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História Beyond The Mission - You'll be fine


Escrita por: saytocabello e giovannasavoi

Notas do Autor


Adivinha quem voltou? c:
Pessoal, o capítulo está mais longo do que eu esperava, mas isso é bom, não é? Pelo menos recompensei vocês. Aproveitem o drama, porque praticamente é isso. Espero que não fiquem enjoados. kkkkkkk bom <3

Capítulo 20 - You'll be fine


- Puta que pariu! — A única coisa em que eu podia pensar eram os turbilhões de palavrões em sequência na minha cabeça. Enterrei minhas mãos em meu rosto, esfregando-os na tentativa de estar imaginando coisas, afinal, eu não estava sóbria à um tempo atrás. E se eu estivesse desmaiado e assim, tendo um sonho incrivelmente real? Minha garganta travou, um forte choro ameaçando sair. Não, eu deveria crer no que estava acontecendo à minha frente, pois isso sim era completamente real. Não tinha saída.

Os estalos das chamas estavam afetando meu estado emocional, fazendo-me chegar diretamente as dúvidas de como Lauren poderia estar em meio de tanto fogo, em cor forte e escura, ensurdecedor, no qual devastavam seu carro agora destruído, sem cor e brilho. E se ela estivesse... Morta? E se ela estivesse em chamas também? Neguei com a cabeça várias vezes, o que eu mais queria era me aliviar, e esse alívio estava preso em minha garganta. Eu só chegaria as minhas conclusões se chegasse mais perto. Sem pensar em mais nada, sem delongas, e sem consciência pura, apenas gritei.

- LAUREEEEN!!! — Saiu o mais alto que pude, sentindo minha garganta arder tanto quanto o fogo flamejante em volta de seu carro. Percebendo que, eventualmente, eu ainda continuava parada em choque, sem mover um músculo sequer, corri outra vez, sentindo minhas pernas bambas doerem ainda mais do que minha primeira corrida. Chegando perto da porta de motorista, vi que o fogo ainda não chegava onde Lauren estava. Seu corpo estava caído, sua cabeça sem apoio nenhum, tombada para frente junto ao corpo, entretanto, o cinto estava segurando-a de tal forma protetora.

Fiquei um pouco distante para não me queimar, respirando fundo diversas vezes, juntando todas as minhas forças para encarar o meu horror e medo de ser drasticamente ferida. Ao notar que Lauren estava se derretendo em suor e provavelmente se queimando, me aproximei de seu carro com o coração batendo tão forte quanto uma metralhadora, superando meu medo, e obviamente todas as minhas barreiras.

Sentindo meu corpo e meus olhos arderem frequentemente e sem parar, assim lacrimejando com o fogo extremamente perto, diria que a menos que 40 centímetros de distância, abri a porta de motorista com uma certa dificuldade, onde Lauren se localizava. Senti meus dedos se queimarem com a tranca de ferro exageradamente quente, embora tentasse ignorar toda aquela dor insuportável não só da ponta dos meus dedos, como fora e dentro de mim. Me encaixei dentro daquele carro apertado, sentindo a pele de Lauren incrivelmente pelando em contato com a minha. Me livrei de seu cinto, me esforçando para não gritar quando o plástico que dava acesso ao cinto derreteu em meu dedo.

As chamas estava me fazendo transpirar mais do que desejava, e meu corpo estava em brasa, por ora sentia minha pele corroendo aos poucos. Minha respiração desregulada denunciava o quanto nervosa eu estava, e meu corpo tremia de um modo sombrio como nunca. O ar em si era impossível de ser sentido, o mormaço das combustão queimavam através de minhas narinas, deixando-me mole e extremamente quente por dentro. Agradeci mentalmente pela grande parte do fogo se manifestar somente na traseira do carro, pois se alcançasse nós duas, literalmente íamos nos queimar no fogo do inferno.

- Lauren! — Dei dois tapinhas em sua bochecha levemente, tossindo em meio à falta de ar pelas chamas que o bloqueavam. — Acorda, por favor. — Implorei, quase sem voz. Percebendo que minha tentativa de despertá-la não funcionaria, encaixei meus braços em volta de seu corpo transbordando suor, assim como o meu, tendo dificuldades em pegá-la por estar tão grudenta. Assim que consegui envolvê-la, fiz força em minhas pernas para levantar seu corpo desacordado, porém, não veio forças. Ela era bastante pesada, contudo, deixei-a posicionada em meu colo, tentando a todo custo tirá-la dos mormaços vindo das chamas, e à mim mesma também.

Prendi a respiração, pois a fumaça em excesso estava me fazendo mal, junto à minhas vistas que começavam a escurecer, e minha garganta sensível me despertando variadas tosses. Meus olhos estavam cada vez mais pesados, meus braços que a envolvia ficando frouxos com o passar dos segundos. Eu não poderia desmaiar, não poderia me deixar ser vencida por algo tão natural quanto o fogo, mais potente do que qualquer coisa. Não poderia ser fraca, não agora. Não poderia me deixar ser presa e frágil nessa situação humilhante, por mim.

Por Lauren.

Estava gritante toda aquela dor, minha pele não entrava em contato com o fogo, embora sentisse meu couro quase derretendo e ardendo em toda aquela situação. Manter os olhos abertos se tornou uma missão difícil, pois eu sentia minhas órbitas praticamente se derretendo. Sentindo meu corpo pesar em um cansaço incomum, e toda aquela queimação e suor ficando cada vez mais presente e difícil de suportar, consegui novamente erguer forças vitais, vindas diretamente de minhas pernas para me levantar com Lauren em meus braços.

A extensão de meus músculos da panturrilha e laterais das coxas estavam fracos, e meus passos se tornavam bambos, portanto, tive que andar lentamente em passos arrastados.

Mas eu deixaria Lauren segura, custe o que custar, e bem longe daquele maldito carro em chamas.

Ainda seguindo para frente de forma dolorosamente lenta, meu corpo inteiro ainda estremecia, junto aos meus braços e pernas, porém, o oxigênio se tornou notavelmente melhor. A cabeça da agente estava tombada para baixo em meu antebraço direito, enquanto que, com o antebraço esquerdo, suas flexibilidades dos joelhos formavam um gancho envolta dele. Eu estava carregando-a visivelmente como pessoas que entravam ao quarto para ter sua primeira lua de mel, mas nesse caso, era completamente diferente, porque ela estava desacordada e, seus cabelos caíam em uma cascata negra em direção ao chão.

Neste momento, ficando longe o suficiente do fogo, encerrei meus passos, sentindo meus pés dormentes. Olhei para o rosto de Lauren, tão angelical como o de um anjo, e totalmente sem noção alguma sobre o que acontecia em volta.

- Quem foi o desgraçado que fez isso com você, Lauren? — Funguei, sussurrando baixo para mim mesma, ao mesmo tempo sentindo as lágrimas rolarem aos poucos pela minha bochecha, se igualando à minha garganta que queimava sob teimar em segurar o choro.

Agora, observando cada detalhe de suas características facias, eu estava tão desesperada que não havia notado seu rosto quase banhado à sangue, vindo do corte profundo na lateral de sua testa. Seus braços, no entanto, estavam com a pele irritada em um tom vermelho vivo, parecendo com que ela tivesse pegado um sol por horas sem parar, mas também, seu couro estava começando a se soltar em uma camada fina. Lauren estava tão frágil que, eu tinha medo de tocá-la de modo errado e praticamente descascar sua pele queimada ou o pior, deixar danos maiores.

Me ajoelhei no chão delicadamente, ainda com ela em meu braços. Eu não iria soltá-la de forma alguma, nem que fosse por um segundo, ela precisava de cuidados e eu daria isso à ela. Eu estava tão concentrada sobre os fatos drásticos que vinham a acontecer que, nem notei algumas pessoas em nossa volta, no qual observavam tudo boquiabertas, algumas com seus aparelhos celulares em mãos apontando para mim e Lauren, provavelmente filmando e outras, apenas horrorizadas com toda a cena. Me veio na cabeça de que elas estariam observando todo o acontecimento desde quando eu tentava tirar a agente do carro e nem pra sequer me ajudar? Ri interiormente em sarcasmo, o que eu esperava das pessoas mesmo? Nada. Elas não faziam nada para ajudar, porque só se preocupavam com o próprio umbigo.

Com meu rosto banhado em lágrimas, encarei cada uma daquelas pessoas, assistindo àquilo como se fosse um teatro, uma porra de um reality show. Da minha expressão saiu uma careta em fúria, talvez raiva, por toda aquela multidão desnecessária só observar em silêncio. Pensando que pelo menos uma delas poderiam ser competentes o suficiente para me ajudar, pronunciei:

- Liguem para a ambulância, por favor! Não fiquem somente olhando, olha como está a situação! — Exclamei, bufando por serem todas desocupadas demais. Notei que minha voz pareceu dar um toque de realidade em muitas delas, e todas começaram a andar de um lado para o outro, circulando todo o perímetro por perto de mim. — Você vai ficar bem, Lauren, eu te prometo. — Agora olhando para a mulher adormecida em meus braços, no qual transmitia uma característica calma de quem realmente não sabia nada do que estava havendo e, muito menos do que foi feito até então, sussurrei essas palavras como se fosse possível ela me ouvir.

Fechei meus olhos cansados vagarosamente e dei um beijo em sua testa ensanguentada, sem me importar com seu sangue que cobria meus lábios. Suspirei, contendo as lágrimas que insistiam em cair novamente, enquanto sentia adrenalina do alívio por ter conseguido ser competente e salvo Lauren percorrer minhas veias. Parei para observá-la mais uma vez, como as outras incansáveis vezes, e sua respiração soava tranquila, todavia, como se ela estivesse tendo um sonho bastante agradável. Apertei seu corpo desmaiado contra meu peito sem botar nenhum tipo de força, não querendo soltá-la por nada desde que a tirei das chamas vivas.

- Hija! — Uma voz adulta feminina gritou ao longe, e eu ergui minha cabeça, vendo que se tratava de minha mãe, correndo devagar em minha direção entre as pessoas. Ao parar em minha frente, seus olhos castanhos escuros me encaravam confusos, alterando entre mim e a garota em que eu segurava. Me sentei em minhas pernas, por meus joelhos reclamarem de dor por conta do peso em meus braços, mas ainda sem soltar a de olhos verdes. Sinu apenas me encarava em busca de respostas. — O que aconteceu? Céus... — Suas expressões eram compreensivas, porém, assustadas. Minha mãe era tão boa, eu não queria preocupa-la tanto deste modo. — Foi por causa do seu trabalho, não foi? — Ela suspirou derrotada.

- Não, mama... — O choro que eu tentava tanto manter preso voltou, enquanto meus olhos repousavam em Lauren com o rosto aconchegado em meu peito. O gosto salgado das lágrimas em minha boca se tornavam cada vez mais presentes, no qual caiam agressivas de meus olhos ardidos. Minha visão estava embaçada pela água em minhas órbitas, caindo gota por gota no pescoço de Lauren. — E-eu... — Meu queixo tremia e meus músculos tensos se intensificaram, dando ainda mais cansaço em meu corpo. Meus braços davam sinal de desgaste, ficando fracos conforme o corpo de Lauren preso ali por exatos 10 minutos. — Eu não sei o que aconteceu... Estou perdida. — O sentimento tenebroso se instalou em cheio cada célula inocente de meu corpo. Lauren precisava ficar bem. Precisava. Eu não sei por qual motivo tanto chorava, mas vê-la machucada e inconsciente de tudo estava acabando comigo por dentro, de um modo anormal. De um modo que não deveria me afetar tanto, como está afetando.

As sobrancelhas de minha mãe se contorciam para cima e se juntavam demonstrando pena, até que, ela abaixou do meu lado, afagando meus cabelos com carinho, tentando me passar tranquilidade.

- Quem é a garota que se feriu, filha? Poderia ser pior, estou dando graças à Deus por estar relativamente bem, somente algumas feridas. — Ela suspirou, olhando para Lauren em alguns segundos. — Ela é bonita... Por acaso é sua namorada? — Me engasguei com meu choro ao ouvir sua pergunta tão inocente e doce. Senti sua mão espalmada por minhas costas, me dando leves tapas. Tentando manter a calma, soprei uma, duas, três vezes antes de respondê-la.

- Seu nome é Lauren e ela não é minha namorada, mama. — Minha voz soou trêmula, em um só murmúrio. — A festa que eu fui ontem... Você se lembra? — Sinu assentiu com a cabeça. — Então, ela é apenas minha... — Parei de falar no exato momento, pensando bem na palavra que pronunciaria agora. — Amiga. — Suspirei. — Ela se ofereceu para me levar para casa, e quando já havia me despedido e fui abrir a porta de casa, assim que ela virou a esquina para partir, sumiu de vista, e aconteceu isso. Ela tem o mesmo trabalho que o meu, mas... Isso apenas não tem explicação, mama. — Minha garganta trancou, e meu queixo tremia novamente. — Eu sinto um carinho considerável por ela. — Minha mãe me ouvia atenta, digerindo todos os fatos e minhas palavras sinceras.

- Eu percebo Hija, você está chorando muito, se acalme. — Ela olhou para os lados e as pessoas só iriam enchendo entre nós.

- A ambulância vai estar aqui em poucos minutos. — Um senhor de idade informou, olhando para mim e Lauren com uma expressão triste. Seu semblante preocupado me mostrou que algumas pessoas ainda se importavam com as outras, mesmo que seja caso mínimo.

- Obrigada. — Superei minha expressão séria e chorosa, dando um dos meus melhores sorrisos à ele.

Ao chegar a ambulância, minha mãe voltou para casa pois avisei que eu acompanharia Lauren.

(...)

- E então doutor, como ela está? — Após cumprimentá-lo, encarei os olhos do Dr. Simpson com uma esperança que me mataria se eu não ouvisse pelo menos notícias razoáveis. Ele olhava para a ficha em suas mãos com a expressão calma, ainda anotando algumas coisas. Ele fazia tudo sem pressa alguma, deixando-me ainda mais aflita, parecendo que eu esperava sua resposta à séculos.

- Camila, eu não queria decepcioná-la, mas primeiro preciso dar essa informação aos responsáveis de Lauren. — Ele suspirou, olhando-me com as sobrancelhas juntas em um pedido de desculpas. Caí meus ombros e soltei uma respiração derrotada, minha preocupação estava me afetando de todos os jeitos imagináveis. — Você conhece os responsáveis por ela?

- Eu não conheço, doutor. — Eu não tinha pensado na porra dessa possibilidade, como fui ser tão burra e egoísta ao ponto de nem sequer entrar em contato com os pais de Lauren? Me preocupando sozinha, esquecendo-me de seus parentes? Bati com minha mão em minha testa e o Dr. Simpson me observava interrogativo. — Mas eu vou dar meu jeito e trazê-los nesse mesmo momento, ok? Eu conheço uma prima dela e, vou avisá-la. — Menti.

- Tudo bem, Camila. Eu só vou terminar de fazer alguns exames, e repeti-los para ter total certeza de que ela esteja afetada ou não. — Ele virou de costas, porém olhando para trás. — Volto já, enquanto isso tente dar a notícia aos responsáveis de sua amiga. — Confirmei com a cabeça, pegando meu celular de meu bolso, ao ir em mensagens, chamei a primeira pessoa que passou pela minha cabeça.

Camila: Acorde, por favor! Eu preciso urgentemente da sua ajuda. — Mordi meus lábios antes de enviar, de maneira pensativa. Ela poderia me ajudar, por fim, enviei.

Em espera da resposta, me sentei em um dos bancos alinhados da sala de espera. Eu olhava o relógio de 1 em 1 segundo, impaciente com a sua demora. Passaram-se 5 minutos. Sem esperar mais um minuto sequer, apertei em seu nome e a ligação estava sendo realizada. Um bipe. Dois bipes, e nada. Três. Eu mexia meus pés freneticamente, não dava para impedir o quão aflito estava sendo. Até que, no quarto bipe, eu me levantei bruscamente.

- Camila, espero que você tenha uma explicação realmente convincente por ter atrapalhado meu sono exatamente às 7 da manhã! — Ela disse entre dentes, bufando do outro lado da linha. Você não faz ideia do quanto é convincente.

- Dinah, se acalme, por favor. Eu preciso da sua ajuda. Eu sabia que estava dormindo, me desculpe por isso, mas-

- O que aconteceu? — DJ interrompeu-me, logicamente percebendo o tom da minha voz afobada. — Pela sua voz... Parece ser algo sério. Eu te conheço.

- Se não fosse algo sério, eu não estaria te ligando. — Suspirei, eu sabia que ela arrumaria o que eu pediria de alguma forma.

Chancho, vá direto ao ponto. Você está me deixando preocupada. Essas coisas à flor da pele, não fazem bem para a minha saúde. Sou cardíaca.

Chee, escute bem o que vou te dizer agora... — Dei uma pausa, batendo a ponta de meus pés no chão enquanto olhava para o movimento. — Pegue seu computador, ou os aparelhos possíveis para me ajudar nisso. Eu preciso com urgência dos números dos pais de Lauren, e eu sei que você conseguiria facilmente por mim, pois sua área na agência é praticamente procurar obter as informações sobre tudo, fora o personal trainer, certo? Eu te explico tudo depois. — Ela concordou nasalmente, então continuei. — Por favor, é só isso do que eu preciso. — Escutei seus passos largos e apressados andando até algum canto de sua casa, consequentemente o escritório, até que, ouvi a melodia do computador sendo iniciado. Suspirei de alívio, eu devo a Dinah por isso. Um silêncio se instalou por parte dela por uns segundos.

- Sabe o nome deles? — Ela perguntou, e eu me senti como se uma faca acertasse meu estômago. Porra, como eu me esqueci desse mínimo detalhe?

- E-eu não sei. — Passei minha mão livre pelos meus cabelos, ajeitando-os em insatisfação e incômodo. Dinah respirou fundo do outro lado da linha.

- Sobrenome?

- Ela é da família Jauregui. — Ao dizer, agora mais calma por minha melhor amiga sempre ter as soluções para tudo, não deixei que nada me abatesse pois sabia que ela conseguiria. Foi ouvido os sons de Dinah batendo seus dedos contra as teclas de forma rápida.

É... — Percebi que ela segurou sua respiração por um segundo. — Tenho uma dúvida.

- Diga-me.

- Jauregui... A primeira letra é com R? — Ao ouvir sua pergunta, não contive minha gargalhada em meio ao telefone, atraindo olhares de alguns da sala. — Do que está rindo?! Cale a boca, senão não te ajudo. Você atrapalha meu sono e meus lindos sonhos eróticos pra rir da minha cara? — Ouvi um chio do seu lado no telefone, era ela bufando. — Abusada. — Por sua voz frágil, pude constatar que ela tinha feito um biquinho adorável.

- Calma, calma, amorzinho. — Soltei apenas mais uma risada nasal, só Dinah mesmo para me fazer rir em uma dessas situações. — É com J, chee.

- Uh... — Ela pronunciou ao esclarecer suas dúvidas, e novamente ouvi as teclas. — Aqui diz... Clara Jauregui, Michael, Taylor e Chris. — Ela soltou. — Associe quem tem mais nome de gente velha. — Ri novamente com sua suposição, ela acompanhou. — Todos os números estão aqui, entre outras informações. — Continuou.

- Michael. Pegue o número de Michael. — Eu não sabia se era o irmão ou pai de Lauren, mas algo em minha intuição gritava ao longe que poderia ser seu pai. Ignorei a sensação esquisita sobre minhas possíveis expectativas, coloquei no viva voz ao Dinah dizer o número, guardando em minha lista de contatos. — Muito obrigada Dinah, muito. Eu não sei como posso te agradecer por isso.

- Chancho, você está agindo de forma esquisita e eu sei que tem algo por trás disso. — Ela disse em um murmúrio, deixando explícito sua desconfiança no ar. — Desembucha. — Sua voz soou séria, me causando arrepios. — Agora. — Frisou a última palavra, fazendo meu estômago revirar. Dinah era a única pessoa que eu contaria, além de que, ela descobriria, pois o vídeo sobre meu ato de salvar Lauren deveria estar rodando na internet uma hora dessas.

- Eu não quero te preocupar, você correria pra cá em um segundo se soubesse... — Disse receosa, me sentando novamente devido à minha pontada forte na cabeça.

- É por isso mesmo que você não deve esconder de mim!

- Eu falarei, mas só porque preciso ligar urgentemente para o pai ou irmão de Lauren.

- O que aconteceu com Lauren? Você não me pediu todas essas informações atoa.

- Sim, então... — Pigarreei, pensando em como iria falar isso. — Ela está ferida. E pelo semblante de seu médico, parece ter alguma coisa grave. Na verdade, eu sinto, Dinah, bem no fundo, que houve algo muito maior. — Suspirei, a vontade de chorar estava de volta, mas não era hora pra isso agora. — Me encontre no hospital, vou passar todas as informações por mensagem e eu te conto tudo em detalhes.

- Chego em 15 minutos. — A voz de DJ se alterou, e eu ouvi mais passos frequentes e pesados batendo ao chão de madeira de sua casa antes de encerrar a chamada.

Após mandar a mensagem para Dinah, fiquei olhando para um ponto fixo na sala de espera, me preparando para encarar a voz do pai ou irmão de Lauren. Formulando o que eu falaria primeiramente, pois essa situação estava mais do que séria. Eles vão se chocar, e o pior: eles não me conhecem. E se pensarem que tenho algo haver com seu acidente? Que eu causei isso? Me curvei para frente enterrando as mãos em meu rosto, esfregando-os em nervosismo. Meu coração errava a batida diversas vezes e meu sangue corria quente em minhas veias, eu conseguia ouvir meus batimentos cardíacos diante de meus ouvidos ao realizar finalmente a ligação mais esperada, para o responsável de Lauren. Sem que desse ao menos o início do barulho do toque, ele atendeu, e eu continuei imóvel apenas olhando para um nada em específico, pois minha visão estava embaçada.

- Pois não? — A voz grossa e máscula se fez presente, e eu paralisei, entrei em choque e da minha garganta não saia algum tipo de som. Segurando o celular em minha orelha, escutei respirações do outro lado da linha por busca de respostas minhas, mas nada disse. — Alô? — O homem disse novamente, despertando-me da transe brusca em que meu corpo entrou a pouco.

- Michael? — Disse um pouco rápido demais, minha voz saiu em modo automático e eu havia percebido.

- O próprio. — Ele disse, um riso nasal o acompanhou no percurso. — A que te devo pela ligação?

- Eu preciso que você me escute. — Antes de terminar meu diálogo, uma respiração profunda encheu meus pulmões. — É sobre Lauren...

- Lauren? O que houve com minha filha? — Disse rápido, de sua voz esbanjava aflição. — Me desculpe por ser mal educado, qual o nome da senhorita?

- Me chamo Camila, e sou amiga de Lauren. — Sorri com a educação de seu pai, eu não devia ter ficado tão nervosa, foi bobeira. — Ela sofreu um acidente e está incons-

- O QUE????????? — Ele explodiu de uma só vez, se expressando tão naturalmente como se me conhecesse à anos, dessa forma, interrompendo-me. Ao perceber seu ato repentino, tentou se relaxar e continuou, colocando a pressão certa de calmaria na voz. — Me desculpe, Camila. Prossiga, por favor.

Eu sei que o senhor vai se sentir tão mal quanto eu, é óbvio, mas mantenha a calma, é tudo o que eu te peço. Eu vou começar desde o começo... — Engoli em seco com uma dificuldade extrema, pareceu não descer. — O carro de Lauren foi explodido com uma granada, e ela estava dentro dele. — Pude ouvir o ar de seu pai ser puxado para dentro, mostrando o quão chocado ele estava. — Por sorte, muita sorte, eu consegui salvá-la, pois o fogo estava concentrado apenas na traseira do carro, porém, sempre se aproximando mais a frente. — Escutei alguns fungadas vindo dele, e ouvi sua voz embargada pelo choro pedindo para mim continuar. — Eu vou ser sincera com o senhor, e dizer que ela não se feriu muito, apenas queimou um pouco do corpo causado pelo mormaço, assim como eu. Mas tem um porém... — Pausei novamente, criando forças o suficiente para não me emocionar ao contar sobre o acidente de sua filha. — Eu percebi que, ela bateu com a cabeça no volante, e seu corpo estava irritavelmente queimado, contudo, o Dr. Simpson, médico que está lidando com Lauren, disse que apenas vai dizer o que houve com ela se eu ligasse para seu responsável. Ela nesse momento está inconsciente, na verdade, desde que a tirei das chamas. É claro que, pensei em ligar para algum de vocês antes, mas confesso que a adrenalina não me fez raciocinar direito. — Soltei um suspiro cansado. — Mas cá estou eu, foi complicado em conseguir o número de um de vocês. Venham para o hospital, por favor, eu estou a ponto de ficar louca, como sei que vocês vão ficar muito mais, não tem comparação. — Olhei para a porta do quarto fechada de onde Lauren estava sendo analisada, eu falava tudo o mais sincera que conseguia, e sentia meus músculos doerem a cada respiração. — Eu tenho um carinho enorme por ela. — Saiu como um sussurro. Michael ainda continuava mudo na ligação, provavelmente sem ter o que dizer pelos pensamentos que o incomodavam.

Puta que pariu... — Ele murmurou, sem palavras. Escutei movimentos de chaves e portas sendo abertas, ou talvez, trancadas. Seus movimentos estavam agitados, ele andava sem parar. — Por favor, me diga o endereço que vou no mesmo instante, enquanto aviso aos outros. — Sua voz desesperada denunciava o quão triste ele estava, denunciava os mil sentimentos que os atingiam, assim como eu.

Ao dizer o endereço e Michael encerrar a ligação, corri meus olhos pela extensão da sala de espera. Eu estava começando a me sentir sozinha, nesse ambiente frio pelo ar-condicionado, não trouxe comigo nenhum moletom, continuava com o mesmo vestido, queimado em algumas pontas e rasgado em outras. Ao chegar, eu estava descalça, porém, me deram chinelos. Me sentia completamente suja, embora eu esteja por causa dos queimados e marcas de fumaça em partes de meu rosto e corpo, não poderia sentir outra coisa à não ser isso. Precisava de um banho relaxante e da minha cama. Eu não pregava os olhos por nada nessa vida, afim de que tenha notícias de Lauren, podia até imaginar minhas olheiras. Meu estômago roncava tanto de fome que se eu não estivesse tão fraca para ficar em pé pelo cansaço, até pegaria algo para comer. Eu não queria me olhar em um espelho sequer, meu rosto deveria estar um horror e eu iria conhecer os pais de Lauren assim. Continham alguns curativos em meus braços, joelhos, pernas e rosto. As enfermeiras tentaram me limpar, porém, sem sucesso. Eu também me sentia ferida, mas não chegava nunca a ser no mesmo estado de Lauren, o meu não se comparava, no entanto, eu confesso que rezei pelo menos um pouco para me colocarem no mesmo quarto que ela, se minhas queimaduras estivessem como as suas. Mas não chegava a ser algo grave, por isso, não precisei de quarto algum.

- Finalmente te encontrei... — A voz conhecida disse em minha direção, e eu virei o rosto na mesma hora. — Ahhhhh! Porra, que susto! Pensei que era a noiva do Chuck. — Ri sem humor, e Dinah veio correndo até mim, se ajoelhando em minha frente. — Você está horrível, o que aconteceu, pelo amor de Deus? — Seus olhos se intercalavam entre meus curativos e as manchas cinzas em minha pele, suas mãos seguraram meu rosto delicadamente, mantendo suas características faciais como de uma mãe quando seu filho arranha o joelho.

- Tudo bem, tudo bem. — Olhei-a nos olhos, assegurando-a enquanto minha mão tocava a sua em minha bochecha e acariciava as costas de sua mão. — Eu estou... bem. — Era estranho soar essa palavra, quando a verdade não era essa. — Digo, eu me sinto cansada, é como se — Inalei fundo todo o ar que o oxigênio me proporcionava, até chegar ao limite de onde não daria mais para inalar. — Como se eu estivesse feito muay thai por 2 dias sem parar, ou como se apenas tivesse feito uma maratona de sexo selvagem. — Mordi os lábios, desabafando sobre minhas dores para ela. — Minhas pernas estão dormentes, e eu nem vou dizer sobre meus ombros. Estou um caco. — Dinah me encarava atenta, estudando quaisquer reações que eu ousasse demonstrar. — Mas isso não é o pior, Chee. O pior é que Lauren está desmaiada, ainda mais ferida do que eu.

- O que????? — Dinah se levantou de repente, seus olhos quase saindo de suas órbitas, andando de um lado para o outro como se fosse criar um buraco em sua volta no chão. Seus lábios estavam presos entre seu dedo indicador e polegar, enquanto ela pensava interminavelmente, até que, por fim, parou, olhando diretamente para mim. — Eu preciso de explicações, eu já te perguntei o que houve umas cem vezes, e você simplesmente não diz!

- Dinah, se acalme, vou lhe explicar.

(...)

Após explicar à minha melhor amiga tudo o que se passou com Lauren, o carro pegando fogo e até mesmo quando a salvei, não poupei detalhes, apenas os fiz mais presentes. Dinah me olhava com a cara mais incrédula possível, porém seu rosto se suavizou quando disse sobre meu ato em salvá-la. Eu não sabia dizer muito bem em como ela me encarava, mas seu rosto dizia coisas indecifráveis, ela me olhava com uma admiração maior do que quando fui apresentada à ela como melhor agente da Milliums.

- Você não conseguiu ver quem foi o safado que explodiu Lauren, ao menos?

- Não, Chee! Eu estava tão transtornada que não parei pra pensar nisso de primeira. Mas que é uma crueldade, é... — Os dedos de Dinah acariciavam seu queixo, como se ela pensasse em algo. Alguma hipótese sobre quem seja o maldito que criou tal caos.

- Será que foi alguém... Você sabe... Da empresa dela? — Ela disse baixo, esperando por minha resposta.

- Isso faz sentido, mas eu realmente não sei. A não ser que ela tenha se encrencado em algo e não me disse nada. Ou pode ser que ela apenas esteja em perigo, e não sabia disso.

- Eu sinto que é a segunda opção. Não sei porque, mas isso não me cheira nada bem. Nós precisamos investigar, você não acha? — Olhei para Dinah, e uma raiva sobre esse assunto de quem seja a pessoa por ter feio tal crueldade com Lauren, percorria cada centímetros das minhas células e do meu corpo. O sentimento de raiva me corroía, subia pela minha cabeça e, embora minha expressão não demonstrasse rancor, eu disse em alto e bom som, com uma frieza incorrigível:

- Se eu descobrir quem é o desgraçado, eu mato-o. Estraçalho, corto a garganta dele e faço-o se dividir em dois. — Os olhos negros de Dinah se abriram em horror, e eu não sabia que podia ser tão psicopata em meio ao ódio.

- Tudo bem, então... Eu acho que devemos proculá-lo, e quando fizermos isso, achá-lo para você poder fazer seu trabalho sujo. — Meu sorriso se abriu sem a maior emoção, nitidamente como a de um doente por sangue fresco, e o melhor: vingança.

Alguém limpou a garganta a pouca distância atrás de nós, fazendo-me subir o olhar e chegar a conclusão de que era um homem. Ele usava terno, tinha uma barba rala e era rechonchudo. Atrás de si, uma mulher de cabelos castanhos, olhos do mesmo tom, com a face à demonstra de aflição.

- Você é a Camila? Estou no lugar certo? — O homem perguntou, e agora de mais perto, pude reparar em suas características semelhantes a de Lauren. Me levantei do banco prontamente, cumprimentando-o com um aperto de mão, fazendo o mesmo com a mulher ao seu lado.

- Sou eu, aliás... Quem mais seria, não é mesmo? Estou um desastre. — Disse com receio, acariciando minha nuca levemente. Eles me olharam de cima a baixo, e se a situação não fosse tão constrangedor para ser verdade, eles teriam rido da minha aparência de mendigo queimado. Michael abriu um sorriso além de tudo, achando graça em meu comentário.

- Você salvou a minha filha, Camila. Não diga besteiras. Não importa se você está com roupas queimadas e rasgadas, com a aparência abatida. Você apenas a salvou, e eu sou infinitamente grato por isso. — Ele sorriu, deixando a mostra seus dentes brancos, tão parecidos com os de Lauren.

- Nós somos gratos. — A mulher ao seu lado corrigiu-o, dando um leve soco no ombro de Michael. — Se não fosse por você, Lauren não estaria viva, não estaria aqui. Mesmo que ferida, você não a deixou morrer e eu... — Algumas lágrimas persistiam em cair de seus olhos, mas ela tratou de contê-las. — Como eu posso te agradecer? Você é uma garota tão corajosa. — Ela chegou mais perto, prendendo-me em um abraço confortável, enquanto eu continuava imóvel com sua atitude, no entanto, eu sentia minha pele arder pelo contato, por causa de meus poucos queimados, mas não me importei. Ao me soltar, eu sorri de verdade pela primeira vez no dia. — Desculpe-me, meu nome é Clara.

- Não precisa de tanto, eu só... Fiz o que achei que seria certo. — Ela sorriu genuinamente, limpando algumas lágrimas de seu rosto. — O doutor quer falar com vocês, se puderem me acompanhar...

- É claro. — Os dois disseram em um uníssono, e Dinah apenas observava toda a cena, com um pequeno sorriso nos lábios. Quando os pais de Lauren notaram sua presença, cumprimentaram-na, com toda a educação que eu sabia que eles tinham.

Quando fui dar meus passos para a sala do Dr. Simpson, ele apareceu por trás de nós, pegando-me desprevenida e creio que os outros também.

- Camila. — Me chamou, fazendo-me virar em sua direção, assim como Dinah e os pais de Lauren. — São os pais da paciente?

- Somos sim, doutor... — Deixaram a última palavra no ar, ao apertarem as mãos do médico.

- Dr. Simpson. — Seu sorriso era discreto. — Me acompanhem, todos vocês, se possível. — Meu coração deu um solavanco perturbante, pensando de todas as maneiras em como ele ia dar aquela notícia que eu esperava desde que pisei nesse maldito hospital. A esperada notícia, em que saberíamos se Lauren iria ficar bem, se deixou consequências, sequelas graves, ou não. Seguimos até sua sala e, quando ele se sentou na nossa frente, assim pedindo para que também sentássemos, todos fizeram, menos a mim. Eu estava com um sentimento tão mal preso dentro de mim, uma aflição interminável pelo doutor não dizer logo o que estava havendo com Lauren.

Eu acho que, poderia explodir ali mesmo de tamanha impaciência.

- Eu vou direto ao assunto... Sei que estão ansiosos para o que eu tenho a dizer, então vou tentar explicar da forma mais calma possível. — Ele respirou, e eu respirei junto, olhando-o com esperança, procurando algo em seus olhos que me dessem continuidade em ficar de pé, senão eu acabaria fraquejando. — Lauren está bem. — Eu suspirei de alívio, como se um peso enorme tivesse saído de minhas costas. — Mas tem um porém...

- Como assim porém?!? — Eu disse alterada, atraindo os olhares de quem estava na sala e Dinah repreendeu-me com o olhar. E de novo, esse mesmo peso veio, atacando-me com tudo. Minha impressão não era boa sobre isso, talvez seja algum tipo de conexão não estudada ainda por mim.

- Escutem... Preciso que não surtem. — Meus músculos tencionaram, senti meu corpo dar um solavanco para o lado, pesar. — As feridas de Lauren não foram intensas, ela está com a pulsação boa e, sua pressão também está normal. — Por um segundo seu olhar levantou para mim, mas novamente desceu para Michael e Clara. — Lauren inalou grandes quantidades de monóxido de carbono, ou seja, inalou quantias não recomendáveis de fumaça, como vocês sabem, algo tóxico, no qual afetou seu organismo e cérebro, assim dando o que chamamos de morte cerebral, ou descanso. — Ao citar suas últimas palavras, juro que tudo ao meu redor desabou, eu não conseguia sentir meus pés sobre o chão e minha respiração se tornou descontrolada. Ele estava querendo dizer que... — Lauren-

- Lauren está em coma. — Eu pronunciei sem crer para mim mesma, interrompendo-o.


Notas Finais


E então? Como estamos? Espero que a Lauren consiga sair dessa... né non?

Vou tentar atualizar semana que vem, se possível. Vejo vocês em breve c:

Para ler no wattpad: http://my.w.tt/UiNb/EC394GJ5Qw


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