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História Bilhetes Amassados - X. Truman, Trump, castanha-do-pará


Escrita por: Lehninger

Notas do Autor


Olá~

Vamos fingir que atualizei semana passada hehejh e

Boa leitura! ♡

Capítulo 10 - X. Truman, Trump, castanha-do-pará


Esparramado na cama com metade do corpo para fora, Wonpil lembrava de já conhecer Nam Taehyun antes do encontro na biblioteca na tarde anterior.

Certa vez, chegou à escola mais cedo do que o habitual. Sem a matilha à vista e nada para fazer, resolveu ficar esperando pelo horário certo de entrada no gramado, onde os popularzinhos costumavam ficar.

Ao primeiro passo ali, sentiu-se um estranho. Em seus pensamentos, era como um suricate em meio às hienas.

E não havia nenhum Pumba para ajudar.

Os caras do basquete eram, definitivamente, os piores. Wonpil jurava que todo sábado à noite eles se reuniam para ver filmes norte-americanos ambientados no ensino médio, pois agiam exatamente como os atletas babacões.

Na verdade, ele só não era um alvo daquela turma porque era amigo de Junhyeok, e o Im era popurlazinho, mas com a diferença de não ser babacão.

Naquele vasto gramado, havia todo tipo de grupinho.

Primeiramente, as meninas malvadas. Um grupo de garotas que tentavam imitar as patricinhas de Bervely Hills mas se assemelhavam mais às Rolezeiras.

O grupo dos atletas, já comentado.

A turma dos boçais, caracterizada por contar com os alunos de maior nota e, claro, maior ego. Eram como robôzinhos, do tipo que sabem responder quanto é 2 mais 2 mas não sabem quanto é 3 menos 1.

Tinha também o grupo dos bolsominions, mas, como ninguém dava a importância a eles, era como se não existissem. Era até estranho ficarem no gramado, já que este só era ocupado pelos populares que exerciam alguma influência.

E, finalmente, o grupo dos roque poarr. Embora diagnosticados com a síndrome do underground e eu sou malvadão, pedem ajuda da avó para costurar os patches de death metal nos coletes jeans de thrasher. Felizmente, não permitem a entrada de ancaps por julgarem como algo altamente contagioso e prejudicial à saúde. O grupo se divide ainda em dois pequenos subgrupos; os que preferem Metallica e os que preferem Megadeth.

E foi em meio à turma roque poarr que Wonpil viu Nam Taehyun pela primeira vez, jogando uno com os friends e apostando um pacote com a discografia do Restart.

No entanto, havia um porém.

Ao lado do grupo roque poarr, havia a turma não é uma banda, é uma ideia. Dormiam em cemitérios, insistiam em trocar a gravata preta do uniforme por uma vermelha e em hipótese alguma podiam se expor ao sol, motivo pelo qual ficavam na sombra de uma árvore. Alguém sempre se atrasava por esquecer de pegar a farinha de trigo na noite anterior, então assim que acordavam precisavam driblar os pais para buscar a Dona Benta na cozinha e passar no rosto. Traziam suco de morango com um corante que o deixava de um vermelho sangue, além de vez outra riscarem o caderno com lápis de olho na confusão.

E é aqui que Kim Wonpil bugou pra caramba.

Porque Nam Taehyun andava nesses dois grupos. Falava, sentava e saía com ambos, embora os demais integrantes recusassem contato com os outros.

Era um bicho realmente estranho, mas Wonpil sempre estava ocupado demais sendo ignorado para se importar com a vida alheia.

Ao toque do intervalo, precisou levar consigo a lixa de unhas laser e toda os dias de sua infância assistindo Três Espiãs Demais no YouTube para conseguir se esquivar de seu Zé até o refeitório. Sungjin lhe acompanhava ao seu lado exibindo a costumeira cara de bosta, despreocupado e achando todo aquele cuidado desnecessário — até porque não foi ele que derrubou um carrinho de produtos de limpeza escada abaixo e saiu correndo.

Não era ele, afinal, o foragido do zelador daquela escola desde a fundação da mesma. Seu Zé era perigoso, trazia consigo anos e anos de experiência com garrafas de água sanitária e esfregões encharcados. Rezava a lenda que, caso seus pés ousassem pisar em um piso recém limpado por seu Zé, você acordava sufocado com um balde na cabeça.

Já no refeitório, sentou-se à mesa da matilha e logo foi bombardeado com a empolgação de Im Junhyeok.

—... Enfim, ensaio amanhã!

Quê? A expressão de todos ali presentes pareciam indagar o mesmo.

No ano passado, no auge da falta do que fazer, montaram uma banda. Ela tocou duas vezes na garagem da casa dos pais de Sungjin, isso até o baterista pular fora e procurar algo com mais futuro. Desde então, os instrumentos ficaram ali guardados, mofando à espera de um milagre. E era só diversão mesmo, ninguém levava a sério.

Após a empolgação e o aviso de Junhyeok, Sungjin puxou o pacote de biscoito das mãos do Im, jogando tudo sobre a mesa e examinando cada um com o auxílio de Wonpil.

— O que vocês estão fazendo?

— Vendo se tem droga nesse biscoito.

— É bola- — Younghyun até se pronunciou, mas achou melhor se calar quando sentiu o olhar de "cala essa boca" que recebeu de Sungjin.

Junhyeok se fingiu de ofendido — todos ali sabiam o fazer muito bem, afinal, estavam com Jaehyung diariamente por perto — enquanto mantinha a mão no peito, estupefato.

Arriba!

Falando nele, estava quietinho em seu canto apenas assistindo.

— Eu tô falando sério, poxa. Ensaio amanhã, aproveita hoje pra dar uma limpadinha naquela garagem que tá só o pó, viu? — Apontou para Sungjin, resgatando seus biscoitos.

Em resposta, Wonpil tirou o canudinho da caixinha de suco e jogou em Junhyeok, atingindo o olho do indivíduo.

O Im, por sua vez, depois de um drama básico, com a mão no olho atingido, insistiu em explicar, ignorando o fato de que ninguém estava o levando a sério:

— É sério!

— Sério, Jun? — Sungjin perguntou retoricamente, o tom de voz carregando consigo duas toneladas de ironia — Não temos baterista, anta.

— Está tudo sob controle — fez uma expressão confiante e tirou a mão do rosto, mostrando o inchado causado pelo canudinho.

Os outros, no entanto, simplesmente deram de ombros, voltando a atenção aos assuntos wtf costumeiros e sem futuro.

Wonpil levantou, deixando a mesa da matilha para ir ao banheiro, mesmo correndo o perigo de, sozinho, encontrar seu Zé pela escola e ser encurralado.

Ao passar pelo corredor das salas do segundo ano, estava tão preocupado em avistar o zelador ao longe que nem sequer percebeu de imediato que, parado à frente de uma das salas, havia alguém. Quebrando o pescoço se virando para olhar novamente, encontrou um Yoon Dowoon lhe olhando em confusão e, ao mesmo tempo, contendo uma risada.

Banheiro? Quê?

Por que mesmo estou aqui?

Amendoim?

Com toda aquela cara de idiota habitual e torcendo para não estar demonstrando tanto o desconcerto, o Kim deu meia volta, indo até o Yoon. Este, por sua vez, mantinha aquele curvar de lábios doce que, de perto, parecia mais bonitinho e adorável ainda.

— É a prim- — parou por um instante, resgatando a memória de quando Junhyeok rodou a baiana — segunda vez que lhe vejo sem ser na biblioteca.

Não, cara. Você realmente não tinha nada melhor pra falar?

Sabe o que tu é?

Tu é um-

— ... bosta.

SIM.

— O quê? — Dowoon franziu uma das sobrancelhas; graças a alguma força divina que havia ficado com pena de Wonpil, este falou baixo demais para que o mais novo não ouvisse.

— Quê? — só faltou algum tique nervoso, porque do nada o Kim mostrou completamente todo o nervosismo dentro de si.

— O que você falou?

— Castanha-do-Pará.

E Dowoon estava prestes a responder, mas foi interrompido. Da sala em que estava em frente, acabava de sair um aluno; não um qualquer aluno.

De novo, Back in Black começava a tocar. O rosto de Wonpil automaticamente exibiu uma carranca, estava cansado daquele riff assim como da cara de Nam Taehyun.

O dito cujo, por sua vez, fazia pouco da presença do Kim. Na verdade, inicialmente não havia sequer percebido o garoto ali, começando um diálogo com Dowoon e só depois olhando para o outro.

— Wonpil, não é?

Meu nome agora é Zé Pequeno.

— É.

Não era possível dizer qual estava sendo mais seco. Nam Taehyun podia emanar naturalmente aquela aura de 100% nem aí, mas, no caso de Kim Wonpil, este acabava mudando bruscamente o que transparecia, era realmente como mudar de Dadinho para Zé Pequeno.

Os dois poderiam muito bem passar horas encarando um ao outro sustentando aquela guerra fria, mas o Yoon era sensato o bastante para dar um basta à situação mesmo de forma indireta. Bem... Na verdade, Dowoon não percebeu nada. Para ele, Taehyun e Wonpil só precisavam se conhecer melhor, e, quanto a isso, ele poderia ajudar.

Exibindo um sorriso de orelha à orelha para ambos, segurou uma das mãos de cada qual, um de cada lado, e seguiu adiante no corredor levando os dois consigo. Sem rumo, simplesmente andavam, esperando que o mais novo dali soubesse qual direção estava tomando.

— Então, acho que essa é uma boa oportunidade para se conhecerem — intercalou o olhar entre ambos, percebendo que suas expressões eram as mesmas.

Aquele típico conjunto de feições que claramente dizia: eu não queria estar aqui.

Dowoon, no entanto, parecia não perceber. Deu início a um assunto entre os três, prologando-o até Wonpil alegar que precisava ir à sala dos professores antes do fim do intervalo.

Quase marchando pelos corredores, rumava de volta ao refeitório. Rolando os olhos, imitou uma voz feminina exagerada e começou:

— Ah, mimimi, eu sou bom com os números e não sei o quê, eu só sei contar porque não sei ler — falava para si mesmo, aparentemente repetindo as coisas ditas por Taehyun.

Descobriu através do próprio Nam que este era um gênio com a matemática, mostrando uma facilidade natural com o principal demônio na vida de Wonpil.

— Ah, olha pra mim, eu sei tocar violão, baixo, bateria e guitarra e canto, minha voz é grave e todo mundo precisa saber disso — e ninguém precisa saber que a do Kim é completamente o contrário.

— Ui, ui, quando eu vou jogar com o Dowoon oppa ele sempre perde, sou bom demais para este mundo — ninguém também precisa saber aqui também acontecia o contrário, e, por fim — Ah, nhe nhe nhe, eu acho mesmo que sou tope mas sou um bosta, é isso que eu sou!

Seu Zé, que estava indo até o segundo andar limpar a sujeira feita por um clube, viu Wonpil passar por um corredor. Seguiu o rapaz e estava pronto para se vingar, mas, quando o viu falando consigo mesmo daquele jeito, fazendo caretas e gesticulando, imaginou que ele estava delirando e achou melhor deixar o acerto de contas para outro momento. Talvez, só talvez, ter ignorado que alguns doces da máquina de snacks daquele andar estavam vencidos pudesse ter acarretado nisso, mas a chance era mínima.

Ou será que não?

Deveria ter ido Zé à diretoria avisar que tinham que trocar aquelas porcarias? Porque, pô, tudo que acontece na escola é o Zé. Derramaram suco no chão? Chama o Zé. Rolou briga no refeitório e teve bandeja voando pra lá e pra cá? Chama o Zé. Um dos alunos saiu ferido e tem uma poça de sangue lá? Chama o Zé. Tá tendo um parto no banheiro feminino? Chama o Zé. O aluno vegetariano quer mais opções? Chama o Zé. Zé, Zé, seu Zé.

Que morram com os doces vencidos.

Depois de limpar a sujeira de um dos clubes, o zelador foi até seu quartinho no térreo. Era sua zona, onde tinha até uma poltrona tipo a do Poderoso Chefão e uma mini televisão do tamanho de um rádio. Sentou-se e ligou o aparelho, cruzando as pernas e rolando os olhos ao ouvir exatamente as mesmas coisas.

"Presidente norte-americano responde"

"Possível ataque à base de Guam"

"Iremos responder com força total, diz presidente dos Estados Unidos"

Se os brother aqui do lado não jogar logo um míssil nas fuça do tio Sam eu mesmo pego meus balde e mato esse Trump porque EU NÃO AGUENTO MAIS ESSE PATO FALANDO TODO DIA ATRAPALHANDO MINHA PROGRAMAÇAO

Certificando-se de que a porta estava trancada, tirou um pedaço de papelão encostado na parede, revelando seu pôster do Arco da Reunificação.

Seu Zé não gostava mesmo do tio Sam. Aquele loiro de rosto vermelho que ele nunca sabia dizer se se chamava Truman ou Trump estava todos os dias no seu jornal falando dos brother aculá. TODO SANTO DIA o mesmo cara chato. Mas cachorro que muito late não morde, não é mesmo, Zé?

Meu amigo...

— Te cuida que tua hora vai chegar!

Do outro lado do Paralelo 38, seu Antônio, irmão de seu Zé, tomava um suquinho e comia pipoca enquanto dava risada ouvindo as novas ameaças do tio Sam. Vem que tem, parça, só vem.


Enquanto isso, de volta ao pequeno e infeliz mundo de Kim Wonpil, o dito cujo continuava andando sem rumo pela escola imitando Nam Taehyun e recebendo olhares estranhos de todas as pessoas sensatas que passavam e o viam daquela forma.

O sinal só iria soar dali a 8 minutos, ainda tinha muito tempo a perder. No entanto, quando passou pelo corredor das salas do terceiro ano, encontrou Younghyun. Com a presença do restante da matilha não havia falado nada sobre o ocorrido, agindo como se nada tivesse acontecido, mas, naquele momento, com o Kang sozinho, o momento era ideal.

Por isso mesmo que gritou automaticamente e correu como se nada houvesse amanhã:

— Brian Kang!

Golpe baixo, Kim Wonpil, baixíssimo. Preocupado depois com o alvo, nem lembrou que um de seus próprios cadarços estava desamarrado. Com um daqueles hinos de exército ao fundo, realizou a mais bela acrobacia antes de cair de cara no chão.

Quando olhou para cima, Younghyun lhe olhava preocupado, mas, por estar fugindo daquele momento, hesitou em lhe ajudar e estava se preparando para cair fora. Movido por alguma força divina, Wonpil se levantou como um guerreiro, jogando-se e conseguindo puxar o pé do Kang.

— Você me deve explicações, Brian Kang!

— Eu não sei quem é Brian Kang!

Mesmo esparramado no chão, ainda restava a Younghyun um pingo de dignidade.

— Você mesmo!

— Brian Kang é uma pitomba, meu nome agora é-

— ... Zé Pequeno?

— ... Kang Younghyun!

— Não me faça recorrer a métodos violentos, Younghyun, tenho um amigo ianque e sei como usá-lo!

O Kang suspirou, acomodando-se no chão e finalmente rendendo-se:

— Eu amarelei, Wonpil, eu amarelei.

— Jae ficou esperando por muito tempo, sabia?

Wonpil começava a jogar na cara do amigo as verdades que ele já sabia, fazendo-o se remoer ao lembrar do que tinha feito.

— Ééééé, eu sei, obrigado por avisar! No mesmo dia eu mandei uma mensagem dizendo que precisei ir embora, então ele não ficou irritado comigo. Mas... — Younghyun se levantou, estendendo a mão para o outro e fazendo-o também se levantar — Da próxima, não irei amarelar!

O Kang inflou o peito, mostrando toda sua motivação. O sinal anunciando o fim do intervalo tocou, e ambos tomaram a direção de suas salas. Durante o caminho, Wonpil tirou um pacotinho dourado de um bolsos da calça do uniforme, abrindo-o e estendendo-o para o amigo.

— O que é isso?

— Castanha-do-pará. Comprei no Mercado Livre.

Younghyun experimentou uma delas, olhando com as sobrancelhas arqueadas para Wonpil, mostrando que havia gostado.

— Top.


Notas Finais


oioioieaeheaea

aiaiaiaeaiaeaaei

Obrigada a quem tem paciência pra acompanhar essa fanfic, porque olha knkj -q

Chu~ 💚


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