisas antes de ir para a porta.

— Não sejam ridículos!

— Vai por mim — disse Chaz, prendendo a atenção de Justin. — Ela vai gostar.

 

Ao se sentar atrás do volante de sua caminhonete, Justin começou a refletir sobre o que eles disseram. Seria bom levar flores? E chocolates? Talvez. Ligou o motor, indo em direção a cidade. Iria comprar flores e chocolates. Quem sabe um par de brincos. Notando sua excitação, Justin pensou em comprar até roupas novas. Algo diferente, que deixasse Olivia impressionada. Ele acreditava que não tinha muito a oferecer para ela, mas tinha ciência de que ela gostaria de flores. Mulheres gostam de flores, não é? Alguns minutos depois, estava estacionando em frente a uma loja de roupas masculinas. Um terno? Não. Blazer? Nem pensar! E que tal uma camisa de botão? Ótimo. Deixara seu uniforme na carroceria, usando a roupa de baixo. Empurrou a porta, ouvindo um sino tocar. Atrás do balcão, uma senhora levantou a cabeça na direção dele. Venho em sua direção, quase que mancando. Ele disse a ela que teria um encontro casual e que precisava de algo bonito para vestir. Ela lhe trouxera diversas camisas de botão de diferenciadas cores. Depois de muito experimentar, ficou olhando para o espelho, tentando gostar de alguma. Reparou que no canto de seus olhos já haviam alguns pés de galinha e que tinha ganhado peso desde que se mudara. Era possível ver algumas cicatrizes em seus braços e pescoço. Por um segundo pode ver o Justin de dez anos atrás na frente do espelho, se dissipando, e logo mostrando a imagem de Justin atualmente. Ele mudara muito e admitia que estava ficando velho.

 

Depois de pagar a camisa, andou mais um pouco até chegar a uma doceria. Que tipo de chocolate ela gosta? Não faço ideia, respondeu. No fim, depois de muito pensar, acabou pegando algumas — talvez muitas — trufas, que a atendente logo embalou em uma pequena cestinha e entregou para ele. Poucos passos mais a frente, entrou em uma joalheria. Qual tipo de joia ela gosta? Não tenho a mínima ideia, respondeu. Aquilo era mais difícil do que imaginara! Quase uma hora depois, conseguira escolher um pequeno colar com um pingente de uma rosa. Tudo certo, pensou. Voltou para casa, perguntando-se se ela já teria saído da escola. Pendurou a camisa num cabide, colocou os chocolates na geladeira e as flores em um vaso. Respirou fundo, tentando controlar a respiração. Olhou no relógio, vendo que as crianças sairiam em menos de quinze minutos. Foi buscá-las, dizendo que teriam um programa especial para hoje. Não sabia se podia levá-los, afinal, Olivia não dissera nada sobre isso. Mas não podia deixá-los sozinhos de novo, e chamar Rebecca estava um pouco fora de cogitação. Ela já estava confundindo as coisas e isso não era bom. Estava se despindo para tomar banho quando ouviu seu celular tocar.

 

— Alô? — disse o apoiando no ombro.

Você não está pensando em levar as crianças, não é? — ouviu Chaz dizer.

— Qual o problema?

Pelo amor de Deus, cara! — protestou. — Vou passar aí para buscá-los.

— Mas...

 

Ele já tinha desligado. Depois de terminar o banho, se vestiu, colocando a camisa que comprara mais cedo. Ouviu a campainha tocar, indo correndo atender.

 

— Qual o seu problema? — exclamou Chaz, entrando.

— Por que?

— Você ia levar eles para um encontro — sorriu sarcástico. — As vezes você é burro feito uma porta.

— Eu achei que não teria problema — ajeitou a gola da camisa.

— É claro que tem! — Mason pulou no colo de Chaz, assim como Molly.

— Mas ela não disse nada — gesticulou.

— O tio Chaz vai levar vocês para verem a tia Danielle, ok? — eles gritaram, felizes. — Bom encontro — disse depois de passar pela porta correndo com eles nos braços.

 

Ainda sem entender, Justin terminou de se arrumar. Passou perfume e fez a barba. Se olhou no espelho diversas vezes, achando que talvez estivesse arrumado demais. Checou o relógio, vendo que estava um minuto atrasado. Pegou os chocolates, as flores e a caixinha onde a atendente da joalheria colocara a corrente. Com um pouco de dificuldade conseguiu trancar a porta, colocando a chave no bolso e caminhando até a casa de Olivia. Antes de empurrar o pequeno portão, respirou fundo. Vamos lá, pensou. Não é tão difícil assim, você já está acostumado com isso. Pisou na varando e bateu na porta. Viu que as luzes estavam acesas e segundos depois a porta foi aberta.

 

— Ei! — exclamou Olivia, animada. Justin sentiu sua boca ficar seca e não conseguiu dizer nada. — Você está um minuto atrasado.

— Desculpe — disse depois um tempo, com os olhos fixos nela. A primeira coisa que chamara a atenção dele era que Olivia não estava usando óculos, e refletiu que quase não a reconheceria caso estivessem em outro lugar.

— Vamos, entre — disse ela, mas ele não se moveu. — Va-mos, en-tre — disse pausadamente, puxando-o pelo braço para dentro.

— São para você — esticou as flores e os bombons na direção dela.

— Não precisava — disse ela, pegando-os. — São lindas — cheirou, sorrindo na direção dele. Olivia foi até a cozinha, empolgada. Os olhos de Justin foram direto para os quadris dela, que usava um vestido folgado, mais parecido com uma camisa masculina enorme. Caminhou até lá, cruzou os braços e esperou. Viu quando ela ficou na ponta dos pés descalços para pegar um vaso no armário de cima, onde colocaria as flores. O vestido automaticamente subiu alguns centímetros, revelando parte das coxas dela. Justin olhou para o lado, passando a mão no rosto, tentando se concentrar em futebol.

— Você não disse que ia cozinhar? — franziu a testa, vendo duas caixas de pizza em cima da mesa.

— Eu não disse isso — colocou as flores dentro do vaso sobre a pia.

— Claro que disse — destampou as caixas, sentindo o aroma de bacon e queijo.

— Você mesmo disse que eu cozinhava mal — colocou duas garrafas de cerveja sobre a mesa, empurrando uma na direção dele.

— Sabe que eu estava brincando, não é? — deu um gole, satisfeito por estar gelada.

— Claro que sim — se sentou, em seguida ele fez o mesmo. — Eu me lembrei da cara que você fez enquanto comia minhas tortilhas de batata naquele dia.

— É mesmo? — deu outro gole, notando o formato dos seios dela no vestido. Futebol, pensou.

— É claro, e mesmo se eu tivesse cozinhado você viria do mesmo jeito — pegou os pratos, entregando um para Justin.

— Pode me servir, eu deixo — comentou, vendo-a rir.

— Então você ficará com fome.

 

Pelas próximas duas horas eles conversaram tranquilamente. Não houve necessidade de aproximação ou coisa do tipo, o assunto simplesmente fluiu. Justin notou que Olivia já estava alegre demais, e ela só havia tomado três garrafas. Ela se levantou, levando os pratos até a pia. Notou que havia derramado molho no vestido.

 

— Eu vou trocar e já volto — disse, e correu para o quarto com o leve balançar dos seios. Justin ficara na cozinha, com seus próprios pensamentos. Futebol, pensou de novo. Futebol, futebol, futebol! — Justin! — a ouviu gritar, fazendo-o despertar.

— Sim? — gritou de volta, encarando a garrafa que segurava. Por um momento a imaginou nua.

— Poderia vir aqui? — riu, nervoso. — É importante! — ele estava ofegante, e assim caminhou até o quarto.

 

Empurrou a porta, que rangiu lentamente. A luz estava apagada, deixando que apenas a luz da lua entrasse pela janela. Ele entrou, pisando cuidadosamente. Era quase possível ouvir as batidas de seu coração, de tão rápido que estava. Se sentou na cama, com as mãos suando, esperando ela aparecer. A porta do banheiro logo a frente se abriu, e ele pode ver Olivia. Ela usava um robe de cetim cor azul, e estava com os cabelos presos em um coque. Andou na direção dele, decidida. Ele estava entorpecido demais para conseguir levantar. Àquela altura, ele já estava dominado pelo desejo, assim como ela, e tinha urgência. Parando em sua frente, Olivia se inclinou e o beijou. Calmo. Excitante. O empurrou para trás com o dedo, fazendo-o deitar. Ele piscava algumas vezes, achando que poderia acordar a qualquer momento e nada daquilo ter sido real. Apoiado nos cotovelos, pode ver quando ela soltou os cabelos e puxou lentamente o nó que mantinha o robe fechado, deixando-o cair aos seus pés e revelando seu corpo modelado. Ele umidificou os lábios quando ela colocou uma perna de cada lado da sua, se sentando em seu colo. Por um momento aquilo pareceu errado, pois ela tinha bebido demais. Mas ele não conseguiu impedir, tampouco queria. Levantou o tronco, segurando-a pelo rosto enquanto conseguia ver em seus olhos um mar de luxúria.

 

Seja minha — sua voz saiu falhada e Olivia assentiu, fechando os olhos. — Para sempre.

 

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, ele a beijou, com intensidade. Desceu as mãos por suas costas, chegando até os quadris. Olivia desabotoou sua camisa, passando a mão por seu peito, em seguida os ombros, empurrando a camisa para baixo. Ela não tinha pressa, ele tampouco. Olivia respirava pela boca, sentindo uma torrente de sensações lhe invadir quando ele beijou seu pescoço. Justin mantinha os olhos fechados, como se quisesse sentir todas as curvas que ela possuía. Beijou seu colo devagar, enquanto ela alisava seus braços, notando o quanto ele era infernalmente sensual com todas aquelas tatuagens. Justin procurou os lábios dela com urgência, enquanto passava suas mãos em volta de seu pescoço. Conseguiu, por um milagre, se livrar de seus sapatos e em seguida de suas calças. Massageou levemente o seio dela, vendo-a arfar. Pela primeira vez, soube que não esqueceria tão cedo aquele momento. Não queria estar com mais ninguém além dela. Não queria fazer amor com mais ninguém além dela. Era o corpo dela que queria sentir logo pela manhã, e eram os olhos dela que queria encontrar quando abrisse os seus. Inerte, imaginou muitos momentos como aquele no futuro, e prometeu para si mesmo que faria de tudo para realizá-lo. 

 

 

To be continued...



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