P.O.V. Pedro (Rezende)
- Parabéns, Rezende! Você é o cara! - Eu comentava comigo mesmo.
Flokiis acabou de sair pela porta do apartamento, totalmente chateada. E não era para menos, ela tinha motivo para estar assim, mas eu não consigo fazer nada para evitar isso. Você provavelmente está pensando: '' Mas é claro que você pode, idiota!'' E você tem razão, eu posso, mas não consigo.
Como vou falar para a minha namorada que eu estou sentindo uma atração enorme pela melhor amiga dela? Isso não é algo banal, não é como se eu estivesse comentando sobre o tempo, ou sobre a faculdade. É uma coisa séria, pelo menos para mim é.
Não consigo olhar nos olhos da mulher que eu amo e dizer algo assim! Pode me chamar de covarde, sem vergonha, ou do que quiser. Mas eu me sinto incapacitado para fazer qualquer coisa.
Além do sentimento de insuficiência, tem a culpa. Sinto-me culpado por sentir isso pela garota que, até anos atrás, eu considerava como uma irmã. Antes eu pensava em protegê-la, agora penso em como suas curvas são bem acentuadas, sua boca é chamativa e como seria ter um caso com ela.
E a culpa só piora quando lembro-me que sou comprometido e que a dona dos meus desejos carnais é melhor amiga da minha namorada! Diga-me, tem como piorar?
>< Quebra de tempo ><
Bianca: Nós precisamos conversar. - Foi a primeira coisa que Bibi disse, assim que abri a porta.
Apenas assenti, dando espaço para que a mesma entrasse. Fechei a porta e indiquei que sentássemos no sofá.
- Olha, Bibi, eu.. - Fui bruscamente interrompido.
Bianca: Deixe-me falar. - Ela praticamente mandou. - Eu não sinto isso, Rezende, e mesmo se sentisse, você é o namorado da minha melhor amiga. Isso nunca rolaria. - Bianca falava seriamente, enquanto eu apenas escutava calado. - Sei que estou sendo dura com você, mas precisa de alguém que te traga de volta para a realidade. E se você não quer a ajuda da Flokiis, receberá a minha. Apenas lembre-se que não tenho a mesma paciência que ela.
- Você viu a Flokiis? - Perguntei - Eu liguei para ela diversas vezes, mas ela não atendeu. - A mulher a minha frente respirou fundo.
Bianca: Sim, eu vi. - Respondeu calmamente. - Não se preocupe, Re. Ela dormiu lá em casa, ainda está lá. - Contou.
- Ela sabe que você está aqui? - Questionei baixinho. Bibi meneou a cabeça, negando.
Bianca: Ela está dormindo ainda. - Respondeu. - Escute, Rezende, não torne as coisas difíceis para nós. Eu... - Interrompi-a.
- Você acha que eu queria estar nessa condição, Bianca? - Levantei-me do sofá, rapidamente. - Por favor, Né! Você acha que eu queria estar magoando a mulher que eu amo, tudo por causa de uma atração descomunal que eu sinto pela nossa amiga? - Aumentei meu tom de voz.
Bianca: Se você aumentar o tom de voz para mim novamente, eu te quebro em pedaços, está me ouvindo Pedro? - Levantou-se também, ficando de frente para mim. - Eu sei que não gostaria de estar nessa situação, mas só nos resta uma escolha: temos que nos afastarmos.
Fiquei surpreso com o que ela disse, afinal eu não queria me afastar dela. Bibi é a minha amiga, acima de todo esse conflito.
Bianca: É o melhor a se fazer, Re. - Ela pareceu baixar a guarda. - Sei que não quer isso, eu também não quero, acredite. - Bianca falava tão baixo que, se não estivéssemos de frente um para o outro, eu não ouviria nada.
- Você tem razão. É o melhor. - Concordei, afastando-me ante que acabasse fazendo besteira. - Sinto muito por te colocar nessa posição, Bibi.
Bianca: Nós não controlamos nossos sentimentos. Está tudo bem, apenas temos que dar um tempo para nós mesmos. - Assenti, incapaz de falar qualquer outra coisa. - Eu não voltei para o Brasil porque estava com saudade. Tem uma pitada disso também, mas... - Bibi respirou fundo, sentando-se no sofá novamente. - Tinha um garoto, eu me apaixonei por ele, sabe? Não chegava aos pés do que sentia pelo Pedro, mas... Ele me fazia bem. - Ela contava tudo com um sorriso no rosto. - Mas eu descobri algo: ele era casado. - Soltou uma risada amarga. - Eu me envolvi com um cara casado, mas não tinha volta. Obviamente, quando descobri terminei tudo e pedi para que não me procurasse. Mas isso foi inútil, parecia que o mundo queria que eu fosse uma maldita destruidora de lares. Nós ficamos algumas vezes mesmo assim, até que a minha ficha caiu. - A esse ponto Bibi já tinha lágrimas caindo por suas bochechas. Caminhei até o sofá, sentando-me ao seu lado e segurando sua mão, tentando passar segurança. - Eu me perguntei que merda eu tinha na cabeça. Que tipo de mulher eu era? Eu estava enganando uma das minhas. Eu deveria estar contando àquela mulher sobre a traição, mas ao invés disso, eu estava transando com o marido dela. Que tipo de monstro eu sou?
- Você não é um monstro, Bibi. - Abracei-a de lado. - O que você fez depois? - Perguntei, esperando que ela colocasse tudo que a assombrava para fora.
Bianca: Contei a mulher dele. - Continuou. - Foi horrível! Ver o nojo estampado no olhar dela, eu deveria estar do lado dela, sabe? Porra, eu defendo tanto a sororidade*, por que diabos eu não preguei isso? - Balançou a cabeça de um lado para o outro, rindo sarcasticamente. - Pedi desculpas e ela aceitou! Ela aceitou minhas desculpas, e eu me senti pior ainda. Eu queria que ela me batesse, me xingasse do que ela quisesse. Eu merecia.
- Então você voltou, porque...? - Deixei para que ela completasse.
Bianca: Eu ainda o desejava. - Admitiu. - E então a culpa me corroía por desejar alguém casado, voltei porque eu sabia que se ficasse lá eu faria coisas das quais não me orgulharia, além das que eu já fiz. - Respirou fundo, novamente. - A questão é: não quero ser uma amante novamente, Rezende. Não quero destruir mais um lar, ainda mais o dos meu melhores amigos. E, principalmente, não quero que se arrependa disso, porque o desejo é passageiro, o amor não.
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