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História Beyond The Fire - Quay Street, 54


Escrita por: ucwhiha

Notas do Autor


caso vocês estejam gostando, queria muito que comentassem, isso me ajuda a saber e me incentiva muito a continuar escrevendo ♥

se quiserem falar comigo no twitter, meu user é @wepattie ;)

Capítulo 18 - Quay Street, 54


 

“Baby, eu estou aqui

Estou aqui para ficar

Não vou a lugar algum

Sei que está com medo

Porque foi machucada

Baby, está tudo bem”

Right Here — Justin Bieber feat Drake

 

No sábado a tarde antes de Justin ir embora, ele e Olivia fizeram amor mais uma vez. Justin dirigiu até a casa de Chaz, encontrando os carros de Ryan e Chris estacionados logo em frente. Ele não morava muito longe, só perto o suficiente do hospital caso Danielle dissesse que a bolsa tinha estourado. Desceu do carro, indo até a porta. De alguma forma, sentia-se plenamente bem.

 

— Olha só quem apareceu! — gritou Chris ao abrir a porta. Justin o cumprimentou e entrou.

— Que cara é essa? — se aproximou Ryan segurando uma cerveja.

— Adivinha — brincou Chris, se juntando aos risos de Ryan.

— Será que todos vocês estavam sabendo do meu encontro? — protestou Justin, olhando em volta e encontrando Danielle sentada no sofá com Mason e Molly acariciando sua barriga.

— É claro que sim — Chaz se aproximou, usando calças de moletom e camisa. Cumprimentou Justin e ficou ao lado dos outros dois. — Eu contei para eles.

— Puxa, muito obrigada — ironizou Justin, se sentando na mesa da sala de jantar. Era um móvel redondo, onde eles as vezes se sentavam para jogar baralho enquanto Danielle assistia televisão logo ao lado. A casa deles era demasiado acolhedora e Justin gostava de ficar ali.

— E então, como foi? — eles se sentaram, o encarando e esperando que ele respondesse.

— Desde quando vocês querem saber sobre os meus encontros? — Danielle se levantou e veio até a mesa, tocando o ombro de Justin. Ele beijou a mão dela e ela disse que buscaria uma cerveja para ele.

— Desde que você não teve mais nenhum outro além desse — Chaz deu um gole na cerveja, vendo Justin sorrir involuntariamente.

— Bom — Justin coçou o queixo, deixando-os curiosos. — Foi normal.

— Uma ova! — gesticulou Ryan.

— Deixa de ser mentiroso, Bieber! — disse Chris. Danielle estava voltando a sala e entregou uma cerveja para Justin.

— Depois nós precisamos conversar, mocinho — deu tapinhas no ombro dele, voltando a se sentar na poltrona.

— Desde quando você tem um encontro normal e fica sorrindo desse jeito, todo apaixonado? — indagou Chaz. Justin o encarou, vendo que nos cantos de seus olhos já haviam pés de galinha.

— Se vocês já tem ideia de como foi, por que raios ficam me perguntando? — revirou os olhos, levando a garrafa à boca e deixando o líquido cair em sua garganta.

— Pare de enrolação, Justin — Ryan estava começando a ficar irritado. Então, depois de muita luta, Justin contara para eles até a parte do molho no vestido, e claro, não revelara os detalhes do que aconteceu depois. Não era necessário, era?

— Eu não acredito nisso — disse Chris, segurando sua garrafa sobre a mesa.

— Foi ela quem tomou a iniciativa? — Ryan tinha a testa franzida. — Você ficou lerdo mesmo, hein?

— O que vocês queriam que eu fizesse? Eu não podia simplesmente partir para cima dela! — se defendeu. — Poderia estragar tudo.

— Você não sabia se ela estava preparada, certo?

— É lógico — deu outro gole. — E eu não estava desesperado, ela tampouco.

— Você não estava desesperado? Ah, conta outra! — Danielle conversava com Molly e Mason mas ao mesmo tempo prestava atenção neles.

— Talvez eu estivesse enferrujado, mas não desesperado — Justin sorriu, lembrando-se das coisas que Olivia dissera em seu ouvido na noite passada. Danielle se aproximou, com uma mão nas costas e outra sobre a barriga.

— Tudo bem rapazes, vocês já fizeram perguntas demais — eles resmungaram, sabendo que Danielle iria tirá-los dali sem pestanejar. — Podem ir assistir ao jogo ou conversarem lá fora, porque agora é a minha vez.

— Podem ir andando — Justin os provocou, enquanto se levantavam da mesa. Depois de alguns xingamentos na direção de Justin, Danielle se sentou do outro lado da mesa enquanto eles se sentavam no tapete da sala, ligando a televisão e puxando Mason e Molly para perto.

— Gosto dessa sua expressão — começou ela. Danielle tinha os cabelos de cor clara, quase que um louro escuro, e olhos castanhos. Até hoje Justin se perguntava como um cara como Chaz conseguiu ficar com uma mulher como Danielle.

— O que tem de mais nela? É a minha expressão de sempre — deu de ombros, arrancando um pedaço do rótulo de sua garrafa.

— Nós dois sabemos que isso não é verdade — ela se ajeitou na cadeira, apoiando as mãos na barriga. — Você me parece muito feliz.

— Está tão na cara assim? — perguntou ele, estreitando os olhos na direção dela.

— Sim, está — Danielle riu, seguida por Justin. — E eu gosto disso. Faz tempo que não te vejo assim.

— Eu me sinto muito bem — mordeu o lábio inferior, tentando organizar seus sentimentos. — E confesso que não me sentia assim há muito tempo.

— É exatamente disso que estou falando, querido — Danielle tinha um tom sereno, como se soubesse que Justin contaria sobre tudo para ela. — Me conte sobre ela.

— Por que você acha que tem a ver com ela? — deu outro gole, finalizando sua bebida.

— Porque, meu caro, quando um homem tem uma expressão assim, exatamente como a sua, depois de ter passado por muitos altos e baixos na vida, pode ter certeza que tem uma mulher envolvida. Uma muito especial — ela tinha um sorriso satisfatório nos lábios, quase se vangloriando de ser a única mulher no meio deles que sabia das coisas.

— Ela gosta de estar comigo, sabe? Eu sinto que ela gosta de estar perto de mim — Justin sempre teve um pouco de dificuldade para admitir o que sentia, sobre tudo, mas com Danielle era diferente.

— Todos gostam de estar perto de você, Justin.

— Será? Eu não sei — coçou a cabeça, tentando encontrar as palavras. — Depois da morte dos meus pais eu me tornei uma pessoa completamente estranha, e comecei a fazer besteira atrás de besteira. Não acho que as pessoas gostavam de estar perto de mim, quero dizer, além de vocês. Mesmo que seu marido e os outros dois ali joguem isso na minha cara sempre, eles ainda continuam ali, por mim e para mim, para o que eu precisar.

— Eu chamo isso de irmandade — disse ela, com um sorriso. — E você?

— Eu não sei o que teria sido de mim se não fossem por todos vocês — ele pareceu refletir por um instante. — E eu sinto que posso falar com ela sobre tudo isso e nós nos conhecemos há tão pouco tempo, é estranho.

— Estranho? — indagou. — Para mim é muito normal e vou te dizer porque — se inclinou. — Me parece que você está começando a gostar dessa moça.

— Talvez — Justin se sentia confortável para falar sobre Olivia, pois alguma coisa dentro de si dizia que era recíproco.

— Eu gostaria de conhecê-la — bateu de leve na mesa. — Diga para ela vir até aqui hoje.

— Hoje?

— Sim, hoje.

— Não pode ser amanhã?

— Não importa se será hoje ou amanhã, mas eu quero conhecê-la o mais rápido possível! — exclamou. — Aliás, Chris e Ryan também tem que trazer as namoradas deles aqui.

— Elas são amigas — disse Justin. — As três são professoras e são amigas.

— Melhor ainda! Pois hoje a noite eu farei um jantar e vocês todos trarão suas namoradas para que eu as conheça.

— Mas...

— Nada de mas nem meio mas — se levantou, indo para a cozinha. — Convide-a!

 

Depois que viu Danielle desaparecer na cozinha, Justin ficara sentado, pensando no que ela dissera. Estaria ele se apaixonando por Olivia? As coisas tinham acontecido muito rápido, e ele agora tinha medo do que poderia vir em seguida. Não se lembrava de ter se sentido tão bem ao lado de alguém desde que namorara no colégio, e isso já fazia muito tempo. Como em um filme, as imagens de Olivia rindo no jantar da noite anterior passaram diante de seus olhos. Ele gostava da forma como ela ria e suas bochechas ficavam em relevo, sustentando os óculos. Era definitivamente a coisa mais atraente que já vira. Gostava da forma como ela mexia no cabelo, o jogando todo para um lado só. Deus, como ele gostava daquilo! E mais do que qualquer coisa, ela gostava de estar com ele. De conversar com ele. Sobre tudo e todos. Tinha uma opinião sobre tudo e sabia debater aquilo. Ela entendia o sofrimento de Justin com a morte de seus pais e não o julgava por tudo que fez depois disso. Gostava da forma como ela acariciava sua nuca quando se beijavam e da forma como segurava sua mão. Acho que estou velho demais para essas coisas. Justin riu, reconhecendo um certo ar de infantilidade em toda aquela situação. Estou parecendo um adolescente na puberdade.

 

— Não se preocupe com isso, Justin — Danielle colocou a cabeça na sala, o assustando. — Não existe coisa mais bonita do que um homem apaixonado, independente da idade que ele tenha.

 

 

 

 

Ainda sentada no chão da sala, Olivia terminava de corrigir as lições. Catharine e Eileen chegariam a qualquer momento para corrigir as delas. Era sempre assim, elas iam até a casa uma da outra e passavam horas conversando. Olhando para o resumo feito por um de seus alunos, Olivia se pegou pensando em Justin. Como se não conseguisse evitar, sorriu. A sensação que ele passara para ela de total segurança foi mais do que suficiente para que ela se entregasse. Olivia estava nervosa e reconhecia isso, mas seus instintos e desejos falaram mais alto. Se contasse para alguém que a conhecesse muito e intimamente bem, esse alguém diria que aquela não era a Olivia que conhecia. Nem ela mesma se reconheceu. E agora não conseguia parar de pensar nele. E no toque dele. E na voz dele. E em tudo que estava relacionado a ele. Quando se levantou, logo pela manhã, Olivia ficara longos minutos observando Justin dormir. No mais breve dos instantes, teve a sensação de querer que aquilo se repetisse mais e mais vezes no futuro.

 

Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de seu telefone.

 

— Alô? — disse ao atender, mas ninguém dissera nada. — Alô? — insistiu, mas nada foi respondido.

 

Tendo o mesmo sentimento de medo que tivera quando recebera a ligação na outra semana, Olivia desligou o telefone. Tudo bem, murmurou para si mesma. É claro que não está tudo bem, eu estou morrendo de medo! Checou o número, mas era restrito, assim como o da semana passada. Colocou o celular de volta na mesa, tentando se acalmar. É só alguém tentando me assustar. Mas quem? Não fazia ideia de quem poderia estar fazendo essas coisas. Não tinha feito inimizade com ninguém para passar por isso. Mas era necessário? Lembrou-se de quando dera uma palestra sobre relacionamento abusivo e um rapaz discutiu com ela. Ele era totalmente contra qualquer coisa que as mulheres tivessem que falar por elas mesmas. Pouco tempo depois, Olivia descobrira que ele batia na namorada e ela não queria deixá-lo. Chegou a ir na diretoria da escola para que eles encaminhassem-na para o psicólogo, mas eles disseram que nada podiam fazer. De imediato, Olivia achara que fosse Juan quem estivesse ligando. Mas ele tinha sido preso, e se caso estivesse ligando para ela de lá, não apareceria como número restrito.

 

Balançou a cabeça, evitando aqueles pensamentos completamente sem nexo. Se assustou quando seu celular tocou novamente, mas relaxou quando viu o número de Justin no visor.

 

— Ei — disse aliviada ao atender.

Ei, tudo bem? — ele ria de alguma coisa.

— Tudo bem, por que? Aconteceu alguma coisa?

Não, nada! Eu estou na casa do Chaz, e queria saber se você gostaria de vir jantar com a gente — haviam muitas pessoas falando do outro lado.

— Claro, eu adoraria! — aquilo com certeza a faria se distrair. — Que horas mais ou menos?

Eu passo aí para te buscar por volta das sete, pode ser?

— Estarei pronta — não pode evitar de sorrir.

Eu sei que sim — podia jurar que ele também estava sorrindo. — Até depois!

 

Quando se deu conta, ainda estava segurando o celular e sorrindo para a parede. Sentiu o aparelho vibrar e então o olhou. Justin tinha enviado uma mensagem com uma foto. Olivia abriu e pode ver a foto que ele tirara dela mais cedo. Não estou tão ruim assim. Ansiosa, terminou de corrigir as atividades das crianças e disse a si mesma que precisaria de outra roupa. Não gostava de pensar que renovaria seu guarda roupa apenas porque estava saindo com Justin. Queria fazer isso por ela mesma, por vontade própria e por extrema necessidade. Mas ele tinha uma parcela de culpa e ela não gostou nada de admitir isso. Colocando as folhas em ordem alfabética, empilhou-as sobre a mesa e deixou suas pastas no chão. Ligou para Eileen e ela dissera que Ryan também a convidara para o jantar, assim como Chris convidara Catharine. Ótimo, assim não fico tão constrangida. Correu para o quarto e se despiu. Tinha apenas duas horas para se arrumar. Tomou banho e decidiu que iria até o cabeleireiro.

 

Indo ao mesmo lugar de sempre, Olivia cumprimentou Emily, sua cabeleireira, e todas as outras que estavam ao lado. Pediu para que ela diminuísse o cumprimento das madeixas e assim ela fez, lavando-as em seguida as escovando. Depois de pagar, a recepcionista elogiou o colar de Olivia e ela apenas sorriu, tocando o pequeno pingente e se lembrando da manhã que tivera. Gostava que seus cabelos ficassem ondulados, então, assim que passou pela porta, os prendeu em um coque para que ficassem marcados. Haviam muitas pessoas nos dois lados da rua e o sol já não estava tão forte. Estava uma temperatura agradável e Olivia agradeceu por isso. Parada em frente a vitrine de uma loja, sentiu que haviam olhos fixos nela. Segurando sua bolsa, olhou em volta, tentando se certificar de que não era nada de mais. Não tendo visto nada, voltou a olhar a blusa que estava no manequim. Ficará perfeito. Entrou na loja, sendo de imediato atendida por uma vendedora que parecia estar a sua espera. Olhou algumas araras de roupas diferentes, tentando encontrar algo ideal para a noite que se aproximava. Disse para a vendedora que gostaria de experimentar a blusa da vitrine, então a mesma foi até lá e começou a tirá-la do manequim. Enquanto esperava, teve a mesma sensação de estar sendo observada. Foi para fora da loja, encontrando apenas pessoas andando para lá e para cá, conversando sobre assuntos aleatórios e rindo. Devo estar ficando louca. Ajeitando os óculos, viu a vendedora entregar a blusa para ela, que foi até o provador e fechou a cortina. Depois de tirar a camisa que estava usando, encarou de súbito seu reflexo no espelho tamanho médio pendurado na parede. Se lembrou da ultima vez que fizera isto, e fora no seu apartamento alugado quando ainda estava terminando a faculdade, com Jack logo atrás dela.

 

— Você é linda — disse ele se aproximando por trás. — Sabe disso, não é? Eu estarei aqui para lhe dizer isto sempre que cogitar duvidar — Jack sorriu, colocando as mãos nos ombros dela.

 

Depois de pagar pela blusa, Olivia voltou a soltar os cabelos e caminhou até em casa. O som de todas aquelas pessoas falando foi se afastando aos poucos, deixando-a sozinha com seus pensamentos. Tocou mais uma vez o pingente de seu colar, sorrindo. Minutos depois estava na rua de casa. Checou seu relógio, vendo que Justin chegaria logo. Olhou para os lados, atravessando a rua. Estava um dia bonito, e o sol finalmente tinha estado de bom humor e resolvera sair. Esse era um dos pequenos problemas de se morar em Galway. Quase nunca fazia calor e era difícil de se ver a luz solar nos fins de semana. Empurrou o pequeno portão de ferro enferrujado, ouvindo o barulho irritante que aquele gesto fazia. Subiu na varanda, pegando suas chaves na bolsa. Antes que pudesse tocar a maçaneta, viu um pequeno papel amassado em frente a porta. Confusa, olhou para os lados e não havia ninguém que já não conhecesse como vizinho. Abaixou-se e pegou o papel. Abriu o mesmo, vendo uma caligrafia impossível de se esquecer.

 

“Quay Street, 54”

 

Olivia reconhecia aquelas letras de muito tempo atrás. Jack. Ela achara mais cedo, na loja, que o tinha visto. E achara que era ele quem estava telefonando para ela. Mas ele salvara ela outro dia de Juan, não foi? O que isso tem a ver? Sentiu sua boca ficar seca e sua respiração ficar vaga em sua garganta. Ele a seguira até o centro e agora deixara um bilhete em sua porta. O que era aquilo? Provavelmente um endereço, mas ela não reconhecia. Com as mãos trêmulas, conseguiu colocar a chave na fechadura e entrar em casa. Foi até a cozinha e pegou um fósforo. Riscou o mesmo e colocou próximo ao bilhete. Aos poucos, pode ver o papel amassado se desfazer junto ao fogo, até não sobrar mais nada. Jogou o fósforo na pia, levando as mãos ao rosto em seguida. Tentou não chorar, mas não conseguia mais considerar aquilo uma situação comum. Jack tinha ido até a casa de Olivia e pedira para que ela o perdoasse pelo que tinha feito. Ela dissera que não, mesmo que a súbita aparição dele realmente mexera com ela. Ele quer se vingar de mim. Não sabia — ainda — qual era a proporção daquilo, mas já estava ficando desesperada. E com medo.

 

Correu para o quarto, tendo mais uma vez a sensação de estar sendo observada. Olhou em volta, não notando nada de diferente. Entrou no banheiro, trancando a porta. O que estou fazendo?, perguntou ao seu reflexo no espelho. Seu peito subia e descia rapidamente, revelando sua completa aflição. Trocou de roupa, tentando afastar aqueles pensamentos. Mas como? Ele poderia estar observando-a agora mesmo! Não contendo as lágrimas, se vestiu rapidamente e saiu do banheiro, passando pelo quarto e chegando até a sala. Estava sufocando, como se alguém estivesse com as duas mãos enroscadas em seu pescoço, impedindo-a de respirar. Deu um pulo quando duas batidas na porta soaram. Colocou a mão na boca, na tentativa de não fazer nenhum ruído.

 

— Querida? — deu um longo suspiro aliviado, reconhecendo a voz de Justin. Andou até a porta, abrindo-a — Ei! — disse sorridente, mas não deu tempo dele dizer mais nada. Olivia já estava o abraçando, enterrando o rosto em seu pescoço. Sem entender, Justin tomou-a em seus braços e retribuiu o abraço, afagando seus cabelos — Aconteceu alguma coisa? — Olivia chorava, querendo fugir para um lugar onde Jack não a encontrasse — Olivia?

— Sinto muito — ela se afastou, limpando as lágrimas, tentando disfarçar seu desespero com um riso.

— O que houve? — Justin tinha um semblante preocupado.

— Não foi nada — Olivia sabia que se contasse para ele só o deixaria mais preocupado. — Estava conversando com minha mãe no telefone, estava com saudades dela — ela fungou, enquanto Justin a analisava, sem saber se acreditava ou não.

— Você me parece preocupada — ele tocou o rosto dela, limpando as lágrimas que ficaram grudadas em sua bochecha. Olivia se aconchegou na mão dele, beijando a palma em seguida. Gostava quando ele fazia isso.

— Estou bem — assentiu. — Podemos ir?

— Claro — ela deu meia volta, entrando na casa.

— Vou só buscar minha bolsa — olhando para a cozinha, lembrou-se das cinzas jogadas na pia. Respirou fundo, saindo e trancando a porta.

— Você fez alguma coisa no cabelo? — perguntou Justin, pegando a mão dela e conduzindo-a até a caminhonete. — Está diferente.

— Ficou tão ruim assim? — já dentro da cabine, Olivia puxou para baixo o pequeno suporte preso no teto onde continha um espelho. Vendo que estava com olheiras e uma aparência assombrosa, fez uma careta.

— Ficou ótimo — ele tinha dado a volta no veículo e já estava ao lado dela. — Eu gostei.

— Só está dizendo isso para me agradar — pegou um pequeno kit de maquiagem que carregava consigo caso tivesse uma emergência e não quisesse que os outros vissem seu estado fantasma ativado.

— Não estou não e você sabe muito bem disso — Justin deu partida e eles logo estavam passando pelo centro. — O que você fez hoje? — estendeu a mão livre pelo banco, tocando a perna dela e mantendo-a ali.

— Terminei de corrigir as atividades depois que você saiu e — lembrou-se do telefonema mas preferiu não dizer nada — fui até o centro para fazer compras. Na verdade, comprar uma camisa para hoje a noite.

— Não acredito que você foi comprar uma roupa só para usar hoje — ele dividia sua atenção entre as ruas e ela. — Não tinha necessidade disso. Meus amigos não ligam para essas coisas. Já devem ter me visto com essa roupa umas cem vezes só esse mês.

— Eu não queria parecer uma desleixada — analisando o resultado, Olivia guardou as coisas e fechou o suporte.

— Está me chamando de desleixado?

— Não, estou dizendo que eu não quero parecer uma desleixada. Afinal, eles ainda não me conhecem — colocou a mão em cima da dele, segurando-a enquanto alisava os nós de seus dedos. — Parece que estou indo conhecer seus pais.

 

Quando Justin não respondeu, Olivia se deu conta do que dissera. Sentindo-se exageradamente culpada, olhou para ele.

 

— Eu sinto muito, não quis dizer isso — apertou sua mão.

— Não tem problema, eu sei que você não teve a intenção — Justin retribuiu o aperto, acariciando a mão dela.

— Mesmo? Porque eu juro que disse sem pensar — ajeitou os óculos, sem graça.

— Olivia, está tudo bem — a encarou, revelando uma feição relaxada e despreocupada. — Até porque parece mesmo que você está indo conhecê-los.

 

Não vendo necessidade de responder, Olivia deixou Justin concentrado em seus próprios pensamentos. Ele mantinha uma ruga entre as sobrancelhas, como se algo logo a frente do para-choque do carro o incomodasse. Eles mantiveram um silêncio confortável até depois de atravessarem o centro, onde depois de algumas curvas e faróis, Justin entrara numa rua onde Olivia logo reconhecera o nome. Piscando algumas vezes, olhou pela janela, tentando ver se a placa não estava errada ou trocada. Quay Street. Não. Confusa, olhou para os números das casas. Os mesmo diminuíam enquanto Justin seguia pela rua. Não, não, não. Setenta, 68, 63, 57. Seu coração disparou quando ele estacionou em frente ao número 54. Não pode ser. Uma mistura de imagens passou diante dos seus olhos, e Olivia conseguiu focar em apenas uma. O fogo que saía do fósforo queimando o papel e em seguida o papel amassado — e ainda por inteiro — em sua mão, antes mesmo dela entrar em casa. Pode ouvir a voz de Justin dizer alguma coisa, mas ela não conseguiu decifrar. Seus olhos estavam cravados nos números de bronze pendurados logo ao lado da porta.

 

— Olivia — pode ouvir a voz de Justin e então o encarou. — O que foi? Você está pálida!

— Nada — disse depois de um tempo em silêncio. — Não foi nada.

— Está com medo deles? Não se preocupe, eles não mordem! — ela teria rido se não estivesse tão apavorada e, ao descer do carro, sentiu que estava sendo observada. De novo. Olhou para os lados, vendo carros estacionados e algumas pessoas do lado de fora. Tentou encontrar algum rosto ou corpo que fosse semelhante à Jack, mas sem sucesso.

 

Por Deus, o que está acontecendo comigo?

 

 

To be continued...



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