1. Spirit Fanfics >
  2. Bilhetes Amassados >
  3. IX. Eu vejo emos

História Bilhetes Amassados - IX. Eu vejo emos


Escrita por: Lehninger

Notas do Autor


OLAR
COMO CES TAO
SDDS

Boa leitura!

Capítulo 9 - IX. Eu vejo emos


O dia começou com um Kim Wonpil animado até demais.

— Ei, o que aconteceu? — à mesa do café, a pequena Chaewon perguntou ao irmão, vendo-o estranhamente empolgado logo pela manhã.

— Não posso estar alegre?

— Olha, pode, mas é que você sempre tá com uma cara de peixe morto e a gente estranha quando te vê sorrindo.

Para uma criança de 9 anos, Chaewon já era uma Megan da vida.

— Vocês vão mesmo deixar essa criança falar isso de mim? — Wonpil perguntou aos pais, uma falsa expressão indignada e segurando aquela maçã de personagem clichê atrasado para a aula.

Contudo, nenhum de seus pais lhe respondeu, apenas lhe dirigiram um único olhar e depois voltaram a tomar o café como se nada houvesse sido dito.

— Sério? Okay, vocês concordam. Acho que tenho algo de errado, nasci numa outra família por engano e fui adotado.

— Wonpil!

— E não é verdade? Vocês nem ao men-

— Não é isso, menino otário — o senhor Kim docemente explicou — Você afundou seu cotovelo no pote de geleia!

Arqueando uma das sobrancelhas e retorcendo o canto da boca, Wonpil olhou para o próprio cotovelo, encontrando-o sujo junto à manga do paletó do uniforme. Pingava ainda um pouco de geleia, e o pote estava mesmo bem embaixo, a tampa aperta.

O Kim poderia até ser meio brisado às vezes, mas, daquela vez, sabia muito bem que, antes de começar a conversa, aquele pote de geleia estava bem longe dali, do outro lado da mesa.

Objetos não se movem sozinhos;

O pote é um objeto;

Logo, ele não se move sozinho.

Demônios são ruins;

Chaewon é um demônio;

Logo, Chaewon olhava com um sorriso malicioso para o irmão e com pura inocência para os pais.

* * *

Por ter precisado procurar às pressas parte do uniforme reserva em seu quarto e ter perdido certo tempo ali, o pai de Wonpil falou que poderia lhe dar uma carona para não se atrasar.

Era a mãe que levava Chaewon para a escola, então o Kim não precisou se preocupar em suportar a irmã durante o caminho.

— E aí, como tá em matemática? — o senhor Kim perguntou despreocupadamente, dobrando uma esquina e puxando um assunto aleatório sem lembrar do quão terrível era seu filho com os números.

Wonpil remexeu-se no banco, rindo durante alguns instantes para, enfim, com a cara da serenidade, colocando uma das mãos em uma das bochechas, responder:

— Tudo numa boa.

Assim que o carro parou em frente ao portão da escola, o Kim se despediu do pai, agradecendo a carona.

Como sempre, em cima da hora.

Não viu membro algum da matilha, somente os alunos com crachá de puxa-saco circulando pelo local e mandando todo mundo ir para a sala. Quando um deles olhou para Wonpil, este torceu pela segunda vez naquela manhã o canto da boca, fingindo não ver ninguém à sua frente.

— A sala é por ali — o aluno puxa-saco gesticulou para um dos corredores, visto que já estava realmente em cima da hora.

— Eu sou vesgo mas enxergo, obrigado.

Na sala, Sungjin já estava com cara de bosta imaginando que o Kim faltaria naquele dia. No entanto, alguns segundos antes da primeira professora entrar, Wonpil praticamente se jogou dentro da sala. A aula seria de biologia e a regra era clara: "ninguém entra depois de mim na sala".

Como se já não bastasse ser marcado por aquela mulher graças à ida à coordenação em uma aula passada, agora, por ter realmente corrido ao lado dela no corredor, não podia olhar para o lado que já era chamado atenção.

As aulas foram em si chatinhas para Wonpil, mas, dessa vez, até que havia um motivo para isso. O rapaz estava ansioso para o horário de saída, pois poderia finalmente fazer o que, desde que acordara, planejara; e por isso estava tão animado a ponto de ser um alvo logo tão cedo pela irmã-projeto-de-Megan.

— Por que essa pressa toda? Marcou encontro com o crush? — Sungjin indagou ao perceber que o amigo estava andando um pouco mais rápido, sem se importar em ser massacrado pela multidão de alunos que se formava em cada corredor ao toque da tampa.

— Não sou trouxa por macho, esse papel é seu — respondeu prontamente, dando uma piscadela.

O Park parou onde estava, estarrecido e com a mão no peito, parecia até Jaehyung em mais um de seus shows dramáticos. A boca estava aberta e o queixo a ponto de tocar o chão.

Eu? — apontou para si mesmo, os olhos arregalados e toda aquela expressão de quem acaba de ouvir algo absurdo — Eu, Wonpil?! Tem certeza?

— Qual foi? — retorceu o rosto à lá Raspútia, faltando somente colocar uma das mãos na cintura.

— Se for para sofrer por alguém é preciso que, no mínimo, seja uma menina me chamando de oppa.

Wonpil fez cara de nojinho.

— Isso foi muito hétero, Jin... Parece as fanfics que minha irmã escreve... — a expressão em seu rosto já era de sofrimento.

Sungjin rolou os olhos e inflou o peito, dizendo convicto:

— Mas eu sou hétero, amiga.

Não que o Kim estivesse acostumado a fazer piada com a — dita — orientação do outro, repentinamente havia surgido essa dúvida.

— Junhyeok disse a mesma coisa, mas depois ele se virou irritado e saiu rebolando.

Hétero — agora foi a vez do Park fazer a famosa expressão de "ata" e rir com sarcasmo.

— Tá vendo? É por causa disso mesmo.

Antes que Sungjin conseguisse processar o duplo sentido na resposta, Wonpil desapareceu de sua frente, misturando-se à manada.

Sendo praticamente carregado pelos alunos, conseguiu chegar até a entrada do prédio da escola, onde encontrou Jaehyung parecendo procurar por alguém na multidão.

— Procurando por mim, brotinho? — Wonpil deu uma piscadela e um "rawr", insinuando-se.

— Você serve — o Park devolveu tudo do mesmo jeito, puxando o outro pela cintura e encostando seus corpos.

— Está esperando por alguém? — dessa vez perguntou sem todo aquele trabalho na viadagem, realmente interessado em uma resposta.

— Younghyun me pediu no intervalo para que esperasse ele na saída, aqui mesmo — disse sem mudanças no tom de voz, demonstrando não ver nada de mais no pedido.

Por outro lado, as engrenagens do cérebro de Wonpil pareceram voltar a funcionar depois de tanto tempo paradas e ele rapidamente chegou à conclusão de que o Kang havia tomado vergonha na cara. Sem dizer algo mais, ficou em silêncio esperando algum sinal de Younghyun.

Os minutos começaram a passar, as pessoas iam embora, o corredor esvaziava e nada

Quando, enfim, ninguém mais transitava por ali e um bom tempo havia passado, Jaehyung bufou, cansado de bater o pé no chão.

— É, ele esqueceu que me pediu para ficar esperando. Vou sair daqui antes que o seu Zé pense que sou uma planta e apareça com o regador — o Park olhou para o amigo e bufou mais uma vez, e, no instante seguinte, pareceu lembrar de algo importante. Ergueu uma das mãos, estendendo para o mais novo uma caixa de leite de morango — Tó, pega pra você.

Feito isso, o loiro foi embora, deixando para trás um Kim Wonpil que, de tão intrigado, nem se empolgou com o agrado, e olha que preferia uma caixa de leite de morango do que a companhia de Sungjin.

Encucado, saiu dali, mas na direção oposta. Seguiu o prédio da escola adentro, encontrando pelo caminho somente alguns alunos puxa-saco que ficavam até tarde.

Assim que subiu para o segundo andar, foi em direção à escada que levava ao terceiro. No primeiro degrau, deparou-se com, bem acima, Younghyun prestes a descer o primeiro.

— Quê? — foi tudo que conseguiu dizer, percebendo que não estava entendendo mais nada — Jaehyung acabou de ir embora, esqueceu do que marcou com ele?

No entanto, a resposta não veio de imediato.

O Kang lhe olhava desconfortável, como se estivesse esperando pela oportunidade de sair dali correndo no mesmo instante em que Wonpil desviasse o olhar.

O mais novo percebeu bem que o outro estava pensando em fugir. Decidiu pensar rápido e agir logo, olhando para o lado e se deparando com o carrinho amarelo de materiais de seu Zé. Não avistou o senhor por perto, então, como um ninja, puxou um esfregão do balde e apontou para Younghyun, respingando tudo nas escadas.

A arma numa mão e o leite de morango na outra.

O Kang arregalou os olhos e, sem pensar, pulou no corrimão e desceu escorregando numa tentativa de conseguir passar pelo Kim. Contudo, calculou um pouco errado. Esperava saltar por cima do carrinho de seu Zé, mas iria acabar caindo em cima e fazer um desastre.

Wonpil, por sua vez, notou o que estava prestes a acontecer e, num movimento rápido, empurrou o carrinho usando o esfregão a fim de salvar seu amigo.

Mas, porém, no entanto, todavia, contudo, entretanto

Younghyun caiu com tudo no chão, enquanto o carrinho, empurrado para o lado, perdeu o controle e não parou no meio do corredor; continuou em alta velocidade até encontrar a escada que levava ao primeiro andar.

E é claro que ele não parou ao tocar o corrimão.

Tudo que Wonpil conseguiu fazer foi soltar o esfregão de modo dramático — mas não soltou a caixinha — e levar as mãos à cabeça, não acreditando na sua incrível capacidade de fazer merda.

E, com o barulho que — possivelmente — foi ouvido por aquele andar e o inferior, a voz mais temida pelo Kim surgiu.

— OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO NOS ATACANDO — seu Zé gritava saindo do banheiro masculino — EU TENTEI AVISAR, NINGUÉM ME OUVIU! EU FALEI QUE ESSES COMEDORES DE HAMBÚRGUER AINDA IRIAM NOS TRAIR!

Ao avistar Wonpil e, ao lado, o esfregão no chão, seu Zé entendeu o que estava acontecendo.

Você... — o senhor sibilou.

Como em uma cena de duelo no faroeste, seu Zé empunhou a garrafa desinfetante, encarando o Kim com os olhos semicerrados.

O garoto pensou em gritar para Younghyun sair dali correndo consigo, mas, quando olhou para onde ele estava, não havia mais ninguém.

Abandonado e todo ferrado, bichinho, simplesmente obedeceu seu corpo quando este movimentou suas pernas escada acima e correu como se não houvesse amanhã.

Com o leite de morango sacudindo na caixinha durante a fuga, depois de um minuto o Kim finalmente parou, resgatando o fôlego quando teve certeza de que seu Zé não estava mais atrás de si. Após se recompor, tirou o canudinho da caixa e encaixou na mesma, tomando sem pressa e indo até seu destino como se nada — absolutamente nada — tivesse acontecido.

Assim que chegou em frente à biblioteca, olhou para si mesmo uma última vez só para constatar se realmente não havia sido atingido por desinfetante. Respirando fundo, adentrou, logo vendo os poucos alunos por ali.

Park Jinyoung estava atrás do balcão fazendo alguma anotação na contracapa de um livro, provavelmente daria de presente para alguém. Percebeu no mesmo instante a presença do Kim, no entanto, nada fez, continuando seu pequeno trabalho.

Wonpil deu um boa tarde educado para o bibliotecário, sendo impecavelmente ignorado. Continuou seu caminho, procurando por Dowoon entre as diversas estantes e mesas espalhadas por ali.

Pôde ouvir a voz do Yoon aos fundos, e não tardou em segui-la com um sorriso de otário no rosto. Ao se aproximar, viu o rapaz agachado com alguns livros na mão, provavelmente organizando. Estava atrás de uma estante, somente parte de seu rosto conseguia ser vista.

— Dowoon! — Wonpil o chamou, controlando o tom de voz para não falar muito alto; no entanto, não conseguiu conter sua empolgação ao pronunciar aquele nome.

O Yoon lhe olhou, o que lhe fez se animar. Entretanto, viu que ajudante do bibliotecário não pôde lhe responder de imediato, pois, no mesmo instante, até então oculto pela estante e ao lado de Dowoon, levantou-se outra pessoa, indo até o Kim.

Embora seu pai fosse um grande fã de AC/DC e deixasse claro o quanto preferia o vocal de Bon Scott, Wonpil tornou-se um herege naquele momento.

Assim que aquele ser saiu de onde estava e olhou para quem havia acabado de chegar, o Kim viu toda a cena a seguir em câmera lenta enquanto Back In Black começava a tocar automaticamente em seus pensamentos.

Com aproximadamente 1,80 de altura, o garoto tinha cabelos de um castanho escuro que iam além da altura das orelhas, relativamente longos, que deram uma volta e tanta quando ele se movimentou. Tinha um brinco que se assemelhava a um alargador em uma das orelhas, o uniforme, embora em seu devido lugar, conseguia transmitir rebeldia com a gravata frouxa, a ausência do paletó e as mangas da camisa branca dobradas até os cotovelos.

— Seu amigo, Dowoon? — embora tivesse perguntado ao Yoon, olhava fixamente para Wonpil.

Não se intimide, homem, ele é apenas mais um emo.

Eu vejo emos.

Com que frequência?

O tempo todo.

Aquele cara provavelmente bebia um barril de cerveja sem ficar tonto, andava com uma Harley Davidson e em palco provavelmente conseguia criar uma voz tão forte quanto a de um vocalista de hard rock; enquanto Kim Wonpil estava ali com uma caixa de leite de morango nas mãos, não conseguia beber champanhe nem no ano novo, seu pai havia lhe deixado na porta da escola e sua voz...

Bem, sua voz...

"Ela é doce, Wonpil", Younghyun.

"Posso fechar os olhos e me sentir em um dorama açucarado", Jaehyung.

"Aw", Junhyeok.

"No futuro você será aquele com menos linhas", Sungjin, "brincadeirinha, amo sua voz".

Dowoon levantou-se, aparentemente animado, e não tardou a falar:

— Esse é o Wonpil, Tae! — exclamou empolgado olhando para o tal de Tae, e, olhando para o Kim, voltou a se pronunciar — Wonpil, esse é o Taehyun!

Nam Taehyun.

Wonpil já havia ouvido aquele nome antes em algum lugar.

O Nam estendeu a mão para o Kim:

— Ah, então nos conhecemos... Dowoon já falou de você.

— Poxa... — forçou um sorriso e apertou a mão do outro — Dowoon nunca me falou de você.

Taehyun fingiu não ter entendido e se aproximou mais do Yoon.

— Que pena, mas agora já não importa. Estou ocupado, mas gostaria de conhecê-lo mais logo, logo.

Dito isso, esboçou um sorriso tão forçado quanto aquele que recebera, virando-se bruscamente.

E, quando Nam Taehyun deu as costas e novamente seus cabelos deram aquela volta no ar, quase encostando na ponta do nariz do Kim, Wonpil viu tudo em câmera lenta, mas agora já não tocava Back in Black e sim Moneytalks.

Nam Taehyun era daquele tipo de emo que só ouve My Chemical Romance pra não perder o costume, porque era incrível como só conseguia lembrar justamente as músicas daquela banda de hard rock para o Kim.

Não, Wonpil, você sabe muito bem que ele não ouve My Chemical Romance nem tem conta no MySpace.

Com um sorriso que conseguiu ser mais forçado do que todos que havia dado em sua vida e poderia esboçar em suas próximas encarnações, encarou o rapaz que já havia lhe dado as costas.

Que surpresa...

—... dos infernos.

Dowoon não escutou as palavras ditas por Wonpil, então apenas sorriu para o rapaz; embora este não tenha sequer percebido.

Que os jogos comecem.


Notas Finais


RAI RELOU OI OIE AAAAA NAO VO FALA NADA

BJINHU~ ❤️


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...