História Bird set free - Semifinal

Lauren’s P.O.V

Hoje havia sido um dia de libertação pra mim, resolvi meter a louca e me despir da roupa expondo minhas cicatrizes que tanto me incomodavam por trazerem más lembranças, Camila e Normani já sabiam de toda a história e eu pretendia contar depois para os outros, afinal eles haviam se tornado meus amigos, praticamente da família, e não tinha motivos para ficar me escondendo deles com o meu passado, eu queria mais era me divertir assim como todos, sem que nada me impedisse ou que os temores me assombrassem. Passamos o dia rindo e brincando, eu vi que Camila estava com um leve receio de entrar na piscina e então a tomei nos meus braços e entrei junto dela para passar confiança e acho que funcionou, não nos largamos o dia inteiro e ela já parecia um peixinho igual o Harry. Quando começou a entardecer todos começaram a juntar as suas coisas para ir embora e eu como sempre estava acompanhando a Camila até a sua casa andando ao seu lado no silêncio nada constrangedor, quando de repente ela parou de súbito e se agachou e então segui o seu olhar, havia um filhote de cachorro encolhido ao pé da calçada sozinho e com pequenos sinais de abandono, pois estava bem magrinho mesmo para seu pequeno tamanho.

– Own, tadinho dele, será que não tem dono ou mãe? – a latina perguntou alisando aquele pequeno animal indefeso e então tive uma ideia.

– E se adotássemos ele? Sua mãe te deixa ter animais? – a questionei e ela abriu um sorriso.

– Eu sempre quis um bichinho mas nunca tivemos um, acho que se eu o levar ela vai deixar sim – ela disse e então sorri aninhando o pequeno canino em meus braços e seguindo com ela por mais alguns metros até estarmos na porta de sua casa, então Camila a abriu e entramos, quando Sofi que estava perto da entrada viu o animal já correu até mim e começou a fazer carinho nele, então dona Sinu se aproximou e Camila já começou a fazer suas apelações, eu com certeza cederia nas suas primeiras dez palavras.

– Por favor, mama – agora era Sofi quem apelava junto da irmã mais velha e então não teve jeito.

– Tudo bem, mas vocês cuidarão dele, vão dar comida, água, passear com ele e levá-lo para fazer as necessidades e tudo mais, entendido? – ela perguntou e nós três acenamos, afinal eu também o tinha adotado e viria o ver e ajudar sempre que preciso.

– Qual vai ser o nome dele? – perguntei olhando para a dupla de irmãs e a menor acenou freneticamente o braço.

– Nick, vai ser Nick, diz que sim – ela dava pulinhos no mesmo lugar e nós sorrimos.

– É uma boa escolha, pequena – falei afagando seus cabelos e ela ficou mais feliz ainda, então fui direto no mercado comprar comida e outros objetos para ele, o alimentamos e demos água para beber e ele deitou ao pé do sofá, adormecendo, e então dei uma última afagada em seus pelos antes de ir embora, agora eu tinha mais um laço com os Cabello e gostava disso.

(...)

Essa semana estava acabando comigo, iria ter as semifinais do regional e todo o time estava tendo uma preparação intensa, e ainda por cima eu teria algo muito mais importante que isso, seria na sexta quando voltássemos do jogo que eu pediria a latina em namoro, finalmente.

– Daí você entrega isso pra ela e sai, porque vai ter o próximo passo nele e ela saberá o que fazer – falei entregando para a Normani um cartão que eu havia feito, nós estávamos discutindo os últimos detalhes sobre o dia de amanhã, ela e os outros estavam me ajudando desde cedo com algumas coisas que eu poderia ter deixado passar para o pedido.

– Isso tá tão amorzinho que me deu até vontade de namorar – Normani falou colocando o cartão em uma pasta que eu também havia dado para que não amassasse.

– A Dinah ta aí pra isso – falei dando uma piscadinha para ela que só revirou os olhos, eu notei que elas estavam bem mais próxima com essa “amizade colorida” que elas tinham, mas não falava nada porque sei que isso de relacionamento não é muito a cara da Mani, ainda mais com uma garota já que ela nunca havia gostado de uma.

– O Harry já falou com o carinha do balão? – ela me perguntou e eu acenei que sim.

– A Ally já acertou com as flores e a Dinah tá mapeando o lugar direitinho e vai arrumar algumas coisas pra mim – eu disse riscando algumas coisas da listinha.

– Vai ser assim que vocês chegarem? Preciso estar a postos – Normani disse e eu assenti novamente.

– Eu vou dar uma enrolada um tempinho depois e fazer com que ela vá sozinha, mas vou estar bem na cola dela – falei, eu havia chamado a Camila para ir ver o jogo e ela tinha aceitado, tudo sairia mais facilmente assim com a latina distante daqui.

– Olá meninas – Camila havia chegado e se aproximava de nós, eu quase tinha esquecido que eu iria ao cabeleireiro com ela então fechei meu bloquinho de anotações e a Normani abraçou a pasta transparente contra o corpo para que a latina não visse nada.

– Hey Camz, já estava te esperando – falei indo até ela e selando nossos lábios rapidamente, olhando para a Normani com as sobrancelhas arqueadas porque aquela era a melhor deixa para ela.

– Bem, eu vou indo, tenho que resolver umas coisas com o que tenho aqui dentro que não é nada demais, tchau casal – Mani disse e acenou para nós indo até a porta e saindo, eu abri a boca incrédula quase indo bater nela, não dava pra ser mais nervosa ou explícita que isso, sorte que a Camila nem pareceu notar e sorria me olhando.

– Vamos então – falei e saímos, eu cortaria meu cabelo porque já estava achando ele grande demais e quanto menos coisas para me atrapalhar no jogo, melhor. Seguimos por algumas ruas e chegamos no salão, Camila sentou numa cadeira para esperar e uma moça já me chamou imediatamente para dar início ao corte, eu tinha marcado nesse horário há uma semana por isso não tinha que esperar ninguém acabar, além do mais havia mais três profissionais trabalhando em outros clientes. Depois de alguns minutos meu visual já estava pronto e me olhei no espelho, meus cabelos estavam um pouco abaixo dos ombros e totalmente desarrumados, do jeito que eu gostava, bem rebeldes, e o tamanho havia facilitado que eles ficassem assim, eu particularmente tinha amado.

– E aí, gostou? – perguntei chamando a Camila para fora do estabelecimento depois que paguei o corte e ela abriu levemente a boca.

– Se você já era sexy antes, agora multiplica por cem – ela disse e eu sorri, enlaçando nossos braços e voltando para casa.

(...)

HOJE ERA O DIA, eu acordei milhões de vezes mais nervosa e ansiosa que geralmente, se é que eu poderia chamar o que tive de uma noite de sono porque dormi uma quantidade de tempo praticamente nula com a mente imersa em tantos pensamentos.

– Sua cara já esteve melhor – Taylor disse quando desci pra tomar café, eram sete horas e eu iria pegar o ônibus do colégio com todos que iriam somente às dez, o jogo seria às três da tarde do outro lado da cidade, estaríamos jogando “em casa” então a torcida com certeza estaria lá.

– Cala a boca, não seria para você ser gentil comigo hoje não? – questionei a minha irmã e ela deu de ombros sorrindo então resolvi ignorar – você vai né? – a perguntei e ela assentiu.

– Lógico, um jogo em NY, semifinais, com minha irmãzinha sendo a melhor do time? Não perderia por nada – ela disse e eu sorri, minha irmã era a melhor do mundo mesmo sendo um porre várias e várias vezes.

– Estaremos lá na primeira fila – meu pai falou ao descer as escadas com a minha mãe, minha família inteira iria e levariam a Camz junto, infelizmente eles restringiam o micro-ônibus para as integrantes do time, auxiliares, algum médico entre outros, então ela não poderia ir comigo. Depois do café fui arrumar minha mochila e coloquei nela tudo que iria precisar, desde o uniforme até um lanchinho, quando chegou perto da hora de ir eu desci e me despedi brevemente de todos já que iria vê-los ainda antes do jogo, indo até o carro dirigindo pelo Ale, nós fomos o caminho inteiro conversando sobre vários assuntos, principalmente esportes, ele seria um sogro ótimo.

– Boa sorte no jogo, Lauren – ele me desejou quando desci do carro e eu agradeci, indo encontrar com minhas companheiras de time. O ônibus partiu logo em seguida e depois de cerca de uma hora e meia havíamos chegado no destino, uma quadra relativamente grande por fora e bem organizada então entramos e vi que dentro era melhor ainda, tinha uma ampla arquibancada e a conservação era ótima, então já fomos direto nos aquecer enquanto algumas pessoas já chegavam, inclusive o time adversário, que se aquecia também do lado oposto ao nosso na quadra. Um tempo depois eu vi minha família chegando e disse que voltaria logo, então fui cumprimentá-los.

– Nosso orgulho – meu pai já chegou perto junto da minha mãe e irmã e fizeram uma espécie de abraço coletivo, eu lutei bastante para não revirar os olhos, afinal eles estavam ali para me apoiar.

– Boa sorte maninha – Taylor disse fazendo comigo o toque de mão que tínhamos especialmente para nós duas, meus pais me desejaram sorte logo em seguida e se dirigiram para as arquibancadas, me deixando sozinha com Camila que via a nossa interação um pouquinho mais afastada.

– Fico muito feliz que tenha vindo – falei pegando nas mãos da latina e sorrindo para ela.

– Não perderia por nada, nem vou desejar sorte porque você não precisa, acredito em seu talento e sei que vai destruir aquelas garotas que por sinal não tiram os olhos de você – Camila falou semicerrando os olhos para as garotas do time adversário, ela ficava um amor com ciúmes então me aproximei e dei um selinho nela ali na frente de todos, para mostrar que ela não precisava se preocupar com nada porque eu já era dela, a latina sorriu com a atitude e olhou novamente para as outras garotas com um tom de “se foderam, ela já é minha” e eu sorri pensando que depois de hoje poderíamos oficialmente ser namoradas.

– Bem, vou lá aquecer mais um pouco porque o jogo está perto de começar, todos os meus pontos serão pra você – falei dando um abraço forte nela para me encher mais de energia e então ela foi para as arquibancadas que já estavam com uma quantidade considerável de pessoas, depois de me aquecer um pouco mais todas do time fomos ao vestiário e colocamos o nosso uniforme de jogo, voltando para a quadra minutos antes da partida começar. Tudo correu a nosso favor. Nossas táticas e jogadas trabalhadas incessantemente durante os treinos foram de extrema importância, as meninas do outro time marcavam muito o meu ataque mas consegui me virar muito bem atacando no corredor, em diagonal, largando, variava toda hora para tentar pegá-las de surpresa e deu super certo. Ganhamos todos os três sets e a torcida gritava muito, quando fiz o ponto da vitória minhas companheiras de time me levantaram nos ombros e ficaram me jogando para cima, eu olhei para a Camila na arquibancada que gritava como os outros e eu sorri, apontando para ela lhe dedicando a vitória, aquele dia tinha tudo para ser um dos melhores da minha vida. Quando nos dispersamos da comemoração pós jogo fui para junto da minha família que também me parabenizou, eu voltaria com eles para casa pois queria chegar junto da Camila e fazer tudo direitinho como planejado. Assim que tomei um banho rápido no vestiário e troquei de roupa nós entramos no carro e partimos para casa, já estava anoitecendo e mandei uma mensagem pra Mani a avisando que já estava a caminho e ela disse que já estava pronta. Fui todo o trajeto conversando e sorrindo com a Camila, todos nós estávamos visivelmente felizes e animados com nossa passagem para as finais que seriam no próximo mês contra o time favorito que não perdia o campeonato há cinco anos, seria duro mas eu estava confiante de que venceríamos.

– Pode parar aqui pai, vou ao mercado comprar algumas coisas, vem comigo, Camz? – a questionei e ela assentiu então nós descemos, estávamos no local que eu tinha em mente, eu faria o pedido no campo em que me declarei para ela no dia em que contei sobre meu irmão, porém na parte mais baixa onde algumas pessoas frequentavam naquela hora. Estávamos a umas três ruas de distância quando fingi que havia esquecido a minha carteira no carro e falei para ela seguir em frente que eu chegava já, ela o fez sem perguntas e quando vi que ela estava numa distância segura a segui sem que ela me visse. Ela aguardava o sinal fechar para atravessar e notei que a Normani já esperava do outro lado, ela ficou encarregada de dar o cartão para a latina e não sei se esta já tinha visto minha melhor amiga. Eu me aproximei mais um pouco e quando o sinal fechou Camila começou a atravessar a rua e então tudo aconteceu. Eu olhei para a rua acima e vi um carro vindo em toda a velocidade desgovernado descendo em direção da latina que não o havia visto, não podia ser, não de novo, não com outra pessoa que eu amava.

– CAMILA – eu gritei e corri em sua direção e só aí ela percebeu tudo, não tendo nenhum tempo para agir, então quando o carro estava muito próximo eu me impulsionei o mais rápido que pude colocando meus braços na frente do corpo para que eles tocassem a latina, a empurrando, e então senti o choque do veículo contra o meu corpo e tudo ficou preto.