História Bibliotecária - Único

 Você tinha um trabalho interessante, pelo menos nos seus conceitos. Emprestava livros, recebia e ajudava pessoas com os títulos dos assuntos certos, não reclamando nem um pouco quando o fazia. Era gratificante ajudar.

 Como trabalhava com um público, conhecia muitas pessoas. Kim Hyuna, uma cantora famosa e ex membro de um famoso grupo era uma delas. Quartas e sextas, as exatas 20:30pm era o horário que a mulher adentrava o local, lhe olhava com um sorriso e depois ia em busca de um título para que quando devolvesse o que carregava, já estivesse com outro para alugar.

 O fato de pensar em Hyuna começava a lhe irritar. Talvez porque você não só pensasse nela, mas sim em seu corpo, a forma como ela afastava os fios de cabelo do rosto enquanto lia com concentração, seu sorriso e diversas outras coisas que simplesmente não eram normal de serem notadas em qualquer pessoa. De todo modo, Hyuna não era qualquer pessoa, ela era a pessoa.

 E naquele dia você queria conversar com ela.

  - Eu amo esse livro. - Você declarou, iniciando um diálogo. - Você gostou?

Na verdade, você não fazia a mínima ideia do que se tratava o título. Ela ergueu uma sobrancelha, depois sorriu.

 - É um ótimo livro. - Respondeu.

 - E qual é a sua parte favorita? - Pressionou.

 Hyuna franziu o cenho dessa vez, mas ela não podia estar mais confusa do que você pela aquela mudança repentina de comportamento.

 - Não tenho uma. E a sua?

 Certo, que coisa mais idiota de se perguntar. Você corou, não sabendo a resposta, suspirou e por fim confessou.

 - Eu não li. - Declarou. - Sinto muito, só queria falar com você.

 Hyuna primeiro pressionou os lábios, depois riu.

 - De toda forma, admito que também não li. - Declarou, debruçando os braços na mesa. - Na verdade, não li nenhum dos livros que peguei aqui. Eu não tenho tanto tempo.

 Você deixou seu queixo cair.

 - O que leva uma pessoa a pegar livros e não ler? - Indagou.

 - O que leva uma pessoa a fingir que leu um livro para conversar com alguém? - Ela rebateu.

 A resposta para ambas as perguntas era clara.

 Então... Não. Não podia ser. Seu rosto se transformou em uma confusão completa, sabia disso pela risada que ouviu da mulher.

 Risada esta, que depois daquele dia, se tornaria algo familiar para você.