História Bird set free - Revelação

Lauren’s P.O.V

Era segunda feira, início da minha segunda semana de aulas. Eu já estava na minha sala aguardando o início da aula, à tarde teria o meu primeiro encontro no clube de literatura e queria que a manhã passasse rápido, estava ansiosa para saber como seria. Hoje cheguei cedo para que não acontecesse o mesmo da semana passada, quando me perdi no caminho de volta do banheiro. A professora entrou na sala dando bom dia com uma Camila arfante entrando logo em seguida, sorri com a cena, ela parecia ter corrido para chegar a tempo. A aula passou rápido já que eu gostava de biologia e a professora realmente sabia como conquistar a atenção dos alunos.

– Bem, falei que as listas de frequência só ficariam prontas semana que vem, mas o pessoal do administrativo deu uma adiantada e já estou com o nome de vocês aqui para fazer a chamada – ela disse e começou a chamar os nomes, prendi levemente a respiração quando chegou na letra L.

– Lauren Jauregui? – assim que ela disse o meu nome, todas as pessoas viraram seus rostos para mim, com uma expressão de curiosidade e incredulidade no rosto.

– Presente – eu falei e voltei meus olhos para meu caderno, ele parecia bem interessante nesse momento, ouvi burburinhos durante o resto da chamada e quando ela acabou peguei minhas coisas e saí super rápido da sala de aula. Estava indo em direção a lanchonete quando esbarrei em alguém.

– Ora ora se não é a Lauren, ou deveria dizer senhorita Jauregui? – era a Alexa com seu típico sorrisinho no rosto. Ela não teve aula comigo, mas uma das “seguidoras” dela sim, então presumi que já deveria ter espalhado.  

– Oi Alexa, desculpa mas estou com um pouco de pressa – falei, não queria ter uma conversa com ela.

– Tudo bem, a gente tem muito tempo pra se falar Jauregui, mas da próxima não fuja de mim – ela deu mais um sorrisinho presunçoso e seguiu pelo corredor. Era só o que me faltava. Aproveitei que estava perto dos armários, guardei meu material e segui para a lanchonete.

Camila’s P.O.V

Jauregui? A Lauren era uma Jauregui? Tipo, da família que meu pai trabalha? Tipo, de uma das famílias mais ricas do mundo? Assim que a professora chamou seu nome eu fiquei espantada, assim como 100% da turma, a Lauren parecia não gostar de atenção e ficou um pouco constrangida e saiu da sala rapidamente assim que a professora nos liberou. Eu estava indo encontrar meus amigos na lanchonete, sem dúvida ficariam de cara quando soubessem, assim como eu fiquei, a Lauren parecia uma pessoa bem desligada desse negócio de grana, ela lavou louça para ajudar o Jamie! Assim que entrei na lanchonete vi o Harry, a Ally e a Dinah sentados numa mesa, fui para lá, sentei e já comecei a falar.

– Vocês não vão acreditar – falei tentando chamar a atenção deles primeiro.

– Oi pra você também Mila, como vai? – o Harry perguntou e eu revirei os olhos.

– Sério gente, foca aqui, depois vamos as formalidades – eu falei e parece que consegui a atenção deles – a Lauren é uma Jauregui – falei de vez e eles nem piscaram, ficaram com cara de interrogação.

– Tá Camila, agora fala sério, o que é que você quer dizer? – a Ally disse como se eu estivesse falando alguma mentira. Suspirei e nessa hora outra pessoa chegou do lado da mesa.

– Posso sentar aqui com vocês? As pessoas estão um saco hoje – Lauren perguntou e todos da mesa assentiram.

– Hey Lauren, foi bom você ter chegado, a Camila estava dizendo aqui que você é uma Jauregui, vê se pode – o Harry soltou de vez, a Lauren olhou pra mim e eu balancei os ombros, como um pedido de desculpas.

– Meu nome é Lauren Jauregui – ela disse e a Dinah deu uma leve engasgada no suco.

– Tá brincando? – ela disse e a Lauren negou, todos da mesa perceberam que o que falei não era uma mentira.

– Por que você não disse nada? – O Harry perguntou, olhando para a Lauren como se ela fosse uma espécie rara.

– Por isso – ela falou apontando para as pessoas da lanchonete que a miravam e para o Harry – eu não gosto de atenção, e nem que as pessoas gostem de mim só por causa do meu sobrenome, isso é ridículo – ela falou e o Harry se recompôs, pedindo desculpas.

– Você é uma pessoa incrível Lauren, e a gente gosta de você de qualquer jeito, sendo ou não uma Jauregui, ninguém aqui liga pra isso – falei, sentia que devia isso a ela e só disse o que eu sinceramente achava, pela única semana de convivência a Lauren conseguiu me conquistar completamente.

– Muito obrigada Camila – ela disse dando um sorriso caloroso – e obrigada a vocês também, foram muito acolhedores comigo – ela disse e todos falaram que não precisava agradecer e esse tipo de coisa.

– Meu Deus, eu estou sentado numa mesa com uma Jauregui – o Harry disse com um tom ainda de incredulidade o que fez todos nós rimos. Conversa vai e conversa vem, o sinal bateu e fui junto com a Lauren para a nossa última aula da manhã, que passou lentamente. Quando o sinal bateu nem tive pressa em ir para casa, já que hoje seria o início do clube de literatura, daqui a uma hora e meia.

– Hey Camila, não vai pra casa? – a Lauren perguntou, sentando numa cadeira na minha frente.

– Não, prefiro ficar aqui já que vou ter clube de literatura daqui a pouco, que pela lista que vi não vai estar muito cheio – falei e ela sorriu.

– Bem, pelo menos duas pessoas vão estar lá, já que eu me inscrevi nesse clube também – ela disse e fiquei incrédula mais uma vez, ela só me surpreendia.

– Ah então a Jauregui curte literatura quando está cansada de brincar de ser milionária – falei rindo e ela revirou os olhos, eu já sabia pela conversa que tivemos hoje que ela odeia quando se referem a ela pelo dinheiro, então provoquei na brincadeira.

– Olha Cabello, só não vou falar nada porque é você – ela disse e eu ri mais uma vez, decidindo entrar na brincadeira.

– Ah é, e o que eu tenho de especial? – perguntei e ela respondeu na hora.

– Você. Só precisa ser você para já ser especial – ela disse e eu tenho certeza que mil tons de vermelho passaram pelo meu rosto na hora, eu tinha dificuldade em lidar com elogios ou essas frases assim na lata, já que um total de pessoas quase nulo falava isso para mim. Ela pareceu perceber o meu momento de constrangimento, porque mudou de assunto na mesma hora e começamos a falar sobre alguns livros e escritores de que mais gostávamos, incluindo adaptações pro cinema, personagens, entre outras coisas. Conversar com ela era algo leve, ríamos em alguns momentos, debatíamos em outros, concordávamos na maioria deles, vi que tínhamos muito em comum quando o assunto era esse.

– Ainda temos quarenta minutos, quer dar uma volta enquanto isso? – ela perguntou e eu assenti, então pegamos as coisas e saímos da sala, indo em direção a área externa. Não havia quase ninguém no colégio nesse horário de transição da manhã para a tarde, geralmente quem tinha alguma atividade no horário vespertino ia para casa e voltava depois, e como o colégio é somente para ensino médio, todas as turmas têm as aulas no horário da manhã, somente aulas extras e clubes eram pela tarde. Nós andamos até chegarmos no gramado e sentamos embaixo de uma árvore.

– E então, me conte um pouco sobre você – eu perguntei e ela começou.

– Bem, eu sou de Miami como você já sabe, vim pra cá há umas três semanas por conta da filial do meu pai aqui que estava crescendo muito e não conseguiam administrar e tal, minha mãe trabalha junto com ele e tenho uma irmã mais nova de 13 anos, o meu irmão... digamos que ficou em Miami – ela disse e aquilo pareceu um pouco desconfortável para ela – e você? – ela me perguntou.

– Eu nasci em Cuba, como você também já sabe, vim para cá há uns três anos quando a situação da minha família não estava nada fácil, consegui uma bolsa e estudo aqui desde o primeiro ano e também tenho uma irmã mais nova de seis aninhos. Meu pai trabalhava numa firma mas acabaram o despedindo por causa de alguns cortes, mas por sorte uma tal de família Jauregui o contratou na semana passada – eu disse e ela arregalou os olhos.

– Tá brincando, o Alejandro é seu pai? – ela perguntou e eu concordei, rindo da sua expressão – quanta coincidência rondando nós duas não é? – ela disse olhando pro céu e eu sorri. Não quis pensar naquelas coisas como coincidências, preferia que fosse uma espécie de destino.