Eram quase dez de uma noite de inverno quando a chuva caia lentamente e o frio era acolhedor. Minha mãe sempre dizia: um dia de chuva era bom, porque sempre vinha o arco-íris depois.
Meu pai e eu estávamos saindo do supermercado quando eu [como sempre] esqueci minha bolsa no carrinho de compras. Não podia voltar sem ela, ela era especial.
Corri para tentar recuperar enquanto papai guardava as coisas na mala do carro. Eu amava fazer compras à noite com ele era sempre tão divertido, descontraído e ele [sempre] me faz refletir sobre as coisas, sobre tudo.
Encontrei a bolsinha no mesmo carrinho e algumas pessoas olharam de um jeito engraçado quando eu dancei toda feliz. Estava voltando toda distraída vendo tudo que eu havia deixado na bolsa que nem percebi que já estava perto do carro, mas não vi sinal do meu pai. Aonde será que ele foi? Ele disse que me esperaria aqui.
Um leve baque me chama a atenção e olho ao redor do estacionamento, aquele frio agora é arrepiante.
Pai, cadê você? Eu estou com medo. Eu sei que disse pra não ter porque o senhor estaria comigo, mas não estou te vendo e isso me deixa apavorada.
—AAAAR— é um grito? Agora eu realmente estava com medo de tremer as pernas e aquele lugar de repente ficou assustador, era igual... i-igual à do meu pesadelo??
—Paiii,PAPAII, CADÊ VC , PAII... EU ESTOU COM MEDO PAI....— eu nem percebi que as lágrimas deciam e que minhas pernas tremiam. Cadê meu pai?
Tentei andar mesmo devargazinho, não sei o porquê mas as minhas pernas não queria responder ao meu comando. Por que estou com tanto medo?
Mais gritos despertaram meu corpo da paralisia e eu tentei focar em realmente alguma coisa. Tentei seguir os gritos que vinham do final do estacionamento, eles eram de longe conhecidos.
Cuidado Amanda, cuidado!- a voz do meu pai surgiu no meu subconsciente.
Cuidado com o quê, papai.- eu respondo mas não tenho resposta.
Aquilo só podia ser coisa da minha cabeça. Até que tudo entrou em foco. Meu p-pai. Caído. Sangrando. Meu pai.
— PAPAIII— eu nem conseguia ouvir a mim mesma. Era meu pai ali. Um homem de capuz com um taco de baseball na mão, não reconheci mas seus olhos eram castanhos tenebrosos quando eleolhou para mim.
Taco com sangue.
Homem de capuz.
Logo tudo fez sentido.
—NÃO, PARE PARE. Deixe meu paii, deixe ele. - eu tentava gritar mas ainda parecia baixo. Eu não conseguia mais me mover.
—Amandaaa, corra sai daqui— meu pai sussurra se mexendo no chão que provocou caretas em seu rosto. Ele estava com dor? Papai?
O homem desconhecido bateu mais uma vez tão forte que o corpo do meu pai se balançou com o impacto e parou de se mover.
— Corr...— ele nem conseguiu terminar de falar. Seu corpo imóvel, sem reação.
Corra Amanda, corra.
Ele.... m-morreu? O meu paizinho morreu? Não, não pode ser.
Quando notão estava na rua. A chuva caia densamente pelas minhas roupas. Meu peito doia, meu pulmões queimavam. Eu estava viva mas ao mesmo tempo morta.
-PAPAI...
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