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História Big hero - A new life. - Não quero que vá embora.


Escrita por: Sasamochi

Capítulo 12 - Não quero que vá embora.


Fanfic / Fanfiction Big hero - A new life. - Não quero que vá embora.

Olhei para o lado. Era um homem mais velho, mal vestido, e com uma garrafa de bebida na mão. Eu estava irritada, cansada, triste, e confusa, então, simplesmente respondi:

-Não te interessa! - E virei o rosto, tentando ignorá-lo e pôr meus pensamentos no lugar. Péssima ideia.

-Garotinha malcriada! - Ele tomou um gole da bebida. - Mas dá pro gasto... - Me olhou de cima a baixo, e sorriu de maneira nojenta. - Vou te ensinar a ter educação!

Ao perceber o tom me levantei, preparando-me para correr. Mas ele foi mais rápido, puxando minha mochila com força, quebrando a garrafa que bebia no chão, e a cravando em minha perna, a arrastando para baixo e rasgando tanto minha calça como minha pele. Gritei de dor, sentindo o sangue escorrer, quente. Como um bêbado podia ter a mobilidade tão boa?!

-Agora garotinha... - Ele segurou o que restava dos meus cabelos, forçando minha cabeça a tombar para o lado. - Vamos nos divertir! - Me agarrou por trás, e segurou um dos meus seios com força, me machucando.

Sentia nojo.

Dor.

Raiva.

E acima de tudo, um desespero enorme. Reuni todo o ar que eu podia, enchendo os pulmões, que arderam tal qual meus cortes recém feitos. E então fiz o que podia, e gritei.

-SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR! SOCORRO! - Gritei, com todas as minhas forças.

-Cala a boca, vadiazinha. - Ele bateu em meu rosto, com força.

Virei a cabeça com o impacto, e pontinhos pretos surgiram diante de meus olhos. Pisquei algumas vezes, e voltei a tentar me soltar.

-Nunca! POR FAVOR! PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM ME AJUDA! - Gritei, enquanto ele tentava me calar, pondo a mão em minha boca. O mordi, e ele se irritou, desferindo outros tapas e socos em meu rosto. Pelo gosto metálico, supus que havia cortado o canto da minha boca. Ele me dava chutes e pontapés, tentando desequilibrar minhas pernas para que eu parasse de me debater. A friagem estava me fazendo ficar rouca.

Senti o sangue escorrer do meu nariz e minha maçã do rosto direita latejava. Provavelmente estava inchado.

Ele segurou com força meus pulsos, tentando me impedir de empurrá-lo. O cheiro de álcool e lixo era insuportável, e tive certeza de que ficaria roxo, tamanha a força que ele aplicava.

-Parece que suas forças estão acabando! - Enfiou a mão por debaixo de minha blusa. Reuni todos o resto de minha força, para chamar:

-SOCORRO! HIRO! - Gritei por ele. Queria ele ali comigo, naquele momento, para surrar aquele cara e dizer que ia cuidar de mim. Que sentia muito, e que iria me proteger.

Ninguém me ouvia. A rua estava deserta, e parecia que o momento ficava cada vez mais lento.

-Hu, parece eu tirei a sorte grande hoje, você é pateticamente fraca. - Falou, finalmente alcançando o fecho de sua calça, tentando me puxar para um beco próximo.

Novamente, eu realmente merecia isso? Todo esse dia horrível, essa situação horrorosa, os últimos anos com todas as cargas físicas e emocionais. Eu só queria uma vida normal.

Eu estava fraca, pelas agressões. Mas, não iria e nem podia desmaiar. Continuava me debatendo e tentando empurrá-lo para que ele não tivesse sucesso em me levar até o beco.

Naquele momento, clamei a Deus por uma ajuda. Qualquer coisa, um anjo, um milagre, uma manifestação, qualquer coisa mesmo. Eu só não queria estar ali, só queria o colo da minha mãe.

Uma luz se acendeu no prédio. Da janela, surgiu uma mulher gritando:

-SOLTA A GAROTA! EU JÁ CHAMEI A POLÍCIA! - Senti meu corpo ser jogado com brutalidade no chão, e vi o homem correndo.

Minha calça se rasgou mais pelo atrito com concreto, e meu joelho se ralou. Tentei aparar a queda com os braços, e como o moletom de Hiro estava na bolsa, os ralei também. Senti uma ardência insuportável, mas o baque me trouxe ao tempo real, que voltava a correr normalmente e não mais tão lento.

A portaria do prédio se abriu, revelando a mulher de curtos cabelos marrons, presos num rabo de cavalo. Ela me ajudou a levantar, com cuidado para não me machucar ainda mais.

-Você está bem querida? - Perguntou. Foquei no rosto, e me assustei.

-D-diretora Abigail? - Perguntei, arregalando os olhos.

-Oh, Senhorita Kobayashi? - Ela perguntou com igual espanto. Olhou para os lados, talvez conferindo se ele voltava, mas depois voltou-se novamente para mim. - Vem, vamos pra dentro, vamos ver esses machucados. - Só fiz assentir.

Ela me ajudou a firmar, e então entramos.

Assim subimos. A casa da diretora, era bonita, e bem chique. Cheia de móveis na cor branca, e paredes bege. Mas confesso, no fundo eu senti falta de uma cor ali.

-Muito branco, né? - Ela percebeu que eu observava, me tirando do transe, e me ajudando a sentar no sofá. - Eu sei. Minha amiga me ajudou a decorar. Ela é médica, e disse que branco passa limpeza. Eu mal passo tempo em casa pra sujar demais esse lugar! -Riu. - Mas, sabe, eu gosto que seja assim, porque todo esse branco esconde o cômodo mais colorido da casa: O quarto de pintura.

-A senhora gosta de pintar, diretora? - Perguntei curiosa. Então notei que sujei de sangue o tapete branco e felpudo dela, e o sofá, que também era branco. Me encolhi de vergonha. - Meu Deus... Me perdoa, eu acabei sujando seu sofá e seu tapete. E-eu sei que devem ser caros e não posso arcar com os custos, mas se a senhora quiser eu posso limpá-los!

Ela então tomou a palavra:

-Em primeiro lugar, sim senhorita Kobayashi, eu adoro pintar, é meio que um hobby que eu desenvolvi depois do estresse pós traumático. Em segundo lugar, não é sua culpa que esteja sangrando agora, e tudo bem, amanhã eu ligo para alguma empresa de limpeza pra cuidar desse sofá e levo o tapete pra minha lavanderia de confiança. A prioridade no momento é seu bem-estar. - Falou. - E olha, não estamos na escola. Pode ficar a vontade pra me chamar de Abby e esquecer essa formalidade toda. Isso é, se quiser também.

-Ah, então me chame de Yu. É meu apelido. - Tentei sorrir. - Eu também não estou nem perto de ser "senhorita". - Brinquei, tentando amenizar o clima. Ela riu fraco.

-Certo, Yu. Bonito apelido. Bem prático também, eu gosto. Hm... preciso pegar algo, espere aqui, sim? - Assenti. Assim, Abigail saiu, e voltou com uma caixa de primeiros socorros. - Eu raramente me machuco, então, não tenho muita coisa pra cuidar desses ferimentos, excerto esse kit que minha amiga me deu na mudança. Vou limpar seus ferimentos para que não infeccionem, e você pede sua família para dar melhores cuidados, certo? - Perguntou. Estremeci, ao ouvir ela dizer "família". Eu não tinha casa, muito menos família mais.

-Certo. - Concordei. Ela terminou de rasgar a minha calça, bem danificada pela garrafa quebrada e o tombo de outrora, e começou a limpar.

Sentia uma ardência horrível, e ela percebeu. Tentou puxar conversa para me distrair da dor.

-Hum, o que traz uma garotinha como você para esse lado da cidade, à essa hora da noite? - Perguntou. - Estamos bem longe da Hakurei. Você mora por aqui? - Perguntou. Me encolhi. Sempre odiei perguntas...

-A-ah... Não. E-eu... Fugi de casa. Bom, mais ou menos. - Falei, sincera. Eu odeio perguntas, mas odeio mentir. Aquela era, tecnicamente, a segunda vez que eu fugia de “casa.”

Ela piscou algumas vezes, e riu. Depois me olhou de uma maneira séria. Eu já esperava um sermão.

-Entendo. Já fiz bastante isso quando era da sua idade, principalmente para assistir e participar de robô lutas, sabia? - Ela falou. Abby parecia ser bem compreensiva, pois em momento algum me repreendeu, mesmo que eu ainda aguardasse isso. - Ah... Eu adorava apostar, porque sabia que era contra lei, mas era muito lucrativo. Meu pai ficava louco! - Contou, em meio a sorrisos. - Mas eu sempre voltava pra casa. Seus pais devem estar preocupados com você. E o seu irmão, aquele que passou pra faculdade bem novinho, também deve estar. Foi uma atitude muito imprudente da sua parte. - Falou. Baixei a cabeça, pois sabia que ela tinha razão. Suspirei.

-Sinto muito. - Disse chateada. - Não é meu irmão. É... Uma pessoa, que conheci quando cheguei aqui. Não sei nem se somos amigos, mas eu o considero muito. - Ela passou um algodão com álcool na ferida, e eu gemi de dor.

-Perdão. Bem que estranhei terem sobrenomes diferentes. São namoradinhos ou algo assim? - Perguntou, e senti-me corar até a ponta do nariz.

-N-Não! - Respondi. Bem que eu queria... - Por que todos que nos veem perguntam isso? - Resmunguei.

-Talvez pela maneira que se olham e se preocupam um com o outro. Vocês parecem combinar também, quando estão lado a lado. Não digo por estética, parece que a personalidade de vocês se encaixa. E vocês também se parecem com aqueles casais de adolescentes de filme, tão bobinhos, sabe? Por isso minha segunda hipótese é que eram namorados. Ele pareceu bem bravinho, quando foi chamado na diretoria porque você brigou meses atrás. - Ela riu.

Após limpar e desinfeccionar meu corte na panturrilha, ela passou uma pomada e fez um curativo com gaze e esparadrapo.

-Ah, e ele ficou. Levei uma bronca legal, naquele dia... - Falei, relembrando dos fatos, enquanto ela pegava um novo algodão e molhava no álcool, para cuidar do ralado em meu joelho.

-Nossa... Você deu muita sorte que esse corte não foi profundo, está só na camada superficial da epiderme. -Ela analisou.- Se fosse o caso, você deveria ser levada ao hospital para dar pontos.

Eu suspirei de alívio. Penso que o hospital poderia ligar para minha mãe, e eu nunca gostei de hospitais pra ser sincera.

-Não sei como agradecer o que está fazendo por mim. -Falei, enquanto ela fazia outro curativo com a gaze e passava então para meus braços.

-Eu estou fazendo meu papel como cidadã e educadora. Saber que você vai ficar melhor me tranquiliza. -Parei para encará-la.

Depois dos Hamada, a diretora Abigail era a adulta mais gentil que eu havia conhecido naqueles três meses. Não exclui os amigos do Hiro, claro, eu os adoro, mas passo muito menos tempo com eles que o próprio Hiro, e quando eles vão até a cafeteria, conversam mais entre si, e passam horas fora fazendo algo que não sei o que é. Acho que ela era realmente um anjo. Meu coração se sentia estranhamente reconfortado pela presença dela. Acho que San Fransokyo não era uma cidade assim tão bagunçada e péssima.

Ela limpou cuidadosamente meus ralados. Alguns precisaram de gases, mas outros foram resolvidos com bandeides.

Limpar meu rosto é que foi uma tarefa muito difícil. Eu esquivava, pois minha maçã do rosto doía muito, e o corte ardia. Ela conseguiu limpar, e limpou o sangue que escorria do meu nariz  colocando outra gaze para aparar a descida. Passou a mesma pomada em meu lábio inferior.

Pediu que eu esperasse novamente, e foi até a cozinha. Voltou em vinte minutos, com uma bandeja com uma garrafa de chá e dois copos, e uma bolsa de gelo.

-Trouxe isso pra você colocar no seu rosto. Sua maçã está um pouco inchada, então vai prevenir um possível hematoma. -Explicou. -E um chá de camomila. Acho que vai te ajudar a acalmar.

Me entregou a bolsa, que prontamente coloquei com cuidado no rosto. De início doeu, mas logo relaxei. Ela me serviu um copo de chá, e eu tomei, enquanto ela se sentava ao meu lado.

-Então... Você quer me contar por que está na casa desse amigo? Ele é filho de algum amigo dos seus pais? - Perguntou.

-Bom, eu deveria fazer um resumo pra você. - Cocei o queixo, depois de tomar um gole do chá, puxando todo o ar que podia. - Eu não tenho pai, e minha mãe não deixou eu vir para cá quando passei no exame da Hakurei. Então, devido à problemas pessoais, arrumei a mochila e fugi. Não era pela escola que ela não queria que eu viesse, e sim porque San Fransokyo é a cidade natal do meu pai, e onde ele ainda vive. Eu me esforcei muito para a prova e passei meses estudando e planejando, e não podia jogar fora essa oportunidade de um ensino de qualidade. Então, meu principal objetivo aqui, é manter minha bolsa na escola, me empenhar nos meus estudos, e quem sabe encontrar meu pai. Ah, e sobre o Hiro, eu o conheci na noite que cheguei, porque ele me defendeu de uma tentativa de assalto , e então a tia dele e ele me ofereceram abrigo. Desde então, tenho vivido com ele, a tia Cass, Baymax, e o gatinho deles, Mochi. - Relatei.

-Wow. Não está muito nova pra essas aventuras, Yu? -Ela perguntou, bebendo um gole de seu chá.- Quantos anos tem agora? 13?

-Idade não é documento. - Respondi, tentando descontrair. - E sim, tenho 13.

-Mas consta no documento, e você não deve nunca romantizar dessa forma, é perigoso para você. - Me repreendeu. - Como conseguiu parar aqui, sem a presença de um maior? Sua mãe já sabe onde você está? -Tornou a perguntar, e eu precisei pensar rápido.

-Eu não quero romantizar, só queria descontrair. Ah, meu "irmão", Shiro, comprou minha passagem, e eu vim. - Encolhi os ombros. - E sim, ela sabe onde estou. -Menti. - Telefonei pra ela e expliquei tudo, e o Hiro conversou com ela também. Está tudo certo com minha estadia aqui.

Eu esperava convencer. Não gosto de mentir, mas era necessário, e esperava ser uma boa atriz, porque se ela acionasse a polícia, as consequências seriam ruins, tanto pra mim quanto pra minha mãe. Ela me olhou por alguns segundos, depois pareceu aceitar.

-Huuum. Se você diz, me tranquiliza saber que sua mãe está ciente da situação. Pensei que teria que contatar a polícia. -Tomou um gole de seu chá.- E o que aconteceu com seu cabelo? Não me lembro desse corte radical até algumas horas atrás. - Perguntou. Peguei uma mecha dele, um tanto triste pelo quanto ele estava torto.

-A-ah... - Gaguejei. O que eu diria? O que eu poderia sequer dizer? Eu estava com medo e persuadida. Não sabia e nem tinha controle sobre o que poderia acontecer. -É uma longa história. E dói muito no meu coração. -Minha voz embargou.- Eu me sinto muito feia agora, e tenho sido alvo de uma situação muito chata. Mas sabe... -Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto pela segunda vez naquele dia. Não chorei desde que saí da escola, mas falar sobre esse assunto era delicado. Eu amava muito minha mãe, e tudo que me lembrava ela ou dizia respeito a ela me deixava sensível.- Se eu sou a prejudicada dessa história, por que eu continuo sentindo como se tudo isso fosse minha culpa?

Abigail deixou o copo de chá na mesa, e me abraçou, tentando me confortar. Parecia entender o que eu estava passando.

-Oh minha querida... Temos um tempinho. Sabe, eu fiz um pequeno curso de cabelereiro no ano passado, posso tentar consertar isso, não chore. Está bem torto, pode me contar tudo enquanto acerto ele pra você. - Sorriu, afagando meus fios com ternura.

A diretora era realmente alguém de bem. E enquanto ela arrumava meu cabelo aquela noite, eu contava tudo a ela, pois eu não aguentava mais, aquela situação era inaceitável. Afinal, eu nunca iria saber se Pyetra realmente iria ferrar minha bolsa se eu nunca tentasse, não é?

Point of view (P.O.V) Yuriko, off.

Estava prestes a sair da faculdade por hoje. Eu acho que fui bem na prova, a maioria foram questões  fechadas de alguma matéria que já dominava. No mais, tudo que eu estudei acabou caindo.

Hoje sairíamos cedo, então eu fui o último a ficar na sala. Guardei meus materiais, e pus a mochila nas costas, mas Gogo me parou.

-Aí, Hamada, tem uma garota querendo falar com você ali fora. - Estourou o chiclete. - E disse que não vai sair enquanto não falar com você.

-Ah... Então mande ela entrar, oras. - Falei, coçando a nuca.

A garota deu de ombros, e saiu. Alguns minutos depois, entrou aquela figura tão conhecida por mim: Cabelo longo e negro, olhos azuis, tatuagem de borboletas no ombro, e um vestido para lhe deixar inocente, contradizendo toda sua personalidade.

-Kira. - Cruzei os braços.

-Hiro! - Ela sorriu. - Quanto tempo! - Falou.

-Um ano, né? - Falei com descaso.

-Huh, está bravo comigo ainda amorzinho? - Colocou o dedo na bochecha.

-Bravo? Você nunca me viu bravo, não é, Kira? - Perguntei.

-Ah, não... Você sempre me tratou tão... Ah, bem. - Ela se agarrou ao meu pescoço, me abraçando.

-Olha Kira, eu realmente tenho o que fazer hoje. - A empurrei levemente.

-Amorzinho, eu vim aqui pra fazer as pazes e voltar com você, e você me trata assim? - Ela fez bico.

-Lamento. Cansei de fazer o papel de otário. - Sai, indo para casa.

Mais essa agora. Eu tentava me livrar das sombras do passado, e a Kira voltava para me infernizar logo quando eu já tinha um bilhão de problemas.

Ela era um pedaço problemático de algo que há muito eu havia deixado para trás.

Havia se passado 20 minutos do horário de saída do colégio, e Yuriko provavelmente devia ter voltado pra casa. Quando cheguei, atravessei a cafeteria, e subi.

-Tia Cass, a Yuriko já chegou? - Perguntei, ao passar por ela.

-Não querido, ela deve ter ido direto pro trabalho, não? - Disse.

-É, talvez. - Mas, eu sentia algo errado.

Subi mais um pouco, e adentrei o quarto. Havia alguns resumos para serem feitos, e logo eu teria que ir para o estágio.

Após terminar, tomei um banho, vesti minha roupa comum, e almocei, logo indo para as empresas Krei.

Bati o ponto, e coloquei o capacete. Meu trabalho, era supervisionar, e ajudar a criar novas máquinas. Mas meu pensamento voava longe, hoje. Imaginava, será que Yuriko estava bem mesmo? Eu tinha um pressentimento muito ruim. Senti ser puxado para o lado.

-Ei! - Quando vi, uma peça pesada, havia caído bem no lugar que estava.

-Está bem distraído hoje. - Olhei, vendo Tadashi risonho, e Iandre com uma cara preocupada.

-Você está bem? - Perguntou o ruivo.

-Estou... - Tirei o capacete, e passei a mão, entre os cabelos. - Só... Um pouco pensativo.

-An... Tá pensando na namoradinha, né? - Tadashi cutucou-me. Fechei a cara.

-Não tenho namorada, Tadashi. - Respondi.

-E a Yu? - Ele perguntou, e Iandre segurou uma risadinha.

-Ela é uma ami... Bom, eu não sei o que somos. - Cocei o queixo. - Mas com certeza, não somos namorados. - Falei, dando de ombros.

-Fala sério, vocês meio que moram juntos. Já pensou que ela pode possivelmente sentir algo a mais por conviver com a sua pessoa 24 horas por dia? - Iandre disse.

Não. E pensar nessa possibilidade me assustou. Não seria a mesma coisa, ela não seria mais só a... Yuriko. E sim uma garota. Uma garota que gosta de mim.

-Nah. - Falei, balançando a cabeça negativamente. - Bom, vamos voltar ao trabalho. - Arrumei o capacete, pronto para trabalhar. Os dois imbecis ficaram rindo.

Sei que pra eles não passava de brincadeiras e implicâncias, mas o assunto me perturbava pelas novas perspectivas.

***

Voltei pra casa, por volta das 18:00 da tarde. Subi para o quarto, e vi que nem Yuriko, nem sua mochila estavam lá. Larguei minha bolsa, e desci.

-Ah, Hiro, a Yu esteve com você? - Perguntou, com um semblante preocupado. - Liguei para o trabalho dela, e ela aparentemente não estava lá. Liguei para o celular dela, e pensei em ligar para polícia mas temos que esperar 24 horas. 

-Hm... Não. - Cocei a nuca. - Ela não apareceu aqui o dia todo? - Perguntou.

-Não... - Nos entreolhamos.

-Ela sumiu. - Falei, mordendo o lábio. - Droga.

A culpa era minha. Eu havia prometido buscar ela na escola hoje, e não cumpri com isso.

-Vou procurá-la. - Falei. - Escureceu, e ela pode acabar... - Mordi o lábio novamente, tentando não pensar o pior, ativei Baymax, saí.

Acionei toda a operação big hero, e todos concordaram em fazer uma ronda de procura pela garota.

O scanner de Baymax estava sem atualizações na função de alta escala, por isso não conseguimos apenas escanear a cidade inteira pelos sinais vitais dela.

Andamos por toda a cidade, e Baymax sobrevoou. Fomos até a casa de suas amigas e perguntamos até que horas ela esteve na escola.

Fomos até o café que Yuriko estava trabalhando e perguntamos para senhorinha, mas ela disse que a mesma nem havia aparecido para trabalhar hoje.

Ela não conhecia muito da cidade, mas não estava em lugar algum, e eu estava preocupado ao extremo. Talvez, ela tenha sido... Estuprada? Sequestrada? Machucada? Morta?

Tentava não pensar no pior, mas era impossível. Senti uma taquicardia insuportável.

Me sentei no meio fio para tentar organizar os pensamentos. Baymax se aproximou.

-O coração bate em níveis altos, a respiração está desregulada, e isso pode ocasionar leves pontadas na cabeça. Diagnóstico: O paciente está ansioso. Solução: Parar, e respirar um pouco.

Olhei para Baymax, e voltei a mirar o chão. Como ele disse, respirei bem fundo, e soltei, tentando raciocinar com calma. Fred, Gogo, Honey e Wasabi também procuravam, e assim teríamos mais cobertura, quem sabe tivessem mais sorte.

Tentei ser otimista e não ficar imaginando o pior, tentando controlar meu desespero, quando meu celular tocou.

-Sim? É ele falando. Yuriko? Você a encontrou? - Senti um alívio percorrer meu corpo, relaxando meus músculos. - Onde estão? Ah sim, conheço. Estou indo para aí. - Desliguei. - Baymax, encontraram Yuriko. Devemos ir. - Nos levantamos com pressa, e fomos até a casa da diretora que ligou.

Ao pararmos frente ao prédio, interfonamos, e fomos recebidos, subindo logo após. A diretora Abigail abriu a porta, usava uma camisola branca e o cabelo preso num rabo de cavalo. O olhar era cansado, mas sorriu ao me ver.

-An... A Yuriko está aqui? - Perguntei, coçando a nuca, um tanto tímido.

-Está sim, no sofá. Queiram entrar, por favor. - Deu espaço, e eu entrei, vendo o pequeno corpo adormecido no sofá. - Ela sentia muita dor e cansaço, então ela cochilou depois de tomar analgésicos. - Estava de braços cruzados.

Me aproximei, e abaixei na altura da garota adormecida, vendo seus cortes, hematomas, e o sangue na sua roupa. E os cabelos curtos, como ela jamais teria coragem de cortar.

-O-o q-que aconteceu? - Perguntei assustado, ao vê-la naquele estado.

-Ela está bem rouca também... - Falou. - Gritou bastante. Yu foi molestada, agredida, e chantageada, por hoje. E tem sofrido mais do que tem dito a você. - Olhou para a menina, adormecida. - Merece o sono que está tendo.

-Como? Quando? E por que? - Perguntei num flash.

-Bom, ela foi agredida hoje cedo, pelas alunas da Hakurei, Pyetra Von Hounts, e duas amigas da mesma. Que eu saiba, ela vem sendo há algum tempo, mas estava sendo chantageada pela Pyetra, e hoje, ela veio a cortar seu cabelo. Devido as ameaças ela tem ficado em silêncio, persuadida a não dizer nada. Depois a punirei corretamente, não se preocupe. Ela fugiu, e veio parar aqui, na frente do prédio, por estar perdida. Um homem tentou estuprá-la e a feriu bastante, ela gritou, e acabou por apanhar mais. Sorte que ouvi, e não só ameacei, como pus a polícia atrás dele. - Acariciou os cabelos da menor.

-E... Você sabe por que ela fugiu? - Perguntei.

-Ah, sim... Ela disse que te esperou algumas horas sentada na porta da escola, mas você não veio a aparecer. Então ela disse que queria achar a rodoviária e ir embora, mas não conhecia a cidade, e se perdeu.

-Eu sabia. - Suspirei. - Devia ter ido, mesmo que com 20 minutos de atraso. - Baixei a cabeça.

-Isso não importa agora, garoto. - Abigail disse. - Eu deveria informar a polícia sobre todo o drama que ela me expôs, especialmente por ela ser menor de idade, mas sei que isso não é da minha conta, especialmente porque ela disse ter autorização da mãe para continuar a estadia aqui. -Disse, e tomei consciência de que Yuriko havia mentido para ela. - Acredito que vocês estão cuidando dela e tomando as providências necessárias. Ela também me implorou para não reportar isso, então decidi confiar. Leve-a pra casa, ela precisa de um banho, e dos devidos cuidados. O corte feito na perna dela foi superficial a propósito, mas se for o caso, a leve ao hospital. -Aconselhou.

-Okay... - Não sabia como responder. Passei os braços embaixo de suas pernas, e seu pescoço, a aconchegando com cuidado no colo, saindo dali com ela.

-Hiro? Cuide bem dela, é sério. Ela é muito novinha para passar por tudo que está passando. Está claro que ela não se vê como vítima de tudo, mas realmente não deveria estar sofrendo com isso. Você é muito importante pra ela, por isso ofereça todo apoio possível. - Abigail suspirou e sorriu fraco, tocando o rosto dela uma última vez. Assenti. 

-Muito obrigado por tudo, Abigail. - Dei as costas, partindo dali.

Baymax e eu a levamos pra casa. Ao entrarmos na cafeteria, Yuriko acordou.

-Hm... Hiro? Como me achou? Onde estamos? – Perguntou, coçando o olho, e fazendo uma careta de dor ao encostar na maçã do rosto, um pouco inchada.

-A Abigail ligou e eu te trouxe pra casa. - Falei, subindo as escadas, com ela em meus braços.

-Que casa...? - Ela falou baixinho. - Me põe no chão. Eu posso andar! - Ela quis descer.

-Nossa casa. – Respondi com seriedade, ao mesmo tempo tentando fazer com que ela visse que tinha um lugar aqui. – Ah, claro que consegue andar toda estropiada como está. Deveria agradecer de eu estar te carregando.

-Hamada, por favor, me põe no chão. - Ela ficou séria, e quando começou a se remexer, achei melhor e mais prudente soltá-la.

Obedeci ao seu pedido, e subimos, calados. Ao chegarmos na sala, eu vi Kira conversando com tia Cass, animadamente. E sorriu ao me ver.

-Yu, o que aconteceu com você?! - Tia Cass perguntou atônita, correndo até a garota. 

-B-bem... Longa história... M-mas agora, eu vou ficar bem. - Yuriko sorriu amarelo pra mais velha. Tia Cass começou uma bronca, como ela costumava dar em mim e Tadashi, enquanto a garota se mostrava profundamente arrependida.

Quase ri diante da cena, mas a seriedade do momento me impedia. Uma voz porém, me tirou dos meus devaneios. 

-AMORZINHO! - Kira agarrou meu pescoço, beijando minha bochecha. - Não consegui falar direito contigo mais cedo, então decidi vir até sua casa. Você demorou bastante, onde estava?

-Amorzinho? - Yuriko parou de prestar atenção na bronca da minha tia, para encarar a mim e a Kira. Ela ainda parecia furiosa.

-Sim. Então, quem é você? - Kira perguntou, olhando Yuriko de cima a baixo.

-Bom... E-eu sou a Yuriko. - Ela coçou a nuca, visivelmente sem graça. Os olhares de julgamento da Kira desmontam até os mais confiantes. - E você?

-Kira. Kira Takina. Namorada do Hiro. - Apertou mais o meu pescoço, nem me dando chance de falar.

-Não sabia que namorava, Hiro. - Arqueou a sobrancelha. Parecia curiosa e ao mesmo tempo brava.

De alguma forma, aquela expressão me afetou. Eu corei, desviando o olhar. Realmente, não tinha como explicar aquela situação complicada de um maneira simples.

Me desvencilhei de Kira, e falei:

-Tia Cass? - Ela me olhou, percebendo o clima tenso entre todos da sala. - Por que não ajuda Yuriko com o banho? Ela precisa lavar esses ferimentos, antes que o Baymax possa cuidá-los. Eu... Tenho que dar uma palavrinha com a Kira. 

-Oh... Claro meu bem. - Ela parecia desconfiada, mas assim como eu, achou melhor tirar a Kobayashi do campo cruzado. - Venha querida, Baymax. Ainda não acabei minha bronca, você ainda tem muito o que ouvir, mocinha! - Yuriko se apoiou ao ombro dela, e ambas subiram o resto da escadaria, juntamente à Baymax

Assim, me virei para Kira:

-Que história é essa de namorada?! - Perguntei.

-Nunca terminamos, gato... - Ela falou, manhosa, mexendo na gola de minha blusa.

-Não oficialmente, mas porque você sumiu! Kira, não temos mais nada! - Tirei as mãos dela dali.

-Nossa, que mau! - Ela fez bico. - A substituta que arranjou pra por no meu lugar é muito sem sal, meu caro.

-A Yuriko? Não, não temos nada. E mesmo que tivéssemos, ela não seria uma substituta pra você. Ela é melhor que isso. E não é sem sal. - Falei.

-Ah, certo. Está caidinho pela nanica. - Ela riu. - Não sei por quê... Todo garoto da sua idade sempre sonha em ter uma mulher como eu. - Ela falou.

Kira sempre foi dois anos mais velha do que eu, então, hoje deve ter 17, apesar de ser mais baixa. Namoramos há um ano, até ela conseguir o que queria, e sumir.

Talvez eu não percebesse porque era um garoto e ninguém falava comigo sobre isso, mas nossa relação era abusiva. Eu tentava superar o luto, e ela me tratava como o capacho que bem entendia. E eu gostava dela, por isso eu fazia tudo que ela queria, na hora que ela queria. Deveres de casa, trabalhos de escola, projetos pra feira de ciências.

Eu sempre acreditei estar ajudando, mas ela não tinha o mínimo de interesse. Ela tinha 16 e eu recém feito 14, e eu costumava prestar alguns favores até mesmo sexuais pra ela. Acho que ela sempre me viu mais como um prêmio pra exibir pras colegas dela do que um “namorado".

Agora essa insistência dela em vir me infernizar justo quando eu pisei na bola com a Yuriko, e quando ela mais precisa de mim, fez crescer dentro do meu corpo uma irritação latente.

-Poupe-me Kira. Você me forçou até o meu limite, pra que eu pudesse transar com você, garota! E claro, quando conseguiu o que queria, vazou não é? Depois de conseguir tirar a vingindade do pirralho prodígio, não havia mais nada que te prendesse a ele. Além disso, você me explanou para suas amigas e a minha faculdade toda ficou sabendo! Foi constrangedor. Que garoto na minha idade quer isso? - Disse com raiva.

Eu achava que Kira era o fator que poderia me fazer esquecer da culpa. E eu também pensava que esse tipo de situação só acontecia em besteirol americano, quando o popular dorme com a nerd e expõe ela de uma maneira totalmente idiota.

Infelizmente, os relacionamentos abusivos são coisas reais, e eu precisei vivenciar isso numa fase difícil pra ter consciência de com quem eu me envolvia. Nosso relacionamento durou poucos meses, e eu não sabia nada sobre sexo ou algo assim, não era um dos meus interesses. Era novo e estranho pra mim, e acabei por entender que não precisava ter tido esse contato tão precoce. Mas eu queria muito agradá-la, e esse foi meu erro.

-Mas eu voltei meu amor, eu estou arrependida! Acredita em mim, te quero de volta, gato... - Falou, com voz mansa.

Eu sabia o que ela estava fazendo. Ela tinha esse costume de manipular os outros que tinham algum sentimento por ela. Mas eu não sentia mais nada, e só queria distância. Eu já não era mais tão criança assim.

-Kira, olha, por favor some daqui, antes que eu faça algo que me arrependa. - Massageei o osso do nariz, já sem paciência.

Seu rosto fechou e ela ficou frustrada ao ver que não conseguiu o que queria.

-Pois bem...! - Ela recolheu a bolsa. - É claro que vou, se é o que quer... Mas eu ainda não desisti, amorzinho. - Ela piscou, e saiu.

Me sentei no sofá, repensando nos acontecimentos de hoje. É muita coisa pra um Hiro só.

Liguei para os meus amigos para avisar que Yuriko já estava a salvo e em casa, e expliquei o ocorrido. Desejaram melhoras, e em breve fariam uma visita para vê-la.

Quando vi tia Cass descer e acenar, subi, primeiramente a agradecendo. Quando entrei no quarto, Baymax já estava na sua caixa, e Yuriko estava com ataduras, e devidamente cuidada. Usava uma camisola preta... Que tinha renda? Não era nada muito ousado, era até infantil, fofinho. As mangas eram bufantes, tambémpretas e transparentes, e a camisola ia até os joelhos, com renda nas bordas. Mas desde quando ela usava esse tipo de coisa? Deixei de lado, a roupa que usava, e reparei que ela arrumava suas roupas, na mochila.

-O que está fazendo? - Perguntei.

-Amanhã bem cedo, eu vou para rodoviária. - Fechou a mochila. - Vou... Voltar pra casa da minha mãe.

-Como assim?! - Perguntei. Sei que era o meu objetivo e o da tia Cass desde o início, mas... 

-Bom, pode ficar feliz. Desde o início você queria que eu voltasse, e não confiava nem um pouco em mim. E agora, vou satisfazer sua vontade. Eu vou embora. - Falou.

-Mas você não pode ir. E como disse, eu queria isso no início, mas agora...

-Agora o quê? Podia ter avisado que passaria o dia com sua namorada. Assim eu não iria ter te incomodado, pedindo pra que me buscasse. Eu não iria te atrapalhar, se eu soubesse que não se importa! - Ela gritou.

-Não levante a voz pra mim! - Falei mais alto, e ela se encolheu. Por um segundo, me senti mal. - De onde tirou essas ideias?! Kira não é minha namorada! E eu que vacilei com você, não me custava nada ter te buscado. E eu me importo sim. Eu não prometi cuidar de você?

Tivemos alguns minutos de silêncio. Ela estava de cabeça baixa. Quando levantou, vi a fina lágrima escorrendo. Aquilo me quebrou, porque sei o quanto ela deve ter chorado hoje. Foi o pior dia que ela deve ter passado aqui.

-Sabe o que foi pior? - A rouquidão dominava sua voz, tal qual Abigail avisara. - Quando aquele homem estava passando a mão em mim... No meu corpo. E-eu me senti uma suja! Sentia nojo de mim, e dele, por fazer o que fazia com uma garota. Foi a pior situação que já enfrentei. Em um momento, eu gritei por você, Hiro. Esperei que viesse me tirar daquele inferno, igual no dia que cheguei aqui, sabe? Que fosse me abraçar, e me proteger dele, e mandá-lo pra bem longe e depois se desculpar por mais cedo e dizer que estava tudo bem. Mas não aconteceu. Eu estava sozinha, e fiquei rouca de tanto gritar por socorro. E se não fosse a Abby, ele poderia ter até me matado depois de conseguir o que estava tentando.

-Yuriko eu, - Ela me cortou.

-Não. Não diga que sente muito, porque o momento de dizer isso passou. Eu suportei a Pyetra me enchendo, todas as surras dela, pra não te atrapalhar e não te fazer perder o seu tempo, tendo que resolver sendo meu responsável. Okay, meio que tinha um interesse egoísta por causa da minha bolsa, e também tive medo que você se cansasse de resolver coisas que me diziam respeito e me entregasse pra polícia ou o ajuizado de menores. Eu... não devia ter criado uma esperança tão boba ao ponto dele... -Ela se interrompeu com um soluço. Fungou. - Achei que era importante pra você, mas eu vi, vi que não se importa nem um pouquinho, e que o pior que pode me acontecer é voltar pra casa. Então eu vou sozinha. - Ela secou o rosto. - Seu pesadelo acabou.

Ela pôs a mochila no chão, e se sentou na cama, ainda chorando copiosamente. Eu estava estático por ouvir aquelas palavras, porque era a primeira vez que conversávamos tão sinceramente.

Em parte ela tinha razão, mas eu devia ter sido mais aberto durante todo esse tempo. Afinal, ela tinha os próprios medos e inseguranças e eu só negligenciei isso, porque julguei pela personalidade forte e alegre dela que não havia nada errado. Ela nunca me deixou crer que havia.

E Abigail também estava certa. Yuriko sofria mais do que me contava. Eu devia ter me esforçado mais pra fazê-la ver que já tinha um lugar aqui. Acho que não devia só deixar implícito convidando ela pra dormir comigo ou respondendo a briguinhas bobas. Devia ter dito pra que ela entendesse de uma vez, e não se sentisse tão deslocada.

-Hey... - Me ajoelhei, entre suas pernas, pegando em seu rosto, inchado pelo choro. E machucado pelas agressões. O corte estava avermelhado pela possível inflamação e a maçã do rosto agora tinha uma tonalidade vermelha escura, possivelmente estaria roxo no outro dia.

-Não, me deixa. Eu não quero conversar. - Ela virou a cabeça e fungou mais uma vez, mas a puxei pra que olhasse para mim novamente.

-Não faz assim. - Sequei seu rosto com cuidado para não provocar dor. - Não chora, okay? Quem disse que eu não me importo? Que seria uma perda de tempo te ajudar com algo? Eu teria feito com a maior boa vontade, eu não pensaria em te entregar pra pessoas que te mandariam pra casa sabendo que algo errado está acontecendo lá. Você tem me ajudado bastante, mesmo sem perceber. Você não precisava ter perdido a esperança, Yuriko. Você é importante pra mim sim! E eu não te tirei daquilo, porque não estava por perto. Me destrói ainda mais saber que esse tempo todo eu poderia ter te ajudado, mas não me abri o bastante pra que você tivesse coragem pra me contar as coisas. Imagina, se eu tivesse visto ele ou qualquer outra pessoa encostando um dedo em você... Ah, eu te juro que seria capaz de matar. Você não é uma suja, Yuriko... É mais que isso. Bem mais. Não deixe que ninguém te faça pensar assim. - Falei, enquanto acariciava sua bochecha com o polegar.

-Você tá sendo legal demais. Tenho medo de ser mentira. - Ela soluçou, tentando inutilmente impedir as lágrimas que voltavam a cair.

-Não é. Não quero que vá embora, minha vida vai ser chata de novo. - Disse. Estava sendo muito sincero e sentimental hoje. Como diria a própria Yuriko: Que gay. Não num sentido pejorativo da coisa.

-E o que você faria pra eu ficar? - Ela perguntou, chorosa. Dito isto, desviei meu olhar de seus olhos para os seus lábios, mesmo com um corte e com piercing eram chamativos.

-O que eu faria...? - Pensei em voz alta.

-Viu? Uma prova de que pode ser mentira, nem sabe o que... - Cortei sua possível fala, no momento em que sem saber o que mais poderia fazer, a beijei.

CONTINUA...


Notas Finais


Finalmente! O que queriam foi postado.
Não espero muitos comentários, pois dei a vocês o que queriam, então vão desanimar. Mas se puderem, não exitem em deixar :/
PAREI NA MELHOR PARTE, PUQ SOU MÁ!
MUAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.COF COF
Então... 59 favoritos!? *-*
VALEU GENTE!
Mais uma vadia pra nossa historinha: Kira Takina. Nunca gostei dela.
Como vocês podem ver, ela está na capa, fanart feita por mim jshfhfhdbd
Vadia toda ela. Onde já se viu, tirar a virgindade do menino que tinha 14 anos, e vazar? Muito puta. Pois é.
Cabelo da Yuriko, depois da Abby acertá-lo » http://www.animexis.com.br/wp-content/uploads/2015/10/Ritsu-Kawai-bokura-wa-minna-kawaisou.jpg?x24007
Não ficou feio em si, até porque achei bem gauta, mas pra vocês sacarem que o estrago que a Pyetra fez foi grande. Porque, o cabelo da Yu era na cintura.
Bom, o que vai acontecer depois desse beijo, conduzido por hormônios adolescentes?
Tretas?
Drama?
Fiquem curiosos, que não dou spoiler! Ahsahsjahsahsuansau XD
KISSUS
E
ATÉ
O
PRÓXIMO
SEUS
GOSTOSOS!
P/S: Desculpem qualquer erro, estou por celular. Gabi ama muito vocês!


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