História Bird set free - Pedido

Camila’s P.O.V

Hoje seria a semifinal do regional e eu iria ver Lauren e seu time jogando, eu estava bem ansiosa mas confiante, as habilidades da morena eram inegáveis.

– Por que vocês não vão mesmo? – perguntei para o Harry e para a Ally que estavam filando o café da manhã da minha mãe, era estranho que nem eles nem a Dinah, e principalmente a Normani não iriam ver o jogo e apoiar a Lauren.

– Ah, bem... É... uns parentes meus vão vir passar o fim de semana aqui e chegarão daqui a pouco e eu não gosto muito deles, então chamei a Ally pra me salvar já que a alma dela é tão bondosa sabe, eu achei que tivesse te dito, Camilinha – Harry falou tudo muito rápido e aparentemente nervoso, colocando um pedaço enorme de pão na boca, eu semicerrei os olhos para ele mas não quis fazer perguntas, eles andavam muito estranhos essa semana.

– Se você diz – dei de ombros e ele pareceu soltar o ar que prendia.

– Nós vamos indo porque já já dá a sua hora e não queremos te atrapalhar não é, Harry? – dessa vez foi a vez da baixinha agir estranho, coisa que deixei passar também porque não queria muitas preocupações rondando minha mente naquele dia.

– Isso, tchau Mila e manda nossa energia positiva pra Lauren – Harry disse me dando um abraço seguido da Ally, os levei até a porta e nos despedimos com um aceno, então subi pro meu quarto e fui tomar um banho, me trocando logo em seguida e descendo rapidamente as escadas, os pais da Lauren passariam aqui para me pegar e eu não queria me atrasar. Depois de uns quinze minutos o carro deles parou em frente da minha casa e meus pais foram imediatamente conversar com eles, os quatro ficaram falando por um bom tempo enquanto eu conversava com a Taylor até que o Michael olhou para a hora e se espantou, se despedindo de meus pais assim como eu o fiz e então seguimos caminho até o estádio. Depois de cerca de uma hora nós chegamos ao destino e assim que entrei meus olhos foram direto na morena, ela se aquecia atacando algumas bolas e até defendendo outras, eu fiquei naquele transe a observando por um tempo até que ela nos notou e veio até nós. Quando seus pais a desejaram sorte foi a minha vez, tive até um pequenino ataque de ciúmes por praticamente o time adversário inteiro não tirar os olhos da Lauren – e não eram olhares de rivalidade – mas então a morena veio e me deu um selinho e todas as preocupações da minha mente se foram, era como se fôssemos namoradas e que aquelas garotas deveriam saber daquilo e tirar os olhos da minha Lauren. Fui direto para as primeiras filas da arquibancada quando nos despedimos e graças aos deuses eu não perdi aquele jogo porque com certeza tinha sido um dos melhores que eu havia visto, Lauren estava magnífica e mesmo com toda a marcação sobre ela, a morena sabia muito bem o que fazer e conduziu o time a vitória depois de três sets, vitória essa que foi muito comemorada, eu não parava de sorrir a nenhum momento assim como ela, eu estava realmente orgulhosa, se é que já não se tinha motivos demais para se orgulhar de Lauren Jauregui. Depois de todo aquele êxtase nós partimos para casa, dessa vez com a morena junto de nós no carro, vibrando a cada momento. Quando estávamos perto de chegar, ela pediu para que seu pai parasse o carro porque iria ao mercado e me chamou para a acompanhar, coisa que fiz no mesmo instante.

– Droga, esqueci a carteira no carro, vá andando na frente que eu vou correndo rapidinho buscar, tudo bem? – ela me questionou quando dobrávamos uma esquina e eu assenti em concordância, então continuei o trajeto sozinha. Quando cheguei num cruzamento vi o sinal verde e então parei até esperar o momento de atravessar e acabei avistando a Normani, ela estava parada do outro lado da rua e sorriu ao me ver, sorri de volta e quando o sinal fechou eu comecei a atravessar em direção a ela.

– CAMILA – ouvi o grito da Lauren e parei abruptamente ao ver um carro vindo rapidamente em minha direção, não dava tempo de fazer nada e eu já estava pronta para o choque quando senti meu corpo sendo lançado para o lado não pelo veículo, mas sim por mãos, bati a cabeça no chão e apaguei.

Um tempo depois que não soube dizer se eram segundos ou minutos eu comecei a abrir meus olhos lentamente vendo uma moça de jaleco ao lado de uma Normani em prantos então a mulher abriu meus olhos e ligou uma pequena lanterna com a luz virada para eles.

– Ela está bem, foi só um susto – a mulher falou me ajudando a levantar e fez um sinal com a cabeça, voltando para um lugar que estava levemente tumultuado no centro da rua e entrando numa ambulância que saiu a toda velocidade.

– O que aconteceu? – eu perguntei ainda meio grogue para uma Normani que estava visivelmente numa situação crítica, ela não dizia nada e eu só ficava mais desesperada – Normani, cadê a Lauren? – falei sentindo subitamente um forte aperto no peito e então ela desviou o olhar.

– O carro a atingiu, ela foi levada para o hospital às pressas – ela disse e minhas pernas tremeram lutando para me sustentar em pé, não podia ser verdade – Mila, por favor, fica aqui que eu vou correndo avisar aos pais dela, não saia daqui que a gente passa pra te pegar, só não saia daqui, você promete? – ela perguntou e eu mal ouvia suas palavras, só balancei a cabeça afirmativamente e ela saiu em disparada. Eu estava em choque, não pensava em nada além de que aquilo TINHA que ser um pesadelo do pior tipo. Quando olhei para o chão vi um cartão e o peguei, meus movimentos eram automáticos e parecia que o fundo da minha mente trabalhava para que eu me mexesse, então ao ver o cartão meu coração deu mais um solavanco, tinha escrito nele “De Lauren Jauregui para Camila Cabello”, então eu o abri e vi aquelas letras tão conhecidas por mim.

“Hey Camz, bem, se você está lendo isso é porque a Normani entregou para você (óbvio) e começaremos nossa pequena jornada por alguns metros. Eu preciso que você confie em mim e vá até a esquina da esquerda do campo, algo mais estará te esperando, beijos.”

Ao terminar de ler o cartão eu o cheirei e senti seu perfume, ainda havia chances de tudo aquilo ser um sonho, então fiz o que estava escrito e caminhei pela esquerda até uma esquina.

– Você é a senhorita Camila? – uma senhora com uma pequena barraca de flores me perguntou e eu assenti – aqui, são para você – ela disse me entregando um buquê ainda mais maravilhoso do que o que a Lauren havia comprado para mim no outro dia, ele veio com outro cartão e então o abri.

“Olha eu de novo, bem, eu descobri no outro dia que lírios eram suas flores preferidas, então a Ally me ajudou nessa parte, me levando para falar com uma conhecida para colher as mais belas flores, claro que elas não são tão lindas quanto você mas as imagine como sua própria representação. Delicadas, belas, atraentes, singulares. Perfeitas.”

O cartão era assinado no fim pela Lauren como o outro, meu peito deu mais um aperto ao ler aquelas palavras, eram tão lindas. Uma lágrima correu pelo meu olho esquerdo e eu tratei de limpá-la logo quando um menininho se aproximou de mim, fazendo a mesma pergunta sobre meu nome que a senhora havia feito e quando confirmei, ele pegou na minha mão e me levou até um senhor, que me entregou um balão com novamente um cartão que tratei de abrir.

“Será que isso de cartão está ficando chato? Eu realmente espero que não. Agora você deve ter recebido meu balão, roxo como você disse que era a sua cor favorita, mas eu quero que você o solte e sinta como você realmente deve ser. Livre, sem medo de voar, sem medo do desconhecido, e eu espero que eu possa te ajudar de perto nessa parte, te trazendo toda a confiança que você necessita. Se liberte, Camila Cabello".

Quando terminei de ler as lágrimas silenciosas começaram a rolar novamente e eu fiz como ela havia pedido no cartão, soltei o balão e o vi subir e subir cada vez mais, então olhei para o senhor e a criança que sorriam em aprovação, apontando para uma luz que piscava freneticamente no chão a minha frente. Quando olhei para ela vi que outra luz se acendeu mais pra frente, e outra, e outra, formando uma espécie de caminho que segui para uma parte mais interna do campo; ao chegar na última luz todas as anteriores se apagaram e eu olhei para o centro de uma clareira, abrindo levemente a boca. Havia uma grande toalha xadrez e eu me aproximei para conferir o que meus olhos viam, TODAS as minhas comidas favoritas estavam presentes, assim como meu livro favorito, meus jogos, alguns ítens que sempre sonhei em colecionar, um violão e mais uma pequena infinidade de coisas, então cheguei mais perto ainda e vi dois cartões no centro, o da esquerda tinha “ME ABRA PRIMEIRO” escrito numa cor chamativa e então o peguei.

“Hey Camz, talvez essa tenha sido a parte mais difícil de ser feita, você lembra quando eu sempre dizia “anotado” ao você falar algo que eu não sabia sobre você? Então, esse era o motivo real. Eu queria fazer algo especial, com tudo que tivesse direito e que fosse importante pra você, busquei tanta informação sobre ti que já devo saber mais do que a própria hahaha. Enfim, eu quero que possamos aproveitar, dou uma parte dos créditos pro Harry e pra Dinah nessa parte, nós realmente temos amigos maravilhosos, huh? Sem mais delongas, eu quero que espere um pouco antes de abrir o segundo cartão, algo vai acontecer (se já tiver acontecendo me perdoe os cálculos errados)”.

Fechei o cartão e esperei o que eu não sabia que estava por vir, então de repente ouvi um barulho de fogos de artifício e olhei imediatamente para o céu, várias explosões coloridas aconteciam bem acima de onde eu estava, eram tão próximas que eu não piscava, apreciando cada raio de cor que passava pelo céu escuro. Depois de alguns minutos eu saí do transe e peguei o segundo cartão.

“FOGOS DE ARTIFÍCIO!!!!! Eu realmente quis deixar isso pro final porque lembro muito bem do seu rosto iluminado pelas cores naquele dia, você ficou tão admirada que resolvi fazer um show de explosões especialmente para você, para que fosse apreciada pelos seus olhos, pelos seus belos e maravilhosos olhos. Ah, eu estarei chegando agora mesmo porque com certeza estarei te espreitando por trás das árvores, então trate de abrir a caixinha que ta aí no meio porque essa é a minha deixa”.

Coloquei o cartão sobre o outro que havia lido antes e olhei para uma caixinha de veludo azul escuro que estava no centro de todas aquelas coisas, a pegando e dando um profundo suspiro antes de abrir. Quando o fiz vi dois anéis dourados que deduzi serem de compromisso com alguns pequenos e delicados brilhantes que achei que fossem diamantes, então as peguei já em prantos, eu tentei evitar mas não consegui, aquilo não era um sonho. Aquilo era real, e o que aconteceu antes com a Lauren também. Vi que as iniciais “LJ” e “CC” estavam entalhadas na parte de dentro e passei meu dedo sobre elas, com as lágrimas caindo freneticamente. Abaixo das alianças havia um pequeno cartão, o menor de todos, e então eu o peguei e o que tinha escrito me destruiu mais ainda.

“Karla Camila Cabello Estrabão, você quer me dar a honra de te ter como minha namorada? (não se assuste comigo ao olhar pro lado). Eu te amo”.

E então eu olhei para os lados na esperança de vê-la. Mas ela não estava lá.